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História Bucket List - Lucky Ones


Escrita por: SkyWithDiamond

Notas do Autor


Olá, olá.
Sei que demorei um pouquinho, mas já to de volta.
Boa leitura.

Capítulo 13 - Lucky Ones


...

- NÃO! VOCÊ NÃO TEM DIREITO ALGUM SOBRE MINHA VIDA - Lexa gritou, e aquela versão da publicitária apenas poucas pessoas presenciava. Clarke tinha os olhos lacrimejados, mas não deixava nenhuma lágrima cair -

- Eu só estava tentando ajudar… -

- Eu não preciso da sua ajuda! - Lexa foi até a garota, pegou a mochila do chão próxima a cama e pôs em suas costas, ela olhou para Clarke da pior forma possível, com um olhar de desapontamento - Eu não preciso de você - Clarke não sabia que ouvir aquilo poderia doer tanto, e Lexa viu que havia magoado a loira da pior forma possível, com palavras -

- Lexa? Para onde vai? - perguntou segurando o braço da publicitária, Lexa apenas olhou para seu braço preso a mão de Clarke e a loira imediatamente soltou a garota -

- Não venha atrás de mim - ordenou. Lexa passou pela a loira e saiu do quarto, assim que passou pela a porta ela libertou suas lágrimas. Seus passos ficaram apressados para ir o mais longe possível de Clarke -

Clarke sentou na cama e manteve seus olhos na porta como se esperasse Lexa entrar novamente, ela não podia acreditar que errou com a única pessoa que tinha intenção de acertar.

HORAS ANTES

Lexa segurava a caneta sobre o papel, ela havia riscado mais um item e estava comentando com seu diário como havia conseguido realizar, ela sorriu voltando a lembrar do dia que tivera e olhando para Clarke adormecida ali ao seu lado na cama ela conseguiu imaginar o que sua mãe diria sobre Clarke, "você conseguiu", imaginou Lexa. A publicitária pegou a bola de baseball sobre a escrivaninha ao seu lado e olhou para a bola como se naquele momento aquele simples objeto fosse o mais importante, ela sorriu fraco e olhou para a garota ao seu lado.

- O que eu faria sem você? - foi mais uma pergunta para si, já que Clarke permanecia apagada, tivera um dia cansativo e merecia um descanso. Lexa pôs a bola novamente na escrivaninha, e fez o mesmo com seu diário. Ela apagou a luz do abajur e voltou a deitar, se aproximou de Clarke e beijou o rosto da loira - Obrigada - sussurrou e fechou os olhos, ela mal podia acreditar que sua lista estava mais próxima de acabar -

**

- Isso - Clarke sussurrava ao telefone enquanto observava a paisagem da janela do quarto. A loira havia acordado bem cedo depois que despertara de um sonho que acabou lhe dando uma boa ideia, e lá estava ela na varanda do local tentando sussurrar suas palavras - Eu mando o endereço por mensagem, não, não, eu cuido disso, tudo bem - Clarke sentiu duas mãos enlaçarem sua cintura e a cabeça de Lexa descansar nas costas da loira, o corpo de Clarke ficou tenso e isso não passou despercebido por Lexa, mas a publicitária não falou nada - Okay, não se preocupe - Clarke desligou a ligação e suspirou quando Lexa beijou o ombro da loira -

- Aconteceu alguma coisa? Você parece tensa… - comentou se soltando do enlaço e ficando diante da loira. Clarke guardou o celular no bolso traseiro e deu um selinho em Lexa - Claire? –

- Não, não é nada, por que você diz isso? Eu não estou tensa, talvez um pouco, mas é porque estar perto de você e não poder - Clarke freou suas palavras ao perceber o que estava prestes a dizer, Lexa gargalhou alto com o tom rosado que a maçã do rosto da loira adquiriu - Eu, eu não quis dizer que, han… eu só, não é nada - Clarke sentia sua pele esquentando de vergonha e Lexa depositou um beijo no rosto da loira -

- Vou confiar na sua palavra - respondeu vendo que Clarke pareceu presa naquelas palavras - Você tem certeza de que está tudo bem? - Clarke apenas concordou e observou Lexa andar de volta para o quarto - Saímos em duas horas - alertou procurando por algo na mochila -

- Eu estava pensando… - Clarke caminhou até onde Lexa estava, sua mão coçou a própria nuca e a publicitária arqueou uma sobrancelha achando Clarke mais estranha do que o normal naquela manhã. - Será que podemos ficar mais um dia por aqui? Mas tudo bem se não podermos, outro dia eu volto e conheço a cidade, foi uma pergunta idiota, você precisa terminar logo a lista e voltar para -

- Tudo bem Claire, acho que podemos ficar mais um dia - a verdade era que Lexa não sabia se poderia ficar mais um dia ou mais uma hora, ela não tinha ideia de quanto tempo sua mãe teria, mas de alguma forma ela sentiu que talvez o tempo estivesse a seu favor - O que está planejando? - Clarke forçou um sorriso e Lexa já a conhecia o suficiente para saber que a loira estava escondendo algo -

- Ei… - Lucy chamou quando Gabrielle passou pela a sala. Naquele dia a morena estava se sentindo diferente, ela parecia com mais energia o que fez Gabrielle sorrir. Sua voz continuava um pouco lenta e sua coordenação motora ainda era falha, mas ela se sentia melhor - Amor… - Gabrielle sorriu e se aproximou do sofá -

- Você está se sentindo melhor hoje? - perguntou pela a quinta vez, Lucy sorriu e concordou - O que acha de eu -

- Gab, o que…está…havendo? - Gabrielle ficou calada apenas observando os olhos da esposa que hoje haviam amanhecido um pouco mais esperançosos -

- É Lexa - respondeu abaixando o olhar. Lucy queria passar a mão pelos cabelos da esposa e a trazer para um abraço, mas suas mãos já não eram confiáveis - A amiga dela me ligou, ela está em LA, a algumas horas daqui - de New Jersey até Los Angeles não era uma viagem longa e Gabrielle estava tentada a ir encontrar sua filha e ter uma conversa com ela - O que eu faço? - Gabrielle deitou sua cabeça no ombro da esposa, ela não sabia o que fazer com a própria filha. Ela queria ir ao seu encontro, mas não sabia se sua filha iria finalmente baixar a guarda ou se insistir só iria piorar tudo -

- O que - Lucy respirou fundo e Gabrielle olhou para a esposa que forçou um sorriso para dizer que estava tudo bem - O que seu coração disser, ele sempre foi sábio meu amor - Gabrielle sorriu, ela beijou os lábios da esposa e de alguma forma Lucy havia passado confiança na esposa -

- Talvez eu não deva ir, você va-

- Calista, ligue para Calista, ela pode ficar por algumas horas enquanto você está fora - Calista era uma das melhores amigas do casal, Gabrielle hesitou por um momento e quando Lucy deu seu melhor sorriso, Gabrielle sabia que deveria fazer o que seu coração pedia –

- Eu volto logo, eu só preciso falar com ela, eu já não aguento mais essa distância - Lucy apenas concordou e beijou a testa da esposa. Ela sabia que a esposa e filha precisavam de um momento sozinhas - Vou ligar para Calista - Gabrielle levantou do sofá e saiu da sala. Lucy olhou para sua mão que agora tremia freneticamente, a morena engoliu a seco e pôs a almofada sobre a mão escondendo aquilo -

...

