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História Bucket List - For You


Escrita por: SkyWithDiamond

Notas do Autor


Olá,
Boa leitura.

Capítulo 17 - For You


- Clarke? - Lexa gritou mesmo sabendo que Clarke estava deitada em uma das camas ali. As duas já haviam embarcado em um trem para Inglaterra, estavam em uma pequena cabine do local - Clarke! - voltou a gritar tirando suas roupas da mochila e jogando sobre a outra cama, ela não conseguia encontrar nada ali -

- Lexa, estou bem aqui, você pode falar baixo se quiser - respondeu sem tirar seus olhos do livro que estava lendo, a loira nem ao menos percebeu que a namorada estava com as mãos nos quadris a observando. Clarke girou os olhos, pôs o livro sobre a barriga e olhou para o lado - O que está acontecendo? -

- Você sabe onde eu coloquei aquela minha blusa favorita? Aquela com uma i - Lexa parou de falar quando a namorada se sentou e ela pôde ver porque não encontrava sua blusa - Por que está usando minha blusa favorita?! - perguntou com um pouco de ciúmes, ela não podia negar que mesmo com suas coisas materiais ela era ciumenta -

- O quê? É minha blusa - respondeu olhando para a blusa e sabendo que não era dela, mas ela simplesmente adorava como a blusa lhe servia perfeitamente e ainda tinha o cheiro de sua namorada, isso a acalmava -

- Você nem ao menos gosta de super-heróis, essa blusa é minha - Lexa subiu na cama e sentou sobre Clarke que a segurou sentindo um frio no estômago com a proximidade - Mas tenho que admitir que você ficou ótima nela -

- Aposto que fico melhor sem blusa alguma - retrucou e Lexa arqueou uma sobrancelha com aquela resposta vindo da loira tímida -

- Olha só, Clarke Griffin sendo confiante, definitivamente eu amo todos os seus lados - Clarke sorriu timidamente e Lexa gargalhou deixando sua cabeça cair um pouco para trás, ela voltou para a namorada e a beijou avidamente fazendo as duas se acomodarem na cama -

Lexa quebrou o beijo e se afastou um pouco de Clarke apenas para tirar sua própria blusa do corpo, assim que jogou no chão elas ouviram um alarme e em seguida uma voz informando que aquela seria o ponto de parada delas.

- Droga! - resmungou Lexa pulando da cama e jogando todas as suas roupas de volta para a mochila - Vamos Clarke! Essa é a nossa parada! - alertou terminando de colocar tudo em sua mochila, ela olhou para Clarke que continuava sentada sobre a cama como se nada tivesse acontecendo - CLARKE! - a loira gargalhou e pulou da cama -

- Por mais que eu goste do que vejo, não quero que os outros vejam você assim - Lexa havia colocado até mesmo a blusa que minutos atrás estava vestindo antes de jogar no chão achando que teria seu momento com Clarke -

- Droga! - resmungou de novo e abriu a mochila pegando uma blusa qualquer, ela vestiu e pegou a mão de Clarke - Vamos! - as duas saíram da cabine e correram pelos corredores, elas não queriam perder o seu próximo destino. -

As duas desceram do trem e olharam ao redor daquele particular condado da Inglaterra.

- O que tem de tão especial em Bristol? - perguntou Clarke olhando para a garota ao seu lado. Lexa sorriu, além de riscar mais um item de sua lista, ela iria poder rever algumas pessoas –

- Uma velha amiga… - respondeu aproveitando sua viagem para reencontrar uma velha amiga que morava naquela adorável cidade -

- Sra. Cooper, isso tem que sair daqui imediatamente! - sussurrou Bellamy para a senhora ao seu lado - Eu já não tenho mais desculpas para impedir Octavia de entrar aqui na estufa - o garota havia madrugado naquele dia para ter uma conversa bem particular com a senhora -

- Prometo que de hoje não passará, querido - retrucou apertando as bochechas do rapaz, Bellamy girou os olhos e delicadamente tirou as mãos da mulher de seu rosto -

- É melhor mesmo, não quero problemas para o meu lado - ao dizer isso Bellamy ficou confuso com a gargalhada que recebeu da Sra. Cooper - O quê? - perguntou não parecendo tão simpático assim -

- Nada querido, nada - a mulher deu duas batidinhas no rosto de Bellamy e caminhou para fora da estufa deixando o rapaz confuso -

As duas garotas estavam sentadas nas escadarias externas de um Museu da cidade, Lexa olhava para a sua lista e só naquele momento percebeu que faltava apenas dois itens para finalizar sua lista. Clarke olhava para o movimento daquele lugar enquanto Lexa parecia anotar algo. Ela não podia acreditar que em breve voltaria para New Jersey e contaria tudo o que aconteceu durante a viagem para sua mãe, um sorriso apareceu, mas uma tristeza tomou conta ao lembrar por qual motivo teria que voltar.

- Lexa? - Clarke chamou preocupada quando viu que uma lágrima desceu do rosto da namorada, ela imediatamente passou sua mão no rosto da publicitária limpando a solitária lágrima - Meu amor, o que houve? - Lexa negou com a cabeça e tentou formar um sorriso que só saiu trêmulo -

- Acabei de perceber que… - Lexa respirou fundo, e tentou a todo custo engolir o nó formado na garganta -

- Meu amor… - chamou novamente e beijou a têmpora da publicitária -

- Ela está morrendo... E quando eu voltar para Jersey vai ser real, sabe? É como… é como se toda essa viagem fosse minha desculpa para esquecer a situação, e agora que está no final da linha, eu vou ter que aceitar o que venho negando toda a viagem - Clarke abraçou a namorada e a segurou forte, algumas pessoas que passavam por ali olhavam curiosas para as duas garotas abraçadas na escadaria do Museu. -

- Eu queria poder tirar sua dor e fazer minha, você não tem ideia do quanto eu queria poder fazer isso, Lexa - sussurrou enquanto ainda segurava a namorada, ela podia jurar que conseguia sentir a dor de Lexa e de certa forma ela entendia o que a garota estava passando - Eu sinto muito por você está se sentindo assim -

- Você alguma vez já se sentiu como se estivesse falhando em algo no qual não tivesse controle? - Lexa quebrou o abraço e não se importou de enxugar as lágrimas de seu rosto - Eu sinto que estou falhando com minha mãe, como se meu dever fosse fazer algo para ajudá-la, mas sou completamente inútil - Clarke viu que Lexa estava para entrar em uma crise e isso a fez segurar o rosto da garota –

