História Bus stop - Dua puluh empat

“Essa vida é cheia de sofrimento quando a felicidade não funciona”.
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Jimin's point of view 

Dor. Era isso que eu sentia, era algo insuportável e eu nem ao menos conseguia me manifestar, de alguma forma minha garganta estava fechada e a única coisa que eu conseguia reproduzir, eram alguns ruídos sofridos. 

Minha consciência, aos poucos, voltava e, infelizmente, eu me lembrava de cada detalhe, aquela sensação horrível de ser atingido e ter sua vida passando como flexes diante de seus olhos te faz pensar se tudo o que você fez ao longo do tempo foi certo, o modo que você agia ou pensava, tudo isso circulava pela minha cabeça extremamente dolorida, fazendo-me reconhecer que eu estava recebendo de bom grado, mais uma chance. 

Imagina se eu estivesse morto, simplesmente me tornaria uma vaga lembrança na mente das pessoas e uma forte dor no coração de quem me ama, mas no final todos iriam seguir com suas vidas e eu seria lembrado algumas vezes, de um jeito que não me orgulho. 

Eu penso em todos aqueles ao meu redor que eu deixaria, desde minha mãe até Jungkook, isso é algo que não desejo no momento, e por conta disso, um alívio enorme preencheu meu peito assim que eu me forcei a abrir os olhos. 

De imediato meus olhos arderam como o inferno ao entrar em contato com uma claridade absurda, que ao meu ver, poderia ser capaz de me cegar. Foram precisos bons segundos para eu me acostumar com aquele céu braco que meus olhos capturaram, o local era totalmente branco e isso de alguma forma me deixava intrigado, eu havia morrido ou estava apenas em um hospital?

Com meu jeito totalmente impulsivo, tentei mover meu corpo, me arrependendo amargamente por tal ato idiota de minha parte. Meu corpo todo doía de uma forma inexplicável, era mil vezes pior de quando quebrei o braço ao cair do escorregador no primário, mas o lado positivo era que naquela época eu gostava de enfeitar meu gesso. 

Movi apenas meus olhos tentando enxergar qualquer outra coisa que não fosse o branco incômodo daquele lugar, por hora eu pude ver um bolsa de soro que obviamente estava conectada em mim. Eu carregava um certo medo de agulhas, nunca comentei com ninguém apenas por não achar necessário, afinal ninguém iria querer saber disso. 

Enchi meus pulmões com o máximo de oxigênio que conseguia, e até nesse simples ato eu sentia uma dor irritante, de fato eu estava vivo, a morte não é dolorosa, eu creio. Me forcei a mover pelo menos um dedo do pé, e foi aí que senti uma dor insuportável na perda esquerda, eu podia jurar que meus olhos haviam lacrimejado, isso não teria acontecido se eu ficasse quieto.

— Jimin... – ouvi alguém resmungar baixo, era uma voz grossa e rouca que por breves segundos me causou arrepios. Meu pescoço parecia petrificado, qualquer movimento era feito com muito esforço e causava muita dor, mas mesmo assim eu me forcei a virar para o lado tendo a visão mais imprevisível de todas. 

Jungkook estava alí, era ele mesmo, com seus olhos fechados e visivelmente preso em um sono profundo que provavelmente me envolvia. Ele estava em uma posição não muito confortável na poltrona ao lado da cama que eu estava, eu não sei porque ele estava aqui, ao invés de algum amigo meu ou até mesmo minha mãe, esse menino não me suporta. 

Mas mesmo sentindo dor, eu me deixei admirar o quão lindo ele era, sua pele clara e macia eram tocadas por leves raios de sol que entravam por alguma janela alí, eu que não me mataria para virar e olhar. Seus lábios finos formavam um bico involuntário lhe dando uma feição infantil e adorável, ele era de fato maravilhoso, mas isso agora é irrelevante comparado ao estado em que eu me encontrava, suspirei fundo e forcei minha garganta para se "abrir". 

