História Bus stop - Sebelas

“As luzes da cidade já não me encantam, me cegam.”
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Sentei-me na beirada da cama e comecei a encarar aquela merda do despertador. Eu sempre tenho que ir a escola é? Eu posso faltar ainda, porra, minhas provas nem começaram ainda, tenho tempo de sobra. Mas que merda!  Todos os meus colegas estão faltando hoje para emendar o feriado de amanhã e eu, o único trouxa, idiota, babaca e imbecil indo para a escola! 

  A única coisa boa é que o Taehyung também vai ir para a escola comigo, isso é bom, pelo menos não irei ficar sozinho nas atividades grupais e nem no intervalo. Gosto de não ficar sozinho e ser chamado de emo gótico das trevas. Mentira, eu não sou chamado assim, sou chamado de: Quem é aquele?

Uma vida triste para uma pessoa mais ainda.

  Me levantei da cama e fui me arrastando até o banheiro, me apoiei na enorme pia de mármore e me encarei no espelho. Meus olhos estavam pesados, claro, eu acabei de acordar. A única coisa de diferente no meu visual é a cor do meu cabelo, já que ontem o maravilhoso Taehyung teve a "genial" ideia de pintar o meu cabelo, já que na cabeça dele: Seu crush vai te notar, porra! Palavras de Taehyung. E também, eu to cagando para esse Jimin ai, eu preciso passar de ano e não vai ser ele que irá me ajudar.

  Abaixei meu rosto e abri a torneira, enchi minha mão com água e lavei meu rosto. Fechei a torneira e enxuguei meu rosto com a toalha que estava o lado do espelho. É, eu ainda vou ter que me acostumar em ter o cabelo em um tom castanho claro, estava quase puxado pro loiro, quase. O Taehyung vai ver o que eu vou fazer com o cabelo dele, a se vai.
 
  Voltei para o meu quarto e peguei a minha bolsa - ainda bem que eu fui dormir com o uniforme já - para poder ir - contra minha vontade - para aquela praga de escola. Hoje tem aula de geometria, eu to puto com aquela maldita professora. Onde já se viu eu tirar 5.0 naquela maldita prova? Onde? Onde? NUNCA! Eu nunca tirei essa nota nessa matéria, ah mano, vá se lascar!

  Coloquei a mochila em meu ombro e logo caiu um papelzinho de cima dela, me agachei e peguei. 

Advinha o que era?

Aquela maldita prova - exercício avaliativo - de geometria e um bilhete de alguns meses atrás avisando sobre algum feriado que ocupou três dias da semana.

  Comecei a ler a A.V - atividade avaliativa - para provar a professora que ela que errou na hora de corrigir a prova.

•Bus Stop•

  Okay, okay, okay. Eu tenho que ser nobre e admitir a minha fracassada derrota para aquela maldita professora com a voz fina que dói meus tímpanos.

  Parei no meio dos dois cruzamentos novamente e olhei para o lado, tem um exército vindo, meu Deus! Parece que todos as pessoas resolveram passar por este bairro logo neste dia, que povo doido. Agora eu vou ter que esperar o sinal ficar verde, ai que beleza. 

  Quando o sinal ficou verde eu corri até a calçada, essa porra fica no verde por cinco segundos só, ninguém merece isso!

Chega de eufemismo, Jungkook. Chega! 

  Ajeitei minha mochila nas costas e voltei a encarar aquela maldita atividade avaliativa de geometria em minhas mãos. Eu não preciso saber qual a congruência entre duas razões ou quantos extremos e meios tem uma proporção, porra, não vou usar isso para a minha vida, eu não vou usar quase nada que eu aprendo na escola em minha vida profissional. A única coisa que eu irei precisar é matemática - básico -, química/ física, coreano e a minha memória. Medicina não precisa de história, geografia, inglês, educação física - bom, mais ou menos - ou informática. Essas coisas são totalmente desnecessárias!

  Bufei. Tô puto, de novo. Eu tenho cara que estuda para essa matéria? Tenho? Não, não tenho, porque eu realmente nunca estudei para geometria, isso é tão fácil quanto colocar a resposta de 2+2 ou de falar a tabuada do cinco ou do dez de cabeça. É fácil. Assim como geometria, acho que o meu erro nessa avaliação foi não a levar na seriedade.

  Ergui minimamente a minha cabeça e pude ver Jimin, como sempre, com as costas sendo apoiada no poste e com um garoto ao seu lado. Ele se parece muito com aquele crush do Taehyung, eu não lembro muito bem o nome dele, nem sei se o Tae chegou a falar para mim do nome, acho que ele não falou, já que ele estava conversando com aquele garoto no museu. Certo, se o Tae realmente me falou do nome dele, eu esqueci, ou não. Eu não quero saber o nome dele, não vai mudar em nada na minha vida mesmo. É só mais um crush qualquer na vida de meu melhor amigo, e talvez um namorado, mas não sei se irá passar disso.

  Voltando a minha realidade: Jimin e sei-lá-quem. Jimin estava com uma touca preta — eu queria que a minha escola liberassem os alunos para usarem toucas, no inverno aquela escola é uma porcaria — em sua cabeça e com um óculos de lente redonda, ela não facilita a minha visão de seus olhos, só se eu chegar bem perto dele, e isso é algo que eu não quero fazer. Não quero!

  Abaixei a cabeça novamente, voltando a olhar o papel que eu ainda tinha em mãos, Jimin está muito ocupado para me ver agora, e eu estou feliz com isso. Esse menino é muito chato e me mostrou ser egocêntrico. Não gosto de pessoas egocêntricas. Mesmo que algumas delas sejam maravilhosas, eu prefiro manter a distância.

  Passei pela frente deles ainda de cabeça baixa, meu cenho estava franzido e meu lábio tinha uma retorsão na esquerda, indicando que eu estava nervoso. E eu estou, estou muito nervoso mesmo, em um estado inexistente. Eu não desviei o meu olhar da folha em momento algum, mas fui obrigado a fazer isso quando eu acabei ouvindo alguém pronunciar meu nome.

- Jungkook?