- Olha aqui Lexa, olha bem para mim - naquela posição de Clarke segurando o rosto de Lexa, a publicitária não tinha outra escolha a não ser olhar para a namorada - Não vá por esse caminho, por favor - a frase foi como uma súplica, os olhos de Clarke estavam marejados e Lexa entendeu que algo pessoal estava intervindo na loira. Clarke soltou o rosto da garota sabendo que a atenção de Lexa continuaria ali - Nesse caso você não pode fazer nada, você não é nenhum tipo de Deus que pode reverter tudo magicamente, você não está falhando, você não é inútil… Não se culpe por algo assim - Clarke sabia a dor que carregava, e ela jamais desejaria a ninguém, muito menos a uma pessoa amada com Lexa -

- Você perdeu alguém… - não foi uma pergunta, foi uma afirmação e isso fez Clarke congelar - Você tem a mesma dor nos olhos que eu, você p -

- Eu não quero conversar sobre isso - retrucou de forma rude e levantou das escadarias, Lexa paralisou com aquele tom de voz da loira, Clarke jamais havia falado daquela forma -

- Clarke -

- Eu - a loira fechou os olhos por alguns momentos e depois voltou para Lexa - Eu vou voltar para o hotel, você pode continuar o tour, encontrar suas amigas -

- Eu vou com você - respondeu levantando e ficando diante da loira, Clarke negou e isso deixou Lexa ainda mais preocupada -

- Eu preciso de um tempo sozinha, por favor… - Lexa então ficou calada, ela observou Clarke descer as escadarias sem nem ao menos lhe dar um beijo ou se despedir. A publicitária viu a namorada desaparecer no meio da multidão e isso a deixou preocupada -

- Hey! - saudou Raven ao entrar na loja, a garota que parecia vir da academia se aproximou do balcão e se inclinou para um rápido selinho que Octavia consentiu -

- De nada - respondeu Bellamy sorrindo para as duas garotas. Raven olhou para o garoto tentando entender o que ele queria dizer - O quê? Eu juntei vocês duas, deviam pelo menos me agradecer - Raven e Octavia giraram os olhos ao mesmo tempo com a observação do rapaz, Bellamy olhou de uma para a outra e semicerrou os olhos - Não me façam arrepender de ter apoiado isso -

- O que está fazendo aqui? - perguntou Octavia ignorando o irmão e deixando sua total atenção em Raven - Você não deveria estar no trabalho? - Raven apenas deu de ombros não dando muita importância -

- Bom, eu saí do trabalho - respondeu puxando o banco alto e sentando diante dos irmãos atrás do balcão -

- O quê? Por quê? - disparou Bellamy antes de Octavia, a florista estava tão surpresa quanto o irmão -

- Nada demais, aquele lugar já não era para mim, mas mudando de assunto - Raven parou de falar quando um cliente se aproximou delas e Bellamy logo tomou o lugar da irmã e atendeu o homem - Está de pé o cinema hoje? - perguntou quando Octavia atravessou o balcão para ficar ao lado da publicitária –

- Acho que teremos que marcar para outro dia… - Octavia não estava procurando desculpas para evitar a garota, pelo o contrário ela estava realmente disposta a dar uma chance, mas o seu dia estava mais do que agitado, nessas horas ela sentia a falta da irmã organizada - Hoje vai chegar mercadoria e eles geralmente chegam tarde, e quando chegarem eu tenho que organiza tudo ainda hoje e va - Raven cortou as palavras de Octavia com um beijo que fez Bellamy sorrir, a florista envergonhada apenas ficou calada depois de ser pega de surpresa -

- Eu ajudo você, assim podemos terminar tudo mais rápido e ainda conseguir pegar a sessão do filme, o que acha? - Raven deu um beijo no rosto da florista não resistindo, Octavia não corava daquela forma há tempos e essa volta de sensações a deixava confortável, ou perto disso -

- Aceitamos a ajuda Rae - retrucou Bellamy entregando o troco para o rapaz, ele sabia o quanto era cansativo o dia de chegada das mercadorias, e sem Clarke ali, Raven seria de grande ajuda -

- Você não precisa Raven. Bellamy e eu -

- “Bellamy e eu nada”, Raven vai ajudar sim! - argumentou o rapaz fazendo Raven gargalhar alto, ela estava cada vez mais gostando daquela família -

- Eu só preciso tomar um banho e resolver mais algumas pendências na agência e depois venho direto para cá, tudo bem? - perguntou olhando para Octavia e a florista apenas concordou com um balançar de cabeça, ela não entendia porque Raven de repente estava a deixando tão nervosa - Gosto de você - se despediu com um beijo na testa da garota - Até mais Bell! - Bellamy apenas acenou e quando Raven saiu pela a porta ele arqueou uma sobrancelha para a irmã e cruzou os braços -

- O quê? - perguntou tentando escapar do que vinha a seguir -

- Octavia Griffin Blake, o que está acontecendo com você? Nenhum comentário sarcástico, nenhum sinal de grosseria, nenhuma argumentação… Se não te conhecesse bem diria que você está realmente se apaixonando por Raven -

- Cala a boca Bellamy! - a florista deu um soco no ombro do irmão que nem ao menos sentiu, apenas gargalhou e abraçou Octavia - Me solta Bellamy! - pediu tentando sair daquele abraço de músculos -

- Eu estou tão feliz por você! Minha pequena está finalmente sendo feliz - Octavia percebeu a mudança no tom de voz do irmão, mas não queria acreditar que ele estava chorando, até que sentiu gotas tocando sua cabeça -

- Ai meu Deus! Você é um idiota mesmo - Octavia gargalhou e conseguiu sair do abraço do rapaz - Eu não tenho ideia de onde isso com Raven vai dar… - ela suspirou e Bellamy enxugou suas próprias lágrimas com a ponta do avental - Mas quando eu estou com ela eu pareço esquecer das possibilidades ruins que pode acontecer, isso me assusta, mas me faz tão bem… -

- Se você não ficasse assustada não seria certo, amar assusta O, talvez seja uma das coisas que mais assusta o ser humano, mas se você decidir seguir em frente e ignorar o medo, você vai ver o quão recompensador é - Octavia ficou calada diante das palavras e Bellamy bagunçou os cabelos da caçula - Raven é uma boa pessoa e espero ser uma das damas de honra de uma de vocês no casamento - Octavia gargalhou e abraçou o irmão, Bellamy ficou surpreso com aquele ato, mas logo passou seus braços ao redor da florista e a abraçou –

- Obrigada Bell, amo você - Bellamy sentiu seu coração inflar com a declaração da irmã, ela não costumava mostrar muito que se importava, e momentos como aquele eram raros e ele não podia segurar suas lágrimas -

- Amo você também irmãzinha - os dois ficaram abraçados por alguns momentos, nem ao menos notaram a presença de Murphy na porta, o garoto parecia indeciso e preocupado, ao invés de se aproximar, ele apenas saiu do local -

Lexa estava sentada em uma mesa solitária de um barzinho conhecido pelos os moradores dali, o local ainda não estava totalmente aberto, as únicas pessoas ali eram Lexa, o bartender, uma garota de cabelos levemente castanhos, magra, de olhos claros e o sotaque britânico no pequeno palco ensaiando suas estórias para o stand up da noite e outra garota de cabelos negros servindo como público para a jovem no palco. Lexa não conseguia nem ao menos captar o que a jovem contava, a publicitária se deixava levar pela a cor forte amarelada em seu copo, ela não queria estar ali, ela queria está com Clarke, mas ela iria respeitar o espaço da namorada, ela só queria se sentir útil, ser útil.

