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História Bulletproof Wings - Você será para sempre o meu remédio


Escrita por: Jessica_Sanz

Notas do Autor


Prontos pra mais uma?

Capítulo 13 - Você será para sempre o meu remédio


Fanfic / Fanfiction Bulletproof Wings - Você será para sempre o meu remédio

Taehyung estava começando a ficar muito aflito, pois Hoseok estava cada vez mais estranho. O mais novo tinha alertado, ainda no primeiro dia de velório, sobre o que a falta de cuidados poderia causar. Tinha esperanças de que Hoseok tivesse ouvido, mas estava com mau pressentimento, e com razão. Hoseok não conseguia tirar da cabeça a ideia de que a morte de Jimin era sua culpa. Os médicos haviam declarado que a causa da morte fora hipotermia. Mesmo que estivesse muito frio em Seoul naquele dia, uma hipotermia só poderia ter sido causada por horas de banho, sendo algumas dessas horas já em estágio avançado e sendo possível perceber o que estava acontecendo. Se Hoseok tivesse acordado, poderia ter evitado aquilo. Poderia ter visto, tirado-o de lá, chamado ajuda. Talvez Jimin estivesse vivo. Ele sentia que deveria tomar mais remédios para manter-se acordado, já que aqueles que tomava não pareciam estar ajudando tanto. Os meninos não tinham culpa; a demora a chegar em casa não havia sido apenas pela burocracia e pela insistência de PD-nim, mas também porque eles tinham ido atrás de novos empregos para sustentá-los naquela casa. O dono do posto aceitara Namjoon de volta, e ainda perguntara pelo outro amigo, que exercia muito bem a função de limpar os carros. Namjoon teve que dizer que não era mais possível. Taehyung também recuperara seu emprego na loja, mas Yoongi não tivera a mesma sorte. Procurara, portanto, um novo emprego. Dias depois, com o fim do velório, havia sido chamado para trabalhar como recepcionista em um motel. Jungkook e Hoseok ainda não tinham encontrado emprego: o evento para o qual Jungkook estivera panfletando já havia ocorrido e o dono não tinha outro serviço para ele; Hoseok não tinha coragem de voltar ao restaurante, não sem Jimin, então foi atrás de outras oportunidades.

Já havia se passado uma semana desde o velório de Jimin quando aconteceu, naquela tarde, o evento que deu início a uma nova temporada de preocupação. Taehyung e Yoongi estavam trabalhando. Namjoon estava tentando fazer alguma coisa pela casa, já que trabalhava de noite e de madrugada. Jungkook tinha se cansado de procurar empregos na internet e nos jornais, e estava aproveitando a televisão. Hoseok tinha conseguido uma entrevista de emprego, à qual tinha ido sozinho, conforme desejava, apesar de Namjoon ter insistido para que aceitasse sua carona; Hoseok queria fazer suas coisas sozinho, mostrar que estava melhor.

Namjoon estava tentando dar um jeito no quarto quando seu celular tocou. Era Hoseok. Ele atendeu, mas a voz era desconhecida.

— Senhor Namjoon?

— Sim, quem tá falando?

— Sou o Dr. Oh Sehun. — Ao ouvir “doutor”, Namjoon começou a ficar extremamente nervoso, temendo o que aquilo significava. Parou o que estava fazendo. — O senhor conhece o dono desse celular?

— Sim, é meu amigo.

— Pode me informar o nome dele?

— Por quê? O que aconteceu com ele?

— Seu amigo ficou inconsciente por algum tempo, senhor Namjoon. Chegou há pouco no hospital.

— Qual hospital?

— SNUH. O senhor pode vir?

— Posso, — disse Namjoon, já indo para a sala — posso sim.

— Aguardarei o senhor, e darei todas as explicações. Mas fique tranquilo, seu amigo está bem. Preciso do nome dele, e de outras informações.

— Jung Hoseok.

— Ele tem alguma doença?
— Narcolepsia.

— Faz uso de medicamentos?

— Sim — Namjoon correu ao banheiro. Abriu o armário, tombando algumas coisas como de costume, e pegou o frasco que continha os remédios de Hoseok. Leu para o médico a composição e informou a frequência. Dr. Sehun fez outras poucas perguntas antes de desligar, muitas das quais Namjoon não sabia a resposta.

Namjoon desligou o telefone na sala. Jungkook já estava de ouvidos atentos.

— O que aconteceu com Hopi?

— Desmaiou. Está no SNUH. Vamos.

Jungkook rapidamente desligou a televisão e foi para o carro. Namjoon dirigiu em alta velocidade até o SNUH.

— Kookie, liga pros meninos e avisa. Não deixa eles preocupados, o médico disse que ele está bem.

