— Não seja tão politicamente correta, bebe logo — Shawn incentivou.
— Não, obrigada — respondi revirando os olhos.
— Qual é, May. Tá todo mundo de boa e meio chapado e você vai ficar ai se isolando? — Nash interferiu na conversa — Assim não dá.
Olhei ao redor, observando as ondas indo e vindo, realmente isolada do mundo e de toda a situação. A brisa que vinha do mar batia suavemente em meu cabelo, provocando leves oscilações em minha franja. Era um típico dia quente na Califórnia e tive o impulso de levantar e caminhar até sentir a água do mar na ponta de meus pés.
— O que tá acontecendo? — ouvi Nash se aproximar cada vez mais — Desde ontem você tá assim, com o pensamento longe — encarei seus olhos azuis com profundidade — Me conta, garota.
Realmente. Eu não conseguia parar de pensar naquele garoto. Maldito Cameron Dallas. Andava pela cidade completamente receosa em vê-lo em alguma esquina.
— Não é nada — afirmei enquanto encarava as ondas.
— Não vou insistir — ele encerrou o assunto e me deixou livre pra respirar e finalmente mergulhar no mar.
Tirei a blusa e os shorts, ficando apenas de biquíni e coloquei-os por cima de meus chinelos que pairavam na areia. Senti olhares recaindo sobre meu corpo e apenas ignorei. Por que Cameron é tão importante? Como pode ocupar um espaço tão grande em minha mente?
Corri e mergulhei na primeira onda que me atingiu. Continuei nadando até um ponto mais distante da costa e me senti aliviada. O ir e vir das ondas me acalmava de um jeito inexplicável. Memórias ruins percorriam a minha cabeça, mas tentei ignorar tudo de negativo que acabava surgindo. Fiquei ali por um bom tempo até Nash vir correndo me chamar.
— Vamos jogar Eu Nunca, você vem?
— Tudo bem — aceitei sabendo que teria que beber e sabendo também que precisava daquilo para tirar o garoto Dallas da cabeça.
Escorri o cabelo e vesti novamente minhas roupas. Sentei ao lado de Chloe na rodinha que se formava. Peguei um copo plástico vermelho e enchi de alguma bebida que eu nem mesmo sabia o que era. Aconcheguei-me e o jogo começou.
— Eu nunca disse eu te amo sem querer — Matt começou.
E o jogo continuou com perguntas que acabei esquecendo no dia posterior. Acabei bebendo muito e quando acabou, estava me sentindo meio zonza. Respirei fundo e tive que me apoiar na areia para não cair Nunca me acostumei com bebida e nunca me acostumaria.
— Tá passando mal? — Chloe perguntou.
— Estou bem — respondi sem ter certeza se era verdade — Meu estômago está estranho.
— Gente, ela vai passar mal — ela gritou e meu mundo girou.
Mais pessoas se uniram ao nosso grupo que eu não consegui distinguir bem. Caminhei um pouco adiante até uma lata de lixo e vomitei. Vomitei umas duas vezes e o gosto horrível surgiu em minha boca. Era fraca demais para beber. Em segundos outra rodinha se organizou e acabei me enfiando no meio. Estava começando a finalmente me divertir e esquecer.
— Vamos de verdade ou consequência agora — Shawn avisou e girou uma garrafa de vidro vazia — Sammy para Chloe.
— Verdade ou consequência? — Sammy perguntou.
— Consequência — ela respondeu meio nervosa. A atração ali estava numa linha extremamente tensa. Sabia que ela gostava dele, só não sabia se era recíproco.
— Desafio você a beijar qualquer um daqui.
— Qualquer um?
Peguei outro copo cheio de bebida e virei enquanto assistia os dois se beijarem. Meu estômago mexeu ainda mais vendo tudo aquilo. Quando se separaram, tinham a boca vermelha. Queria beijar alguém com a intensidade que eles se beijavam. Comecei a rir e demorei para me concentrar, levando uma cotovelada de Chloe.
Várias pessoas continuaram a se beijar. Pessoas que sinceramente, não me lembrava mais.Eu só continuei na minha. Até que a garrafa parou em mim e em Hayes.
— Olha o que você fala — Nash advertiu.
— Verdade ou consequência? — Hayes perguntou. Pensei por alguns segundo até responder consequência — Desafio você a beber o resto da vodka toda, que ainda tem muita.
Não pude recusar e quando terminei estava mais animada que nunca. Queria correr pra todo lado. Quando o jogo acabou, me joguei no colo de Nash e nem lembrava mais dos olhos castanhos que me aterrorizavam.
Nunca descobri o que realmente aconteceu naquele resto de noite, mas me lembro de entrar no mar e começar a passar mal. Lembro de sentir alguém me carregando, sei conseguir definir quem era. Barulho de carro e vozes abafadas. Acabei dormindo por um excesso de cansaço e quando acordei estava em casa, bem na minha cama.
Tentei levantar e caminhei vagarosamente até Johnson que tinha acabado de sair do banheiro. Quando olhei para o sofá no andar abaixo, meu coração parou. Senti então minha cabeça latejar e um enjoo me atingiu. Tentei controlar todo o nervosismo que me atingia, mas foi em vão. É ele. É ele. E minha cabeça não parava de gritar. Sentia que Johnson conseguiria ouvir meus pensamentos.
— O que ele tá fazendo aqui? — minha voz mal saiu.
— Escova esses dentes que eu apresento vocês.
— O que ele tá fazendo aqui? — repeti.
— Ele vai passar um tempo na nossa casa.
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