— Sua filha? — Minha mãe perguntou o encarando indignada. — Nosso filho está no hospital e você nem liga para ele.
— Não começa Liz, pelo menos ela está me dando uma felicidade que eu nunca consegui nessa casa!
— Gente parem de brigar eu não aguento mais isso. — Falei levantando da mesa.
— Tudo bem filha, não terá esse problema hoje eu não volto mais. — meu pai falou se retirando da sala.
Já casei de brigas. Família, qual é o significado dessa palavra, para mim é algo vazio e triste. Meus pais se amavam tanto, quando eu era menor eu jurava que via amor neles, falava que queria ter um casamento como o deles, hoje vejo que o amor acabou, ou realmente nunca existiu amor entre eles, era só uma farsa.
Droga! Eu só queria ter uma família normal, sabe como aqueles de comercial, hoje vejo que nada é como meus sonhos de criança, quando a única ambição era esta ao lado dos meus pais, hoje eu só quero distância. Saudades do tempo em que ralar os joelhos era o mais perto da dor que eu podia chegar, mas hoje a dor vive dentro de mim e não pode ser curada com um simples curativo.
— Filha? — Minha mãe perguntou abrindo a porta do quarto lentamente. — Está dormindo?
— Oi Mãe, estou acordada, pode entrar.
— Posso dormir aqui com você?
— Claro dona Liz. — respondi com um sorriso de canto.
Ela deitou do meu lado, e me senti uma criança abraçado minha mãe, ela ficou passando o dedo entre meus cabelos como fazia antes. Me senti tão segura, uma pena que a adolescência chegou tão rápido e me tirou tudo que eu mais gostava, me fez descobrir que não havia fada do dente, nem mundo encantado, me fez descobrir que a vida é amarga e sem cor.
— Mãe, já dormiu?
— Sim.
— Deixa de ser boba mãe, como está dormindo se está me respondendo.
— Estou brincando. — Ela falou se virando para mim. — O que quer meu amor?
— Mãe você está chateada com meu pai?
— Como assim?
— Por ele ter engravidado outra mulher, por dar mais atenção a ele do que a você, por te tratar mal.
— Bem filha, eu estou muito confusa e chateada. Mas ele fez uma escolha, preferiu ajudar a outra mulher. Confesso que amo seu pai, mas ele me magoou muito.
— Então vocês vão se separar?
— Filha eu não sei, Mas talvez essa seja a única saída. Eu não queria que acabasse assim, mas acho que é o único jeito.
— Eu entendo mãe, também não queria que acabasse assim.
— Sei que não queria.
— Mãe?
— Fale.
— Te amo.
— Também te amo. — Ela falou se virando para o outro lado.
Eu estava realmente sem sono, tentei ler um livro, ver tv, mexer no celular, andei pela casa, tomei água, deitei de novo, mas nada do sono chegar olhei o relógio e ainda era 2:00 da manhã. Desci as escadas e fui até a janela da sala e vi as estrelas, fiquei pensando quantas pessoas tristes, apaixonadas, bêbadas, sóbrias e tantas outras já contemplaram esse mesmo brilho, umas pedindo socorro, outras loucas de amor, e eu aqui perdidinha sem saber o que fazer da minha vida. Estava em meus pensamentos quando ouvir o telefone tocar, quem será quem está ligando a essa hora?
— Oi.
— Oi Lara, eu não vou aguentar mais.
— Quem é?
— Sou eu, a Camilla.
— Camilla, tudo bem?
— Lara aconteceu de novo, eu juro que não queria, mas aconteceu.
— Amor, fica calma. Me explica o que aconteceu.
— Eu não vou aguentar Lara, aconteceu tudo de novo, eu não queria eu juro.
— Foi o Bill amor?
— Eu me sinto um lixo. Olha o que eu fiz com minha mãe, o que eu fiz com minha família, com você. Amor me desculpa eu não aguento mais estragar a vida de todo mundo.
— Camilla, para de falar isso.
— Eu sinto muito amor, eu te amo.
— Camilla? Camilla? Alô?
Ela desligou a droga do telefone, eu não sei o que fazer. Tentei ligar de volta, mas nada dela atender. Subi as escadas correndo, e acordei minha mãe.
— Mãe!
— Oi filha.
— Levanta rápido, me leva até a casa da Camilla, é urgente.
— Mas o que aconteceu?
— Ela me ligou falando umas coisas estanhas, dizendo que não aguentava mais. Eu não sei o que fazer.
— Calma filha, eu vou te levar lá. Fica calma.
— Tudo culpa daquele desgraçado do padastro dela.
— Bill?
— Sim é ele. Espera como sabe?
— Eu era psicóloga da Camilla.
— Mas como nunca me falou isso?
— É sigilo do trabalho mesmo que eu queira eu não posso falar. — ela disse enquanto pegava a chave do carro.
— Agora estou entendendo tudo, era por isso qie já se conheciam. — Falei enquanto entrava no carro.
— Você sabe onde ela mora?
— Eu acho que sim, já fui com ela buscar algumas roupa.
Eu estava nervosa, ligava para Camilla e nada dela me atender. Deixei caixa postau e nada. Chegamos na casa dela, a porta estava aberta então entramos, parecia não ter ninguém, subi diretamente ao seu quarto e vi ela lá, deitada na cama, tinha muitas cartela de remédios e uma garrafa de vodca. Eu, eu tentei a acordar mas ela não respodia.
— Mãe me ajuda, por favor!
— Filha o que foi, onde você está?
— Aqui em cima!
— Meu Deus filha, o que aconteceu?
— Mãe me ajuda, acho que ela tomou isso tudo, e ainda bebeu. — Falei colocando Camilla sobre meus braços e tentando a acordar. — Camilla, não me deixa não, eu te amo!
— Filha eu já chamei a ambulância, eles estão vindo. Fica calma.
— Como eu vou ficar calma mãe, eu não quero a perder.
— Eu sei que nã... Filha, o que é isso.
— Isso o que?
— Esse papel do seu lado?
— Esse papel? — Falei enquanto pegava o papel. — Parece uma carta.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.