Após as gravações do dorama Taehyung silenciosamente foi até o escritório de Lee Hae, entrando sem bater na porta. Encontrou-o de pé organizando alguns papéis.
— O que você quer? — o homem perguntou sem desviar o olhar.
Taehyung não respondeu, apenas fechou delicadamente a porta atrás de si. Lee Hae resolveu encarar o garoto e quando se virou deu de cara com ele bem perto de si.
— O que…
Taehyung, sorrindo sensualmente, colou seu corpo no do homem, imprensando-o contra a escrivaninha. Lee Hae chegou a tremer de raiva.
— Isso é assédio sexual!
Taehyung riu e foi empurrando-o até que ambos estivessem deitados na mesinha. Suas bocas estavam a centímetros uma da outra.
O coração de Lee Hae estava disparado. Não por desejo, mas por ódio.
— Sai daqui! — gritou e se debateu, mas isso apenas fez seu corpo se esfregar no corpo inerte do garoto, que lambeu os lábios.
— Eu vou sair se você me contar o que há de podre no reino da Dinamarca… — sussurrou.
Já havia feito perguntas do tipo várias vezes, sem nunca obter uma resposta, então decidiu apelar.
— Não tem nada de errado!
— Tem certeza?
Taehyung imprensou com força sua pélvis, fazendo-o sentir o que havia ali.
E Lee Hae ficou até verde ao sentir…
— Não sei de onde você tirou isso!
Taehyung sorriu de modo devasso e passou o dedo médio pelos lábios do homem, chupando-o em seguida. Lee Hae entendeu o que ele pretendia fazer com aquele dedo. Então era isso, estava entre a faca e a brasa.
— Se fosse por mim você nunca estaria aqui! Mas eu não sou o dono da empresa e...
“I have a pen, I have an apple
Uh! Apple-pen!”
— Droga!
Taehyung saiu de cima e atendeu o celular, caminhando para fora dali. Conseguiu ouvir Lee Hae rasgando alguns papéis de tanta raiva.
Riu.
Jimin havia ligado para lembrá-lo do jantar que teriam com Yoongi e Hoseok.
— Já tô chegando.
E logo chegou mesmo. Foi direto tomar banho e se vestir com as roupas que Jimin escolheu. O garoto já não o estava mais acompanhando nas gravações porque sua barriga estava simplesmente enorme, uma vez que já estava com quase 9 meses.
Receberam Yoongi e Hoseok amavelmente. Os dois rappers estavam realmente felizes em vê-los, porém algo naquela casa os estava deixando um pouco incomodados. Não era nada físico, não saberiam explicar o que era, mas mesmo assim o jantar ocorreu bem.
Taehyung estava manjando o jeitinho carinhoso do Jimin com o Yoongi e sabia que não tinha nada a ver.
Mas caralho, era chato ver aquilo.
Por isso grudou no namorado e não desgrudou mais.
Eles haviam trazido um presente para o bebê, o qual Taehyung logo abriu, visto que a caixa era bem grande e ele estava curioso para saber o que era.
Era um elefantão de pelúcia azul.
— Eu lembrei que você tem um elefante, acho que o bebê também vai ter. — disse Hoseok, sorridente.
— Ué, — Jimin não entendeu, — você tem um elefante?!
Taehyung riu.
— Aqui. — mostrou duas pintinhas que tinha no braço, apertando com os dedos logo abaixo delas, fazendo assim se formar uma tromba, e as pintinhas eram os olhinhos.
— Ah…
— Você tá com ele há quase um ano e ainda não tinha visto isso? — Yoongi comentou.
E Jimin sabia o que ele quis dizer com aquilo. Estava insinuando que Taehyung não era mais que seu brinquedo sexual. O Yoongi era bem ácido quando queria.
— Eu não, mas o Hoseok já viu tanto que não esqueceu…
Yoongi ficou sem graça, Hoseok também. Taehyung, no entanto, nem viu sobre o que estavam falando, pois estava brincando com a pelúcia.
— E quando é que o bebê vai nascer? — quis saber Yoongi, algum tempo depois, na hora da sobremesa.
— O médico disse que a qualquer momento. — Taehyung respondeu animado.
***
Já estavam os dois deitados. Taehyung abraçava Jimin, que estava pensando em coisas que não queria. Relembrava o dia em que Sunny havia feito o ritual de proteção.
“— Avisa pra ele!
— Avisar o quê?! Pra quem?!
— O sr. Kim!”
— Tae…
— Diga.
— O Jungkook te chamava de sr. Kim?
Taehyung foi pego de surpresa com essa pergunta, afinal nenhum dos dois falava sobre o Jungkook há muito tempo.
