~ BONNIE POV ~
Jake, Finn e eu estávamos voltando da aula, indo pro alojamento. Eles estavam falando sem parar sobre um jogo, que o Finn perdeu.
- Da próxima vez, eu vou gravar a sua cara de bocó - Jake riu.
- Não vai ter próxima vez se você não trapacear - Finn resmungou - Você acredita nele, Bonnie?
- Uhum.
- Uhum? Isso é um sim ou um não? - ele quis saber - Quer saber? Esquece. O que você acha de nós assistirmos um filme hoje.
- Hã... Não, Finn, desculpa. Não to no momento pra isso - eu falei chegando ao meu corredor - Além do mais, a Fiona já marcou com vocês.
- E o que te impede de ir? - ele quis saber.
Abri a porta do quarto e Marshall e Marceline estavam lá. Ele, sentado na cadeira, e ela em pé ao lado dele, enconstada na mesa. Os dois olhavam pra nós parados na porta.
- Hã... Oi. Desculpa se-
- Não, tudo bem, Jake. Podem entrar - Marceline falou. - Marshall, esses são Finn e Jake. Jake e Finn, esse é Marshall. Ele é meu irmão. E eles são amigos da Bonnie.
- Eu conheço você - Finn apontou pra Marshall.
Eu gelei na hora, mas os irmãos Abadeer só olharam pra Finn com naturalidade.
- Conhece? - Marshall quis saber.
- Sim. Você é um Zeta, não é? - Finn arriscou e eu suspirei.
- Sou. É só isso que sabe de mim?
Marceline tentava conter um sorriso sarcástico no rosto e Finn franziu a testa sem entender. Aquele joguinho iria me provocar um derrame. Sério.
- Brincadeirinha - Marshall zombou.
- Apenas ignorem ele - Marceline falou calmamente.
- Ok. Finn, nós temos que ir. - Jake falou.
- Ah, fala sério!
- Não fale como se a culpa fosse minha. Isso é coisa da sua irmã - Jake bufou e Finn chingou baixinho. - Tchau, Bonnie. E... foi um prazer, Marshall. Marceline.
- Sem problemas, Jake. Finn. - Marshall acenou, e os meninos acenaram de volta.
Nós nos despedimos, e eu fechei a porta atrás de mim.
- Marshall, não faça isso. O Finn pode se lembrar - eu alertei.
- Ele não vai, Bonnie. Relaxa. - Marceline falou.
No momento em que nossos olhares se cruzaram, foi como se ela pedisse pra eu respirar. E foi o que eu fiz. Então, Marceline me deu um meio sorriso.
- Ok... Primeiramente: oi, Bonnie.
Marshall acenou pra mim e eu sorri de volta.
- Oi, Marshall.
- Segundamente: olha quem voltou - Marshall se virou na cadeira mostrando o livro do Hudson encima da mesa.
Meu sorriso sumiu na mesma hora. Como um reflexo, segurei o pingente do colar no pescoço.
- Certo... então, vocês conseguiram descobrir alguma coisa? Alguma coisa boa? - eu perguntei.
- Sim. Na verdade, muito boa. - Marceline falou otimista.
- O que é?
Marshall e Marceline se entreolharam ansiosos.
- Continua - Marshall falou e ela assentiu.
- Ok - Marceline respirou fundo e me olhou - Sente-se.
-- QUEBRA DE TEMPO --
- Como você deve saber, esse livro não contém só feitiços. Ele é mágico e tem várias informações sobre qualquer coisa mágica: feitiços, lugares, animais, seres, objetos... Enfim. - Marceline explicou - Sabemos que o Hudson usa as âncoras há anos com o propósito de conter uma "criatura" no outro plano, para que ela não destrua esse em que vivemos. Bom, Marshall e eu descobrimos que criatura é essa.
- Ele é chamado de Lich - Marshall falou. - O livro não diz muito sobre ele. O que sabemos é que o Lich é como um deus sombrio, um ser maligno que habita a Noitsfera-
- Noitosfera - Marceline corrigiu.
- Tanto faz.
- Enfim, o Lich governa a Noitosfera. Ele é como um demônio, o próprio mal. Então, como qualquer ser maligno, ele quer controlar tudo, invadir mundos-
- Tocar o terror - Marshall falou.
- É... bem isso - Marceline concordou.
- Então é verdade? O ritual que o Hudson vem fazendo ao longo desses anos tem impedido o Lich de invadir esse mundo? - eu perguntei e eles assentiram. - Ok. A pergunta é: como podemos substituir esse ritual por alguma coisa que não envolva sacrifícios e continuar mantendo o Lich na Noitosfera?