- Papai! Está me sufocando! - murmurou Octavia ainda presa no abraço do pai. As duas garotas já estavam no aeroporto se despedindo de Jake que insistiu para deixar as garotas ali - Vou sentir saudades - o homem soltou Octavia e beijou a testa da garota - Por favor, me avise quando chegarem à Polis - ordenou olhando para filha e Raven que estava a um passo atrás de Octavia -

- Eu ligo para você quando chegar, não chora - pediu vendo o homem passar rapidamente as mãos nos olhos -

- Foi só, só um cisco, estou bem - Raven sorriu quando percebeu que Jake estava chorando. O homem se aproximou de Raven e a abraçou, a publicitária enlaçou os braços no homem apertando o abraço -

- Obrigada por ter me convidado, você e sua família são realmente pessoas especiais - Raven já havia se apegado àquela família e esperava manter contato com todos, principalmente com Jake e Ingrid -

- Você será sempre bem-vinda na minha casa - comentou ainda abraçado a publicitária. Octavia apenas observava a interação daqueles dois e percebeu que de todos os amigos e casos que já teve, Raven era a primeira que Jake realmente havia simpatizado - Cuida da minha marrentinha, eu sei que vocês vão se acertar - suas últimas palavras foram sussurros, exatamente para que Octavia não conseguisse ouvir. -

- Vai demorar aí? Eu posso remarcar o voo - comentou em seu usual tão sarcástico, Raven sorriu para o homem quebrando o abraço -

- Um último abraço grupal! - Jake abraçou as duas ao mesmo tempo chamando atenção de algumas pessoas que passavam por ali. - Agora vão, vão senão eu as prendo aqui - Jake olhou novamente para as garotas e sorriu, ele certamente veria as duas juntas novamente e da próxima vez ele sabia que Octavia teria um sorriso no rosto ao ficar ao lado de Raven -

- Amo você, papai - admitiu se sentindo uma garotinha de cinco anos. Raven sorriu com aquela cena de Octavia beijar o rosto de Jake, por algum motivo ela estava se apegando aos mínimos detalhes de Octavia e isso só provava que algo estava mudando, ou melhor, já havia mudado -

- Até mais JayJay! - se despediu. Jake apenas acenou com um balançar de cabeça e observou as duas garotas irem para seu destino, ele suspirou e um novo sorriso surgiu em seu rosto. Pela a primeira vez ele estava se despedindo de sua filha com um sorriso. -

Lexa e Clarke estavam sentadas em um dos restaurantes da avenida principal. Lexa havia feito um tour com Clarke pela a cidade, assumindo a profissão de guia ela mostrava seus lugares favoritos da cidade. Naquelas poucas horas fora do hotel Lexa pôde perceber que Clarke parecia distante, as duas caminharam de mãos dadas o tempo todo, porém Clarke parecia em piloto automático, nem menos o calor das mãos de Lexa ela conseguia sentir, ela estava em sua própria versão de universo. Tudo que Lexa falava a loira concordava, e já ali sentadas e prontas para o almoço Lexa resolveu que era o momento de questionamento.

- Claire? - a voz de Lexa foi acompanhada por um toque suave na mão de Clarke. Lexa estava ficando incomodada pelo o fato da empresária está cada vez mais diante naquela manhã -

- Hun? Oi? - Clarke piscou algumas vezes sabendo que ela estava agindo de forma estranha - O que foi? Tem algo no meu rosto? - perguntou passando uma mão no rosto tentando tirar algo. Lexa olhava para Clarke com um olhar indecifrável, era como se a loira fosse um pequeno questionamento que ela queria resolver naquele momento -

- Você confia em mim? - perguntou, Clarke nem ao menos hesitou e concordou com balançar de cabeça - Então me diz o que está acontecendo com você? Eu quero ajudar… - Clarke engoliu a seco já não estando tão certa assim do que havia feito - Foi alguma coisa que eu disse? Que eu fiz? - Lexa sentia a necessidade de saber os incômodos de Clarke e se livrar deles -

- Não Lexa, você não fez nada de errado nem disse, é só que… - Clarke parou de falar quando o garçom veio entregar os pedidos, Lexa agradeceu e voltou para Clarke ignorando a fome que estava ao ver aquela comida - Eu posso perguntar algo? - Lexa hesitou por um momento, e antes que Clarke pudesse começar a entrar em uma neurose, Lexa concordou com a cabeça, autorizando Clarke a perguntar - Você uma vez me disse sobre sua mãe, Gabrielle… - Clarke viu os ombros de Lexa ficarem tensos assim como sua postura -

- Sim… -

- Você não sente falta dela? Quero dizer, com tudo que está acontecendo, ela precisa do seu apoio assim como você o dela - Clarke ignorava seu almoço, ela estava preocupada com outra coisa. Na manhã daquele dia Clarke acordou bem cedo e resolveu tomar alguma atitude. Ela pegou o número de Gabrielle do celular de Lexa e a convidou para encontrar as duas, ela queria que Lexa resolvesse aquela situação com a mãe, Clarke sabia que a garota precisava resolver isso -

- Por que está perguntando isso? - Lexa tomou um gole do suco sentindo sua garganta seca com o incômodo daquela pergunta. -

- Porque eu am - Clarke cortou suas próprias palavras e viu o olhar assustado de Lexa com a frase que quase saiu da boca da loira. Clarke e Lexa ficaram paralisadas por um tempo, apenas olhando uma para outra, até que Clarke pigarreou limpando a garganta causado pelo o constrangimento - Porque eu me importo com você Lexa, e por mais que você não toque no assunto eu sei que não está sendo fácil tudo o que está passando, eu só queria que você não tivesse que carregar essa dor sozinha, falar sempre suaviza de alguma forma e eu quero ajudar você - Lexa sentiu  seu coração aquecer com as palavras da loira, ela se perguntava se Clarke era real, porque ela só viu alguém assim em seus mais profundos sonhos -

- Eu sempre tive receio em confiar nas pessoas, eu me decepcionei de uma forma muito frustrante - Lexa falava olhando as cores do alimento no prato, ela não conseguia encarar Clarke e a loira sentiu uma fagulha de ira se acender ao saber que alguém foi capaz de magoar Lexa - Eu era bem mais nova e minhas mães fizeram de tudo para me ajudar a superar, eu lembro que minha mãe Gab me abraçou e ficou assim comigo até eu me acalmar… - na adolescência todos os sentimentos eram intensos e para Lexa não foi diferente - Naquele momento eu soube que não importava o que acontecesse, eu sempre poderia confiar nas minhas mães e que elas nunca iriam me decepcionar, mas acho que estava errada -

- Lexa… - Clarke alcançou a mão da publicitária sobre a mesa e isso fez com que Lexa finalmente olhasse para a loira. Clarke podia ver no olhar da garota que ela não estava bem -

- Gabrielle escondeu de mim uma doença terminal da minha mãe, você tem noção disso? Minha mãe Lucy poderia ter morrido antes de eu saber o que estava acontecendo! - a voz de Lexa era uma mistura de raiva e dor, Clarke não sabia qual dos sentimental prevalecia - Eu não consigo lidar com o que eu sinto agora, dói demais saber que ela fez algo assim - Clarke então percebeu que pode ter feito o maior erro de sua vida, ela estava forçando Lexa a enfrentar tudo, ela havia incentivado Gabrielle a encontrá-las. - A confiança que um dia eu depositei na minha mãe já não é a mesma - doía dizer aquilo, mas Lexa ainda não estava preparada para enfrentar sua mãe Gabrielle -

- Eu sei que não sou tão sábia assim, e muitas vezes eu prefiro ficar calada, mas... - Clarke ponderou por um momento para revisar suas palavras, Lexa sabia que viria alguma lição de moral que ela não precisava - Você já pensou em como sua mãe Lucy deve estar? Sabendo que as duas pessoas que ela mais ama estão brigadas? Eu sinto muito dizer isso Lexa, mas você deveria dar o braço a torcer e entender que sua mãe pode ter errado, mas você também está fazendo o mesmo - Lexa odiava conselhos, odiava pessoas falando sobre sua vida como se a conhecesse, Clarke observou Lexa tomar outro gole do suco e em silêncio começar a comer, como se não tivesse nada a falar -

O restante do almoço foi calado e constrangedor, Lexa ficava repetindo as palavras de Clarke enquanto dava garfadas em sua comida, ela podia sentir os olhos de Clarke lhe observando, mas Lexa não queria conversar, ela não queria Clarke dando conselhos sobre algo no qual ela não entendia. Gabrielle é sua mãe e ela a ama e sempre amou, mas o momento em que estavam não era o melhor, Lexa havia ficado magoada, desapontada e chateada com a atitude que Gabrielle tomou, mesmo sendo um pedido de Lucy ela não conseguia compreender porque, principalmente Gabrielle, lhe escondeu algo tão grave assim. Ela sentia falta, Deus sabe o quanto Lexa sentia, ela queria estar em New Jersey ao lado das mães, mas assim como Gabrielle havia cumprido o pedido de Lucy, Lexa estava fazendo o mesmo. Ela sabia que em algum momento ela e sua mãe teriam que conversar, ela só estava esperando o tempo fazer seu trabalho, aliviar a dor de uma decepção.