- Minhas estórias são tão ruins assim para você não dar um sorriso? - Lexa então despertou e olhou para as amigas de longa data -

- Você sempre foi uma piada, mas suas estórias são sem graça - retrucou Lexa implicando com a amiga, a publicitária levantou e abraçou Naomi Campbell, a amiga que conhecera quando fizera intercâmbio há alguns anos - Há quanto tempo! - o abraço durou alguns segundos e Lexa o quebrou, logo depois olhou para a jovem de cabelos negros e sorriu, da última vez que vira aquela garota ela ainda usava as madeixas vermelhas - Emily Fitch, o que você ainda está fazendo ao lado dela? Merece alguém bem melhor - Emily gargalhou enquanto Naomi cruzava os braços não gostando do comentário -

- Campbell! Você vai fechar okay? - informou o gerente do bar, explicando que a última apresentação seria de Naomi, a garota apenas concordou e voltou para as garotas -

- Mas então, o que está fazendo aqui em Bristol, Lexa? - Emily puxou uma cadeira e sentou ali com Lexa, Naomi fez o mesmo - Quando recebemos sua mensagem dizendo que estava aqui ficamos surpresas - Emily acabou se tornando próxima de Lexa por conta de Naomi, no começo ela não havia gostado muito da publicitária, achava que seria uma competição para o coração de Naomi -

- Estou em uma curta viagem, e aproveitei que estava aqui para dar um olá - a publicitária tomou um gole do whisky e as britânicas se entreolharam, Lexa já havia cumprido seu item quando visitou um Museu de Bristol onde se encontrava algumas obras no qual Lucy era apaixonada, esse foi o item cumprido -

- Whisky? A essa hora? Quando conheci você, você era completamente careta e até me dava sermões pelo o modo como eu levava minha vida - Naomi lembrava muito dos sermões da garota, Lexa era sempre contra a tudo o que Naomi usava para se divertir. A comediante levantou a mão para o bartender e ele entendeu o que a garota queria -

- Só está sendo um dia difícil, muita coisa na cabeça - Lexa tomou o último gole de whisky e fez sinal para o rapaz no bar, pedindo mais um do que estava bebendo - Mas e vocês? Como estão? - perguntou tentando tirar o foco de si. Emily e Naomi sorriram e ao mesmo tempo mostraram suas mãos para Lexa, a publicitária levou uma mão a boca com a surpresa -

- Estamos noivas! - respondeu Emily não contendo sua animação, Naomi gargalhou e ganhou um selinho da noiva -

- Parabéns! - retrucou sorrindo - Quando é o grande dia?! -

- Não vamos nos apressar okay, Lex? Ficamos noivas agora, e pretendemos ficar assim por alguns anos, na -

- Alguns anos? Naomi! - Naomi nunca iria cansar da forma única como Emily dizia seu nome, a comediante não falou nada apenas deu de ombros, Lexa ainda tinha o sorriso no rosto com a interação das duas - No máximo dois anos de noivado, será uma cerimônia para poucas pessoas, com os amigos importantes e poucos familiares, ainda não começamos os preparativos, mas definitivamente queremos você no grande dia - Emily poderia falar por horas sobre o casamento e Naomi poderia ouvir por séculos, depois de tantas idas e vindas e todos os empecilhos, ali estavam elas, finalmente juntas e em um ótimo momento de suas vidas -

- Eu não perderia por nada - afirmou segura. Lexa não iria comentar sobre o que estava passando, ela decidiu ficar apenas feliz pelas as garotas -

- Naomi, estamos sem laranja, eu fiz se maracujá - respondeu o bartender colocando dois copos de suco na mesa e o whisky de Lexa. -

- Sem problemas Jude, obrigada - agradeceu simpaticamente e o homem saiu. Lexa estava confusa, ela não lembrava daquela Naomi que trocava bebida alcoólica por saudável, e que era gentil e educada com todos -

- Okay… Quem é você e o que fez com Naomi Campbell? - Lexa tocou no seu copo, mas não levou o líquido da boca, continuou a olhar para a amiga - Suco? -

- Bom, eu aprendi da pior forma que estava levando minha vida direto à morte, acho que posso dizer que aprendi a lição - Lexa continuava sem entender a explicação de Naomi -

- Como assim? -

- Naomi teve câncer há alguns anos, acho que esse foi o alerta dela - respondeu Emily olhando para a noiva e plantando um beijo no rosto da garota, Lexa não conseguia acreditar naquilo, ela não ficou sabendo daquela estória - Foi um momento difícil e Naomi não quis que todo mundo soubesse, ela simplesmente queria afastar todos, inclusive eu -

- Eu sinto muito - sussurrou Naomi ainda envergonhada do que fez, a comediante beijou a têmpora da noiva e entrelaçou seus dedos com os de Emily sobre sua perna -

- Mas, mas você está bem? Você ainda -

- Estou bem, há dois anos minha vida voltou ao normal, claro que de vez em quando isso volta a me assustar, mas… - Naomi olhou para Emily e as duas trocaram um discreto sorriso - Mas algo me diz que não preciso ter medo, algo me diz que nessa nova vida que eu estou levando há um final feliz, ou melhor, um final não, um caminho feliz - Emily não se importou com a presença de Lexa e beijou sua noiva, beijou como se não tivesse mais ninguém ali a não ser ela e Naomi, até que Lexa limpou a garganta mostrando que ainda estava ali –

- Desculpa - pediu Naomi sentindo seu rosto corar, ela olhou para Emily e viu que a garota estava vermelha - Mas e você, Lexa? Como está sua vida amorosa? Sua família? Trabalho? -

- Como foi? - Lexa ignorou todas as perguntas de Naomi e fez a sua, ela ainda estava presa a revelação pelo o qual Naomi passou - Como foi isso para você? Quero dizer, como você se manteve sã nisso tudo? - Lexa não se importou se estava sendo inconveniente ou não, ela só precisava de algumas palavras de ajuda -

- Eu n - Naomi começou a falar, mas Lexa negou com a cabeça, ela queria saber como havia sido para Emily e não Naomi -