- Na verdade, nós descobrimos como também. - Marceline sorriu.
- Você tá brincando - eu falei.
- Eu disse que eram ótimas notícias.
- Ok, esse momento é lindo. Marceline, foco. - Marshall falou e ela fechou os olhos.
- Certo. Foco. - ela disse - Nós achamos um jeito, mas é claro que é meio complicado.
- Complicado passou a ser meu apelido - eu zombei.
Marceline me encarou e me deu um sorriso tímido.
- Certo. - ela continuou - Nós pesquisamos e descobrimos que há milênios atrás, um homem chamado Billy enfrentou o Lich, e sozinho, conseguiu prende-lo na Noitosfera.
- Sozinho? Como?
- Ele tinha posse de quatro objetos mágicos, é claro. - Marshall explicou. - Tem algumas partes no livro.
- Sabemos onde eles estão?
- Não, mas temos como achá-los. - Marceline falou - Tem a manopla do herói, a espada de sangue de demônio, o diadema da princesa e o amuleto da Noitosfera.
- Intenso - eu respirei fundo - Porque eu acho que tem uma pegadinha por trás disso?
- Porque sempre tem.
- Marshall, pára. - Marceline falou e me encarou - Não tem pegadinha. É isso, Bonnie. Nós vamos conseguir.
Eu assenti cautelosa.
- Por onde começamos? Qual a relíquia mais próxima?
- Segundo o Google, "o Museu da cidade tem uma sessão de artefatos que, para alguns historiadores, são considerados mágicos. Dentre eles, o diadema da princesa, em exposição por tempo limitado." - Marshall leu no celular. - É, acho que dá pro gasto.
- Tem alguma foto? - Marceline pegou o celular do Marshall e leu o livro. - É ele mesmo. A descrição bate com a do livro. Então, vamos pegá-lo hoje a noite.
- Esse foi rápido. - Marshall falou.
- Tomara que os outros três também sejam - eu concordei.
- Bom, Miladies, já que é assim, eu vejo vocês mais tarde. - Ele se levantou e sorriu. - Vistam alguma roupa de agente secreto.
- Ok, Marshall - Marceline virou os olhos e eu sorri.
- E você, mocinha - Marshall se virou pra mim - Vamos ficar de olho em você.
- Ok! Já chega, Marshall.
Ele acenou pra mim enquanto saía pela porta. Marceline fechou o livro e o colocou encima da cama.
- Ele parece empolgado - eu sorri.
- Ele é um idiota.
- Ele é seu irmão.
- O que não o torna menos idiota.
Eu ri e Marceline entrou na minha. Nós nos encaramos, sorrindo.
- Como você está? - eu perguntei.
- Eu estou bem - ela deu de ombros.
- Como você realmente está?
Marceline ficou calada por três segundos antes de responder.
- Vou ficar bem.
Nós continuamos nos encarando em silêncio. Eu precisava conversar com ela. Só queria saber o que ela estava pensando.
- Bonnie, não precisa falar nada.
- Preciso. Só não sei como começar...
- Então deixa que eu começo - Marceline falou - Bonnie, eu gosto de você, e você sabe. Você gosta de mim, e eu sei. Não tem problema nisso. O problema é: eu sou uma vampira, e você é humana.
- Você disse que não me machucaria.
- E não vou. Mas na nossa atual situação, todo cuidado é pouco. De um jeito ou de outro, você vai se machucar. Eu estou arriscando a minha vida e a do meu irmão pra te proteger, e não vou deixar ninguém te ferir, e isso inclue a mim. Por isso eu te dei o colar.
- Eu sei, e eu entendo. Nós nunca seríamos... Não poderia dar certo - eu respirei fundo - Então... Como vai ser?
Marceline suspirou e balançou a cabeça.
- Não precisamos pensar nisso agora. - ela respirou fundo - Só vamos cuidar uma da outra, e quando tudo isso estiver resolvido eu prometo a você que vai ficar tudo bem.
Marceline tentou sorrir pra mim, mas eu só assenti.
- Bonnie, eu posso te pedir um favor?
- O que?
- Você pode tirar esse colar por um instante?
Ela me encarou séria e eu rapidamente tirei o colar do pescoço. Marceline se aproximou de mim e sorriu. Eu gelei quando ela se aproximou mais ainda e segurou meu rosto pra beijar a minha testa.
Fechei os olhos ao seu contato e senti meu coração vacilar com isso tudo.
Isso não é justo, eu pensei.
- Obrigada, princesa. Desculpa fazer você passar por isso - Marceline falou contra a minha testa - Precisamos descansar. Temos uma longa noite pela frente.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.