Clarke por outro lado estava angustiada, se arrependia de cada segundo desde que o dia começara, ela não deveria ter ligado para Gabrielle, não deveria ter dado sua localização, ela não deveria ter se intrometido em algo tão particular assim para Lexa, mesmo suas intenções sendo as melhores, ela havia errado feio e ao julgar pela a expressão de poucos amigos que Lexa estava usando, Clarke estava prestes a fazer o que Gabrielle fez, trair a confiança de Lexa.

Clarke deixou os talhares apoiados no prato fazendo um pequeno barulho que apesar de chamar atenção de Lexa, não fez com que a publicitária olhasse para a loira.

- Lexa, desculpa, eu só e - 

- Tem algo que incomoda você, que deixa você triste, que faz você perder a noção do que está acontecendo aqui no presente, eu vejo isso, mas eu não insisto para você me falar, eu não dou palpite sobre isso porque eu sei que é algo que você não quer compartilhar - Clarke apenas absorvia as palavras da publicitária, Lexa era bem observadora e por mais que Clarke tentasse esconder, ela sabia que havia algo que Clarke sempre tentava guardar para si - Assim como o meu assunto com minha mãe é algo que eu não quero alguém se intrometendo - Lexa viu que Clarke parecia ter esquecido as palavras presas em sua mente, ela tirou algumas notas de dentro da bolsa e antes que pudesse fazer sua saída dramática, Clarke a fez. Ela jogou guardanapo personalizado sobre a mesa e saiu do local sem dizer nada, Lexa não se moveu, continuou ali observando Clarke ficar cada vez mais longe de sua visão -

**

CLARKE! AQUI! CLARKE... EU... CLARK 

Clarke estava quase entrando em colapso, ela andava pelas as calçadas sem direção certa, ela ouvia gritos em sua cabeça como lembranças. Ela olhou para os lados se perguntando se as vozes eram ali pelas as ruas, mas as pessoas que passavam por ela a olhavam como se Clarke fosse um monstro em exibição, a loira tinha um olhar desesperado como se fosse uma criança que acabara de perder sua mãe na multidão.

VOLTA! CLARKE! NÃO

A loira fechou os olhos por alguns momentos, e respirou fundo, inspirando o ar pelo o nariz e expirando pela a boca, ela abriu os olhos e o pânico havia melhorado um pouco. Ela começou a caminhar pelas as ruas desconhecidas, em momentos como aquele ela andava para tirar os pensamentos que muitas vezes lhe impossibilitava de fazer algo.

Enquanto caminhava ela tentava controlar sua respiração, ela pensou no que acontecera naquele restaurante, ela teria que resolver tudo, teria que encontrar Gabrielle e impedir que a mulher encontrasse Lexa, ela não poderia decepcionar a garota. Clarke olhava para os seus pés enquanto andava o que causava alguns esbarros em outras pessoas. Ela pensou no que Lexa falou, e de todas as pessoas que passaram pela a vida de Clarke, Lexa foi a única que conseguiu ver a leve tristeza através do sorriso que a loira sempre tinha nos lábios, a empresária balançou a cabeça retirando os pensamentos sobre si, ela teria que pensar em Lexa e em como reverteria a situação, ela não queria que tudo o que construiu até ali com Lexa fosse jogado por água abaixo por uma decisão inconsequente da loira.

Clarke tirou o celular da jaqueta e ligou para o último número da chamada, imediatamente a voz eletrônica informou que o aparelho estava desligado, Clarke parou seus passos e levou uma das mãos à cabeça enquanto tentava novamente ligar para Gabrielle.

- CLAIRE?! - Clarke girou seus calcanhares e viu Lexa correr em sua direção, a loira guardou o celular novamente no bolso da jaqueta e esperou Lexa se aproximar. Antes que Clarke pudesse questionar a garota, Lexa a abraçou e no mesmo instante Clarke se sentiu segura e os pensamentos destrutivos havia desaparecido como pegadas nas areis, de repente - Eu fui uma idiota - admitiu ainda abraçada a Clarke - Eu não tinha o direito de ser rude com você quando você só queria me ajudar, me desculpa - pediu novamente. Lexa sabia que Clarke valia a pena, e tudo o que a loira fez para ela foi na intenção de ajudar, Lexa se sentiu culpada por ter usado seu silencio para punir Clarke e o mais importante, usar suas palavras como se soubesse algo da vida de Clarke -

- Está tudo bem, eu só precisava caminhar um pouco - explicou sabendo que deveria ter informado Lexa sobre algumas coisas de si, como por exemplo, suas estranhas e imprevisíveis caminhadas para se acalmar -

 

- Você está bem? Claire, eu sinto muito, eu falei algo que - Clarke cortou a sentença de Lexa com um beijo, as duas precisavam daquilo. Alguns curiosos passavam pelas as garotas e as olhavam de formas diferentes, Clarke levou uma mão ao rosto de Lexa e a outra foi para a cintura da garota. Não era um beijo voraz, porém era intenso, Lexa ainda não havia experimentado aquela intensidade de Clarke e por mais que fosse inesperado ela estava gostando. A loira interrompeu o beijo lembrando que estavam no meio de uma avenida, seus narizes se tocaram e ela suspirou - O que... wow - foi a reação de Lexa sentindo seu coração acelerar mais do que qualquer carro que passava por ali -

- Eu me importo com você, você sabe disso, não é? - perguntou procurando a reação dos olhos verdes, Lexa não pôs palavras em sua resposta, ela apenas afirmou com a cabeça, ela sabia que Clarke realmente se importava, caso contrário não estaria ali com ela -

- Tem certeza de que está tudo bem? - insistiu tentando entender os últimos acontecimentos, a distância de Clarke e aquele pequeno surto da loira ter deixado Lexa no restaurante -

- Está tudo bem - afirmou sorrindo, Clarke levou sua mão de encontro com a de Lexa e entrelaçou seus dedos - Só estou com um pouco de dor de cabeça, podemos voltar para o hotel? - Lexa apenas concordou e as duas deram sinal para um táxi que passava por ali. A empresária abriu a porta e esperou que Lexa entrasse primeiro -

As duas seguiram a pequena viagem caladas, Clarke olhava para a paisagem que ficava para trás conforme o táxi seguia, ela em nenhum momento tirou sua mão da de Lexa, ela gostava de se sentir segura por um ato tão simples como aquele. Lexa por outro lado ainda conseguia sentir o incômodo de Clarke, ela sabia que a loira tinha seus momentos em que ficava triste e distante, mas naquele dia em particular parecia que a loira estava inalcançável, era como se não importasse o que Lexa dissesse ou fizesse, a loira continuaria em sua conversa privada consigo mesma. Lexa olhou para Clarke por alguns momentos e em busca de um contato maior deixou sua cabeça descansar no ombro da loira e isso despertou a empresária. Clarke sorriu e beijou o topo da cabeça da garota, ela estava enlouquecendo tentando desfazer o que já havia feito.