— Não, Jimin, ele me chamava de Tae, igual todo mundo. Até porque eu não sou velho pra ser chamado assim. — pensou um pouco. — Mas por que a pergunta?
— A toa…
Ficaram em silêncio por algum tempo.
— Você disse que sua mãe era filha de pais ricos…
— Sim, era.
Taehyung não se sentia confortável em falar desse assunto.
— Você sabe onde eles moram?
— Não sei nada deles, Jimin, nem os nomes.
Jimin pensou um pouco, mas a teoria que estava montando não tinha muito sentido, uma vez que obviamente o Kim vinha da família do pai do pai do Taehyung, que não era rica. Resolveu deixar pra lá. Beijou o namorado, beijo quente, aliás, e dormiu.
Taehyung permaneceu acordado, estava pensando em Lee Hae. O teatrinho que fizera com ele mostrou que o cara era hétero e não tinha nenhum interesse sexual em homens, portanto não poderia ser por seus belos olhos que dava-lhe privilégios. Ademais, ele não era sequer o dono da empresa e…
Uma lâmpada acendeu-se em sua mente.
Não era o dono da empresa! Claro!
Quem era o dono então?
A resposta estava aí, o dono da empresa era quem mandava Lee Hae tratá-lo como um príncipe. Isso sempre fora muito óbvio, como não havia percebido antes? Engraçado que ninguém falava sobre o dono da Byeol Entertainment, sempre era só o Lee Hae que a representava. Taehyung até pesquisou na Wikipedia, mas nada encontrou lá sobre ele.
Ficou pensando nisso até pegar no sono.
Sono esse que não durou muito tempo.
— Aaaaaaaaaaaaaiiiiiii!
Taehyung caiu da cama com o grito de Jimin.
— Aaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiii!
O garoto esperneava e suava, colocando a mão na barriga. Taehyung entendeu o que era. A primeira coisa que fez foi pegar seu celular e mandar mensagens para todo mundo que importava, escrevendo tudo errado devido a pressa.
Correu para o lado de Jimin e lhe deu um beijo, porém quando foi se levantar o garoto o segurou forte pela camisa.
— Eu te odeio! — gritou.
E Taehyung sabia o porquê. Correu e pegou-o nos braços, levando-o até o carro, o que foi um pouco difícil porque ele não parava de espernear e gritar.
Dirigiu feito louco pela rodovia enquanto Jimin gritava que não queria mais ter filho.
— Eu quero desengravidar!
— Jimin, meu bem, você vai desengravidar hoje…
— Cala a boca!
A coisa tava feia.
***
Assim que chegaram no hospital as enfermeiras já vieram recebê-los com uma cadeira de rodas. Colocaram Jimin nela e foram as pressas para a enfermaria para vestir-lhe as roupas próprias de cirurgia.
— Taehyung, seu desgraçado! — Jimin gritava no caminho, culpando o garoto pela dor que estava sentindo.
— Jimin, você também quis! — o garoto se defendeu.
— Quis o caralho! — Jimin bufava.
— Foi isso mesmo que você quis… — Taehyung riu, embora estivesse nervoso e ansioso pelo que ia acontecer.
***
— Não vai enfiar isso em mim! — Jimin gritou ao ver o tamanho da agulha que o médico segurava.
Já estava deitado na cama do centro cirúrgico usando aquela roupa azul horrorosa que deixava a bunda de fora.
— Se quiser fazer o parto sem anestesia… — o médico, um senhor de meia idade, disse, entediado, pegando o bisturi. — São sete camadas que vou cortar na sua barriga.
Jimin suou frio e apertou a mão de Taehyung, que estava usando roupas semelhantes às do médico, com tanta força que o fez morder os lábios pra não dizer “ai”.
— Vai doer? — o ruivo perguntou. — A agulhada, eu digo.
O médico voltou a pegar a seringa com 15 centímetros de agulha.
— O que acha?
Jimin começou a espernear de novo e a apertar a mão de Taehyung com ainda mais força. As enfermeiras só olhavam.
— Porra, você não tá ajudando! — o ex prostituto gritou pro médico, que deu de ombros. Virou-se para o namorado e olhou em seus olhos. — Jimin, eu sei que você é forte, muito forte aliás, — balançou a mão, — você consegue suportar essa agulhada.
— Ok, mas você tem que tomar também! — exclamou Jimin, vermelho e suado.
— Quê?! Eu não tô grávido!
— Não é justo que só eu tenha que passar por isso, eu não fiz o bebê sozinho!
Jimin até tinha razão, em partes, mas isso já era culpa da biologia.
(Isso porque homem engravidar é super biologicamente correto… kkkk)
Apertou mais forte a mão de Taehyung que, mesmo sendo ele meio moreno, já estava totalmente branca.
