~ BONNIE POV ~
Acordei com um estranho silêncio que estava no quarto naquela manhã. Estava tão estranho porque ou a Marceline estaria dormindo ou já teria saído.
Mas estranho ainda porque... Bem... Depois daquela "conversa" constrangedora na noite passada, eu praticamente ignorei a Marceline.
Eu sei que eu não queria isso. E não queria ainda mais usar aquele maldito colar e evitar a Marceline, mesmo sabendo seria muito difícil ter alguma coisa entre a gente.
Vocês sabem. É complicado.
Levantei e fiquei sentada na cama enquanto Marceline saía do banheiro, já arrumada.
- Hey - eu disse meio constrangida.
Marceline olhou pra mim, mas desviou o olhar rapidamente pra mochila.
- Oi. Foi mal se te acordei. - ela disse.
- Não, não acordou. Na verdade, acho que eu dormi demais. - eu suspirei - Então, ta fazendo o que?
- Marshall e eu vamos revistar o covil do Hudson, pegar o livro de volta e o que mais puder ajudar - Marceline colocou a mochila nas costas.
- Hã... achei que fôssemos fazer isso juntas.
- Tudo bem, a gente resolve isso sem problema.
- Eu sei, mas eu pensei-
- É, Bonnie, acho que a gente tem pensado muita coisa ultimamente.
Pisquei surpresa como se alguém tivesse me beliscado. Marceline me encarou com o olhar levemente amargurado.
- Deixa pra lá - ela suspirou e desviou o olhar pra porta. - Eu tenho que ir.
Ah não. Bonnie, sua estúpida!
- Escuta, Marcy-
- Marshall está me esperando. Precisamos ir agora - Marceline me interrompeu - Não se esqueça do colar, ok? Qualquer coisa, é só me ligar. O número está na mesa.
Ela apontou pra mesa do computador e eu me virei. Nesse meio tempo, Marceline me deu as costas e saiu, sem nem ao menos me dar uma chance de tentar falar com ela.
Chinguei baixinho e bati com o travesseiro na minha cabeça. Mas que merda que você foi fazer ein, Bonnie.
~ MARCELINE POV ~
Quando eu saí do quarto, Marshall estava me esperando no corredor, e ele estava franzindo a testa pra mim.
- Hã... eu ouvi tudo e não entendi.
- Não me pergunte.
- Vocês brigaram?
- Não.
- Vocês conversaram?
- Também não.
- Então esse é o problema? Vocês não conversaram?
- Você não vai me deixar em paz, não é?
- Não, por que se você ficar com essa atitude o resto do dia, é melhor eu nem ir nessa missão suicida.
- Tá legal, Marshall, você estava certo. Eu gosto da Bonnie, e ela gosta de mim. - eu respirei fundo - Mas não vai rolar. Ela está confusa... quero dizer, deve ser difícil pra a Bonnie lidar. Então... É melhor esquecer.
Marshall continuou me encarando, dessa vez sério.
- E o que acontece com o plano? - ele quis saber.
- Continua. Isso não é só pela Bonnie, mas por nós dois. - eu falei. - É nossa responsabilidade. E quando terminarmos isso, seremos livres.
Marshall assentiu pensativo e inquieto.
- Olha, morceguinha, por mais que eu goste de saber que estou certo, não queria que isso te fizesse mal.
- Não é culpa sua.
- Mas eu sou seu irmão. Eu deveria estar te protegendo de coisas assim...
- Está fazendo um ótimo trabalho. - eu zombei.
- Para com isso. Eu to falando sério. - Ele me censurou - Tem certeza que você e a Bonnie...?
- Marshall, eu sou uma vampira. - eu disse séria.
- Você nunca a machucaria, Marcy.
- Eu sei, mas é isso que eu sou. Eu bebo sangue pra sobreviver. Acha que a Bonnie consegue lidar com isso? - eu desabafei.
- Ok, ok, eu ja entendi! - Marshall suspirou - Não vou mais me meter nesse assunto. Mas eu te digo uma coisa: você é uma vampira, mas não é um monstro. Agora vamos sair daqui. Temos muita coisa pra fazer.
-- QUEBRA DE TEMPO --
A Reitoria estava como sempre ficava. Quase vazia. Como o Hudson estava se ocupando na busca de um cavaleiro, tínhamos esse tempo para entrar no covil dele.
- Tá legal, se eu fosse um gênio do mal, onde eu esconderia o meu covil? - Marshall falou entrando na sala da reitoria.