- Então…  - Clarke queria quebrar qualquer tensão que as duas estavam tendo naquele momento, ela não queria deixar Lexa preocupada ou fazendo questionamentos sobre o porquê Clarke está estranha - Depois que deixarmos Los Angeles, para onde vamos? -

- Vamos para Europa - respondeu sorrindo e tirando sua cabeça do ombro de Clarke apenas para ter uma boa visão da garota. - Faltam apenas alguns itens para completar a lista e então você ficará livre de mim - brincou, porém Clarke não gostou, sua expressão ficou indecifrável e pela a primeira vez desde a viagem Clarke se perguntou o que aconteceria quando tudo aquilo terminasse, quando a viagem acabasse - Clai -

- Mas eu não quero… Quero dizer, eu não quero ficar livre de você, na verdade eu me sinto livre quando estou com você - Lexa e Clarke ouviram um som que se assemelhava com "own" e perceberam que vinha do motorista. Lexa sorriu da situação e olhou para Clarke - Eu gosto de você Lexa - Lexa não conseguia tirar sua atenção dos olhos de Clarke, eles transmitiam muito mais intensidade do que as palavras –

- Eu sei que você gosta - retrucou com um sorriso - Eu também gosto de você - era claro a diferença na tonalidade naquelas duas sentenças iguais, as duas se gostavam, porém, em intensidades diferentes -

- Não Lexa, eu realmente gosto de você - Clarke queria dizer as três palavrinhas, mas não queria assustar Lexa, então o "eu gosto de você” dito de forma incisiva foi o bastante para Lexa entender o que Clarke estava querendo dizer - Eu só não quero ser uma amiga distante depois que tudo isso acabar - o táxi parou no trânsito e o homem aproveitou para ouvir atentamente àquelas duas -

- Você e eu nunca seremos apenas amigas, sempre haverá um sentimento a mais e isso é o que torna nossa relação especial e até mesmo única. - Clarke não entendeu exatamente o que Lexa quis dizer, mas gostou de ouvir que já não eram apenas amigas. Clarke respirou fundo - O que foi? -

- Só tenho medo disso tudo ser um sonho, você se parece bastante com um - comentou acreditando em suas palavras e não tentando causar alguma graça, Lexa apenas gargalhou e beijou o rosto da loira -

- Você é linda, Claire. - afirmou voltando a descansar sua cabeça sobre o ombro de Clarke. A loira sorriu até esquecendo do grande problema que ainda teria que enfrentar -

...

- Lar doce lar - comentou Raven quando o táxi havia deixado as duas na entrada do prédio onde Octavia morava, ela pediu para o taxista seguir viagem, já que ela morava próximo dali -

- Até que a viagem não foi tão ruim assim, no final acabamos encontrando Clarke e sua amiga - Octavia permanecia ali na entrada do local, seus braços cruzados sem saber exatamente o porquê de estar nervosa -

- E ainda conhecemos nossos sogros e sogras, fico imaginando nossas famílias reunidas em alguma ocasião - Octavia girou os olhos e Raven gargalhou -

- Nos seus sonhos Reyes -

- Nos meus sonhos é só apenas eu e você, fazendo coisas bem melhores - Raven viu que Octavia queria sorrir, mas não queria dar o braço a torcer - Mas enfim, queria agradecer você por ter me acompanhado nessa viagem e me deixar conhecer sua família -

- Eu não tive escolha - Octavia descruzou os braços e estendeu sua mão para Raven, a publicitária mesmo sem entender apertou a mão da garota - Foi um desprazer seguir viagem com você Reyes - Raven sorriu e puxou a mão de Octavia trazendo a garota mais perto - O que está fazendo? -

- Só quero que você olhe bem nos meus olhos e perceba que isso entre nós não acaba assim com uma despedida na porta da sua casa - Octavia engoliu a seco e Raven deu um sorriso convencido -

- Já falamos sobre isso - Octavia olhou para os lábios de Raven e voltou para os olhos castanhos, elas estavam muito próximas no meio daquela larga calçada -

 

- Não acredito! - as duas garotas olharam para o lado e Raven imediatamente deixou seu queixo cair. Octavia olhava para Raven e para aquela estranha sem saber o motivo do espanto de Raven - Rae? - a mulher alta e atraente que usava um sorriso sedutor se aproximou das garotas e Octavia tomou nota daquela situação -

- Anya? O que está fazendo aqui? - perguntou ainda surpresa e totalmente desarmada de palavras. Octavia deu um passo para trás quando Anya abraçou Raven sem dar um aviso prévio. - Anya? -

- Vim encontrar você, sua mãe me deu seu endereço e eu estava indo fazer uma surpresa até que encontrei você aqui - Anya se soltou do abraço e continuou a sorrir para a garota. Octavia havia sido completamente excluída daquela situação, Anya olhou para o lado e analisou Octavia dos pés à cabeça - E você quem é? - perguntou sem mostrar simpatia, Raven continuava a olhar para Anya como se não houvesse mais ninguém ali -

- Octavia Blake, amiga de Raven - se apresentou pela a primeira vez afirmando que as duas eram alguma coisa, mesmo apenas amigas. Raven pareceu despertar e segurou o braço de Anya - 

- Nos vemos depois Octavia - Raven nem ao menos se despediu de forma correta e saiu com Anya ao seu lado - O que diabos você está fazendo aqui? - perguntou em um sussurro, Anya olhou para a publicitária e sorriu - 

- O que eu deveria ter feito há muito tempo, recomeçar com você - Raven parou seus pés e olhou para Anya com uma feição indecifrável, a publicitária não sabia como reagir àquela notícia. - Podemos conversar? -

- Agora? Agora você quer conversar? Acho que chegou um pouco atrasada para essa conversa - Raven voltou a andar, mas dessa vez sem se importar em ter Anya ao seu lado. A mulher correu e alcançou a publicitária - Você deveria voltar para San Diego -

- Acho que isso vai ser impossível - retrucou não se aguentando para a outra novidade, Raven voltou a parar seus passos e a ter sua total atenção em Anya - Você não recebeu a notícia? Eu sou a nova Diretora de Arte da agência onde você trabalha - Anya sorriu com a surpresa no rosto de sua ex - Eu vou deixar você assimilar tudo, não vai faltar oportunidade para nos encontrarmos Rae, esse é um novo começo para mim e dessa vez eu não vou cometer os mesmos erros do passado - Anya beijou o rosto de Raven e caminhou em linha reta, ela não esperava dar aquelas notícias assim do nada, ela nem ao menos esperava encontrar Raven por coincidência, mas talvez isso havia sido algo bom -

- Droga - saiu dos lábios de Raven que no momento pensava em milhares de problemas voltando a sua mente, ela não esperava Anya de volta em sua vida -

...

Clarke e Lexa estavam deitadas na cama enquanto assistiam a um filme, Lexa argumentou com a escolha do filme, mas Clarke fez algo com a mistura de seu sorriso e olhar que Lexa não pôde negar ao pedido da garota, ela lembrava de ter assistindo várias vezes aquele filme com suas mães, por algum motivo irritante Clarke tinha o mesmo gosto para filmes que Lexa odiava.

Clarke por outro lado não conseguia se concentrar no filme, ela já havia mandado várias mensagens para Gabrielle, mas a mulher simplesmente ignorava, Clarke ainda estava em uma batalha interna sem saber se abria o jogo para Lexa ou deixava seu plano seguir e aguentar as consequências.

A loira disfarçadamente olhou para a garota ao seu lado e observou que mesmo com a relutância para não assistir ao filme, Lexa estava atenta a cada fala dos personagens, Clarke tinha um sorriso apaixonado ao ver que Lexa movia seus lábios de acordo com a fala de um certo personagem, era como se a publicitária estivesse dublando sem emitir nenhum som. Clarke nem ao menos se dava o trabalho de negar, ela estava realmente apaixonada por Lexa e por cada detalhe que acompanhava a publicitária e isso a deixava com um pouco de medo, ela nunca se sentira assim com ninguém e Lexa simplesmente apareceu e sem nem ao menos saber ensinou Clarke como é sentir cada clichê das comédias românticas que ela via na televisão, a loira só desejava que Lexa pudesse se sentir da mesma forma e as duas pudessem compartilhar das mesmas sensações, ela tinha medo de dizer à Lexa como realmente se sentia, ela tinha medo de Lexa fugir se soubesse que Clarke sentia muito mais do que apenas gostar.

- Você está me encarando, Claire - comentou sem tirar seus olhos da televisão, ela podia sentir os olhos da garota em si - Achei que esse era seu filme favorito - disse lembrando dos argumentos que Clarke usara para que Lexa concordasse em assistir aquele filme -

- Acho que encontrei algo mais interessante - retrucou e Lexa virou sua cabeça para olhar a amorosa garota, Lexa arqueou uma sobrancelha e Clarke abaixou seu olhar com vergonha, a publicitária se aproximou, levou seu dedo indicador para o queixo de Clarke e o elevou um pouco trazendo o olhar de Clarke de volta para si - Lexa... eu tenho que contar algo - Clarke tirou delicadamente o dedo de Lexa que ainda permanecia no queixo da loira, ela juntou suas mãos e olhou para elas -

- Estava me perguntando quando isso aconteceria, você está distante desde cedo - Lexa nem ao menos se importava com as falas do filme atrapalhando sua conversa, Clarke voltou a olhar para a publicitária e Lexa não gostou do que vira nos olhos de Clarke, medo -

- Eu fiz algo que não deveria, eu agi de forma inconsequente e não sei se você v – algumas batidas na porta soaram parando as palavras de Clarke. Lexa olhou para a garota confusa, ninguém sabia da localização das garotas - 

- Quem deve ser? - Lexa levantou da cama e Clarke fez o mesmo imaginando quem deveria ser -

- Lexa, eu - Clarke tentou disparar o segredo, mas foi tarde demais. -

Lexa abriu a porta e sua expressão foi de total espanto, Clarke estava próxima da cama olhando para Lexa congelada próxima a porta. Pela a primeira vez Clarke pôde por um rosto ao nome, ali estava Gabrielle, os cabelos loiros, os olhos que se assemelhavam aos de Lexa, ela olhava para Lexa com um sorriso esperançoso, a publicitária lentamente olhou para trás e encontrou Clarke, foi então que Lexa entendeu tudo. 