— Jung...kook... ─ chamei baixo e falho com uma imensa dificuldade, e o filho de uma dama nem para se mover, eu sei que meu tom de voz estava incrivelmente baixo, mas qual é, eu sinto como se fosse vomitar parafusos. — J-Jeon! ─ forcei mais uma vez, agora com mais precisão, o que resultou nele se mexendo e trocando o lado para por o peso do corpo. 

Maldição! O jeito é ficar aqui apenas vegetando enquanto espero ele acordar ou alguém entrar pela porta, suspirei derrotado voltando a encarar o teto perfeitamente branco, levantei minha mão lentamente na intenção de passar em meus cabelos por pura mania, mas parei no meio do ato assim que meu olhar se fixou em minha mão, a mesma estava horrivelmente machucada fazendo-me arregalar os olhos, se apenas minha mão estava assim, imagina o meu rosto. 

Oh não, meu rosto deve estar deformado, talvez por isso Jungkook está inconsciente, provavelmente foi um grande impacto quando viu meu estado horrendo. Abaixei a mão com brutalidade resultando em um gemido de dor e em seguida meus olhos marejados, todos os dias pessoas sofrem acidentes e muita das vezes não tem a mesma sorte que eu de sair vivo, mas mesmo assim, eu nunca imaginei que um dia isso iria acontecer comigo. 

Eu queria gritar para todo mundo ouvir que eu queria minha mãe, só seus carinhos poderiam ajudar meu estado, não o físico, mas sim o emocional, eu apenas quero ouvir que irei ficar bem, mesmo que seja para me confortar, só quero sair desse lugar e me livrar dessas marcas horríveis. Minhas lamentações internas foram interrompidas por um barulho ao meu lado, virei meu rosto encontrando Jeon se mexendo enquanto abria lentamente seus olhos e fazia uma engraçada expressão sofrida, talvez pelo mal jeito em que ele dormiu. Assim que seus olhos abriram, ele imediatamente desceu o olhar para mim parecendo acordar de um transe ao encontrar meus olhos lhe encarando sem expressão alguma, diferente dele que parecia surpreso e aliviado, Jungkook praticamente pulou de sua poltrona e veio em minha direção, de imediato eu estranhei seu ato, ainda mais quando sua mão foi colocada sobre minha bochecha. 

— Jimin? Como se sente? Consegue mover sua perna? Está respirando direito? ─ ele falava tão rápido que quase não pude racionar diante de tantos questionamentos, mas em meio a isso eu acabei sorrindo, mesmo com dor, eu sorri, porque ele estava preocupado comigo ao invés de estar comemorando o fato de que eu estava em uma cama de hospital. 

— Jungkook... Dói. ─ disse lentamente e com muito custo, suspirei cansado ainda encarava seus olhos negros e preocupados, imagino que ele estivesse preocupado com o fato de eu puxar seu pé de noite se tivesse morrido. 

Eu iria rir com meus próprios pensamentos se não estivesse nessa situação deplorável com Jungkook me encarando com uma preocupação sincera, ele pareceu entender o que eu disse, pois saiu rapidamente do quarto, talvez a procura de um médico. Suspirei encarando o teto enquanto esperava ele voltar, eu tinha um certo medo dele ter ido embora, mas no fundo sei que ele não faria isso comigo, pelo menos não nessa situação. 

Não demorou muito para Jungkook entrar no quarto junto a um homem que aparentava ser o médico, o mesmo se aproximou de mim observando todo meu corpo com seus olhos como se tentasse ver se meu estado era tão ruim, sua expressão não era tão boa, por isso sempre odiei hospitais e o jeito dos médicos, é tudo tão desgastante e cansativo, um simples suspiro de um médico pode abalar seu estado. 

Eu continuava imóvel enquanto o médico checava algo em mim e conversava com Jungkook que assentia a cada coisa dita, tudo havia acontecido tão rápido, uma hora eu estava tentando pegar um ônibus e agora estou deitado em uma cama de hospital sem conseguir me mover direito, era de fato frustrante. 

