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História BTS: Camera Prive - Nae Pi Ttam Nunmul


Escrita por: knamjaworld

Notas do Autor


Tenso...

Capítulo 32 - Nae Pi Ttam Nunmul


Fanfic / Fanfiction BTS: Camera Prive - Nae Pi Ttam Nunmul

Taehyung suspirou e olhou sério para Jimin.

— Agora que você está mais calmo eu posso contar o que tenho pra contar.

— Então conta logo! — o ruivo estava impaciente.

— Muito bem, vou começar do começo. Minha mãe...

— O que sua mãe tem a ver com isso? — Jimin o interrompeu.

— Tem tudo a ver, agora cale a boca e me deixe falar.

Jimin ficou pasmo com essa agressividade toda. Calou-se e ficou olhando atento para Taehyung.

— Minha mãe era filha de pais ricos. — continuou. — Quando ela tinha uns 14 anos se envolveu com um zé droguinha e os pais dela, claro, não aceitaram o namoro. Eles começaram a se encontrar escondido e um ano depois ela apareceu grávida. Tentou esconder a gravidez o quanto pôde, mas, você sabe, a barriga cresce e então os pais dela descobriram e disseram que ou ela tirava o bebê e ia morar em outro país com uma tia ou ela iria ser obrigada a casar com o malandrão do namorado drogado e seria deserdada. Bem... Alguns meses depois eu nasci aqui nesse, como mesmo você diz?

— Muquifo.

— Isso, nesse muquifo. Meu pai deve ter dito a ela que as coisas seriam boas e que ele mudaria. Mas se ele disse isso, mentiu feio. Eu não lembro muito bem dos meus primeiros anos, mas sempre que penso nisso me recordo de haver muitas brigas, gritos e violência. Minha mãe costumava se trancar no quarto e chorar. Uns homens estranhos viviam aqui bebendo e fumando, cheirando também, e falavam alto. Eu os odiava. Sempre que estavam aqui minha mãe me levava pro quarto e ficava me olhando desenhar. — sorriu nostálgico. — Eu nunca fui bom em desenho. — seu olhar tornou-se triste. — Às vezes esses caras brigavam com o meu pai e ele batia muito nela pra descontar a raiva. Eu queria fazer alguma coisa, mas tinha medo, eu era pequeno e eles eram grandes. — deu uma pausa. — Minha mãe fazia uns bicos pra colocar as coisas aqui dentro, meu pai não trabalhava, acho que nunca trabalhou.

— Vocês eram bem pobres, né?

— Muito. E tudo que tínhamos era graças à minha mãe. Eu pensava em por que é que aguentávamos meu pai em casa, mas um dia tive a resposta. — seu olhar estava longe. — Foi quando ele começou a trazer uns caras mais bem vestidos pra cá. Eles tiveram uma discussão violenta e minha mãe começou a jogar as roupas dele na rua, dizendo que era pra ele ir morar no inferno. Só que ele pegou uma faca e encostou no pescoço dela, dizendo “como é que é?”. Ela ficou calada e começou a chorar.

— E as roupas?

— Ele pegou de volta. Eu devia ter uns 6 anos nessa época e não entendia muito bem o que estava rolando, mas aos poucos fui percebendo que esses caras bem vestidos deixavam grandes quantidades de pó branco aqui em casa. Também deixavam pedras, fumo e líquido. Eram grandes quantidades mesmo. Depois uns garotos novos, tipo de uns 15 anos, iam buscando aos poucos e sempre voltavam com muito dinheiro. Os caras bem vestidos, no entanto, pegavam a grana e traziam mais dessas coisas. Notei que depois disso minha mãe começou a ficar debilitada rapidamente. Ela começou a me contar como era a vida dela com os pais, dizia que teria sido melhor pra ela ter abortado, mas que, por me amar, não se arrependia da escolha que fez. Eu, pessoalmente, acho que ela devia sim ter me abortado e ido morar com a tia, especialmente por causa do que fizeram com ela. — os olhos dele encheram-se de lágrimas e ele engoliu o choro. — Eu tinha 8 anos, lembro bem dessa noite. Meu pai tava bebendo com um cara gordo lá na sala e minha mãe estava aqui nesse quarto comigo, me contando histórias. Estava falando sobre um elevador assombrado por uma garota vestida de preto, disse que se à noite uma pessoa sozinha entrasse lá ia ser morta por esse espírito.

— Por isso que você fica meio assim de andar no elevador à noite?

— Não, eu não acredito nessas coisas.

“Acredita sim”, Jimin pensou.