- Você fez isso? - perguntou sabendo da resposta. Sua mãe foi ignorada enquanto ela resolvia seu problema com Clarke, ela não conseguia acreditar que mais uma pessoa havia traído sua confiança e agido por suas costas -

- Lexa, eu -

- Não acredito que você fez isso - Lexa olhava para Clarke como se tudo tivesse mudado entre elas, como se a loira tivesse se tornado instantaneamente uma estranha para Lexa -

 

- Filha, não a culpe, ela só estava querendo ajudar - Gabrielle entrou sem ser convidada, se aproximou de Lexa, mas a mesma negou qualquer contato, ela parecia cercada e impedida de sair dali - Precisamos conversa e sua amiga viu o quão desesperada eu estava, ela só -

- Só o que mãe? Quer pedir desculpas? Eu não quero suas desculpas, eu não quero você! Por que não entende isso? - então quem havia sido excluída da situação fora Clarke, ela apenas observava a interação das duas mulheres -

- Você vai me ouvir, você vai me ouvir e vai entender tudo o que aconteceu Alexandria! - o nome da garota pareceu pará-la, Gabrielle sempre fora a mais delicada e compreensível da família, mas naquele momento ela parecia ter perdido esse título - Você pode deixar de agir como uma adolescente inconsequente e ouvir o que tenho para dizer? Podemos conversar como adultas? -

- Você não me achou adulta o suficiente para me dizer que minha mãe estava morrendo, você me fez perder dois anos com minha mãe - Lexa já tinha os olhos lacrimejados, era muito para ela aguentar - Se... se ela não tivesse parado no hospital naquele dia em que eu estava com ela, você me diria que ela estava morrendo ou simplesmente iria deixar o pior acontecer e me privar de me despedir dela? - Gabrielle não esperava muito daquela conversa, mas sentir a dor que Lexa transmitia só a fez tomar consciência de que ela havia errado feio - Como você pôde ser tão egoísta assim? Como pôde machucar sua própria filha? -

- Lexa - dessa vez foi Clarke quem chamou, as Woods-Valentine olharam para Clarke com expressões diferentes - Você está sendo muito cruel, Gabrielle pro-

- Para! Eu não sei o que diabos você fez que se sente culpada e na necessidade de consertar tudo a sua volta, mas eu disse para ficar fora disso e você me traiu como a maioria das pessoas na minha vida! - Lexa sentia a raiva correndo por suas veias e a forçando a soltar toda a chateação por aquela situação - 

- Eu achei que estava no direito de -

- NÃO! VOCÊ NÃO TEM DIREITO ALGUM SOBRE MINHA VIDA - Lexa gritou, e aquela versão da publicitária apenas poucas pessoas presenciava. Clarke tinha os olhos lacrimejados, mas não deixava nenhuma lágrima cair -

- Eu só estava tentando ajudar… -

- Eu não preciso da sua ajuda! - Lexa foi até a garota, pegou a mochila do chão próxima a cama e pôs em suas costas, ela olhou para Clarke da pior forma possível, com um olhar de desapontamento - Eu não preciso de você - Clarke não sabia que ouvir aquilo poderia doer tanto, e Lexa viu que havia magoado a loira da pior forma possível, com palavras -

- Lexa? Para onde vai? - perguntou segurando o braço da publicitária, Lexa apenas olhou para seu braço preso a mão de Clarke e a loira imediatamente soltou a garota -

- Não venha atrás de mim - ordenou. Lexa passou pela a loira e saiu do quarto, assim que passou pela a porta ela libertou suas lágrimas. Seus passos ficaram apressados para ir o mais longe possível de Clarke -

 

Clarke sentou na cama e manteve seus olhos na porta como se esperasse Lexa entrar novamente, ela não podia acreditar que errou com a única pessoa que tinha intenção de acertar.

AGORA

Gabrielle se aproximou da garota e sentou ao lado de Clarke na cama, ela passou uma mão sobre as costas da loira e tentou acalmá-la, Clarke começou a chorar baixo e a mais velha suspirou, ela sabia que seria uma conversa difícil, mas ela não iria sair dali até que sua filha a ouvisse, ela resolveu não ir atrás de Lexa porque iria piorar tudo, ela daria algum tempo para a filha esfriar a cabeça. Naquele momento alguém precisava e queria sua ajuda, e esse alguém era Clarke.

- Ela não vai me perdoar, eu só queria ajudar - explicou enxugando as lágrimas, ela olhou para a mulher ao seu lado e Gabrielle lhe deu um sorriso na intenção de trazer algum conforto - 

- Meu nome é Gabrielle Woods Valentine, eu sou uma das mães de Lexa - se apresentou com um sorriso acolhedor - Você deve ser Clarke, certo? -

- Eu sinto muito Sra. Woods-Valentine, achei que trazer a senhora aqui seria de alguma ajuda, mas parece que eu só irritei Lexa ainda mais - Gabrielle levou uma de suas mãos ao rosto da loira e enxugou os últimos indícios de lágrimas -

- Pode me chamar de Gabrielle - pediu. A mulher tirou sua bolsa do ombro e pôs sobre a cama - Obrigada por isso, obrigada por me ajudar a encontrar Lexa, você não tem ideia do quanto eu estava aflita sem ter notícias da minha filha - Clarke permaneceu calada - Não precisa se desculpar querida, eu já esperava que não seria uma conversa fácil, mas eu não vou desistir de falar com ela -

- Eu, eu tenho que ir atrás dela. Já está escuro e é perigoso ela ficar andando por aí sozinha - Clarke levantou da cama e Gabrielle fez o mesmo -

- Não - aconselhou e Clarke franziu a testa, ela não conseguia entender porque a mãe de Lexa estava tão calma - Se você tentar encontrá-la agora só vai piorar tudo para mim e você, eu sei exatamente onde encontrá-la, só estou esperando ela esfriar a cabeça um pouco -

- Mas… mas e se ela, se ela se perder ou alguém fizer alguma coisa com ela? E se ela fize - Gabrielle segurou os ombros da outra loira e sorriu percebendo que sua filha tinha alguém que parecia se preocupar com ela -

- Los Angeles é a segunda casa de Lexa, ela sabe se virar aqui, fica tranquila - Gabrielle imaginava onde sua filha poderia estar, ela só queria deixar a garota se acalmar um pouco - Então… Como você entrou nessa com minha filha? Não lembro de ter conhecido você no círculo de amizade Lexa -

Lexa andava pela a praia, as areias em seus pés deixava a caminhada sem destino mais lenta, o vento que passava pelo mar chegava frio em sua pele. A publicitária parou em um certo ponto ao lado do píer e jogou a mochila ao seu lado, ela se sentou e observou o mar violento daquela noite.
Ela fechou os olhos e se viu novamente naquela cena de alguns minutos atrás, sua mãe aparecendo, Clarke planejando tudo aquilo, ela não queria acreditar que Clarke havia feito aquilo mesmo quando Lexa a proibiu de intervir.
A publicitária abriu os olhos e continuou a observar o horizonte, ela se sentia tão sozinha e pela a primeira vez isso a incomodou, ela podia ouvir em sua mente Clarke repetindo  que Lexa deveria falar com Gabrielle e que a publicitária estava agindo errado.