Namjoon não conseguia acreditar nas próprias palavras, mas Jungkook conseguiu. Obedeceu o mais velho, cumprindo sua missão de passar a notícia com calma.


 

Namjoon e Jungkook foram diretamente ao balcão. Informaram o nome de Hoseok, e o Dr. Sehun não demorou a aparecer. Eles se cumprimentaram energicamente e Jungkook foi apresentado. Dr. Sehun explicou com calma e clareza o que havia acontecido.

— Hoseok teve uma crise enquanto andava em uma ponte. Algumas pessoas que passavam chamaram a ambulância, mas ele não demorou muito a abrir os olhos. Já estava acordado quando os paramédicos chegaram, mas não conseguia responder perguntas, e não disse nada. Isso é normal, pois ele bateu a cabeça, na queda, então é comum que ele esteja confuso e temporariamente sem memória. O ferimento já está sendo tratado, e ele está no soro. Vai levar um tempinho para ele se recuperar, mas em breve poderão vê-lo.

 

Os dois ficaram sentados na sala de espera por muito tempo, até que Jungkook notou Taehyung entrando no local, parecendo bastante aflito. O maknae cutucou Namjoon e apontou para ele. Os dois fizeram sinal para que ele os notasse e se levantaram.

— E aí? — perguntou Taehyung, deixando transparecer seu nervosismo mesmo no tom de voz que o hospital pedia.

— Ele está bem — informou Jungkook, com calma. Nem parecia ser o mais novo. — Estamos esperando que ele se recupere para que possamos visitá-lo.

— Não acredito que conseguiu sair mais cedo — comentou Namjoon.

— Eu liguei pro Baekhyun… Acho que ele percebeu meu desespero, porque chegou muito antes do horário.

— Que bom — comentou Jungkook.

— Mais um amigo? — perguntou Dr. Sehun, que chegou de repente.

— Sim — disse Taehyung.

— Seu nome é Taehyung ou Yoongi? — perguntou Dr. Sehun, sem dar chances para apresentações. Taehyung hesitou por um tempo.

— Taehyung — respondeu. — Como sabe?

— Hoseok falou de vocês — explicou o médico,  com um sorriso. — Ele está esperando. Vamos?

 

Sehun levou os meninos pelos corredores. Taehyung teve coragem de perguntar.

— Ele falou do Jimin?

— Sim. Mas disse que ele não pode vir.

— Ele faleceu — explicou Jungkook, com pesar. — Semana passada.

— Eu sinto muito — disse Sehun. — Acham que isso pode estar interferindo na saúde de Hoseok?

Os meninos se entreolharam.

— Sim — respondeu Taehyung, sem hesitar.

— Entendi. É aqui. Meninos, antes de entrarmos… Lembrem-se que Hoseok acabou de sofrer um acidente. Ele ainda não está 100%. Está… um pouco atordoado, ainda, mas conseguirá conversar com vocês.  Estão prontos?

— Sim — disse Namjoon, depois de uma olhada nos mais novos. Sehun acenou com a cabeça, satisfeito. Abriu uma fresta na porta. Os meninos conseguiram ouvir sua voz abafada.

— Hoseok? Alguém veio te ver.

Sehun entrou no quarto abrindo a porta completamente, como um convite aos meninos. Eles entraram, e encontraram um quarto claro, porém precário. No canto direito havia uma cama simples de hospital, onde Hoseok estava deitado. Ele usava a mesma roupa com a qual tinha saído de casa, mas o casaco estava em uma cadeira no canto. O lençol branco o cobria até a cintura. O lado direito da cabeça tinha um curativo, semelhante ao que havia na mão. Deste, saia o tubo que levava soro de um recipiente preso no alto de um suporte de metal até a veia de Hoseok. Ao lado da cama, havia uma mesinha auxiliar sendo organizada por uma enfermeira.

Assim que viu os meninos, Hoseok abriu um sorriso radiante que conseguiu diminuir o aspecto abatido de sua expressão. Os três meninos abriram sorrisos afetados. Ver Hoseok bem era muito bom, mas como o próprio Sehun dissera, ele não estava 100%. Os meninos se aproximaram com seus sorrisos, embora ver Hoseok daquele jeito doesse.

— E então, Hoseok-ssi, o que você aprontou? — perguntou Namjoon, sem seu costumeiro tom de liderança e autoridade. Sua voz era especialmente mansa.

— Só queria fazer algo sozinho. Me sentir livre… Mas eu não sou. Onde está Yoongi Hyung? — perguntou Hoseok, antes que aquele assunto se tornasse desconfortável.

— Trabalhando — informou Jungkook, com seu sorriso juvenil. — Ele ainda não conseguiu sair pra te ver, mas o Tae Hyung deu um jeito.