- Você achou que Naomi conseguiria sair dessa? - perguntou com tanta necessidade que Emily foi capaz de imaginar que o interesse de Lexa em saber sobre aquilo, era muito mais do que curiosidade -

- Ela escondeu de mim por alguns meses… - Naomi olhava para um ponto fixo na mesa enquanto ouvia sua noiva contar a estória - Então ela disse que precisava mudar de cidade por conta do trabalho, e um mês depois disso ela terminou comigo por telefone - Lexa ouvia tudo atentamente, e ela pôde perceber a dor que aquela lembrança ainda causava nas duas noivas - Eu óbvio não aceitei e não acreditei nos motivos dela, então eu fui até a cidade onde ela estava, ela estava diferente, não tanto fisicamente, mas o olhar, a forma como ela me olhava estava diferente, ela não iria me contar o que estava acontecendo até que uma amiga em comum nossa abriu o jogo para mim -

- Eu só queria adiantar tudo, eu sabia qual seria o meu final, e imaginar Emily sofrendo por isso era muito pior do que imaginar ela sofrendo por um término de namoro - Naomi olhou para Lexa e isso fez a publicitária imediatamente lembrar da situação que sua mãe estava, e em como ela queria poupar Lexa do inevitável -

- Mas eu não fugi, eu não saí do lado dela. Claro, eu estava apavorada, quando eu descobri eu passei dias chorando, os médicos disseram que eu não deveria criar esperanças porque o caso de Naomi era grave - Emily sentiu o nó na garganta, mas continuou sua versão - Mas era nós, sabe? Eu e Naomi, e se tratando de nós eu nunca poderia perder as esperanças, então eu a convenci de fazer todos os tratamentos, e de não desistir - Emily olhou para a noiva que parecia tão emocionada quanto ela -

- A verdade é que Emily me salvou, se não fosse por ela estando comigo todos os dias e não desistindo de mim, eu nunca teria ido tão longe, e hoje estamos aqui. Uma nova vida, uma nova chance… As vezes nós temos que chegar ao fundo do poço para dar valor quando se está por cima - Naomi sorriu e voltou para Lexa - O que está havendo Lexa? -

- Minha está morrendo… E eu não consigo parar de pensar o quão inútil eu estou sendo nesse momento, isso é tão injusto, eu - o restante das palavras de Lexa se afundaram nas lágrimas da publicitária. Naomi imediatamente saiu da sua cadeira e abraçou a amiga, Lexa se sentiu desconfortável, parecia que apenas os braços de Clarke serviam para lhe acalmar -

- Lexa… Eu sinto muito, eu sinto muito mesmo - sussurrou Naomi, ela olhou para a noiva enquanto segurava a amiga, ela precisava de ajuda -

- Ei… - Emily trouxe sua cadeira para mais perto e passou uma mão nas costas da publicitária - Quando Naomi estava nessa situação eu também me senti assim, me senti uma completa inútil, mas eu entendi que eu não podia fazer nada além de ficar ao seu lado e lhe dar forças. Eu não sei o que você está fazendo viajando, mas se eu estivesse no seu lugar voltaria para casa e aproveitaria o tempo que ainda tenho com ela… - Lexa levantou sua cabeça e olhou para Emily, ela poderia voltar para casa faltando dois itens para completar a lista, ela podia fazer isso, mas não mudaria o fato de que sua mãe estaria morrendo -

- Eu só queria uma solução sabe? -

- Ah Lexa, se todos nossos problemas fossem resolvidos magicamente nunca iríamos aprender a lição das perdas e dos erros - Naomi arrumou o cabelo de Lexa e enxugou as lágrimas da amiga -

- Eu… eu preciso ir… - Lexa tirou algumas notas e pôs na mesa, porém Naomi guardou de volta na bolsa de Lexa -

- Ei, não fuja okay? Apenas tenha esperanças - aconselhou Emily, Lexa apenas concordou e abraçou as duas antes de sair. Emily olhou para a noiva e se aproximou -

- Obrigada por não desistir de mim - agradeceu Naomi deixando sua cabeça cair no ombro da noiva, Emily acariciou o rosto de Naomi enquanto observava Lexa sair do bar -

- Eu amo você Naomi Campbell, eu nunca poderia desistir de você ir… - Naomi sorriu e continuaram na mesma posição -

***

Lexa entrou no táxi e logo falou o nome do hotel, ela passou as costas de suas mãos sobre os olhos enxugando os resíduos de lágrimas. A situação de Naomi a fez tornar o caso de sua mãe ainda mais real, ela não tinha ideia de como reagiria quando o dia chegasse, não saberia quais seriam suas últimas ações ou suas últimas palavras para com sua mãe, a ideia de não chegar a tempo estava começando a lhe atormentar. 
Seu coração apertou e então ela voltou a pensar em Clarke, em como a namorada deveria estar e se ela a queria ver, Lexa já não sabia qual situação apertava mais em seu peito, no fundo dos seus pensamentos ela se perguntou o que fez de tão errado para ter que presenciar as pessoas que ama sofrendo, era uma dor incontrolável e talvez a mais dolorosa que alguém poderia sentir.

Clarke estava sentada no banheiro do quarto do hotel, os pingos de água que caiam do chuveiro molhavam toda sua roupa e corpo, ela não conseguiria dizer como havia parado ali, suas lágrimas se misturavam com os pingos de água e o barulho que preenchia seus ouvidos eram das lembranças indesejáveis, seu corpo doía, ela estava cansada, se sentia cansada de tudo ao seu redor, cansada das lembranças que quebravam seu coração a cada flash, cansada de se sentir culpada e não poder fazer nada sobre isso. Seu corpo seu curvou e ela abraçou seus joelhos escondendo seu rosto ali, desde que deixara Lexa no Museu ela havia voltado para o hotel, bebido um pouco demais, mas não o bastante para sair de si, ela já deveria saber que a dor que sentia não seria curada com álcool.

- Clarke? - a voz de Lexa ecoou, mas Clarke não foi capaz de alertar que estava no banheiro - Meu amor? - Clarke levantou a cabeça com o nome carinhoso, mas ao invés de gritar que estava ali, ela simplesmente não teve forças - CLARKE?! - Lexa sentiu um calafrio percorrer toda sua espinha dorsal ao ver Clarke naquela posição. Ela abriu o box do banheiro e desligou o chuveiro, se abaixou e encostou na namorada - Meu amor? Clarke fala comigo, por favor… - Lexa segurou o rosto da namorada e Clarke abraçou-se a garota como se ela fosse sua cura -

Lexa não se importou com o molhado e sentou-se ali ao lado da namorada, ela continuou a segurar Clarke e a ouvir seu choro, ela aprendeu que chorar era bom para extravasar tudo o que sentia, então ela apenas segurou Clarke e a deixou extravasar com o choro alto e que maltratava o coração de ambas.