Lexa enxugou as lágrimas com as costas da mão e abriu a mochila, assim que abriu ela viu Rocco, o urso, ela o tirou e suas mãos abrigaram aquele presente como se no momento fosse o único conforto que pudesse ter.

Clarke contava toda a estória, Gabrielle observava todos os detalhes, cada sorriso da loira ao mencionar o nome de Lexa, cada olhar atento quando Gabrielle falava algo sobre sua filha. Em menos de uma hora Gabrielle pôde perceber duas coisas sobre Clarke Griffin, a primeira era que Clarke era a amiga mais adorável que já Lexa tinha, e a segunda era que Clarke estava apaixonada Lexa, ela reconhecia aquele olhar, era o mesmo que Gabrielle tinha quando conhecera Lucy e se apaixonara.

- Você a ama - afirmou com um sorriso, Clarke imediatamente esbugalhou seus olhos e sentiu o fervor em suas maçãs do rosto - Está tudo bem, eu não vou dar aquela conversa que vai fazer você se assustar - Gabrielle sorriu ao ver que Clarke parecia envergonhada - Eu sou grata por você está fazendo isso por minha filha, quando Lucy me contou o que Lexa estava fazendo eu enlouqueci, mas depois de tudo o que você me contou e eu está aqui conhecendo você, percebo que não haveria pessoa melhor para acompanhar minha filha -

- Ela é incrível - admitiu. Gabrielle esperou por mais palavras - Você já se sentiu como se você sempre fosse um estranho em sua própria vida? Eu sei que parece estranho, mas é como eu me sentia, minha vida toda eu sentia que não me encaixava em nada, em nenhum lugar, por mais que eu tentasse negar e tentasse convencer a mim mesma que era apenas um crise de identidade, no fundo eu sabia que faltava algo em mim e que eu deveria a viver com essa falta - Gabrielle com a ponta de seu dedo deu algumas leves batidas abaixo do olho, enxugando a pouca humidade ao ouvir as palavras de Clarke - Então sua filha entrou na minha loja e foi como um aviso, uma aviso que Lexa era o que me faltava, e eu tinha certeza disso porque toda vez que eu estava próxima dela eu sentia meu coração gritar por ela, era como ele sabia que pertencia a Lexa -

- Oh querida… - Gabrielle sorriu com os olhos lacrimejados. Ela que tanto gostou de diálogos dos seus filmes românticos, estava presenciando ali na sua frente sua mais nova declaração favorita, e essa era real -

- Lexa disse que eu pareço ter saído de um filme romântico que ela odeia, mas não é culpa minha se ela me faz sentir assim - Clarke parecia mais à vontade na presença de Gabrielle, as duas estavam se dando muito bem. -

- Ela não sabe, não é? -

- Eu disse que gostava dela, e nossa relação está indecisa, principalmente depois de eu ter feito isso com ela - explicou se referindo a toda situação de Gabrielle -

- Sabe, Lucy e eu estamos juntas a quase trinta anos, e agora sabendo que seus dias estão contados eu vejo que me arrependi por não ter falado antes como eu me sentia, perdemos quase dois anos negando como nos sentíamos. - Gabrielle já não segurava suas lágrimas, Clarke buscou a mão da mulher e a segurou sobre a cama - Está tudo bem, está tudo bem - afirmou para Clarke - O que quero dizer é, cada segundo, cada momento é precioso e deve ser aproveitado, diga o que sente, diga como se sente, diga tudo o que está sentindo querida -

- Eu tenho medo de insistir, de dizer que preciso dela na minha vida e ela simplesmente se assustar e decidir que não me quer em sua vida, eu não quero perder o que demorei tanto para achar - Clarke apesar de ter falado que gostava de Lexa não havia sido completamente sincera, ela não explicou o quanto Lexa era importante, o quanto significava e isso a assustava, porque não sabia que poderia encontrar alguém que a fizesse ter medo de seus próprios sentimentos -

- Eu tenho a sensação de que você não vai assustar Lexa, e sim despertar o que estava adormecido. - Gabrielle levantou da cama e Clarke fez o mesmo - Eu vou procurar por minha filha e depois vou voltar para Jersey. - Clarke apenas concordou - Obrigada querida, obrigada por ajudar minha filha a carregar o peso da nossa situação, fico feliz por mesmo no caos Lexa ter consigo encontrar conforto em alguém -

- Diga a ela que eu sinto muito, por favor? - Gabrielle concordou e Clarke a abraçou - Eu sinto muito pelo o que está acontecendo com sua esposa - Gabrielle suspirou no abraço, ninguém nunca ia entender o quão dolorido era quando diziam aquelas palavras "eu sinto muito pelo o que está acontecendo" -

- Cuida dela por mim, okay? Eu sei que ela vai ficar bem com você - Clarke apenas concordou e andou com Gabrielle até a porta - Até mais Clarke -

- Até mais - as duas sorriram e quando Gabrielle começou a andar para o elevador, Clarke fechou a porta - Onde você está Lexa? - se perguntou. -

A loira foi até a cama e sentou ali sem saber o que fazer, ela pedia aos céus para que Lexa voltasse, pelo menos para dizer um adeus. Clarke pegou sua mochila e quando a abriu viu um pedaço de papel incompleto, ela sorriu fraco ao ler a letra inacabada daquela canção que começara a escrever, a loira levantou e foi até a sala, pegou seu violão e voltou para a cama. Eles dizem que as melhores canções são escritas por um coração quebrado, Clarke estava prestes a mudar essa opinião.

Lexa já não sabia que horas eram ou por quanto tempo estava ali, a última vez que checara seu celular marcava mais de dez horas. Ela estava decida a seguir viagem sem Clarke, mas toda vez que levantava dali para ir embora ela era impedida pela a imagem de Clarke em sua mente, Lexa estava presa a isso.

- Sabia que encontraria você aqui - Lexa sentiu sua mãe se sentar ao seu lado, a publicitária já não estava com forças para gritar então se manteve calada - A primeira vez que viemos até L.A você se apaixonou por essa vista, era seu refúgio - Gabrielle suspirou e continuou a olhar o perfil da filha que ignorava sua mãe - Foi pela a manhã, a primeira vez que aconteceu foi em uma manhã de quinta - Lexa finalmente virou para sua mãe e viu as lágrimas nos olhos verdes - Ela não conseguia mexer as pernas, essa paralisia durou por apenas alguns minutos, mas foi o bastante para eu a obrigar a ir ao hospital -

- Ela odeia hospitais… - foi um comentário desnecessário, mas foi apenas uma lembrança audível da filha -

- Odeia - disse sorrindo com a lembrança da teimosia da esposa - Passamos a manhã no hospital, Dr. Wilson fez todos os exames e ele nos liberou prometendo dar uma notícia ao final do dia, ele não ligou naquele dia, ele não ligou no dia seguinte, não ligou no dia depois - Gabrielle respirou fundo para continuar - Então na semana seguinte eu liguei e ele disse que havia falado com Lucy e explicado o diagnóstico -

- Ela guardou de você? - perguntou se deixando conversar, talvez pensar tanto nas palavras de Clarke havia feito com que Lexa tirasse a armadura -

- Ela guardou por alguns dias, no primeiro momento eu senti raiva, senti decepção, mas então eu compreendi apesar de não ter aceitado. Ela não queria que eu sofresse antecipadamente, ela achou que em algum dia simplesmente iria morrer e nossa dor seria apenas naquele momento. Eu tentei convence-la de ir para o tratamento, mas ela disse que não sofreria para no final ter o mesmo destino. Ela me pediu para não contar a você, claro que não aceitei, mas entendi que essa era uma decisão dela. - Gabrielle tinha consciência de que errou e ela tentava convencer Lexa de que estava arrependida - Desde que eu descobri dessa doença eu venho entendendo, e nunca aceitando, mas chegou a hora de aceitar tudo o que está acontecendo, eu estou perdendo sua mãe Lexa, eu não quero perder você também - Lexa caiu no choro e Gabrielle a segurou, a segurou como se tivessem voltado no tempo e a sua filha fosse uma garotinha indefesa -

- Eu não estou preparada mãe, eu não estou preparada para dizer adeus - Gabrielle continuava a segurar sua filha conforme as lágrimas de ambas as garotas eram secadas das pelo o vento frio -