— Tá bom, tá bom! Eu vou tomar também, mesmo não tendo nenhum bebê dentro de mim… — suspirou. — Mas você vai tomar primeiro!
— Não, você vai tomar primeiro! — Jimin exclamou, mas mudou de ideia ao sentir uma pontada muito forte, afinal já estava na hora do bebê nascer e ele ficava enrolando.
O médico sentou-o na cama e limpou sua espinha com álcool. Jimin continuava segurando forte em Taehyung, que o abraçou.
— Lá vai hein… — disse o médico.
— Eu to aqui, calma… — Taehyung o confortou quando lágrimas começaram a escorrer de sua face.
— Aaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiii!
— Pronto, nem foi tão ruim assim… — disse Taehyung, suado.
Jimin nada respondeu, apenas o fuzilou com o olhar. Já sentia seu corpo formigando.
— Não vai demorar a fazer efeito, né? — Taehyung perguntou ao médico, pois se demorasse ele também ia ter que levar agulhada.
— Já tá fazendo, olha lá. — o médico respondeu e ambos olharam para Jimin que, apesar de manter os olhos abertos, já não se mexia mais.
Os olhos, porém, logo se fecharam e Taehyung se preocupou.
— Ele tá bem, né?
O médico riu.
— Tá sim. É o primeiro filho de vocês, né?
— É.
— Percebe-se.
— Pior que acho que vai ser o primeiro e único… — Taehyung riu, olhando para Jimin.
— Ele parece ter um gênio difícil. — disse o médico enquanto molhava um grande chumaço de algodão no álcool.
— E como! — Taehyung respondeu enquanto o olhava limpar a barriga de Jimin. Olhou bem, pois aquela seria a última vez que o veria grávido, e ele ficava tão lindo com aquele barrigão…
— Foi acidente? — perguntou o médico pegando o bisturi.
— Não. — respondeu Taehyung. — Não da minha parte, pelo menos… — riu.
— Sei como é, minha amante fez isso comigo duas vezes. — disse o médico, apalpando a barriga de Jimin.
— O senhor tem amante?! — Taehyung ficou horrorizado.
— Tinha, mas caí na real de que não vale a pena. Elas sempre dão um jeito de engravidar sem a gente querer, um saco isso…
Taehyung lembrou-se de que ele mesmo era meio que amante do Jimin na época, visto que o garoto ainda era noivo do Yoongi. E a primeira coisa em que pensou quando as coisas esquentaram lá no carro foi de não se prevenir, imaginando que com isso acabaria com o noivado de Jimin e o garoto finalmente iria ficar com ele. Deu certo. Não necessariamente por causa da gravidez, mas ele sempre quis ser pai, então continua no lucro.
A verdade é que Taehyung fora egoísta, pois sabia que Jimin não queria ser pai. Porém se perdoava ao pensar que o garoto poderia ter se prevenido se quisesse e vacilou porque quis.
Mas o importante é que o ruivo aceitou a gravidez numa boa.
— Meu deus! — Taehyung exclamou ao ver o médico enfiar o bisturi na barriga de Jimin, assustando-o e, com isso, fazendo o corte ficar meio torto.
— Que foi garoto?! — o homem gritou.
— Nessa bruteza você vai acabar cortando-o ao meio!
— Que bruteza, meu filho? Já fiz mais de mil partos e nunca parti ninguém ao meio!
Continuou cortando. Taehyung chegou bem perto da barriga de Jimin e ficou encarando-a, parecendo o Chaves enchendo o saco do Seu Madruga.
— Tem que cortar tanto assim? — disse, preocupado.
— Tem. — o médico bufou. — O bebê tá dentro da barriga, caso o senhor não saiba.
Taehyung ficou quieto por um tempo.
— Meu deus, quanto sangue! — exclamou quando o médico aprofundou o corte.
— Tem problema em ver sangue, senhor Kim Taehyung?
— Não, não…
Ficou quieto novamente, mas à medida que o sangue aumentava, não se conteve.
— Cara, ele vai dar hemorragia!
O médico bufou.
— Yuri, leve o senhor Kim Taehyung lá para fora!
A enfermeira veio para seu lado.
— Não, não, eu vou ficar quieto. — disse quando a mulher pegou em seu braço.
— Vai nada! — o médico exclamou enquanto continuava seu trabalho.
— Me acompanhe, senhor Kim Taehyung. — a enfermeira disse, visto que o garoto se mantinha imóvel.
— Ele não pode ficar sozinho!
— Ele vai ficar bem, te garanto. — disse o médico.
