História BTS My Demon - Taehyung - Answer: I Can Feel You

A turma observava atenta para os novatos. É claro, três meninos lindos entram para sua turma, isso certamente não acontece todo dia. Muito menos quando um deles é um demônio.
Os garotos foram tomando seus lugares novamente, e minha espinha começou a se arrepiar conforme o demônio se aproximava. De fato, estava apavorada. Não que alguém tivesse percebido, mas estremeci e fechei meus olhos quando senti o garoto passando ao meu lado. E se sentando na carteira bem ao lado da minha. 
Tentei não encarar, mas acabei o olhando de canto. Aquele sorriso divertido, os olhos castanhos... Ele não podia ser a mesma pessoa. Não com essa atitude, seria impossível. Mordi meus lábios, pensativa. Algo aqui não estava se encaixando. Os segundos se arrastaram com dificuldade no decorrer das aulas. Ficava cada vez mais devagar,  eu já estava suando de nervoso. Até que o sinal do intervalo soou e eu decidi. Sim.
É agora ou nunca.
Esperei que todos os alunos se levantassem, mas no momento em que vi Taehyung fazer o mesmo coloquei a mão sobre sua mesa, o que o chamou a atenção e o fez se virar. Ele ficou ali, esperando que eu dissesse algo, enquanto eu esperava que a turma toda saísse. Mas isso foi rápido, assim que vi o garoto mais magrelo sair pela porta me levantei e o encarei. O garoto me fitou curioso, sem entender. Ora... Ele só pode estar brincando.
- Você está jogando comigo? – Perguntei. 
Taehyung olhou para os lados e colocou a mão em seu peito, apontando para si mesmo, surpreso.
- O que, eu?
- Acredito que não tem mais ninguém aqui nessa sala. Pare de brincar comigo.
Ele deu um sorriso de canto e em seguida riu. 
- Desculpa, mas. Do que você está falando? A gente não se conhece, sabe.
- O que? Você está mentindo na minha cara? 
- Você está me confundindo, provavelmente devo parecer seu ex namorado, ou sei lá... Mas te garanto que nunca te vi em toda minha vida.
Por um segundo, eu acreditei nisso. Ele poderia só coincidentemente ser o aluno novo que se parecia com o demônio que estava atacando a cidade na noite passada. Mas por outro lado, eu não acreditava em coincidências. Taehyung começou a andar em direção a saída, mas eu não poderia deixa-lo ir.
- Se sair por essa porta agora eu vou colocar tudo o que vi ontem na internet. Eu estava lá, e você sabe disso. Eles vão te caçar.
Ok, era um blefe. Se eu fizesse isso o máximo que iria conseguir é ser internada em um bom manicômio e sessões diárias com psiquiatras. Mas foi o suficiente para ele. Isso o fez se virar, sua expressão totalmente diferente. Isso de certa forma pegou fundo em meu peito. Ele estava... Com medo.
- Não é como você está achando, ok?
- Então era mesmo você. 
Tae suspirou e desviou o olhar para longe de mim. Eu estava confusa, de alguma forma ainda estava viva. Devo ser muito estupida para querer confrontar um demônio.
- Escuta, aquilo não era eu... Era... Eu... Eu... É complicado.
- Estou ouvindo.
Tae se aproximou devagar, mas por reflexo eu dei um passo para trás. Seus olhos estavam em mim, profundos, cheios de sentimentos. Diferente do demônio que eu vi, frio e impenetrável. Esse Taehyung era, por mais que eu não gostasse de admitir, apaixonante. 
- Eu não tenho controle. Às vezes... Simplesmente...
- O que você é? – Perguntei, interrompendo-o.
- Por favor não me pergunte isso.
- Eu vi ontem, Taehyung... Você estava completamente fora de controle. – Conforme eu falava, conseguia ver ele se depreciando. Se culpando. Como uma pessoa assim poderia ser um demônio? – Você não queria ter feito nada daquilo, não é?
Ele apenas negou com a cabeça. Eu queria dizer algo. Mas era uma situação tão estranha. Eu estava sentindo pena do cara que destroçou o corpo de cinco rapazes. Eu só... Não sabia o que dizer. 
- Eu não suporto me olhar no espelho e ver esse demônio me olhando de volta. – Ele sussurrou, mais para si mesmo.
Engoli em seco e fechei minhas mãos em punhos, me segurando para não correr e conforta-lo. O que era esse sentimento forte de compaixão que ele me despertava? 
- Aqueles rapazes de ontem iam me estuprar. – Eu disse, em voz baixa. Isso chamou sua atenção. – Querendo ou não eu acho que... Você me salvou. Obrigada.
Ainda com a cabeça baixa, tentava não dizer algo que pudesse ser mal interpretado. Taehyung se aproximou de mim sem que eu percebesse e disse baixo.