- Estou aqui Clarke… eu não vou abandonar você, estou aqui… - era como um mantra, Lexa repetia as palavras suavemente, esperando que confortassem Clarke. -

- Eu não mereço você… - saiu entre os soluços e a vergonha de estar naquele estado. Lexa continuou abraçada a Clarke, sua cabeça apoiada na da namorada - Eu sou -

- A pessoa mais incrível que eu tinha a oportunidade de conhecer - dessa vez Lexa quebrou o abraço e forçou Clarke a olhar para ela - Você merece todas as coisas belas desse mundo Clarke, na verdade você é muito boa para esse mundo. O que eu estou fazendo, essa viagem e tudo, eu jamais poderia conseguir sem você, tem ideia de quantas vezes eu pensei em desistir? Muitas, mas então com você ao meu lado eu me sinto invencível, me sinto dona do mundo e por mais egoísta que possa parecer eu gosto de me sentir assim, e essa sensação só acontece quando eu estou com você e sabe por que? - Clarke negou e Lexa enxugou as lágrimas da loira - Porque você Clarke Griffin, você é meu mundo e sem você tudo ficaria sem sentido -

- Lexa… -

- Deixa eu terminar - pediu, ela notou os olhos vermelhos de Clarke por conta do choro e seu coração apertou mostrando que aquela dor também era sua - Eu não sei o que aconteceu, mas aqui estamos nós no mesmo assunto, e eu estou cansada de ver as pessoas que eu amo sofrendo. Você é importante e eu a amo, e se for preciso eu direi isso até você entender que isso será o bastante para que suas memórias ruins sejam substituídas por outras onde você não precisará chorar quando lembrar. Eu tenho esperança em você, e se você não puder lembrar das memórias boas, faremos outras melhores… Eu só não posso continuar a assistir a pessoa que eu amo sofrer, dói demais - a voz de Lexa já estava embargada, Clarke levantou e saiu do local, não falou nada e Lexa jogou sua cabeça para trás encostando no azulejo frio, ela estava cansada -

Em menos de dois minutos Clarke voltou para o box, sentou ao lado de Lexa e a publicitária viu o que mais parecia um caderno, ela nunca vira aquilo antes com Clarke. 
A loira entregou para Lexa e abriu em uma certa página, havia uma fotografia ali, era Clarke ao lado de uma senhora, Lexa olhou para a loira sem entender, Clarke parecia perdida naquela foto.

- Clarke? Quem é? - perguntou com medo de que tudo piorasse na cabeça da namorada -

- Vovó Vivian, mãe da minha mãe… - respondeu tentando aprisionar o choro que queria se libertar novamente -

- Ela… hum… ela morreu? - Clarke negou e apontou para a garotinha na foto, que aparentemente era ela - Você? -

- Elyza, ela era minha irmã gêmea, ela morreu por minha culpa… - Lexa sem intenção alguma deixou o caderno cair no piso molhado, ela imediatamente o pegou, e percebeu suas mãos trêmulas com a revelação. Um ano em que Clarke passou em Jersey e ela nunca soube disso –

- Mas… mas… mas como? Você nunca me d -

- Elyza não morava conosco, vovó Vivian se recusou a deixar as netas viverem da forma que meus pais seguiam, como não conseguiu levar nós duas para morarmos com ela, Elyza foi a escolhida. Vivian é uma advogada bem-sucedida e disse que seria fácil tirar nós duas da guarda de nossos pais, uma vida de cigano não era própria para crianças, pelo menos foi isso que mamãe me confidenciou. Enfim, Elyza tinha outra vida, e nos víamos apenas uma ou duas vezes ao ano e ficávamos a semana juntas -