— Ela disse que um rapaz havia entrado no elevador e havia uma moça bonita de vestido preto, chorando. A moça chorava tanto que o rapaz já estava ficando incomodado, aí de repente...

Ele parou.

— De repente o quê? — Jimin quis saber.

— Nesse momento meu pai gritou o nome dela e ela me disse que ia lá e já voltava pra terminar a história. Só que ela tava demorando, então eu fui lá na sala ver o que estava acontecendo e... — engoliu o choro. — Minha mãe tava no chão tendo convulsões e o cara gordo tava aplicando alguma coisa nela. Vi que o lugar em que a agulha tava enfiada, que era na perna, tava todo roxo. Ela já tinha várias marcas assim no corpo, sabe? O gorducho riu da minha cara: “quer krokodil, moleque?”, ele disse pra mim. Eu comecei a chorar e corri pra perto da minha mãe, mas ele me segurou e começou a passar a mão em mim. Meu pai tava olhando pra nós e rindo, disse que eu ainda era lacrado e eu nem entendi o que ele quis dizer, só queria que aquele porco me soltasse, então cuspi nele e ele me bateu. Com isso eu pensei que estava livre e tentei correr pro meu quarto, mas o balofo foi mais esperto e me pegou de novo. Nisso meu pai desabotoou a própria calça, enquanto o pudim de banha tirava a minha roupa. Os dois, Jimin, os dois me... — fechou os olhos e as lágrimas desceram.

Jimin estava em choque, sequer tinha palavras para dizer qualquer coisa que fosse.

— Ainda assim não foi dessa vez que eu perdi a inocência. Com a morte da minha mãe, meu pai começou a fazer isso sempre que chegava das noitadas regadas em drogas. Eu vivia dolorido e cheio de marcas. Logo ele começou a trazer pra casa uns caras que faziam comigo a mesma coisa e eu via que depois disso davam dinheiro pra ele. Percebi que era isso que não deixava a gente passar fome e foi aí, bem aí que eu perdi a inocência, porque vi que se eu quisesse as coisas teria que conquistá-las usando meu corpo. A partir de então comecei a ver isso não como abuso, mas como trabalho. Logo a fama do “novinho gostoso” começou a se espalhar e eu passava o dia todo dando, ou comendo. Perdi a virgindade antes mesmo de sentir vontade de me masturbar. E nem lembro com quem também. Todo mundo sabia que eu pertencia a uma família problemática e que eu me prostituía. As pessoas de bem me olhavam torto e passavam longe de mim. Eu não tava nem aí, ou era isso que eu pensava, mas descobri que sim, que eu ligava muito quando mudei de escola. E mudei pela seguinte razão: eu tinha 14 anos e fazia programas com alguns dos garotos e garotas da minha sala em troca de míseras coisas. Um deles, porém, me humilhava e por isso eu recusei quando ele quis marcar um programa comigo. Depois disso ele começou a todo dia me encher o saco e passar a mão em mim. Eu disse pra ele parar e ele olhou bem pra mim e disse: “você é um prostituto, seu corpo é de todo mundo”. Eu só entendi bem o que tinha acontecido quando vi que ele estava no chão com o nariz sangrando e que meu punho estava sujo com o sangue dele. Eu sabia que seria expulso então resolvi lavar a alma. Pulei em cima dele e disse que eu era um prostituto particular, não público. Arrebentei a cara dele e de uns outros que apareceram. Logo vieram os seguranças e me tiraram de lá, mas eu já tinha feito o estrago que queria.

— Então você mudou de escola?

— Sim, e tudo continuou a mesma droga até que no ano seguinte o Jungkook entrou. Eu ficava olhando pra ele e sentindo uma coisa que eu nunca havia sentido. Ele quase não olhava de volta pra mim, mas quando olhava não era com o habitual desprezo dos outros. Eu caí de amores por ele e ficava fascinado com tudo que fosse sobre ele. Ele era dois anos mais novo que eu, tinha 13 e eu tinha 15. No outro ano ele começou a olhar pra mim e isso me deixava tímido. Sim, eu que dava pra todo mundo ficava tímido com os olhares do Jungkook. O povo tem que parar de pensar que os prostitutos não têm sentimentos, porque sim, nós temos. — encarou Jimin.

— Eu hein, não disse nada. — o garoto se defendeu.

