Quase enfartaram ao ouvir o barulho da porta do andar de baixo sendo aberta abruptamente.
— Vocês tão aí?
Era a voz inconfundível de Kim Taehyung.
— Eu vou lá. — disse Hyuna ao ver que Jimin estava passando a mão no cabelo.
Assim que ela voltou com o garoto, Jimin já foi dizendo:
— A gente marcou uma hora, não uma e meia!
Taehyung sorriu timidamente.
— É que...
— V?! — exclamou Hoseok.
— Hobi?! — exclamou Taehyung.
Os dois correram para se abraçar. Jimin e Hyuna se entreolharam confusos.
— O que você tá fazendo aqui, Hobi?
— Eu trabalho para o Jimin.
Os dois estavam super animados.
— Cara, não acredito que é você o famoso xexelento. — continuou Hoseok.
Taehyung fez uma expressão divertida e instintivamente olhou para Jimin.
— Xexelento?
O garoto deu de ombros.
— É só um apelido.
— Você parou de fazer pro... — começou Hoseok, na inocência, mas Taehyung tapou sua boca.
— ...duções artísticas? Parei. — riu sem graça, soltando o garoto.
Jimin e Hyuna se entreolharam novamente, a garota estava confusa, mas Jimin sabia exatamente do que Hoseok estava falando. “É ele mesmo o tal de V, não há a mínima possibilidade de ser um irmão gêmeo”, pensou.
— Vocês se conhecem há muito tempo? — perguntou Hyuna.
— Sim, a gente morava na mesma cidade e éramos voluntários num projeto cultural para crianças carentes. — respondeu Hoseok.
— Ele ensinava dança e eu ensinava teatro. — completou Taehyung.
Hyuna assentiu.
— Que fofo.
— Credo, ensinar arte pra crianças catarrentas... — caçoou Jimin.
— Não eram catarrentas. — defendeu Taehyung.
— Tá, tá, tanto faz. — deu de ombros. — Vamos falar do que interessa.
Sentaram-se todos no chão e Jimin, com ajuda de Hyuna e Hoseok, explicou tudo para Taehyung. O garoto ouviu atentamente e pareceu animado com as ideias. “Sorte a dele”, pensou, “ou teria que fazer sem gostar”.
— Mas vocês não acham que vai dar polêmica se eu beijar a Hyuna à força? É estupro isso...
— Querido, — começou Jimin com seu modo esnobe ativado, — se não for pra causar a gente nem faz.
Taehyung assentiu.
— Já que você falou em estupro... — começou Hyuna, como quem não quer nada. — A gente podia ir um pouco além do simples beijo.
— Tipo mão boba e essas coisas? — perguntou Taehyung.
“Isso não vai ser problema pra você né, já que você é profissional nisso”, pensou Jimin.
— Mas não pode ficar vulgar. — disse Hoseok.
— Isso aí, nosso estilo é sexy sem ser vulgar. — concordou Jimin. — Tem que ser algo muito bem feito.
Taehyung pensou um pouco.
— Tudo depende do que meu personagem sente pelo personagem da Hyuna. Cada tipo de toque está ligado a um tipo de sentimento.
Hyuna só observava o garoto falar e já imaginava o quão gostoso seria fazer essa cena.
— Mas se ele tenta estuprar ela é porque com certeza não ama. — disse Jimin.
— É claro. — concordou Taehyung. — Mas há diferentes tipos de estupro. Tipo, meu personagem pode estar desesperado por sexo, ou apenas ser sádico, ou apenas querer se autoafirmar, ou ser obsessivo com a Hyuna... Cada tipo vai ter um toque diferente, por isso preciso saber o que levou meu personagem a fazer o que fez.
— Vamos montar a história toda pra ver o que encaixa melhor. — sugeriu Hoseok.
— A gente também pode testar todos os tipos pra ver qual fica mais bonito na câmera. — sugeriu Hyuna.
Jimin olhou pra ela.
— O que a gente não pode fazer é romantizar essa relação, porque é abusiva e sem amor. — disse Taehyung.
Todos concordaram.
— Então. — começou Jimin. — Eu e a Hyuna somos o príncipe e a princesa herdeira do reino e você é um mero plebeu. — Taehyung assentiu. — E você quer casar com a Hyuna pra virar rei.