- Mas… você lembra disso, achei que não lembrava da sua infância? -

- Não lembro, meus pais me contaram e quando eles dizem isso, algo dentro de mim sente, apesar de não lembrar - Clarke voltou a olhar para foto e sorriu deixando a lágrima solitária descer - Isso aconteceu quando eu tinha dez anos, e é a única lembrança que eu tenho desde que eu nasci até meus dez anos, fora a que você me fez lembrar - Clarke começou a narrar o que acontecera naquele fatídico e angustiante dia -

~~~FLASHBACK ON~~~

- Já vai! Já vai! - a mulher elegante, por volta dos seus setenta anos, e de cabelos castanhos, que mais pareciam ter acabado de tomarem um banho de tinta, foi até a porta de sua belíssima casa em Bel Air - Mas o que estão fazendo aqui?! - perguntou em um tom autoritário, ela fechou a porta atrás de si e olhou para a turma que ali estava -

- Mamãe, viemos visitar Elyza, avisamos semana passada - ali estava Abby, e Clarke nos braços do pai. A garotinha já estava nos seus dez anos, mas Jake continuava a carregar sua filha assim -

- Ótimo, tudo o que eu precisava nesse dia - resmungou olhando com desprezo para os que estavam ali. Ela não podia acreditar que Abigail Griffin havia lhe dado tanta decepção, mas ela estava corrigindo os erros do passado, fazendo de Elyza seu acerto - Onde está a bastardinha que vocês têm? E o outro palhaço desse circo? - perguntou se referindo a Octavia que não estava ali, provavelmente estaria com a mãe e à Kane -

- Vovó! Vovó! Eu quero ver a Lyza! - Clarke pulou dos braços do pai e se agarrou as pernas da avó, Vivian não deu importância para a outra neta e tentando ser delicada, desgrudou a garota de si -

- Elyza tem muitos compromissos hoje, em dez minutos ela sairá para a aula de violoncelo, a tarde tem piano e ballet, e o tutor de arte no final da tarde, talvez amanhã vocês poderão voltar -

- Por céus Vivian! Elyza tem apenas dez anos! - argumentou Jake achando patético ter que pedir permissão para visitar a própria filha -

- Mamãe, se você não sair da nossa frente agora eu entrarei nessa casa e levarei minha filha para onde ela pertence, ao lado da mãe! - Abby já estava de saco cheio daquela situação, das ameaças de tirar Clarke também de seus braços assim como fez com Elyza -

- Eu gostaria de ver você tentar, Abigail! - a mulher de idade parecia mais intimidadora do que qualquer um ali -

 

- Clarke? - todos olharam para trás ao ouvir a voz suave da garota. Abby levou uma mão a boca e correu para abraçar sua filha. Elyza sorriu e abraçou forte sua mãe. Clarke olhava para a irmã como se ela fosse um objeto de adoração - Clarkie! - Elyza abraçou a irmã e as duas gargalharam juntas, causando uma cena de partir e inflar o coração com o reencontro. Jake e Abby sabiam o quanto Clarke sentia falta de Elyza, elas tinham uma conexão muito maior e diferente do que a que tinham com a pequena Octavia -

- Papa! - Elyza pulou em seu pai e Jake deixou algumas lágrimas caírem ao pegar sua filha novamente nos braços -

- Como você está minha pequena?! Papai sente tanto a sua falta! - Jake a encheu de beijos, o que fez Vivian girar os olhos -

- Eu também papa, queria que vocês morassem aqui comigo e a vovó, é tão divertido - Elyza apesar de sentir falta dos pais e irmãs, era com sua avó que ela se sentia em casa e ela não se imaginava saindo dali -

O que acha de tomarmos um sorvete e depois ir até o parque? - sugeriu Jake com um sorriso imenso, mas que logo sumiu quando Vivian se aproximou -

- Não será possível Jacob, como já falei, Elyza tem violoncelo em alguns minutos - Vivian tirou Elyza dos braços do homem, e a pôs no chão - Jeffrey já está esperando querida, por que não vai pegar sua mochila? - sugeriu sabendo que seu motorista já estava esperando por sua neta. Elyza olhou para sua família e parou em Clarke -

- Clarkie pode ir comigo, vovó? Ela pode me esperar na aula, por favor, por favor, por favor - implorou, Clarke se sentia uma estranha na frente de sua avó, ela sabia que a mulher não sentia por ela o que sentia por Elyza, era diferente. Vivian olhou para Elyza e assentiu, a neta favorita de Vivian correu para dentro de casa para buscar sua mochila -

- Tudo bem, ao meio dia Jeffrey buscará vocês - respondeu não parecendo muito feliz com sua própria decisão - Quanto aos outros, a noite vocês podem retornar, farei um jantar e poderão passar um momento com Elyza - a mulher olhou unicamente para Abigail, ela odiava Jake e o fato dele ter levado sua filha para essa vida sem sentido que ela levava -

- Isso é patético, ainda não consigo acreditar que você conseguiu a guarda de uma de nossas filhas - murmurou Jake esquecendo que Clarke ainda estava ali, ele olhava com tanto desprezo para Vivian que era notável para qualquer um ali -

- Vocês deveriam me agradecer por eu ter deixado a pobre Clarke com vocês, eu tive pena de vocês e a deixei ficar com os pais, mas vendo hoje... - Vivian olhou para Clarke que se escondeu nas pernas da mãe - Eu tenho pena é dessa pobre criatura que crescerá mais danificada do que qualquer outra coisa - 

- Olha bem como você fala da minha filha e da minha família, Vivian! - impôs-se Abby esquecendo do termo mãe - Quero ver quando Elyza crescer e perceber que tudo o que fez por ela foi moldá-la em um robô para atender as duas expectativas, eu nunca vou perdoar você por a ter tirado de mim - Vivian conseguiu facilmente obter a guarda das netas, seus argumentos eram válidos e entenderam que a vida que Jake e Abby levavam não eram propicia para o crescimento de crianças, eles foram até considerados imorais, a falta de emprego fixo e as constantes mudanças de lugares foram o suficiente para Vivian conseguir o que queria, porém ela se rendeu e resolveu deixar uma das garotas com os pais, então Elyza foi a escolhida por ela -

- Clarkie, vamos? - Elyza pegou a mão da irmã e Clarke sorriu sentindo falta daquela aproximação, Abby olhou para baixo e não entendeu porque lágrimas caiam de seu rosto - Mamãe? Por que está chorando? - perguntou confusa, Abby se abaixou e olhou bem para as gêmeas. Vivian e Jake estavam em pé diante da cena, eles ficaram calados e apenas observaram -

- Eu só quero que você saiba que amamos muito você meu amor, e que sentimos sua falta, nós não queríamos que tudo fosse assim... Só saiba que amamos você, okay? - Abby estava emocionada demais e Jake estranhou tal ato, aquela cena geralmente acontecia quando eles estavam terminando a visita e não no começo -

Elyza soltou a mão de Clarke e se agarrou a mãe, ela a apertou tão forte que Abby estranhou tal ato, e por algum motivo sem sentindo a mulher começou a chorar com o aperto que sentiu em seu peito, ela fechou os olhos e continuou abraçada a garotinha.

- Eu amo você mamãe, e eu sei que essa não foi sua decisão, mesmo longe eu amo você, amo papai, amo Clarkie e Tavi, até mesmo tio Kane, amo todos vocês - disse ainda agarrada à Abby. Vivian engoliu a seco com aquela cena, não queria demostrar que estava emocionada. A buzina do carro alertou que já era hora de ir e então a garota soltou-se - Papa! - Elyza pulou em seu pai e o homem a abraçou, então ele entendeu porque Abby chorava, algo estava diferente naquele abraço e ele não gostava de como se sentia - Amo você papa - ela sorriu quando Jake fez o mesmo, Elyza se aproximou da orelha do pai e sussurrou apenas para ele ouvir - Diz Tavi que eu a amo também - Jake sorriu e beijou  a testa da filha - 

- Querida... - chamou Vivian se abaixando e Elyza se aproximou da avó - Vovó vai fazer seu jantar favorito, e quem sabe você poderá tocar um pouco de piano para seus pais ouvirem, o que acha? - a reposta de Elyza foi um abraço apertado - O que foi querida? - perguntou achando estranho -

- Você é a melhor avó de todas, também amo você - Vivian fechou os olhos e continuou abraçada a garotinha -

- Eu também meu amor, agora vá, já está atrasada - respondeu se soltando da pequena. Elyza voltou a pegar a mão de Clarke e segurar com a sua. Clarke acenou para os pais e correu com Elyza para o carro, ela pulou no banco traseiro e Elyza olhou para trás antes de subir, ela sorriu para cada um ali e acenou. Abby de imediato abraçou Jake tentando se acalmar, a sensação que estava passando por seu corpo era angustiante - Jeffrey, sem pressa, dirija com cuidado - alertou Vivian e o homem apenas concordou - Bom, preciso ir para o escritório agora, às 19h00 será servido o jantar e não se atrasem, Elyza tem todo um horário a respeitar - a mulher entrou para sua casa e Jake continuou abraçado a sua mulher -

- Não acredito que ela está conseguindo fazer da nossa filha uma versão dela - resmungou Jake, o homem segurava a mulher que ainda parecia abalada com algo -

- Jake... eu não estou muito bem, vamos voltar para o hotel, okay? - pediu e o homem apenas concordou -

***

- Eu sinto sua falta Lyza... - comentou Clarke chamando atenção de Elyza, a loirinha de Bel Air olhou para sua irmã e sorriu - Por que você não volta com a gente? -

- Eu gosto daqui Clarkie, gosto dos meus amigos, das minhas aulas, vovó é um máximo - Clarke nunca iria entender a fascinação de Elyza por Vivian - Eu também sinto sua falta, você é minha irmã, minha melhor amiga, mas eu gosto de morar com vovó - Clarke cruzou os braços e virou seu rosto para o outro lado - Clarkie... - Clarke manteve sua postura e não olhou para a irmã, Elyza abriu sua mochila e tirou um caderno, era seu diário - Aqui... Clarkie - Clarke olhou para a irmã e franziu a testa -

- O que é isso? -

- Meu diário, todos os dias eu escrevo nele, quero que você fique com ele... assim vai sentir que estou perto de você de alguma forma - Clarke abriu e viu que havia uma foto de Vivian com Elyza - Eu falo sobre você, mamãe, papai, meu dia... eu quero que fique - Clarke pegou o diário e o abraçou, Elyza sorriu por sua irmã está feliz - 

- Amo você Lyza - admitiu, Elyza abraçou sua irmã e depois voltaram a olhar para a janela enquanto chegavam ao local -

Quando chegaram, Jeffrey acompanhou as duas até a sala e prometeu voltar em uma hora para buscar as gêmeas. Elyza tomou seu lugar ao lado do instrumento e Clarke ficou sentada ao fundo da sala, sem paciência e com uma ideia na cabeça a garota saiu de sua cadeira e foi até Elyza.

- Lyza... - sussurrou Clarke chamando atenção da irmã, Elyza pediu licença para a amiga e se aproximou da irmã - 

- O que foi Clarkie? -

- Vamos embora - pediu e Elyza não falou nada porque não entendeu o que a irmã realmente queria com aquilo - Tem um parquinho aqui do lado, podemos ir para lá e ficar até Jeffrey voltar -

- Clarkie, eu não posso sair da aula, o professor vai já chegar, e vovó ficará chateada, eu não posso - Clarke voltou a cruzar os braços e Elyza girou os olhos -

- Pois eu vou -

- Não, é perigoso, você não pode ir sozinha - argumentou tentando manter sua voz baixa, ela se aproximou ainda mais da irmã -

- Você prefere passar o dia com os outros do que comigo, eu mal vejo você Lyza, eu quero minha irmã de volta - Clarke só tinha companhia da irmã nas férias de verão e em alguns poucos feriados especiais, e isso não era o bastante, Lyza era como sua outra metade no qual ela sentia constante falta -

- Quando a aula acabar eu peço o Jeffrey para nos levar ao parque, okay? - Elyza tentou contornar, mas tudo o que ganhou foi o mal comportamento da irmã. Clarke saiu da sala -

Elyza esperou dois segundos e sua irmã realmente não iria voltar, ela correu saiu de sua sala, havia muitas pessoas no corredor, mas no final dele ela conseguiu ver os cabelos loiros soltos pulando enquanto Clarke caminhava.

- CLARKE - gritou Elyza, mas a irmã continuou andando - CLARKE NÃO! CLARKE! - todas as pessoas que estavam ali olhavam para Elyza, menos Clarke, ela ouvia os gritos de sua irmã, mas a ignorava. - CLARKE POR FAVOR - ela viu a irmã saindo o local e isso a fez correr o mais rápido possível. A rua parecia agitada e ela viu Clarke correr para atravessar a pista, Elyza apressou seus passos e correu - CLARKE - ela não viu o carro, ela só viu a irmã e quando foi arremessada para longe ela já não sabia o que estava acontecendo. Clarke ao ver sua irmã caída longe de si a fez perder todos os movimentos, o homem responsável pelo o acidente saiu imediatamente do carro e correu para socorrer a garotinha. Clarke jamais iria esquecer aqueles gritos que antecederam o acidente -

