Depois de ter saído mais cedo de casa para não ter que encontrar com minha avó, estava no pátio da escola olhando para o nada.
Luna: Katherine?
Ela colocou a mão em frente ao meu rosto.
Luna: Katheriiiineee.
Eu: Calma, eu tô aqui.
Bia: Até que enfim.
Luna: Vamos.
Eu: Pra onde?
Bia: Na dona Maria.
Eu: Am?
Luna: Você não disse que se sente estranha e tal, eu sei como você se sente e também sei como resolver.
Eu dei uma risada.
Eu: Achei que você estava brincando quando disse que me ajudar. Eu já tô acostumada com isso.
Luna: Já tive essa fase e tenha certeza que não é a "suposta puberdade".
Bia e eu rimos.
Bia: E mesmo que você já esteja acostumada, você vai gostar. É bom para a alma.
Eu: E as aulas?
Bia: Um dia sem não faz mal a ninguém.
Eu: Não sei não, a situação com minha avó já não está boa.
Luna: Relaxe, ela não dizer muuuita coisa.
Bia: Mais vai dizer.
Eu: Super me acalmou.
Luna: Ah vai, vamos nós três. Eu tô super precisando.
Eu: Ta bom.
Nós pegamos um táxi e fomos até uma casa bem afastada do centro da cidade.
A casa era de madeira, aparentemente antiga. Tinha uma idosa na porta.
Luna: Dona Maria.
Bia: Saudades.
Maria: Quando tempo. Olá Katherine Adams.
Eu: Como ela sabe meu nome? Am, ah, me desculpe, prazer em conhece-lá.
Luna: Não faça muitas perguntas apenas relaxe.
Maria: Entrem.
Nós entramos. A casa era toda ajeitadinha.
Ela nos guiou até uma sala praticamente vazia.
Tinha umas almofadas e um tapete.
Sentamos separadamente com as pernas cruzadas de frente para ela.
Dona Maria: Esvaziam a mente e respire.
Pensamento: Isso parece meditação. Que estranho. Eta! Tenho que esvaziar a mente. Como eu esvazio a mente?
Maria: Tem gente que não está esvaziando.
Pensamento: Ela está lendo minha mente? Am? Não, pera. Agora eu esvazio.
Maria: Muito bem.
Ela pegou um incenso, com aroma de eucalipto e espalhou pela sala.
Ela falou em um tom de voz baixo.
Maria: Afaste-se energias negativas e dê lhe proteção.
Ela pegou outro incenso, dessa vez com aroma de lavanda.
Maria: Calma-te e Purifica-te.
Eu respirava profundamente.
O incenso dessa vez foi com aroma de Manjerona.
Maria: Amor, oh amor! Prevaleça em tuas belas almas.
Ela ascendeu três velas.
Maria: Deusa da Terra, Camill. Deusa do ar, Balbina. Deus da água, Severo. Deus, do fogo, Xavier. Deusa da noite, escuridão, das estrelas e da lua, Selene. Deus do dia, da luz e sol, Carlos. Oh deuses peço para que lhe dê forças, proteja seus filhos e descendentes. Ancestrais Adams e Maddalon. HOYÊ!
Eu apaguei.
Minutos depois acordei e percebi que todas também haviam apagado.
Eu estava assustada.
Maria: Sente-se. Não precisa ficar assustada.
Todas sentamos.
Ela pegou um óleo e passou em nossa mão.
Pensamento: Que estranho!
Maria: Esfreguem a mão uma na outra bem rápido.
Eu fiz o que ela mandou.
E surpreendente chamas de fogo surgiram na minha mão.
Eu: Minha mão tá pegando fogo.
Eu balancei minha mão.
Luna e Bia continuaram em seus lugares, intactas com as chamas saindo de suas mãos.
Maria: Respire e acalma-se.
Eu respirei.
Maria: Me diga, sua mão está queimando? Esta sentindo alguma dor?
Eu: Não.
E realmente não estava. Foi como minhas mãos estivessem sem nada, leves e limpas.
As chamas sumiram.
Maria foi pegando na mão de cada um de nós. Ela falava alguma coisa em nossos ouvidos e depois cada uma ia se levantando.
Eu fui a última.
Ela cochichou em meus ouvidos.
Maria: Os poderes, eles estão se unindo. Você tem que fazer a escolha rapidamente, a escuridão está lhe tomando.
Eu não disse nada, assim como a Bia e a Luna. Apenas levantei.
Nós caminhamos até a varanda da casa.
Nos despedimos e entramos em um táxi que havíamos pedido para buscar naquele horário.
Estamos dentro do carro.
Eu: Que coisa estranha.
Luna: Você tá bem?
Eu: Eu estou incrivelmente bem mas ainda me sinto estranha, eu acho. Ela me assusta e o que ela falou no meu ouvido, não tem sentido nenhum. E aquelas chamas, o que foi aquilo?
Bia: Sempre que venho, eu saio daqui restaurada.
Eu: Isso é bom. Não sei porque sinto isso, mas é bom. Eu não sei, se fosse há 4 horas atrás acharia isso um absurdo. Aquilo que ela falou de deuses, isso não tem sentido.
Luna: Não tem agora.
Bia: Pergunta sua avó.
Luna: Beatrice, ela ainda tem 15. Esqueceu?!
Bia: Foi mal.
Luna: Poise.
Bia: Mas a família dela. É aquela família.
Luna: Cala a boca Bia.
Eu: Gente eu ainda tô aqui. Minha nossa, o que qui vocês sabem e eu não sei? O que qui tem minha família gente? Desde que eu cheguei aqui eu só tenho perguntas sem respostas.
Luna: Kat.
Eu: Fui chamada de aberração por causa do meu sobrenome. Coisas estranhas acontecem e eu também não sei o porque. Eu já entendi que vocês sabem muita coisa e não me dizem. Pelo amor de tudo que é sagrado, me dizem.
Bia: Desculpa Kat.
Eu: Ta. Eu descubro.
O taxista parou na porta de minha casa.
Eu me despedi das meninas e desci de carro.
Era tarde já.
Eu entrei.
Avó: Porque não foi para a escola Katherine? Onde estava?
Eu: Por aí.
Avó: Por aí? Você mora comigo! Me deve satisfações Katherine.
Eu: Me responde então, porque tem pessoas que temem a família Adams?
Ela ficou em silêncio.
Eu: Foi o que eu pensei.
Eu sair da sala onde estávamos e fui para o quarto. Fiquei trancada evitando minha avó o restante do dia e só saia por conta das necessidades básicas.