Jimin acordou nu e viu que estava no quarto de Taehyung. Lembrou-se do que fizeram e um sorriso de satisfação teimou em aparecer. Fechou os olhos e suspirou.
— Namorar um prostituto tem o seu lado bom...
— Ex prostituto, viu? — Taehyung brotou com uma toalha enrolada na cintura e o cabelo molhado.
Jimin jogou-lhe um travesseiro.
— Não é pra ouvir os meus pensamentos!
— Você pensou em voz alta, o que eu posso fazer? — riu e sentou-se na beirada da cama. — O que vocês querem comer?
Jimin colocou a mão na barriga.
— O Xexelento Júnior quer marshmallows. Eu quero pão de ló.
— Kim Xexelento, né? — Taehyung riu.
— Park Xexelento.
— Kim.
— Park!
— Kim!
— Cara, o bebê vai ser Park, não tem nem o que discutir.
Mas sim, tinha. E discutiram.
Ainda estavam discutindo quando foram ao mercado ali perto. Continuaram enquanto Taehyung preparava o café da manhã, pois Jimin tinha preferências por comida preparada na hora, e só pararam quando o pivô da discussão chutou. Provavelmente ele não aguentava mais aquela ladainha de Kim x Park, e com razão, já que a resposta para esse enigma é tão clara e óbvia. Menos, parece, para as duas criancinhas brigonas.
A manhã então girou em torno do chute do bebê. E isso uniu tanto o Park quanto o Kim, saindo dessa união vários beijinhos filmados pelo celular, já que os fãs sempre ficavam encantados com as notícias sobre o bebê.
Mais tarde, já que já estava no apartamento de Taehyung mesmo, Jimin resolveu dar uma olhada melhor no lugar, visto que mesmo tendo passado momentos consideráveis ali, jamais prestara a devida atenção. Aproveitou que o namorado estava fazendo uma live no youtube e foi explorar a sala.
Como sempre havia trocentas coisas relacionadas ao Jungkook, e Jimin bufou para cada uma delas, mas também havia revistas sobre cinema, ciência, música; havia jornais cheios de notícias as quais Jimin não dava a mínima; havia também álbuns de alguns grupos de kpop, de jazz, soul e até rock. Na última gaveta do raque, porém, havia algumas revistas que chamaram a atenção do ruivo.
Eram revistas Playboy.
E tinham mulheres peladas nelas.
Obviamente.
O rosto de Jimin começou a queimar devido a raiva que sentiu, que não era pouca. Pegou essas revistas e foi pisando duro até o quarto, bufando.
— O que é isso?! — chacoalhou as revistas.
Taehyung, que ainda estava na live, levou susto com o súbito aparecimento de Jimin e, ao olhar o que ele tinha em mãos, ficou vermelho.
— Jimin, não… — indicou o computador com a cabeça. — Sai!
Realmente o ruivo não queria envolver os fãs nisso, então saiu bufando. Mas seria melhor se tivesse ficado, porque depois disso alguns fãs começaram a falar mal do Taehyung, dizendo que ele tinha sido grosso e, como quem conta um conto aumenta um ponto, teve gente especulando até que o Jimin tinha sido covardemente agredido por seu agressivo namorado.
Os dois, no entanto, só iriam tomar conhecimento disso depois.
Taehyung continuou sua live, e queria continuá-la pra sempre pra não ter que enfrentar a fúria de Jimin. Já o ruivo, com raiva, pegou as sacolas das compras e foi colocando dentro tudo que tivesse relação com o falecido Jungkook. Não queria nem saber, já tava na hora da memória desse garoto desaparecer de vez.
Não demorou muito para Taehyung aparecer.
— Olha, eu posso explicar, essas revistas…
Paralisou-se ao ver o que Jimin tinha feito.
— O que… — olhou ao redor com os olhos arregalados. — As fotos do Jungkook, você…
— Sim, joguei tudo fora. — disse Jimin calmamente sentado no sofá.
— Mas Jimin, você não podia…
— Não só podia como devia. Já tava passando da hora de você abandonar de vez aquele garoto.
Taehyung começou a revirar a casa em busca das memórias de Jungkook.
— Sobre as revistas… — disse Jimin. — Pode assumir que você gosta de mulher também. — fez uma carranca.
— Eu não gosto de mulher! — Taehyung evitou encará-lo.
— Então por que você tem revista de mulher pelada? — o tom do garoto era acusador.
— Porque… — Taehyung estava gaguejando. — Porque… Ahá! Bem aqui! — exclamou ao encontrar sacolas cheias com os itens do Jungkook escondidas no armário da cozinha.
— É sério, eu sei que você é bi! — intimou Jimin.
Taehyung o encarou.
— Eu… — desviou o olhar. — Eu tinha essas revistas pra me estimular, porque você sabe, eu fazia muito programa com mulher.
— E você sentia prazer. — Jimin afirmou.
Taehyung ficou em silêncio por um tempo e então disse.