— Mas em todo o caso o rei não vai ser você?
— Sim né, meu querido, mas você planeja me eliminar porque morre de inveja de mim.
— Inveja da sua coroa né... — corrigiu Taehyung.
Jimin deu de ombros.
— Não seria mais fácil o V querer casar com o Jimin? — perguntou Hoseok, fazendo Jimin corar e Taehyung dar uma risada.
— Credo, nem pensar! — exclamou Jimin.
— Acho que meu personagem prefere continuar sendo plebeu do que casar com esse chato aí. — disse Taehyung, implicando Jimin, que lhe deu um tapa no braço, fazendo-o passar a mão pelo local dolorido.
— Mas no caso ele ia ter que fazer a cena de beijo com o Jimin. — observou Hyuna, fazendo os dois garotos fingirem vômito.
— Bom... — começou Hoseok, olhando para o comportamento dos dois. — É melhor fazer a cena com a Hyuna mesmo.
— Também acho. — a garota concordou.
Hoseok olhou pra ela com uma expressão que dizia “você vai gostar”, o que a fez pensar se o garoto já tinha experimentado.
— No caso eu já levei vários foras da Hyuna e vou tentar casar com ela pelo meio obsceno né, porque tipo, se a gente... É...
— Transar. — completou Hyuna ao ver que ele estava com vergonha de dizer.
“E desde quando putos têm algum problema em falar de sexo?”, debochou Jimin em pensamento.
— Isso. Se eu tirar a virgindade dela seremos obrigados a casar.
Jimin riu alto.
— Se depender da virgindade da Hyuna você morre solteiro.
— Mas a personagem é virgem, bobão. — Hyuna deu um empurrão no amigo.
— Então... O Jimin vai ser o mocinho e o V vai ser o vilão? — indagou Hoseok.
— Me chame de Taehyung, tá? — disse o garoto suavemente, piscando para Hoseok.
— Sim. — começou Jimin, se levantando. — Eu amo os pobres e não quero deixar que esse plebeu desalmado tome o reino e os escravize. — disse em tom dramático.
Taehyung começou a rir tão escandalosamente que rolou no chão.
— Ama os pobres? Você?
Jimin ficou encarando-o com sua postura altiva.
— A gente já pode começar a cena do assassinato?
— Falando nisso, — Taehyung parou de rir, — como é que ele vai me matar?
Jimin fez uma cara diabólica.
— Com uma espada né, era muito comum usar espada nessa época. — disse Hoseok.
Taehyung olhou para a expressão de Jimin e arregalou os olhos.
— Vai ser uma espada de mentirinha né?
— Tá me achando com cara de assassino? — Jimin riu.
— Quer mesmo que eu responda? — Taehyung o encarou.
— Mas aí o filme acaba quando o Taehyung morrer? — perguntou Hyuna.
— Então, eu tava pensando nisso. — disse Taehyung. — Pode haver algo depois.
— Tipo o quê? — perguntou Jimin.
— Tipo, tudo começa no século 18, quando vocês dois são nobres e eu tento me casar com a Hyuna, aí você me mata. Só que não acaba por aí, aparece um vampiro e me transforma.
Jimin olhava-o incrédulo.
— Um vampiro?
— Sim. — continuou Taehyung, animado. — E eu juro me vingar do Jimin e me casar com a Hyuna, porque ela é bonita. — a garota corou. — Séculos mais tarde a reencarnação de vocês volta a essa mansão e prova da minha maldade trevosa. — deu uma risada maligna.
Hoseok estava visivelmente animado. Já Jimin e Hyuna acharam meio sem noção.
— Você assiste muita ficção sobrenatural né? — caçoou Jimin.
— Muita. — assentiu Taehyung.
— Essa história dá margem pra vocês aparecerem vestidos com roupas do século 18 e com roupas atuais. — disse Hoseok.
Isso chamou a atenção de Hyuna.
— Verdade, a gente vai interpretar dois personagens. E tipo, se a gente fizer direitinho, não fica tão sem noção.
— Ah, eu acho que fica sim. — Jimin se mostrava inflexível.
— Estamos ansiosos pra ouvir a sua ideia. Porque, você sabe né, a história não pode se resumir a um beijo forçado e um assassinato. — intimou Taehyung.