— Ele enxergava a pessoa que eu era por trás do estigma do prostituto problemático e um dia veio conversar comigo. — sorriu enquanto uma lágrima caía. — Me perguntou qual era o meu sonho e eu não soube responder. Eu não tinha um sonho, pra mim a vida não ia muito além da realidade que eu conhecia, mas depois disso fiquei pensando no assunto. Eu queria ter um sonho. E tudo que eu sonhava pra mim incluía o Jungkook. Percebi que não seria feliz sem ele. Andávamos muito juntos nessa época, até diminuí o número de programas pra passar mais tempo com ele e um dia resolvi contar o que eu sentia. Ele me contou que também tinha problemas com os pais porque não aceitavam que ele queria ser um mangaká. Começamos a namorar e todo mundo olhava torto pra nós dois, mas o Jungkook não tava nem aí. Foi quando ele me aceitou como eu era que percebi que sim, eu ficava triste com o jeito que as pessoas me tratavam, porque, apesar de tudo, eu não me sentia menos do que ninguém. Você deve imaginar que transávamos todos os dias, mas não. Ele tinha 14 anos e era virgem, eu não queria tirar a inocência dele, além do mais queria que fosse especial, no momento certo. Seria a primeira vez dele e de certa forma seria a minha também. Nessa época eu comecei a ter clientes de alto calão, alguns eram até políticos, e a grana começou a entrar de verdade. Comecei a revidar as agressões do meu pai e disse a ele que não mais eu morava com ele e sim ele que morava comigo. Ele entendeu e parou de encher o saco. Eu levava o Jungkook pra lá sem medo de acontecer alguma coisa ruim.

— Você disse no chat do Camera Prive que sua família não te aceitava porque você era homo...

— Eu menti, meu pai não era homofóbico. Aliás, pra ele só existia um gênero: o de comer. Ele implicava com o Jungkook não por ele ser menino, mas por eu estar com ele de graça sendo que nem sexo a gente fazia. Não que o Jungkook não quisesse, ele queria sim e muitas vezes era difícil resistir, mas me mantive forte. As coisas estavam indo bem nessa época, o rolha de poço havia sumido há algum tempo e ninguém mais me forçava a nada, tudo que eu fazia era porque queria. Sempre fui sem pudores na cama e isso nunca foi um problema pra mim, me abria muitas portas e me dava oportunidades. Tanto que eu nem pensava em fazer outra coisa. Às vezes ganhava em um único programa o que não ganharia em um mês inteiro de trabalho digno e honrado. — pensou um pouco. — Mas acho que mesmo que eu quisesse algum emprego, ninguém me daria por causa da minha fama. Em cidade pequena todo mundo sabe da vida de todo mundo. Então o Jungkook e eu começamos a fazer planos de nos casar e ir embora daqui, mas ambos éramos menores de idade, então tínhamos que esperar. Eu poderia esperar o tempo que fosse, sabia que um dia iríamos ter juntos a nossa vida longe disso tudo. — sorriu, mantendo o olhar nostálgico. — Já me considerava casado com ele. Só faltava uma coisa pra nós dois e não demorou muito para que fizéssemos. Foi no aniversário dele de 15 anos, em setembro. Passamos o dia sozinhos aqui em casa preparando a decoração e os docinhos. Ele me ajudou a fazer o bolo. Foi lindo. No final da tarde estávamos cansados e, depois de nos divertirmos juntos com os nossos chapeuzinhos do Bob Esponja, começamos a nos beijar e acabamos na cama. Senti que era o momento certo e então aconteceu. Cuidei para que não fosse muito doloroso pra ele e acho que consegui dar a ele uma boa primeira vez. Acabamos dormindo e acordamos cedo com o escândalo que os pais dele fizeram aqui na porta. Eles me odiavam e quiseram chamar a polícia pra mim. — riu. — Mas eu também era menor de idade, tinha 17. Acabou que não adiantou nada tentarem proibir nosso namoro, o Jungkook e eu fazíamos muito amor e ficávamos muito juntos. Ele me disse que não via a hora da gente se casar logo e sairmos daqui. Eu dizia a mesma coisa a ele. Como ele queria ser um mangaká, incentivei-o a entrar em um curso de desenho. E ele entrou. Todo dia chegava aqui em casa animado, me mostrando os desenhos novos que tinha feito. Ele era muito bom nisso, igual a você. — Jimin se sentiu foda novamente. — Mas sabe, esse curso foi um erro... — deu uma pausa. — Por volta de março do outro ano ele começou a mudar comigo e essa mudança tinha nome e sobrenome.

— Junghyung, não é? — Jimin arriscou.

Taehyung encarou-o chocado.

— Não, Jimin.

O ruivo se lembrou de que desse garoto o Taehyung gostava e percebeu o próprio close errado.

— Quem é Junghyung então?



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