História Bus stop - Tigabelas

 "Mesmo que você tenha boas intenções, está acabando comigo."
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  Ótimo, ótimo. Belezura. Docinho de abóbora.

  Fiquei sabendo que a nota que eu tirei na atividade avaliativa que eu tive ontem - 5 -, foi a maior nota da turma e, a nota máxima daquela avaliação. Eu estou bem feliz, estou tão feliz que eu poderia sair pulando e cantando no meio da rua. Mentira, eu estou apenas blefando, eu nunca faria uma coisas dessa publicamente. Eu, certamente, morreria de vergonha.

  Bom, pelo menos eu fiquei com nota máxima nessa avaliação. Eu estava mesmo precisando disso, sou uma negação em geografia. Não vou usar essa matéria na minha vida, de qualquer forma. Não preciso saber a distância entre um pais e outro para descobrir qual é a doença do paciente, ou muito menos saber o motivo da guerra do Golfo para curar a doença.

  Na oncologia usa-se apenas memória, cálculos e a língua coreana. Apenas essas três coisas. A escola podia se conformar com isso. Ela poderia dividir as três áreas de trabalho: humanas, exatas e biológicas. A escola ficaria muito melhor assim, eu seria considerado o melhor aluno dela, já que eu sempre tiro as melhores notas em humanas - exceto geografia, eu realmente sou uma negação nisto. Se bem que... eu também usaria o cálculo, e o Taehyung seria de outra área. É melhor eu deixar esse sonho impossível de lado.

  Ou não, quem sabe num futuro distante as escolas aceitam esse meu novo método de estudo. Eu posso me tornar famoso. Essa foi a minha mente me iludindo, já estou acostumado em ser um Zé ninguém, de qualquer forma. 

  Se me derem licença, eu irei chorar ali no meu quarto enquanto ouço Adele - Hello - e Lana Del Rey - Born to die.

•Bus Stop•

  Por que mesmo eu aceitei o convite do Hoseok? Ah, por causa do Taehyung. Verdade. Ele iria me fazer ir mesmo se eu não quisesse. Eu não estou a fim de ver a cara do Troglodita do Jimin. Menino chato da porra.

- Porra Tae, eu não vou colocar essa calça! - Cuzei os braços e lhe mandei um bico inconformado que havia se formado em meus lábios.

  Estávamos à meia hora tentando procurar uma roupa descente para sairmos, quer dizer, Taehyung estava à quase meia hora tentando escolher uma roupa descente para mim. Uma roupa para mim. Taehyung.

   Isso não vai dar certo; e não deu.

- Mas é só uma calça - indagou inconformado -, o que te custa colocar ela?

- Me custa ₩3000.000, se puder me pagar em dinheiro eu agradeço. - ele me olhou com tédio e jogou a calça, que ele estava segurando, na minha cara.

- Coloca logo essa bosta. - ele me deu as costas e voltou a fuçar meu armário.

  Me dei por vencido e aceitei a ideia de Taehyung em me fazer colocar aquele couro preto que fica colado em minhas pernas - mais precisamente em meu pênis. Eu odeio usar essas abominações por causa disso, aperta, aperta pra porra. E também dói para caralho. Se você ficar excitado então... você vai estar, literalmente, no inferno. É um cu quando a sua cueca, junto do 'tecido' da calça, colam no seu pênis, é uma dor que... senhor jesus, não consigo nem descrever como é. Só posso lhes dizer uma coisa meninas: ainda bem que vocês não tem um pênis. Sério, deve ser ótimo não ter um.

  Tirando a parte que, eu sempre ouço minha mãe reclamar, se eu fosse mulher eu teria que usar absorvente; teria que ficar sangrando pelas pernas por uma semana a cada mês. Isso parece ser estranho, imagina, tu ter que ver seu sangue saindo do meio de suas pernas - sem contar com o cheiro de sangue. Eu não aguentaria ser mulher não. Eu já acho meu sangue nojento quando eu ralo o joelho, imagina ter que aguentar isso saindo de meu corpinho? Num dá!

  Minha mãe também reclama daquela maldita calça embalada a vácuo. Isso mesmo, meus caros, a legging. Ela diz que é horrível andar com uma legging quando ela fica entrando na sua zona de perigo. Minha mãe reclama que ela tem que andar igual uma minhoca para poder ajeitar a calcinha juntamente da legging.

  Eu poderia dizer que a minha mãe é um exemplo de pessoa, mas, eu não consigo contar quantas vezes eu passei vergonha com ela por causa dessas calças apertadas. A última vez que isso aconteceu foi semana passada, quando estávamos no shopping: minha mãe estava reclamando que a calça estava apertando lugares que não deveria ser incomodados naquela hora. Então eu como um bom filho que sou, a ignorei e fingi que não conhecia. O que, certamente, foi uma ideia estúpida da minha parte. 