- Então é a primeira vez que eu perco o controle e não me arrependo. Mas se eu tivesse ferido você, eu não poderia me perdoar. – Disse. Meu coração se acelerou em meu peito, o que era isso? Afinal, o que estava dizendo? Era como se ele já me conhecesse. Mas logo ele se surpreendeu com o que disse também e se consertou. – Digo, machucar uma garota inocente eu nunca.... Você sabe.
Um sorriso foi inevitável. Neguei com a cabeça e antes que desse conta já estava rindo. Que droga, eu acabei de fazer amizade com um demônio?
- Você vai.... Sabe.... Contar?
- Não vou fazer isso se não for preciso. Só... Por favor se controle. Não estou em posição de te julgar, então só te peço... Não machuque mais ninguém.
- Eu nunca pretendi isso. – Disse. – Será que seria ousadia da minha parte perguntar o seu nome?
Mas eu tenho que dizer... É o demônio mais fofo que eu já vi.
- Yuna. Não se esqueça disso.
 Ele sorriu com o que eu disse, mas nesse momento o sinal tocou novamente, Tae e eu fizemos de conta que nada daquilo aconteceu, e voltamos para nossos lugares. Mas aquela sensação não me deixou... A sensação boa que eu tinha quando estava perto dele. Queria mais daquilo... 
O sinal da saída soou novamente e eu me levantei. Fui guardando as coisas e Tae também. Foi devagar, quase que propositalmente e eu fiz também, curiosa. Os novatos Yoongi e Jimin vieram falar comigo com um sorriso no rosto. O que chegou mais perto foi Yoongi. Seus cabelos brancos e finos chegaram perto e ele se inclinou sobre a mesa, dizendo coisas um pouco baixo demais.
- Meu nome é Min Yoongi. No caso de não ter prestado atenção na aula. – ele disse, confiante. – E ele é Jimin. Será que podemos levá-la em casa hoje? 
Eu olhei de um para o outro e depois para Tae que terminava de colocar seu último livro na bolsa muito lentamente. Eu tinha certeza de que ele estava ouvindo tudo.
- Desculpa, mas eu consigo fazer o caminho sozinha. – Respondi.
- Não seja por isso, vamos. – Yoongi não esperou resposta, pegou minha bolsa e saiu andando. Lógico, eu fui atrás, gritando com ele. – Ei! Devolve a minha bolsa!
Mas ele não pretendia devolver tão cedo, Jimin e ele brincavam no caminho correndo de mim até que alcançamos o portão da escola. Yoongi se virou para mim e começou a andar de costas, insinuando com minha bolsa.
- Vamos conversar. – Ele disse.
Eu já estava irritada demais com a situação para dar papo a ele. Então mantive a cara fechada. Tudo bem, eu já me acostumei com os bullyings na escola, todo mundo ria de mim, a garota da igreja, a santinha da escola. Sempre com saias longas, cabelo longo... Mas Yoongi tinha algo diferente. Talvez por ser um novato e já ter percebido como as coisas são, mas eu queria chorar. Segurei as lágrimas, mas o que ele disse em seguida me surpreendeu. Parei de andar, minhas mãos começaram a formigar.
- O que você e Taehyung estavam falando no intervalo? – Ele perguntou. – Você achou ele bonito e foi se declarar? 
Yoongi perguntou rindo. Ao me ver interromper os passos ele fez o mesmo. A essa altura eu não tinha a menor ideia de onde estávamos. 
- Me devolve minha bolsa... – Foi tudo o que consegui dizer. Não sou boa com intimidações.
- Ou talvez ele tenha gostado de você? Ou foi rir de você. – Ele continuou.
- Só me dá a minha bolsa... 
Mas Yoongi não pensava em me deixar ir tão cedo. Não. Claro que não. Jogou minha bolsa no chão e se aproximou, tão rápido e bruscamente que me assustou. Dei passos para trás com o susto e fiquei imprensada na parede, com seus braços em ambos meus ombros, me prendendo.
- Fica longe dele. Entendeu o recado?
Fiquei ali, respirando forte, tentando não olhar em seus olhos. Meus olhos estavam marejados, eu já estava segurando o choro há algum tempo, mas o choque da situação não me deixava chorar. 
- Se eu te ver de novo perto do Tae- 
Mas antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, uma voz soou e o interrompeu.
- Já chega.
Inicialmente essa voz estava há alguns metros de distância, mas quando me virei para ver, Taehyung estava de pé bem ao nosso lado. Ele segurou o braço de Yoongi com força e apertou.
- Solta ela. – Ele disse. Seus olhos reluziam um tom avermelhado, diferente de hoje cedo na sala, quando eu os notei e eram castanhos.