História Bruxa Amaldiçoada - A maldição de Selene

Acordei, em meio a uns papéis e livros.
Fiz as higienizações e tomei café.
Fui para a escola, um pouco atrasada.

A professora Teresa estava na sala, dava aula de Biologia.

Eu: Professora?

Teresa: Atrasada demais.

Pensamento: Poderia ser pior. Poderia ser a apresentação do trabalho, mas não é. Vou fazer uma revisão.

Fui para a biblioteca.
Tirei uns itens da mochila e coloquei-os sobre a mesa.

Peguei as anotações que fiz sobre o livro que minha avó tinha me dado, cujo o nome era "A maldição de Selene".
Era uma história de bruxas bem interessante e incrivelmente maravilhosa.

Comecei a ler os papéis em cochichos.

"Mulheres e deusas eram consideradas bruxas."
"Mulheres sábias detentoras do conhecimento da natureza."

Alguém me cutuca as costas, me fazendo interromper a leitura

Alguém: Nada mal.

Eu me levantei, virei e olhei para esse alguém.

Eu: É... o moço da pulseira de brinde.

Alguém: Charles.

Eu: Isso.

Charles: Nem pense em fugir hoje.

Eu: Não.

Charles: Na verdade só vim trazer isso aqui.

Ele estendeu o braço e me deu o livro que eu estava lendo, O melhor de mim.
Eu peguei.

Eu: Aí esta ele.

Charles: Era para te devolver, você saiu rápido demais. Resolvi guardar e te entregar quando a visse.

Eu: Não precisava.

Charles: Precisa. Eu atrapalhei a sua leitura.

Eu: Eu estava atrasada.

Charles: Talvez.

Ele deu breve sorriso.

Eu: Trabalha aqui?

Charles: Aqui, na loja e outros arranjos por aí.

Eu: Um faz tudo.

Charles: A curto prazo. Não é todo dia, a não ser na loja.

Eu: Deve ser legal.

Charles: Não tanto quanto isso. Estudar bruxas.

Ele pegou o livro da minha avó.

Eu: Ficção. Apenas histórias inventadas.

Charles: E se todas as histórias que ouvimos, e se não forem histórias?

O sinal para a troca de professor, tocou.

Eu: Tenho que ir.

Charles: Até qualquer lugar.

Eu: Até.

Eu arrumei minhas coisas rapidamente e coloquei-os na mochila.
Fui caminhando diretamente para sala.

O professor não havia entrado ainda.
Sentei em uma cadeira no fundo da sala.
Luna veio até mim.

Luna: Você estudou?

Eu: Oi. E sim.

Luna: Tô nervosa.

Eu: Tô vendo.

Ela deu um sorriso.

Eu: Mas porque esse nervosismo todo?

Luna: Medo de falar demais.

Eu: Não vai. Hum, e a experiência?

Luna: Deixa comigo. Na hora nós damos um jeito. Mas só fazemos se der tempo.

Eu: E-eu não sei de experiência nenhuma. Não sei o que fazer.

Luna: Você vai saber.

Ela saiu de perto de mim e sentou em sua cadeira.

O professor Tom entrou na sala.

Tom: Primeiro grupo.

Foram duas garotas para a frente da sala. Começaram a falar sobre sereias.

"Bla, Bla, Bla"

Várias duplas falaram sobre a mitologia. Deusas e deuses gregos, como a Selene, deusa da lua, satíros, heróis, ninfas, centauros, foram alguns temas, que falaram, até repetiram.
Até então ninguém tinha falado de bruxas. Eu, supostamente, achei que estávamos erradas ao falar sobre bruxas

Professor: Última dupla.

Eu e Luna levantamos de nossa cadeira e fomos para frente de todos, sem papel, sem livro, apenas com um objeto circular de madeira com algumas plantas e líquidos dentro.

Luna pós o objeto em cima da mesa do professor.

Luna:  As bruxas são pessoas, na sua maioria mulher que possuem conhecimento de magia, encantamento e que podem interferir diretamente na vida e destino humano. Eles também possuem conhecimento do uso de ervas e dos poderes curativos da terra.