~~~FLASHBACK OFF~~~

A rua ficou lotada de pessoas - Clarke continuou contando, as lágrimas desciam, o nó na garganta apertava, mas ela fazia de tudo para terminar sua história - Então a ambulância chegou e levou Lyza que estava cheia de sangue - Lexa parecia ver a dor estampada no rosto da namorada, de todas as teorias ela nunca pensou nisso - Então o professor dela seguiu na ambulância e me levou junto, chegando no hospital ele ligou para Vivian, que ligou para os meus pais... -

- Clarke, eu... eu sinto muito - a voz de Lexa era quase que inaudível, a loira apenas negou o comentário da namorada e continuou -

- Eu disse para os meus pais a verdade, falei que eu queria que Elyza fosse ao parque e quando ela negou eu fui sozinha, falei que ela me seguiu e quando atravessou a rua sofreu o acidente, eles de imediato disseram que não foi minha culpa, mamãe chorava tanto, tanto... - Clarke fechou os olhos e lembrou da exata cena, apesar do tempo, aquele dia singular era o mais vívido em sua cabeça - Vivian por outro lado começou a gritar comigo na frente de todo o hospital, dizendo que tudo era minha culpa, se eu não tivesse acompanhado Elyza ela não estaria sendo operada naquele momento, e eu sabia, eu tinha consciência de que tudo era minha culpa -

- Não Clarke, não, isso foi uma fatalidade, você não poderia prever isso - Clarke continuava a ignorar Lexa -

- Então dois médicos vieram falar com os adultos, eu não ouvi as exatas palavras, mas quando ele falou algo mamãe desmoronou ainda mais a chorar e a abraçar papai que se segurava ao máximo para ser forte, Vivian olhou para mim com tanto desprezo... e em um surto ela acabou desmaiando. Papai soltou mamãe e se aproximou de mim, ele me abraçou forte e disse que Lyza sempre estaria conosco, depois disso eu entendi que ela já não estava mais ali, eu lembro de olhar para o meu pai e depois tudo ficar escuro. Quando eu acordei eu não lembrava de nada, a única lembrança que eu tinha era daquele dia inteiro do acidente, eu reconhecia meus pais pela aquela lembrança, mas não pelos os dez anos que passei com eles, papai disse que depois de me contar tudo eu desmaiei, até hoje os médicos não sabem exatamente o que aconteceu comigo para ter perdido as memorias, a resposta deles eram o trauma da perda -

- Meu Deus... -

- Aos poucos eu comecei a me sentir mais confortável com os outros da minha família, era como se apesar de não lembrar eu conseguia sentir que de alguma forma compartilhávamos algum laço, foi assim com Octavia, Kane... No começo foi difícil, eu sonhava e pensava vinte e quatro horas por dia no acidente e na minha culpa, mas eu vi que isso estava acabando ainda mais com meus pais, eles estavam sentindo a dor da perda de Elyza e a minha loucura, então eu disse que estava tudo bem e que estava melhor, mas eu chorava todos os dias antes de dormir, silenciosamente sobre o meu travesseiro, pedindo desculpas por ter causado a morte da minha irmã -

Lexa abraçou sua namorada, suas mãos seguravam as costas da loira, ela tentava passar através de sua pequena ação um conforto maior para sua namorada, ela entendia a dor de Clarke, ela finalmente pôde entender o motivo de tanta dor através do sorriso da loira, Lexa entendia e dessa vez ela não iria se sentir inútil, ela iria fazer algo sobre isso.