  Sabe aquele ditado: "Mães não sentem vergonha"? Então, ele é real.

  Minha mãe começou a berrar comigo no meio da praça de alimentação, ficou me xingando e falando um monte por eu ter ignorado-a, mas, qual é? Mesmo se meu pai estivesse aqui ele iria ignorá-la também. Não queremos que saibam que nossa família é estranha. Eu estou bem sendo o estranho na escola apenas, isso já basta para a minha não-vida-social e para a minha vida sem amigos.

   De qualquer forma, minha mãe apenas colocou a mão na bunda - na parte que estava marcando a calcinha - e puxou o tecido para longe, fazendo-o descolar dali. Então, com um sorriso dócil e o rosto calmo, minha mãe virou-se para mim e disse a seguinte frase "Se um dia você ficar com problemas na parte debaixo eu juro que soco meu salto alto ali e faço essa bosta se partir ao meio". Tenho que admitir: eu tranquei o cu.

  Ela ameaçou cortar meu pênis. Ela ameaçou meu pênis com uma porcaria de salto alto, quem faz isso hoje em dia?! Quer dizer, que mãe diz essas coisas para o seu filho? Eu poderia ficar com trauma psicológico.

- Jungkook, porra! Presta atenção em mim. Cu! - Parei de pensar e comecei a sentir uma dorzinha aguda na minha nuca assim que Taehyung me chamou a atenção.

- Precisava me agredir? - Levei minha mão para a nuca e fiz uma pequena massagem no local. Ele bateu forte, credo. Que agressivo.

- Eu estava te chamando faz quase dez minutos. - ele me jogou uma camiseta na cara -, coloca essa porcaria de roupa logo vai.

  Revirei os olhos mentalmente - pois, se eu fizesse isso na frente de Taehyung seria capaz dele jogar algo pontudo nos meus olhos e gritar "não revira os olhos para mim, moleque".- peguei as mudas de roupa que o Taehyung me entregou e entrei no banheiro. Eu não estou com a mínima vontade de trocar de roupa para sair com aqueles três. Primeiro: Eu vou ficar de vela; segundo: eu vou ficar de vela com o Jimin; terceiro: eu vou ficar perto do Jimin. Não que eu tenha vergonha de falar com ele ou estar perto dele, não, nada disso. Eu só não gosto muito de pessoas grossas e narcisistas. Jimin é as duas coisas que eu não gosto, então, automaticamente, eu também já não gosto dele.

  Quando ele era apenas o menino do ponto de ônibus ele parecia ser mais encantador, mais misterioso. Mas fazer o que né. O mal caráter estraga a beleza.

  Retirei as minhas vestes e respirei fundo quando comecei a colocar aquela maldita calça de couro preta e colada. Eu juro que teve uma parte que eu pensei que ela iria ficar presa em minhas coxas. Também teve uma outra parte na qual eu tive que puxar minha barriga para dentro, fazendo com que eu ficasse mais magro ainda e meu rosto adquirisse uma cor avermelhada, não por vergonha ou raiva, mas sim pela força que eu fazia para manter minha barriga desse jeito.

  Até que, finalmente, eu já estava pronto; quase pronto. Eu já estava com a calça de couro e uma blusa vermelho com preto-listrada. Eu estou me parecendo com um palhaço.

  Sai do banheiro e dei de cara com um Taehyung aflito.

- Quem morreu? - caminhei até meu guarda roupa e peguei meu tênis.

- Ham? Ninguém. Por quê? Alguém disse que alguém morreu para você? - Peguei minha meia e a coloquei, juntamente de meu tênis.

- É que você está andando de um lado pro outro. - Sentei-me na cama e fiquei o encarando; eu já estava pronto, na minha concepção.

- É que eu estou nervoso, o Hoseok vai estar lá! - ele parou por um segundo e me encarou - Como você não está nervoso?

- Não tem porque eu ficar. - Dei de ombros.

  E eu estava, inacreditavelmente, falando a verdade. Geralmente eu costumo ficar nervoso ao sair junto de alguém ou com um grupo de amigos, mas, dessa vez eu estava normal. Não tem um motivo em especial para eu ficar nervoso com essa saída em grupo. Eu não conheço Hoseok ou o Jimin, o que me faz ficar com um pé para trás. Eu não costumo confiar em quem não conheço, e também não costumo me importar com eles; deve ser por esses motivos que eu estou calmo.

  Se Jimin fosse alguém que eu considerasse legal eu até ficaria um pouco nervoso, mas ele tem essa merda de personalidade, então eu estou de boa.

- O Jimin vai estar lá, era para você estar, ao menos, um pouco nervoso. - Taehyung sentou-se ao meu lado.

- Por quê estaria? - o encarei novamente e ergui uma sobrancelha.

- Porque ele é seu crush (?) talvez, não sei. - Ri baixo.

