Eu sou Katherine Adams, tenho 15 anos e me mudei para Filadélfia há dois dias.
Meu pai, Manuel Adams, minha mãe Morgan Adams, morreram a um mês, disseram que foi um acidente de carro.
Tive que ficar em um orfanato, até minha avó me buscar.
E agora?
Tenho que conviver com pessoas que não me suportam.
Nunca fui uma garota popular, mas pelo menos, na minha outra cidade eu tinha uma amiga, a Karla, e ninguém mexia com nós duas.
Mas nesse lugar os olhares são de estranheza.
Eu não sou uma pessoa nervosa, mas há certos tipos de brincadeiras que não são toleráveis e por isso, coisas estranhas acontecem.
Eu estava na escola, primeiro dia de aula.
Sem amigos, sem conhecidos.
Professora: Aluna nova... Poderia se apresentar?!
Eu falei baixinho.
Eu: Katherine Adams.
Professora: Poderia se levantar e falar para sala toda?
Eu: Não.
Professora: Se levante.
Alguns alunos riram.
Eu não era do tipo rebelde, mas, tímida.
Eu me levantei.
Professora: Diga seu nome.
Falei baixo, dando apenas para a professora ouvir.
Eu: Katherine Adams.
Uma aluna loira do fundo da sala falou.
Loira: Não entendi professora.
Falei um pouco mais alto, dando para todos ouvirem.
Eu: Katherine Adams.
Ouvi cochichos.
Professora: Silêncio! Seja bem vinda a Filadélfia Katherine. Me chamo April.
Eu: Obrigada April.
Ela deu a aula de Geografia e depois outra professora deu duas aulas de Língua Portuguesa.
Fui para o refeitório.
Peguei uma maçã e sentei em uma mesa sozinha.
Voltei a sala para assistir as últimas aulas.
Estava em uma aula chata de história.
Professor: Aula nova?
Alguém do fundo falou.
Alguém: Ela é uma Adams
Professor: Uma Adams?
Eu: Katherine Adams.
Professor: Qual é sua idade mocinha?
Eu: 15 anos.
Professor: Desculpe a pergunta. Me chamo Tom.
O professor beijou minha mão.
O que foi bem esquisito, mas educado.
Ele parecia ter seus 58 anos.
Outro alguém falou.
Alguém: Que nojo.
Alguns da sala riram.
Pensamentos: Então rindo porque? Ele só foi educado. E porque uma implicância com meu nome? Eu nem morava aqui.
Tom: Silêncio!
Alguém: Ela é louca.
Tom: Leticia, por favor.
Esse alguém era a Leticia, a garota loira.
Pensamentos: Louca? Louca é ela.
Eu estava ficando nervosa. Eu não fiz nada a ninguém, porque mecher comigo?
Leticia: Ela não pode ficar aqui, é uma aberração.
Pensamento: Aberração? Eu cheguei não tem nem dois dias. E ela nem me conhece.
Tom: Saia da sala.
Leticia: Mas ela é a culpada.
Ela se levantou.
Pensamento: Culpada? Tomara que você escorregue e bata a cabeça, Idiota.
Ela pegou a bolsa dela e caminhou até a porta.
Ela olhava para mim fixamente e eu para ela.
Leticia: Você vai se arrepender Adams.
Ela escorregou e bateu a cabeça na quina da porta.
Tom: Leticia? Leticia? Chamem a enfermaria.
Alguém falou.
Alguém: É culpa dela.
Tom: Ela não tem culpa de nada Débora, agora se afaste. Ela desmaiou.
Todos olhavam para mim.
Pensamento: Eu não tenho culpa. Eu apenas desejei. E nem todos desejos são realizados.
Débora: A culpa é sua, aberração.
Outro alguém falou.
Alguém: Aberração.
Tom: Chega Débora e Scott, vocês não estão ajudando.
Eu me levantei da cadeira, peguei minhas coisas e me retirei da sala.
Fui para a biblioteca, peguei um livro.
Fiquei um bom tempo lendo O melhor de mim, até perceber que boa parte da escola haviam ido embora.
Eu estava arrumando minhas coisas.
Alguém falou algo.
Alguém: E se o amor que nunca esqueceste... te encontrasse outra vez?
Eu me assustei. Me virei para olha-lo.
Alguém: Calma. Sou só o supervisonador substituto citando um trecho do livro que está lendo.
Eu me levantei e sair da sala.
Alguém: O livro, você esqueceu.
Eu não voltei. Apenas sair da sala.
Pensamento: Burra. Ele não te fez nada. Volta lá, pede desculpas e pega o livro.
Não. Não vou fazer isso. Melhor ir pra casa.
Eu fui para casa de bicicleta.
Cheguei em casa e fui almoçar.
Avó: Como foi o primeiro dia de aula?
Eu: Horrível.
Avó: O primeiro dia nunca é bom.
Eu: Tomare que seje só o primeiro.
Terminamos o almoço. Não falei nada que aconteceu.
Eu gostava da minha avó.
Quando eu era mais jovem vinha aqui, conversávamos muito, meus pais estavam vivos. Agora é diferente.
Eu não conseguia me abrir e falar o que realmente aconteceu.
Eu não poderia dizer que eu odiava Filadélfia e que o fato dela ser rica e me dar tudo que quero, não ia mudar nada.
Ficamos em silêncio.
Terminamos o almoço. E eu passei o resto do dia dentro do meu quarto trancada.
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