- Um dos psicólogos me falou que eu precisava trabalhar minhas lembranças, que se eu lembrasse de todos os momentos bons que tive com Elyza, eu iria me sentir menos culpada, eu iria ver que os momentos felizes eram maiores e mais importantes do que a fatalidade que ocorreu - disse ainda presa ao abraço de Lexa, a publicitária levantou o rosto de Clarke e o segurou, ela queria olhar bem para a namorada -

- A morte deixa uma dor que ninguém consegue sarar, mas o amor deixa as lembranças que ninguém pode roubar - as palavras de Lexa levaram Clarke imediatamente para um momento em sua vida, ela conhecia aquelas palavras, ela uma vez se acostumou a dizê-las - Minha mãe me falou isso quando minha avó faleceu, eu era muito apegada a ela, minha mãe disse que as lembranças boas fariam a dor diminuir um pouco - 

- Desculpa por isso tudo, eu não queria que você me visse nessa situação, eu só - Lexa colidiu seus lábios com os de Clarke, o gosto salgado das lágrimas em seus lábios, misturado com alguma bebida alcoólica que Lexa não conseguiu identificar qual, mas estava ali nos lábios da loira. Lexa soltou os lábios da garota e beijou os olhos da mesma, depois a testa -

- Você não tem o por que se desculpar, eu falei sério quando disse que estaria aqui por você para o que precisar. Eu não posso imaginar a dor que você deve carregar por causa disso, ou a frustração de não conseguir lembrar dos momentos com sua irmã - Clarke se sentia surpresa por estar se sentindo um pouco mais leve, era como se Lexa tivesse tirado alguns pesos de seu ombro - Clarke, isso não foi sua culpa, nada disso foi, eu entendo que você se culpe por isso, mas não foi. Eu poderia ter morrido nessa viagem, e isso não faria da minha mãe culpada por ela ter me dado essa missão, tem muitas coisas nesse mundo que não entendemos, mas que precisamos aceitar... A culpa não foi sua por ter ido embora, a culpa não foi da sua irmã por ter seguido você, a culpa não foi do motorista por não ter conseguido frear o carro a tempo mesmo o sinal estando aberto, o que aconteceu foi a vida... algumas coisas simplesmente têm que acontecer independente se serão boas ou não, e temos que encontrar uma forma de seguir com isso -

- Eu estou melhor sabe? Principalmente quando você está por perto, não sei por que me sinto assim, mas você de alguma forma me mostra o lado bom da minha vida - Lexa suspirou de amor e levou sua mão para ligar o chuveiro novamente, a água caiu diretamente sobre Clarke que não entendeu o motivo -

- Nós duas precisamos de um banho, depois disso vamos estabelecer que será diferente, que vamos aprender a trabalhar todas as nossas inseguranças e medo, porque eu preciso de você Clarke e juntas eu sei que podemos diminuir a dor uma da outra - dessa vez foi Clarke que agiu e beijou a namorada, a água que caia sobre elas não incomodava, Clarke levou sua mão a blusa de Lexa e a ajudou a tirar, elas precisavam daquele momento juntas –

**

Lexa estava deitada no seu lado da cama, Clarke havia adormecido há algum tempo e Lexa relembrava das palavras de angustia da namorada, ela entendia o quanto era importante para Clarke conseguir lembrar do que tivera com a irmã, ela sabia que era necessário para a dor diminuir. Ver Clarke tão vulnerável daquela forma deixou a publicitária com uma ideia na cabeça, Lexa passou sua mão sobre o rosto da loira e sorriu acreditando fielmente que Clarke deveria ser algum anjo que precisava de cuidados, ela se aproximou ainda mais e juntou seus lábios com os da namorada em um curto selinho, sua mão delicadamente tirou um fio de cabelo do rosto da loira, um suspiro saiu de Lexa.

Lexa se perguntou se aquela poderia ser sua definição de amor, Clarke Griffin.

- Eu vou concertar você Clarke, eu prometo - sussurrou com a promessa. Ainda deitada diante da namorada ela continuou a olhar para a loira - Se cuida, por favor - ela plantou um beijo na testa da garota e levantou da cama, sua mochila estava feita, o bilhete que escrevera há pouco tempo ficou no lado de Lexa da cama -

Lexa olhou mais uma vez para a namorada e suspirou, murmurou um "eu te amo" e saiu do quarto sem fazer um barulho sequer. Ela precisava ir, e sabia se contasse para Clarke a loira jamais iria concordar, então resolveu fugir, ela só esperava que Clarke entendesse e não surtasse quando acordasse e não a visse ali.

HORAS DEPOIS 

- Hum... - Clarke se espreguiçou e sua mão foi para o lado, ela não tinha ideia que dormira por horas. Sua mão procurou por algo, mas ao invés de encostar no corpo da namorada, encostou em um imenso vazio. Clarke imediatamente abriu os olhos e enxergou um papel e logo reconheceu a grafia da namorada - Não Lexa, não - disse antes de começar a ler, seu coração batia tão rápido, mas ela pouco se importava -

"Por favor, não surte. Eu tive que ir, mas não para fugir de você, meu amor. Eu tive que ir para ajudar você, e eu sei que vou conseguir fazer isso, eu sei que se tivesse falado para você, você teria me impedido de ir, mas eu não posso ficar de braços cruzados quando sei que posso fazer algo. Por favor, se cuida e me espera, eu não vou demorar... Amo você, sempre"

- Lexa... o que você fez? - se perguntou fechando os olhos tentando imaginar onde a garota poderia ter ido, mesmo sabendo que Clarke não concordaria. Foi então que uma ideia palpitou na cabeça da loira e a fez abrir os olhos - Ah não... -

**

- Para onde senhorita? - perguntou o taxista. Lexa finalmente conseguiu chegar na cidade que queria, agradeceu aos voos direto de volta para os Estados Unidos -

- Maine, por favor - Lexa estava voltando para Storybrooke, ela teria que tentar sua sorte, se aquele pessoal realmente possuísse magia por mais louco que pudesse parecer, ela iria pedir ajuda, não importa o que fosse lhe custa. Ela iria ajudar Clarke e não iria falhar – É para você Clarke, eu vou fazer isso para você – disse para si –


Notas Finais


Bjors


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