— Tá. — concordou Jimin. — Mas se ele vai ser vampiro então eu quero ser bruxo.
— E eu quero ser fada. — disse Hyuna com os olhos brilhando.
Hoseok só observava, não saberia dizer quem era o mais sem noção dali.
— Acho que dava mais você ser um lobisomem, porque... — começou Taehyung, para Jimin.
— Gente, — Hoseok interrompeu, — só lembrando que isso não é uma superprodução de Hollywood...
— Pelo menos dentadura de vampiro a gente acha em qualquer lugar... — disse Taehyung.
Jimin não podia acreditar nisso.
— Sério que você tá achando que vai usar essas dentaduras bregas de 1.99?
Antes que começassem a discutir, Hoseok interveio.
— Eu pensei o seguinte: depois dos acontecimentos do século 18, quando o V — Taehyung lançou-lhe um olhar, — o Taehyung — se corrigiu, — já virou vampiro, nos tempos atuais alguma coisa acontece para que o Jimin e a Hyuna tenham que ir para a mansão e o Taehyung está lá. Aí pode ter cenas em que ele duela com o Jimin e tenta seduzir a Hyuna. Mas no final o Jimin mata-o de novo e os dois vão embora.
— Opa, eu vou matar ele duas vezes? — Jimin se animou.
— Ele vai me seduzir? — Hyuna gostou da ideia.
Hoseok assentiu.
— É, a gente pode tentar seguir esse roteiro. — concordou Jimin. — Mas quem vai ser o vampiro que transforma o xexel... — corrigiu-se — o Taehyung?
Hoseok pensou um pouco.
— Podia ser o Yoongi.
— Nossa eu pensei a mesma coisa. — disse Hyuna.
— Quem é Yoongi? — perguntou Taehyung.
— Meu noivo! — exclamou Jimin, altivo.
Taehyung ficou surpreso e de alguma forma desapontado, mas não saberia explicar bem o por quê.
— Você já está noivo? Qual é a sua idade? — perguntou.
— Eu tenho 21 anos. — Jimin respondeu. — Meu noivo gatíssimo tem 24.
Taehyung assentiu meio cabisbaixo.
“Ele deve estar com inveja porque um puto igual a ele jamais vai encontrar alguém que o leve a sério”, pensou Jimin. Porém Taehyung na verdade estava pensando em seu passado, quando ainda tinha o garoto que amava.
— Felicidades. — desejou.
— Já temos muita. — Jimin respondeu.
Hyuna estava escrevendo na agenda do trabalho, anotando a linha do tempo da história.
— A gente ainda não pensou no nome dos personagens. — observou. Concordaram e, depois de muito discutir, decidiram que Jimin se chamaria Velkan Valerius e Hyuna, Anna Valerius. Sim, ambos tirados do filme do Van Helsing, Taehyung amava esse tipo de filme. Quanto a ele, se chamaria Mortimer, apesar de Jimin ter maliciosamente sugerido que ele se chamasse Cameron. Nos tempos atuais os irmãos Valerius reencarnariam como Hyuna e Jimin. Sim, eles iriam interpretar eles mesmos, uma ideia ousada e divertida.
Jimin até disfarçava bem, mas ficava olhando intensamente para Taehyung. Ele ria e brincava de um modo infantil e descontraído, diferente da postura que adotava no Camera Prive e até mesmo na faculdade, onde ficava mais na sua. “Ele não parece um puto depravado”, pensou.
Taehyung de repente pareceu se lembrar de algo e olhou as horas.
— Gente, já são 4:04, tenho que ir. — disse, se levantando.
— Amanhã a gente vai se reunir de novo. — avisou Jimin. — No mesmo horário.
— Ok. — assentiu. — Tchau pra vocês. — despediu-se mandando beijo e abraçando Hoseok.
— Eu te acompanho. — ofereceu-se Hyuna.
Os dois saíram e quando Hyuna voltou Jimin estava com cara de bunda.
— Eu te acompanho. — imitou a amiga.
— Eu hein, Jimin. — limitou-se a dizer. — Ele é legal, gostei dele.
Hoseok concordou e Jimin deu de ombros. Assim que Hyuna terminou de escrever foram embora.
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