- Ele até era interessante antes de falar comigo, mas o caráter dele é uma bosta - Revirei os olhos -, por isso que eu estou normal.

- Ele não parece ser tão ruim assim.

- Acredite, eu não consigo manter uma conversa legal com ele.

•Bus Stop•

  Estávamos saindo de casa agora; já eram oito horas da noite. Acho que estávamos um pouco atrasados, culpa de Taehyung. Ele me parou quando estávamos saindo para me maquiar - Por que diabos ele queria me maquiar?! - passar um perfume e me mandar colocar um casaco branco. 

  Ele disse que era para mim ficar estiloso, mas eu estou me parecendo com um cigarro gigante.

  Estávamos atravessando aquele grande cruzamento, Taehyung não parava de falar na minha orelha. Ele estava me irritando, só faltava mais um 'pi' dele para mim virar a mão no rosto dele e deixar a belíssima marca da minha mão no rosto dele. Ficaria uma ótima marca vermelha.

- Pelo amor de Deus, Taehyung, cala essa boca! - Disse pela décima vez nesse dia. 

  Ele ficava a cada minuto me perguntando coisas do tipo "eu estou bem?", "Minha roupa está legal, né?", "eu estou bonito?", "Será que o Hoseok vai me achar bonito?", "eu quero cancelar essa merda". Quando ele disse essa última frase, eu tive que concordar com ele. Eu quero mesmo sair dessa merda de avenida e voltar para a minha casa, para a minha cama, para debaixo das minhas cobertas quentinhas e macias.

- Olha eles lá! - Levantei minha cabeça e olhei para frente.

  Hoseok e Jimin estavam parados em frente ao poste; Jimin estava me encarando, e pelo que pude perceber, ele estava me encarando fazia algum tempo. Será que ele nos viu atravessando a rua? Porque, meu Deus, que mico. Eu quase cai no saco de lixo quando estava parando no meio do segundo cruzamento. Que vergonha.

  Como estava um pouco escuro, eu não consegui distinguir muito bem como era a roupa que Jimin estava usando, mas, parecia que ele conseguiu distinguir muito bem a roupa que eu estava usando, já que seus olhos estavam se movendo de Meus olhos até meus tornozelos. Ele, literalmente, me deu uma 'geral'.

  Chegamos em frente a eles e Jimin continuou a me secar, eu juro que estou quase entrando em pane. Isso é desconfortável.

- Nossa, como vocês demoraram. - reclamou Hoseok.

- Claro, alguém queria parecer bonito para v- recebi uma cotovelada na barriga, me impedindo de continuar a fala. Advinha quem foi que me bateu? Isso mesmo, o meu magnífico e bem feitor melhor amigo. Quanto amor ele tem no seu coraçãozinho.

- Oi Hoseok! - Taehyung sorriu para ele e se voltou para Jimin, olhei para ele também. Nossos olhares se encontraram. Porra, no que tanto ele olha? - Oi Jimin.

   Sem resposta. 

  Desviei meus olhos. Isso é vergonhoso, desde que eu cheguei - ou antes - ele não tirou os olhos de mim. Não sei se é por que eu estou maravilhosamente estranho nessa roupa, ou se tem alguma coisa enfurnada na minha cara e eu sou trouxa pensando que estava arrasando no traje de cigarro ambulante. Será que ele está me xingando mentalmente? Ai meu Deus, eu estou curioso. Agora seria uma boa hora para mim desenvolver a habilidade de ler mentes. Se bem que-

- Ei, Jimin, acorda cara, para de secar o Jungkook! - Hoseok lhe deu um tapa na nuca, fazendo com que ele voltasse para a realidade. - Está quase escorrendo a baba ai, seu estranho-nojento.

  Nesse momento aconteceu algo que eu jamais esperaria ver em toda a minha vida: Jimin estava vermelho. Vermelho mesmo, parecia um morango. Deve ser de raiva, não pode ser vergonha. É biologicamente, fisicamente, humanamente impossível de acontecer isso. Jimin me parece ser aquele tipo de pessoa que jamais sentiria vergonha em toda sua vida, que apenas faz com que os outros fiquem com vergonha de suas falas sutis.

  Olhei para Jimin, eu estava prendendo meus lábios com meus dentes para poder segurar a risada, pude sentir o canto direito de meu lábio se elevando, denunciando a minha vontade imensa de rir naquele momento. Mas eu acho que seja melhor eu me manter quieto. Jimin estava com seus lábios repuxados em um sorriso envergonhado, seus olhos estavam em Hoseok e sua mão esquerda acariciava sua nuca.

- Ei, Jimin - o chamei, ele virou-se abruptamente e me encarou. Ele se mantinha da mesma forma, vermelho e com o sorriso envergonhado estampando sua linda face. -, se você continuar vermelho assim, vai acabar explodindo.