- Nenhuma de nós estamos meu amor, mas precisamos aguentar firme, durante todo esse tempo sua mãe foi nosso porto seguro, agora nós precisaremos ser uma da outra - Lexa se agarrou a sua mãe como se tudo ao redor fosse perigoso demais para ela se soltar - Eu sinto muito Lexa, eu sinto muito por ter escondido de você, eu sinto muito por ter magoado você e ter feito com que você perdesse a confiança em mim, mas eu preciso que você entenda que tudo o que eu fiz foi achando que seria o melhor para você -

- O que eu estou fazendo mãe? Eu deveria estar com vocês, eu deveria estar com mamãe, eu -

- Ei, olha para mim - Gabrielle quebrou o abraço e segurou o rosto da filha - Continue o que está fazendo, Lucy quer isso, quando você voltar ela ainda estará lá e sabe como tenho tanta certeza disso? - Lexa negou e Gabrielle sorriu - Porque sua mãe sempre cumpre as promessas, ela vai esperar por você - as duas voltaram a se abraçar e Lexa já não sentia aquele peso em seu peito toda vez que lembrava de Gabrielle, talvez Clarke estivesse certa ao dizer que Lexa estava errada -

- Desculpa por ter sido incompreensível com você, eu não quero perder mais alguém na minha vida - sussurrou se apertando ainda mais em sua mãe, Gabrielle suspirou sentindo um alivio que não sentia há muito tempo -

- Estamos bem meu amor, sempre estaremos - afirmou, Gabrielle enxugou as lágrimas da filha e plantou um beijo na testa da garota - Você deveria falar com sua amiga, ela só fez isso para me ajudar querida -

- Eu sei, eu não deveria ter falado daquela forma com ela, Claire não merece isso –

- Ela gosta de você, você sabe disso certo? - Lexa concordou envergonhada - Espera, Claire? Não é Clarke? - perguntou confusa. Lexa sorriu e concordou deixando sua mãe ainda mais confusa - Clarke me faz lembrar uma pessoa, esse jeito carinhoso, a necessidade de ajudar as pessoas que ama, a preocupação e a forma apaixonada de falar sobre algo que é de seu interesse. Uma vez conheci uma pessoa assim -

- O que aconteceu? - perguntou curiosa. Gabrielle sorriu deixando suas lembranças invadir sua mente e aquecer seu coração -

- Eu casei com ela - retrucou fazendo um sorriso bobo aparecer no rosto de Lexa - Poucas pessoas aparecem na nossa vida para fazer a diferença, algo me diz que Clarke é uma dessas pessoas na sua vida - Lexa sempre teve uma conexão muito forte com suas mães, ela sempre contava tudo para elas, e sobre Clarke ela sentia uma necessidade de passar horas falando sobre aquela figura -

- Ela é especial, e eu preciso me desculpar mais uma vez - disse levantando da areia, Gabrielle fez o mesmo -

- Eu tenho que voltar para casa - Lexa negou e Gabrielle voltou a abraçar a filha - Sua mãe ficou com Calista e você sabe que aquelas duas juntas é confusão - Lexa sorriu lembrando da sua "tia" Calista, amiga das suas mães - Nós estaremos esperando por você -

- Amo você mãe, e eu sinto muito mais uma vez - se desculpou novamente. Gabrielle apenas concordou com a cabeça ainda presa ao abraço - Diga a mamãe que eu a amo, e que voltarei em breve -

- Pode deixar, ela ama você também - as duas voltaram a ficar uma diante da outra. Lexa voltou a enxugar suas lágrimas pensando em sua mãe - Ela está orgulhosa do que está fazendo, só tenha cuidado okay? E por favor, me mantenha informada de tudo -

- Você quer dividir um táxi? - perguntou pegando sua mochila do chão e deixando Rocco cair, Gabrielle sorriu e pegou o ursinho -

- Eu lembro disso - gargalhou lembrando daquele brinquedo de infância. Lexa gentilmente tirou das mãos de sua mãe e voltou a guardá-lo –

- É da Claire -

- Clarke - corrigiu e Lexa girou os olhos, Gabrielle entrelaçou seu braço com o da filha como se fossem melhores amigas e caminharam para a avenida - Você gosta dela também - afirmou sabendo que não ganharia uma reposta sobre sua afirmação. Ela olhou para a filha enquanto andavam e percebeu uma curva no lábio de Lexa, aquela era sua afirmação, sua filha e Clarke pareciam estar na mesma sintonia -

**

Lexa se despediu de sua mãe e entrou no hotel deixando a mulher seguir no táxi para o aeroporto. Enquanto esperava o elevador Lexa se perguntou se Clarke não tivesse causado isso tudo ela ainda demoraria muito para resolver seu conflito com a mãe, ela sentia um peso a menos em suas costas, e com a cabeça fria e as palavras de Clarke como repreensão, ela conseguiu entender o lado de Gabrielle e ver o quão injusta estava sendo. Gabrielle sabia pouco sobre Clarke, mas seria eternamente grata por a garota a ter ajudado com Lexa.

A publicitária já tinha todo um pedido de desculpas na cabeça, ela não deveria ter sido rude com Clarke e isso já estava começando a ficar repetitivo. Ela chegou ao quarto e usou sua chave, acendeu as luzes e não encontrou nenhum sinal de Clarke naquele pequeno cômodo, ela imediatamente correu pelo o local, banheiro e varanda tentando encontrar a garota, mas ela já não estava ali. Lexa levou uma mão a cabeça, seus dedos segurando os cabelos em desespero, até que viu um bilhete sobre a cama, sem pensar duas vezes ela o pegou e abriu.

"Eu sinto muito por tudo Lexa, eu sei que não deveria ter feito isso, ter intrometido em algo tão particular. Não sei se você está lendo esse bilhete, não sei se você vai voltar para o hotel, para mim... Eu só quero que saiba que em nenhum momento fiz algo querendo prejudicar ou irritar você. Eu não estou indo embora, estou apenas deixando você um pouco longe de mim e da confusão que eu sou as vezes. Eu sei que você não precisa de mim, ou de ninguém, mas eu quero que saiba que mesmo se não precisar eu estarei sempre aqui por você. Eu gosto de você...

Clarke"

Lexa se deixou sentar na cama não aguentando ficar em pé com o impacto daquelas palavras, suas mãos estavam quase que trêmulas enquanto segurava o papel, ela olhava para a letra quase que indecifrável de Clarke e não sabia se aquilo havia sido uma despedida, ou não, ela não poderia perder Clarke, não depois de tudo. Ela imediatamente tirou o celular da bolsa e ligou para a garota, como previu caiu na caixa postal e ela queria que isso acontecesse.

- Eu já não sei se desculpas é o bastante para me desculpar, eu sinto muito Claire. Eu sei que não sou a pessoa mais fácil de lidar, eu sei que você não tem obrigação de permanecer ao meu lado e muito menos de tornar tudo mais fácil para mim, mas você continua fazendo e não tem ideia do quanto eu sou grata por isso - Lexa hesitou, ela não queria falar tudo por telefone, Clarke merecia muito mais do que isso - Eu sinto muito por decepcionar você quando tudo o que você fez e faz é para me deixar feliz, eu entendo que você queira ir embora, céus eu faria o mesmo se estivesse na sua situação...eu... me desculpa okay? - pediu novamente e como se esperasse por uma resposta ela ficou calada por alguns momentos, ela sentia seu peito apertar com a falta de Clarke ali ao seu lado - Eu estava errada, eu... eu preciso de você Claire, eu preciso de você ao meu lado... é... eu, é só isso. Obrigada por tudo - Lexa desligou sentindo seu coração acelerar, ela não planejava dizer aquilo, mas simplesmente saiu. Ela suspirou e se deixou cair na cama, ela só queria que Clarke não desistisse dela -

No dia seguinte Lexa esperou até a metade da manhã por Clarke, mas a loira não havia voltado ou mandado alguma mensagem. Lexa não poderia esperar mais, ela pegou sua mochila, fez o check out e entrou no táxi que iria lhe levar ao aeroporto. Ela deixou mais algumas mensagens de texto para Clarke apenas se desculpando e dizendo que estava seguindo viagem, agradeceu por tudo e depois desligou seu celular. Ela enxugou com a manga de sua blusa as lágrimas inevitáveis, em poucos minutos ela havia chegado ao aeroporto.  Suspirou e foi comprar sua passagem, mesmo naquela multidão de pessoas ela se sentia completamente sozinha e até mesmo amedrontada, foi então que percebeu que Clarke era mais do que uma simples companheira de viagem. Lexa pegou sua passagem e verificou as horas, resolveu pegar um café enquanto não estava na hora de embarcar. 