O sorriso de Taehyung abriu-se mais um pouco. Ele segurou a mão de Hoseok com cuidado.

— Como você está, hyung?

— Estou voltando ao normal, Tae. Mas eu não queria estar…

— Não diga uma coisa dessas — disse Namjoon, mais como um pedido do que como uma ordem.

— Namjoon… Eu fiquei um tempo sem memória. Lembrei de cada um aos poucos — os olhos de Hoseok marejaram. — Primeiro, lembrei deles, e só depois lembrei o que aconteceu. Mas eu preferia não ter lembrado.

— Nenhum de nós queria ter essa memória — disse Taehyung, levemente abalado. — Mas temos que conviver com isso.

— Ah, Tae… Me desculpa. Eu sei que você quer me ver bem mas… Eu nunca vou estar bem. Eu sou uma pessoa doente. E eu… Não posso ignorar o fato de que eles não estão mais com a gente.

— Eles não estão, hyung, mas não significa que você tem que partir — disse Taehyung, segurando as lágrimas. Apertou a mão dele mais forte. — Você tem que ser forte por nós.

Hoseok não disse nada. Jungkook mantinha os lábios pressionados. Queria que aquela conversa acabasse. Aquilo não podia ficar daquele jeito.

— Ah, parem com isso, hyungs — disse ele, passando os dedos ao redor dos olhos para enxugar as lágrimas não escorridas. — Isso não combina com a gente. Eles não iriam querer que ficássemos desse jeito. Vamos… Vamos cantar uma música, que tal?

— Cantar? — perguntou Namjoon, incrédulo. Aquilo não fazia sentido desde que Jin havia partido. Mas ele percebeu que Jungkook tinha razão. — Tá, mas o quê?

— Hoseok escolhe.

 

Mais tarde, Yoongi chegou enquanto cantavam. Pouco depois, Hoseok se sentou na cama para responder algumas perguntas que Dr. Sehun queria fazer. Sua última pergunta foi sobre a narcolepsia, e Hoseok contou, enquanto lágrimas lhe escorriam sutilmente pelo rosto, que ele a adquiriu depois da morte de sua mãe.

— Ela me entregava chocolate todas as noites, mesmo quando eu achava que não tinha me comportado bem. O sono sempre foi associado a ela, por isso. Quando ela se foi, a doença apareceu, e eu comecei a tomar os remédios.

Hoseok enxugou as lágrimas enquanto Dr. Sehun anotava tudo. Era possível notar que os olhos dele queriam se fechar, ao lembrar de sua mãe.

— Descanse — pediu Yoongi, conduzindo-o pelos ombros a se deitar. — Está tudo bem, Hoseok.

O paciente fechou os olhos devagar, adormecendo rapidamente.

Namjoon logo teve que deixar o hospital para trabalhar, e decidiu levar os mais novos juntos. O horário de visitas estava para acabar, e apenas um acompanhante era permitido durante a noite. Eles acharam prudente que fosse Yoongi.

 

Hoseok abriu os olhos. Estava claro como se fosse dia. De pé, ao lado da cama, estava Jimin, segurando um travesseiro. Hoseok ergueu-se, sentando na cama com uma disposição que não tinha havia muito tempo. Apoderando-se de seu próprio travesseiro, desferiu um golpe. Jimin virou o rosto com aquela pancada macia que era sinônimo de diversão, e de sorriso. As penas voaram e ele as apreciou enquanto caiam como chuva. Com seu travesseiro, desferiu um golpe no ar. Ele não podia ver Hoseok naquela segunda maca em seu quarto branco, mas sabia que ele estava ali. “Ah, hyung”, ele pensou. “Se você soubesse”...

Hoseok abriu os olhos. Estava escuro. A pouca luz vinha da janela, com a luz da rua, e da fresta sob a porta. Os meninos tinham saído, mas ele viu Yoongi dormindo na cadeira. Queria ter se despedido dos meninos, mas o sono não deixara. Mais uma vez, ele se questionou sobre seus remédios, e decidiu tomar mais, para que pudesse aproveitar o dia seguinte.

Havia alguns em seu casaco. Ele se moveu silenciosamente para alcançá-lo sem acordar Yoongi. Tomou vários, vários comprimidos a seco, enquanto Jimin sentia cada um deles descendo por sua garganta. Finalmente, Hoseok voltou para a cama, com a certeza de que o dia seguinte seria melhor.

Ele acordou muito cedo, antes de Yoongi, e sentou na cama.

Pensou em acordá-lo, mas não teve tempo.


Notas Finais


Cada vez que um cai, fica mais difícil para os que restam permanecerem de pé.


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