Eu: Pessoas sábias detentoras do conhecimento da natureza. E esse conhecimento, como tudo na vida, tem um lado bom e um lado destrutivo.

Luna: Para iniciar então o conhecimento das bruxas na Mitologia Grega, nada  mais justo que a deusa mais associada à bruxaria: Selene. A deusa da noite estrelada, tida como inventora da magia, tinha como privilégios nutridora da juventude, curandeira de jovens e mulheres. Ela podia ver o destino, o passado que interferia no presente e que poderia prejudicar o futuro

Eu: Quem vê pensa que ela é boazinha né? Errado.

Luna: Ela despertou a ira de sua familia quando deixou de casar com um cara rico, por um motivo. Depois de um tempo viveu em meio às trevas, atormentada.

Eu: Selene também era a deusa da lua, representava as fases da evolução lunar: crescente, minguante, lua nova e cheia.

Luna: Simboliza a nossa necessidade de aceitar as mudanças na vida e dos ciclos da vida humana. E também o lado obscuro da nossa alma. Esse lado pode ser bem assustador, mas também pode trazer muita prosperidade de desenvolvimento espiritual.

Eu: A grande mágica das manifestações noturnas simboliza o inconsciente, onde se agitam monstros, espectros e fantasmas. De um lado, o inferno vivo do psiquismo, de outro uma imensa reserva de energia negativa e um caos dentro de si.

Estávamos falando dominadamente sobre as bruxas. Falamos da mesma história, talvez ela leu o mesmo livro que minha avó me passou. Ela sabia da mesma história e cada detalhe. Estávamos dando uma aula sobre bruxas, falando muita coisa, sorte que o Tom tinha duas aulas seguidas.

Luna: Mas bruxas também se apaixonam.

Eu: Selene se apaixonou por um deus grego do sol, que por sinal era um bruxo de luz, cujo nome era Carlos e engravidou.

Luna: Quando Selene deixou de se casar com o homem rico que sua mãe desejava tanto, ela já estava grávida.

Eu: O ódio que rodeava sua mãe era tão grande que lhe jogou uma maldição.

Luna: Ela dizia: "Duas extremidades soberanas unindo poder no mesmo momento, naturalmente. Quando a noite chegar, a casa na colina vai despertar, os cães vão uivar, o amor acabará e a apenas haverá, a escuridão para mostrar".

Eu: Ou seja, a Selene e todas as mulheres  descendentes de sua família, que se apaixonarem, estarão escolhendo o caminho das trevas.

Luna: Por isso, aos 16 anos, a idade das paixões, a garota que é dessa família já tem responsabilidade. E em uma noite que houver o eclipse, deverá decidir seu destino.

Eu: O bem ou o mal.

Luna: Lembrando que ela escolheu o Carlos e por isso, 3 meses após o ritual em que ela decidiu ficar com ele, ele morreu e a filha que ela teve, resultou doando para alguém de sua família. Ela viveu por tempos atormentada, até que fez um feitiço tão poderoso tentando se livrar da maldição e sair desse tormento, que resultou morrendo.

Eu: Ah! Mas isso é apenas um mito.

Luna: Mas há quem diz que a filha da Selene, escolheu o caminho da mãe, e teve gêmeas, e que tempos depois morreu igual a mãe. E por isso os descendentes da Selene ainda estão vivos, e pode ser qualquer um de nós.

Luna deu um breve sorriso.
Os nossos colegas aplaudiram.

Eu e Luna nos olhamos.

Professor: Tomou um tempinho da aula mas foram muito bem. Interessante a história. Ah, Luna, creio que seje apenas um mito.

Luna: Cada um acredita no que quer.

Ela riu.

Pensamento: E nem fizemos o experimento.

Luna pegou o objeto que estava sobre a mesa e sentou. Eu também fui em direção a minha cadeira e sentei. Por fim, assistimos as aulas e fomos para a casa.

 Almocei sozinha, não soube da minha avó.
Fiquei o restante do dia trancada no quarto. Ouvi barulho no final da tarde, acreditei que fosse ela, mas não fui ver.

Resolvi terminar de ler o livro O melhor de mim e depois durmir.