A publicitária sentou em uma das cadeiras da pequena mesa redonda e tomou lentamente seu café enquanto lia uma revista qualquer.

 

**

Clarke correu para dentro do aeroporto, ela odiava LAX e a multidão que se acoplava naquele lugar. Ela recebera a mensagem de voz de Lexa na noite anterior, ela passara a noite acordada ou a maior parte dela, pela manhã planejava encontrar Lexa até que recebera novamente outras mensagens da garota dizendo que já estava indo embora. Clarke olhou os horários de embarque e lembrou que Lexa havia dito que o próximo destino seria para Europa, e todos os voos que seguiriam para algum local da Europa ou estavam atrasados ou ainda sairiam, a loira então correu por todo o local procurando Lexa em cada rosto, foi então que lembrou do costume da garota de sempre tomar café antes de pegar o avião. Clarke seguiu para uma das cafeterias do local e logo encontrou Lexa sentada distante das outras mesas, a loira sorriu, parou seus passos e respirou fundo sentindo a adrenalina correr em seu corpo, ela tirou o violão das costas e algumas pessoas ao redor apenas observaram aquela cena.

**

Lexa foi tirada da sua atenção da revista quando ouviu um barulho incomum para aquele ambiente, parecia um som de algum instrumento, a publicitária pôs a revista sobre a mesa e olhou para sua esquerda a procura do som, quando voltou para sua frente viu Clarke tocando notas que ela seria capaz de identificar, mas a melodia era linda, um sorriso logo se estampou no rosto da publicitária ao rever a garota. Ela tentou abrir a boca para falar, mas Clarke apenas negou com a cabeça continuando a mover suas mãos de maneiras diferentes no violão, um pequeno grupo se formou ao redor das duas que estavam bem próximas, os celulares dos curiosos já começavam a gravar aquela cena, foi então que Clarke sorriu e deixou sua voz falar.

Well baby you know that i am far to cool to let

you see me upset or see me feeling blue

I'm not that wise so I keep it inside

this distance is taxing I can't relax so

I take a walk walk outside

And I look at the world through my sad eyes

Lexa levou uma mão a boca com o que ouvira, ela lembrava de um pequeno trecho daquela música que lera de um papel da loira, ela lembrou que Clarke havia dito que era uma canção no qual ela ainda não havia finalizado, mas que pelo jeito havia conseguido.

As pessoas ao redor sorriam com aquela cena, Clarke mesmo sendo o centro das atenções pareciam não se importar, a verdade era que ela não conseguia ver ninguém além de Lexa ali.

I should have called you on the phone

but I was scared to let you know

I need you

by my side

Said I need you

by my side

Du du du du

Du du du du

Clarke iria seguir o conselho de Gabrielle, ela não iria ter medo de assumi e dizer para Lexa que seus sentimentos eram mais do que um simples gostar, ela teria que arriscar. Lexa sorria feito uma boba enquanto ouvia a voz angelical de Clarke e se deixava suspirar com as palavras sinceras da loira.

Now don't get me wrong I'm not always sad

I read my books and play guitar in bed

I watch the movies that I know you'd hate

This house I keep cleaning but baby I'm grieving

I can't shake the way I feel inside

I never like change but I have to try

Lexa gargalhou um pouco ao lembrar das suas discussões por causa de filmes, Clarke se aproximou um pouco mais e então as duas ficaram próximas, Lexa sentia seu coração disparar a cada troca de acordes, ela tinha certeza de que suas mãos tremiam de ansiedade, ela queria saber o porquê daquilo tudo, porque até então achava que Clarke estava chateada e havia ido embora. Clarke nunca tirava seus olhos de Lexa, ela queria que a garota sentisse a música através de seus olhos e sua voz.

You know you brightened up my day when you

called me yesterday

and said I need you

by my side

Said I need you

by my side

Du du du du

Du du du du

Lexa sorriu e Clarke queria achar que o repentino brilho no olhar de Lexa era por sua causa, ela fechou os olhos enquanto sua voz davam simples "Du dus" . Lexa respirou fundo e Clarke mudou novamente o acorde para outra parte da canção.

Said I love you

yes I yes I do

I love you

yes I, I guess I do

Du du du du

Du du du du

Ao terminar a canção todos ali em volta aplaudiram Clarke que logo se envergonhou, ela continuou seus olhos em Lexa que sorria como uma adolescente apaixonada. Clarke deixou seu violão apoiado na mesa e mesmo como toda a atenção sobre ela e Lexa, ela se manteve ali.

- Claire, eu -

- Eu estou tremendo - sussurrou para si, mas alto o suficiente para Lexa ouvir e sorrir de modo que ninguém poderia negar que aquelas duas estavam apaixonadas uma pela a outra - Okay, respira Clarke - disse puxando o ar e o soltando lentamente, as pessoas ao redor esperavam ansiosamente por alguma ação maior. A loira voltou a olhar para Lexa e novamente as palavras se perderam na imensidão do olhar da publicitária -

- Eu achei que você tinha ido… - comentou, ela estava um pouco incomodada com os olhares curiosos, mas tentou exclui-los -

- E eu vou, mas com você - Clarke ignorou a reação dos curiosos e continuou atenta à Lexa, e em como ela parecia ainda surpresa por Clarke realmente ter voltado - Eu sei que estamos indo devagar, sei que você pediu isso, eu concordei e vou continuar respeitando - Lexa sentia seu coração pulsar tão rápido que ela chegou a pensar que estava prestes a ter algum ataque cardíaco - Mas eu tenho que ser sincera com você, e por favor, não vá embora por isso - implorou e Lexa começou a ficar mais nervosa ainda, ela não sabia o que estava acontecendo e o que havia dado em Clarke - Aqui... - Clarke disse isso e de imediato tirou a mochila das costas, abriu rapidamente e tirou uma simples flor conhecida pelas as duas - É para você - Clarke entregou a gardênia para Lexa e algum curioso gritou em animação chamando por alguns segundos a atenção das duas, Clarke sorriu e voltou para Lexa - Ela significa amor secreto, e desde que você entrou na minha loja é o que eu sinto por você, dane-se se isso parecer clichê ou até bobo de se acreditar, mas eu sou apaixonada por você Lexa e eu já não podia guardar isso só para mim. Eu sei que provavelmente eu não sou quem você está procurando, e que talvez nunca seja, mas o amor é isso, é deixar todos os seus medos para trás e se dar uma oportunidade de ser feliz e não qu - Clarke parou de falar ao ver uma lágrima solitária cair dos olhos de Lexa - Lexa? Ai meu Deus, eu te assustei, não foi? Você está assustada? - perguntou nervosa, ela entendia que deveria ser muito para Lexa assimilar, principalmente depois de deixar claro que queria ir devagar - 

- Não... Eu estou apaixonada - Clarke então sentiu tudo em volta parecer borrões irrelevantes, ela não tinha certeza se ouvira bem o que Lexa falou. A loira abriu a boca para falar algo, mas Lexa levantou de sua cadeira e levou suas mãos ao rosto da garota - Não diga nada - sussurrou entre os lábios de Clarke que já não sabia descrever o que sentia. Lexa capturou os lábios de Clarke não se importando com a plateia a sua volta, enquanto eram gravadas e no mesmo momento vinculadas em redes sociais as legendas que serviam para ilustrar o casal era a mesma entre os curiosos, Clarke e Lexa foram taxadas com sortudas por partilharem de um amor que poderia ser percebido por qualquer um ali. Enquanto mantinha seus lábios ainda na loira, Lexa sabia que ninguém era mais sortuda do que ela por ter alguém como Clarke Griffin -


Notas Finais


AAAAA
Ah, não deu para responder os comentários do capítulo passado, mas li todos <3
Ah2, pra quem não sabe eu escrevi uma one shot clexa, Forever and Always, quem não leu deveria ler, só acho.
Ah3, é só isso.
Bjors


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