— Pode até ser que eu sentisse algum prazer na cama com mulheres, mas eu nunca amei uma mulher. Eu amo homens, mais especificamente um… — sorriu e deu um beijo em Jimin.
— Dois. — Jimin estava seco. — Você ama dois, e vamos dar um jeito nisso. Você vai se livrar de todas essas coisas, desde as fotos, até as cartas e objetos dele.
Taehyung não gostou disso.
— E vai jogar essas revistas todas fora!
— Tudo bem.
— E não quero que você veja mais nenhuma mulher pelada.
— Tá.
— Nem homem pelado também.
— Jimin, olha só, — Taehyung o encarou, — existem dois Taehyungs: um AJ e um DJ. Eu sou o DJ, e ele não faz mais as coisas que o AJ fazia.
O meme da Nazaré Tedesco apareceu para Jimin.
— AJ, DJ…
— Antes de Jimin e Depois de Jimin, bobão. — Taehyung riu.
— Ah, claro. — era meio óbvio mesmo. — Então, preparado para se livrar dessas quinquilharias?
— Não… — disse Taehyung com pesar, olhando para as sacolas.
— Quê?!
Jimin ia dar um ataque.
— Mas eu vou, ok? — Taehyung foi rápido em dizer. — Por nós, eu irei fazer isso. Tá bom?
Jimin deu de ombros.
— Vai estar quando já tiver feito.
***
— Cara, eu não acredito que você fez um mapa!
— Ora Jimin, qual o problema em brincar de pirata?
— Nenhum, Taehyung, a menos que você já tenha 21 anos.
Taehyung colocou língua para Jimin, fazendo-o passar a mão no cabelo, incrédulo.
Estavam no mesmo lugar onde haviam tido a primeira vez. Longe do barulho da grande metrópole onde moravam, sem traços de intervenção humana, apenas natureza. Segundo Taehyung, inclusive, estavam exatamente no lugar onde estava o carro naquela noite.
— E como é que você sabe? — quis saber Jimin.
— Eu que estacionei, lembra? — riu. — Acabou ficando marcas… — indicou-as.
Jimin as olhou com afinco.
— Como é que você consegue ser tão mal motorista assim, hein? — sua expressão era de deboche.
— Realmente, seria melhor ter esperado o piloto de fórmula 1 acertar o buraquinho da chave, né? — Taehyung o olhou acusadoramente.
Jimin ficou vermelho.
— Eu tava alcoolizado. — o ruivo se defendeu.
— Eu também. — Taehyung soava implicante.
— Eu tava mais.
— Mimimi. — riu, deixando Jimin indignado.
— Odeio quando você faz “mimimi” pra mim.
— Eu sei. — Taehyung exibia um sorriso quadrado.
— Você sabe encher o saco.
— Sou ótimo nisso.
Jimin olhou para o chão.
— Já fez o que tinha que fazer, agora vamos embora!
E se virou.
Após discutirem sobre qual fim dariam para as “tralhas do Jungkook”, e apesar de Jimin ter insistido muito para jogarem no lixo ou queimar, Taehyung optou por colocar tudo em um baú e enterrar. E ainda filosofou sobre a escolha do lugar.
— É onde tivemos a nossa primeira vez, onde deixamos de esconder que nos gostávamos, onde nosso filho foi feito… — sorriu. — Fico muito feliz que ele não tenha sido feito em um programa.
— Cala a boca e cava. Vamos acabar logo com isso. — Jimin não tava afim de sentimentalismo.
E assim foi. Agora o baú já estava enterrado, Taehyung já havia feito o “mapa do tesouro”, estavam prontos para ir embora.
Não é que Jimin não gostasse de lá. Mas ali era onde tinha estado com Yoongi, onde haviam feito o pedido para a estrela cadente, e dias depois estava lá transando com Taehyung. A estrela foi rápida… Jimin era meio superficial e gostava disso, por esse motivo preferia evitar cargas muito fortes de sentimento. Apesar de que Taehyung fazia-o experimentar o extremo das emoções. Ele é um garoto bem intenso.
— Vem! — chamou Jimin ao ver que Taehyung estava imóvel, com o olhar no chão.
— Eu vou… — aquele tom melancólico irritava Jimin. — Eu vou me despedir dele, tá? Esse lugar simboliza o rompimento que tive com ele, e quero fazer isso certo, tá bom? — respirou fundo.
Jimin revirou os olhos.
— Te espero no carro. Não demora.
Taehyung acentiu.
Já no veículo, Jimin aproveitou para retocar sua maquiagem e como Taehyung estava demorando, olhou disfarçadamente na direção de onde ele estava. Viu lágrimas em seus olhos. O ruivo não ficou surpreso, despedidas eram assim mesmo.
Algum tempo depois Taehyung entrou no carro e antes de dizer qualquer coisa, deu um grande beijo em Jimin e olhou em seus olhos.
— Somos você e eu agora. — disse. — E o Kim Xexelento. — sorriu.
Jimin sorriu para ele.
— Park!
Foram discutindo até chegar em casa.
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