História (BTS) A Garota do Diário - Jimin - A Garota Tem um Mistério

YUI POV

Desde aquela manhã eu sabia que as coisas estariam complicadas. O clima entre Yoongi e Jimin parecia soltar faíscas. Quando não estavam olhando um para o outro com raiva, encaravam a mesa como se ela tivesse culpa de algo. Coitadinha. Isso estava me corroendo de curiosidade. O que Yoongi e Jimin conversaram no corredor? O que seria o suficiente para deixa-los de tão mal humor? Descobrir isso havia se tornado minha prioridade número dois. A primeira ainda é e sempre será meu diário.

Quem estava com ele afinal? Não podia me esquecer de procurar.

Me perguntei isso até soar o sinal da saída. Todos os alunos desceram para irem em direção a suas confortáveis casas, enquanto eu fiquei para arrumar a sala, graças à insistência do professor. Após ajeitar as mesas ele me pediu para levar os cadernos para uma outra sala. Aparentemente elas não pertenciam a ele, e sim a um aluno, então eu fui. "Cuidado com a porta, ela só abre pelo lado de fora", ele disse. Eu não prestei atenção, de toda forma. Conhecia essa escola como a palma da minha mão, não foi difícil encontrar ela, e muito menos abrir a porta.

Coloquei os livros em um armário, e percebi que era o laboratório de ciências. Assustador. Aqueles potes com organismos eram de revirar o estômago. Eu tinha calafrios apenas de pensar em ficar ali sozinha. Foi então que a leve brisa bateu vindo da janela. Sim, refrescante, até eu ouvir um barulho atrás de mim. Pois é, quando me virei percebi que a porta havia se fechado. 

Eu estava presa naquela sala.

Corri para a porta o mais rápido que pude e bati com força pedindo socorro. Tentei abrir de todas as formas. Embora metade da escola já tivesse ido para casa e a outra metade estivesse no portão se despedindo dos amigos, eu ainda tinha esperanças de encontrar alguém na escola para me salvar. Isso já tinha acontecido em algum momento no passado. Mas não conseguia lembrar quando. O medo começou a tomar conta do meu corpo, eu tinha uma coisa chamada claustrofobia, que me impedia de respirar bem em lugares pequenos ou sem ventilação. Corri para a janela e respirei pesadamente.

Foi então que ele apareceu. Abrindo a porta em um baque como se não fosse nada. Jimin. Aquele garoto se assustou quando me viu dentro da sala e veio em minha direção. Mas ele não notou que com a força em que abriu a porta ela bateu na parede e se fechou sozinha atrás dele.

Idiota.

"Yui?" Ele perguntou para ter certeza, aposto que ficou chocado com meus olhos cheios de lágrimas. 

"Nãaaaao!" Gritei, correndo para tentar segurar a porta, mas era tarde demais.

Comecei a respirar mal outra vez. Ficaríamos presos ali para sempre? Estava a ponto de entrar em pânico, mas então senti uma mão tocar meu ombro. E quando me virei fui abraçada. O cheiro de Jimin me invadiu e eu tive uma sensação estranha de Déjà Vu. As lágrimas escorreram pelo meu rosto, eu não conseguia explicar o que estava sentindo. Com certeza não era normal esse pânico por algo assim, mas Jimin não fez perguntas.

Ele simplesmente me abraçou como se fosse a única coisa que precisasse fazer. Até que eu me acalmasse, ele fez isso sem fazer uma única pergunta. Por quê? Por que ser tão bom para mim em um momento como esses? A primeira voz a quebrar o silêncio foi a minha.

"O que está fazendo aqui?"

"Eu passei para pegar uma coisa que tinha esquecido na sala e o professor me pediu para te procurar. Ele disse que você veio trazer alguns livros e não voltou."

Eu dei uma risada, mas não me movi. Jimin se sentou no chão e me olhou, sério.

"Até parece que você estava preocupado." Eu disse.

 Ele me olhava. Com um olhar indecifrável. Não tinha sarcasmo. Ou ironia. Ou raiva. Era só... Diferente de todas as formas com que ele já tinha me olhado até agora. Demorou alguns segundos, mas logo ele desviou o olhar e deu uma risada forçada.

"É, até parece né. Pois é." Disse, sem olhar nos meus olhos.

"Não vai fazer graça ou uma piada, rir de mim agora?" Perguntei.

"Acho que no fim das contas você não me conhece tão bem como pensa, Yui..." Ele disse. Seu olhar estava distante e eu me questionava qual o significado por trás disso. 

Meu coração batia mais forte. Isso nunca tinha acontecido perto de Jimin antes. Era claustrofobia?

"O que quer dizer com isso?"

Jimin olhou em meus olhos e eu senti um arrepio na espinha. Desviei o olhar e me lembrei de como seu cheiro e seu abraço me acalmou de uma forma tão intensa. Por que logo ele? Me sentei ao seu lado, deduzindo que seria mais seguro.

"Eu não sou tão insensível assim." Ele disse com uma risada sem graça. 

Era mais como se Jimin estivesse se forçando a agir daquela forma. Ele nunca tinha agido desse jeito comigo antes. Suas piadas, o bullying, as brincadeiras. Nunca foi necessário mais do que isso quando se tratava de nós dois. Isso me incomodava, e me entristecia ao mesmo tempo.

Não encontrei palavras para responder. Havia algo de doloroso em seu olhar. 

"Eu tenho estado com medo de algumas coisas desde que me entendo por gente."

"Do que está falando?" Ele perguntou.

"Lugares fechados. Sem ventilação, ou ficar presa, escondida. Minha psicóloga diz que há uma razão para isso no meu passado." Respondi.

Jimin me olhou. Curioso. Por um momento eu realmente acreditei que ele se preocupava. E eu desejei que apenas por hoje eu não tivesse que ser sua inimiga.

"E o que é?" Ele perguntou. 

"Eu não sei..." Respondi mais uma vez.

Não tive coragem de contar a história inteira. Era vergonhoso, e pior do que isso, triste e deprimente. Jimin não precisava conhecer esse meu lado ainda. Embora algo dentro de mim soubesse que ele não faria piada ou contaria para a escola inteira. Naquele momento eu senti como se ele fosse a única pessoa em quem eu poderia confiar.