Taehyung então cedeu e deixou que a enfermeira o acompanhasse até lá fora. Não ia, contudo, ficar sem ver o parto, pois havia uma grande parte de vidro na parede, dedicada a esse propósito mesmo. Ficou surpreso ao ver que o velho lá da empresa do dorama estava ali.
— Há quanto tempo está aqui? — perguntou.
O velho o encarou.
— Desde quando ele ainda estava consciente. — sorriu. — Me lembrou minha esposa… — em seguida desviou o olhar, que estava melancólico.
— O senhor tem filhos? — perguntou Taehyung, olhando fixamente para o vidro que mostrava o médico fazendo o parto de Jimin.
— Tive uma filha há muitos anos… — fez uma pausa. — Sinto como se estivesse revivendo a noite em que ela nasceu. Foi lindo.
Taehyung sorriu.
— Eu sempre ficava imaginando como seria esse momento, mas nunca pensei que me sentiria assim, tipo, nem consigo descrever o que tô sentindo…
— Eu sei exatamente o que você tá sentindo. — o velho sorriu.
Ambos se encararam por um momento e ambos estavam com os olhos brilhando.
— Por que o senhor está aqui? — quis saber Taehyung.
O velho sorriu e ia dizer algo quando aconteceu.
Sim, o médico segurava um bebê pelos pés.
— Ah meu deus, ele nasceu! — Taehyung deu um abraço no velho e correu lá pra dentro, segurando o bebê nos braços enquanto o cordão umbilical era cortado.
O velho ficou olhando para a cena, via Taehyung segurar carinhosamente o bebê e sorrir mostrando os belos dentes. Colocou a mão no vidro enquanto uma lágrima lhe escorria pela face.
Tudo que podia fazer era observar de longe…
***
— É um menino! — disse Taehyung ao chegar na sala de espera enquanto as enfermeiras davam banho no bebê e o médico costurava a barriga de Jimin.
Lá estavam os seus colegas do dorama, Hyuna e Jay Park, Hoseok e Yoongi, Jin e Namjoon.
— E como ele está? — quis saber Hyuna. — E o Jimin?
— Estão bem. — Taehyung sorria. — Vamos ficar aqui essa noite e amanhã de manhã vamos pra casa.
— Qual vai ser o nome? — perguntou Yoongi.
Não tinham decidido ainda.
— Hm… Ash. — Taehyung respondeu.
— Ash? — perguntaram todos em uníssono.
— É, gosto de Pokémon.
***
O dia já havia amanhecido e Taehyung estava empurrando a cadeira de rodas com Jimin sentado para fora do hospital. O ruivo estava com o bebê no colo e já havia deixado bem claro que não tinha nenhum filho chamado Ash.
A imprensa local e vários fãs os aguardavam lá fora, tirando várias fotos. Jimin escondeu o rosto sob uma máscara branca de médico e colocou um boné preto, pois estava sem maquiagem. Taehyung deu algumas respostas rápidas às perguntas e logo colocou o namorado no carro com o bebê.
— Eu não acredito que ninguém me visitou no hospital! — o garoto estava emburrado.
Taehyung havia mentido para ele.
— Vai ver eles tinham algo mais importante pra fazer. — disse, sorrindo, enquanto dirigia para casa.
E ao chegarem Jimin ficou boquiaberto.
Havia uma bela decoração azul de boas vindas, com muitos balõezinhos coloridos, guloseimas e tantas outras coisas infantis, juntamente, claro, com coisinhas rosas, pois o Jin havia ajudado a preparar tudo. Passaram a noite trabalhando nisso. Estavam lá todos os que estiveram no hospital e também o Jeonghan, antigo colega de Taehyung, que passara a noite no avião para chegar a tempo.
Mas ele não foi o único.
Também estavam lá os pais de Jimin.
— Mamãe! Papai! — o garoto os abraçou, havia anos que não os via pessoalmente.
Festejaram muito a chegada do pequeno Kim-Park Taemin, nome escolhido por Jimin, é claro. Nada de Ash!
Os pais do ruivo, membros da alta sociedade, ficaram o tempo todo avaliando Taehyung, e ficaram um pouco decepcionados ao perguntarem sobre a família do garoto e ele não ter muito o que dizer.
Mas fora isso, tudo estava perfeito!
A festa aconteceu também online, pois os fãs receberam a notícia com muita alegria.
Os comentários giravam em torno do quanto o bebê era parecido com Taehyung e até o famoso elefantinho ele tinha. O garoto, por sua vez, não desgrudava do filho nem por um minuto, e era bom que já se habituasse a ficar com ele no colo, pois o pequeno Taemin era chorão e manhoso e Jimin não era o tipo de pessoa que ama cuidar de crianças...
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