— Ahn... ─ comecei chamando a atenção dos dois para mim fazendo-me encolher minimamente com o pesar dos olhares carregados de preocupação. — Meu corpo dói muito... Minha perna. ─ fiz uma expressão de dor falando baixo mas de forma audível, afinal o ambiente era silencioso e eu não ainda não conseguia normalizar o tom de minha voz. 

— Você quebrou sua perna, e sua costela. ─ o médico disse dando uma rápida olhada em meu corpo e minha perna, para depois voltar a olhar em meus olhos confusos. — Mas não se preocupe.

— Minha mãe sabe? E Hoseok? 

— Ainda não avisei eles, queria esperar você acordar e falar com eles assim que tivesse certeza que você está bem. ─ Jungkook disse e eu apenas assenti, não podia fazer nada, talvez tenha sido melhor não ter avisado minha mãe agora, ela poderia ter um ataque e isso era a última coisa que eu queria. 

— Bom, de qualquer forma, eu preciso do responsável pelo Park, afinal, o mocinho não é maior de idade. ─ o médico disse com um sorriso em seu rosto, logo direcionando seu olhar para Jungkook. — Imagino que tenha pensado sobre aquilo que lhe disse, mas agora foque em cuidar dele do modo que precisa. 

Franzi meu cenho enquanto escutava o que eles diziam, era como se eu não estivesse alí escutando tudo, de fato isso me irritava, mas me permaneci calado. Esse médico não tinha tanto conhecimento assim, não teria motivos para Jungkook cuidar de mim, eu reconheço que ele dormiu comigo e ficou aqui, mas qual é, ele não vai com minha cara. 

— Vai demorar muito para eu sair daqui? ─ perguntei temendo a resposta, o que eu mais queria era sair desse lugar e ir para minha casa. 

— Não, creio que não. Logo você irá ficar bem, seu namorado vai cuidar muito bem de você. ─ o médico sorriu colocando uma mão sobre o ombro de Jungkook. — Fique tranquilo, a perna quebrada logo melhora e vocês poderão...

— Espera! ─ disse antes que ele terminasse o que iria dizer. — Que namorado? ─ questionei confuso, recebendo um olhar tão confuso quanto o meu do médico. 

— Oras, vocês dois são namorados. Você não pode ter perdido a memória. 

— Jungkook, meu namorado? ─ perguntei incrédulo com tudo aquilo, eu devo ter batido minha cabeça com muita força. 

— Sim, sou seu namorado. ─ Jungkook se pronunciou assim que eu iria falar mais alguma coisa. — Não se preocupe doutor, eu vou cuidar dele como o senhor disse. Obrigado por tudo. ─ e então ele se curvou. 

Eu continuava sem entender mais nada do que se passava comigo naquele momento, enquanto o médico me medicava, meus olhos encaravam Jungkook como se implorassem por uma resposta digna de toda essa confusão. Não demorou para o médico se retirar do quarto dizendo que depois voltaria para ver como eu estava, meus olhos ainda estavam presos em Jungkook que não falava absolutamente nada e mantinha seu olhar preso em minha mão machucada. 

Suspirei pela milésima vez naquele dia, se fosse em outra situação eu teria ficado eufórico com a notícia de que namoramos, mas estava tudo tão confuso que eu não sabia como reagir. Soltei o ar que eu nem ao menos percebi ter segurado, mordi o lábio inferior em puro nervosismo, Jungkook pareceu perceber minha inquietação e seus olhos foram de encontro com o meu, tão escuros e bonitos, eu poderia passar dias apenas o admirando. Me ajeitei na cama de forma lenta, já não sentia tanta dor como antes, mas ainda sim era presente. 

— Jungkook...─ chamei baixo prendendo sua atenção a mim. — Como assim, namorados!!!? ─ gritei.