- Atrás de alguma passagem secreta sinistra, com certeza. - eu fechei a porta da sala atrás de mim. - Vai procurando.
Marshall procurava em todos os cantos e mechia em qualquer coisa como se fosse uma alavanca pra algum alçapão.
- Marceline, você realmente acha que o Hudson cuida desse campus como um reitor de verdade? - ele perguntou segurando um globo de neve nas mãos.
- Bom, ele é formado nisso. Mas acho que quando você é um carniceiro em tempo integral, você não tem tempo pra outras coisas.
Ouvi uma passagem de vento entre as paredes, soando abafada. Na mesma hora, parei. Marshall fez o mesmo.
- Ouviu isso? - ele perguntou baixinho.
- Acho que veio da parede - eu falei.
Marshall andou até a parede da sala e procurou ouvir os ventos mais de perto, até que o que pareceu ser uma porta se destravou e ficou entreaberta na parede na nossa frente.
Nós esperamos uns três segundos antes de tomar qualquer reação. Então, Marshall tomou a frente e se aproximou da porta, devagar.
Ele esticou a mão pra empurrar a porta para que pudéssemos entrar, mas parou abruptamente e ficou atrás de mim.
- Nossa, mas que mal educado eu sou! Damas primeiro. - Marshall me deu um leve empurrão e eu o fuzilei com o olhar.
- Seu mijão - eu o chinguei e empurrei a porta.
Tinha uma escada logo na entrada que levaria até um cômodo abaixo da sala do reitor. Tomei a frente dessa vez, e desci a escada, com Marshall logo atrás de mim.
- Espera, acho melhor você ficar aqui.
- Por mais que eu queira concordar, devo perguntar o porque. - Marshall falou.
- Se o Hudson chegar, distraia-o. - eu orientei e Marshall assentiu.
- Ok. Eu até já sei o que falar. Quando terminar, bate na porta.
Eu assenti e fechei a porta secreta atrás de mim.
Ao chegar no cômodo, muito mal iluminado por sinal, vi vários tipos de objetos diferentes: livros, medalhões, quadros, espadas.
- Ele tem uma coleção bem bizarra - eu observei a sala.
Logo avistei o livro, encima de uma mesa empoeirada perto de uma caixinha.
Abri a mochila e guardei o livro. Quando ia saindo, ouvi uns sussurros atrás de mim. Virei desconfiada e notei que da caixinha na mesa saía uns feixes de luz verde.
Eu sabia que isso era muito suspeito e podia ser perigoso, mas mesmo assim abri a caixinha.
Lá dentro, tinha um medalhão de Ouro com um pingente verde que brilhava em forma de olho de cobra. Encarei o medalhão e ele me encarou de volta e os mesmos sussurros soavam na minha cabeça.
Então, do nada meu celular tocou, e eu levei o maior susto da minha vida. O medalhão brilhou ainda mais forte e eu rapidamente fechei a caixinha, e corri pra saída.
Marshall estava parado na porta me olhando subir a escada freneticamente.
- O que foi que você fez? - ele quis saber.
- Vamos sair logo daqui - eu ofeguei e passei pela porta, trancando-a.
- Seu celular ta tocando ou é impressão minha?
Notei que ele ainda estava tocando sim e respirei fundo antes de atender o número desconhecido.
- Alô?
"Marceline?"
Eu suspirei aliviada ao ouvir a voz da Bonnie.
- Oi, Bonnie. Você me assustou.
"Não é uma boa hora?"
- Não, não. É que eu estava... correndo.
"Você está bem? E o Marshall?"
- Eu to bem sim. Marshall também - eu olhei pro meu irmão, que me encarava atento - Nós achamos o covil do Hudson. Tem muita coisa esquisita lá, mas pegamos o livro. Você está bem?
"É, eu to sim. To no intervalo da aula agora, e sei lá... queria saber como você tava."
Eu suspirei e não respondi. Sabia que Marshall estava ouvindo tudo.
"Marcy, eu preciso falar com você. E eu sei que você também tem coisas pra me dizer."
Eu respirei fundo e Marshall fez uma cara de 'ela está certa'.
- Ok. Estamos saindo daqui. Te veio mais tarde.
"Tenham cuidado"
- Você também. - eu falei e desliguei o celular.
- Mudando de assunto... - Marshall finalmente falou - O livro. Como vai ser?
- Certo... - eu pensei - Vamos pro alojamento. Nisso, a Bonnie pode ajudar.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.