História Buscarei vingança - Tudo começou em um fim

- Todos nós sabemos que a morte existe, e que ela virá para nos levar algum dia. Não sei o motivo, quem sabe por não sabermos o que há do outro lado, mas acho que mesmo sabendo que a morte existe não nos conformamos de certa forma com ela. Como se a morte fosse uma lenda, um conto que passa de orelha à orelha numa roda de crianças, e quando percebe-se que a lenda é verdadeira, entra-se em choque. Levamos a vida diariamente como se ela nunca tivesse um fim, e quando vemos alguém morrer, é como se de repente a morte estivesse ao nosso alcance, como se o nosso normal saísse do eixo. Eu não sei, não deveríamos nos assustar com algo que julgamos natural, mas de fato, no fundo, não o tratamos de modo como se fosse. Uma pessoa que viveu esses anos todos, está indo embora. Está morrendo. Essa pessoa não irá mais assistir TV antes de cair no sono. Essa pessoa não irá mais ao trabalho, ou à escola. Essa pessoa não irá mais acordar em sua cama, olhando o sol nascer pela janela, anunciando mais um dia. Essa pessoa não irá mais atravessar uma rua, ou cruzar-se com um conhecido nela, ou mesmo sentir novamente um calor de um abraço amigo. Essa pessoa não irá na padaria comprar pão ao fim da tarde. Essa pessoa morreu. Sim, olhando por esse lado, seria uma cena forte de se ver, triste, e sádica. Acho que por mais complexo que pareça ser esse pensamento, todos nós já nascemos com ele em mente. Essa pessoa morreu, e não irá mais fazer estas coisas. Por isso nos assustamos !!

Lágrimas caem sobre meu rosto. Estava no fim de um discurso fúnebre. Isso mesmo! Joseph Green ou melhor, meu pai. Ele foi assassinado e encontrado em uma casa abandonada. Quem? Como? Porque? Não sabemos. Os laudos da perícia ainda irão mostrar como foi a morte. Meu pai trabalhava para uma empresa particular, a Research Secret Crimes (RSC). Ou seja, ele era um policial investigador secreto ou como o chamamos agente 06, e por isso ele tinha muitos inimigos. Não me conformo e portanto a única coisa que quero é ir em busca de vingança.

- Juliet vamos para casa. O enterro já acabou, você deve estar cansada.

- Vamos mãe, chega por hoje.

Abraçamos os parentes, nos despedimos de todos. Afinal, só uma morte para reunir nossos familiares assim, talvez nem isso, todos são bem ocupados. Foram muitas frases ditas, "meus pesames", "sinto muito", "ele era uma pessoa boa"... Ditas por pessoas que não o conheciam, que não o via frequentemente, que nem se importavam  com ele.
Enfim, entrei no carro com minha mãe e fomos para casa. No caminho não conversamos, o que se prolongou em um  caminho demorado e silencioso.

- Chegamos.

- Mãe, você tem idéia de quem o matou?

- Juliet eu não sei, essas investigações eram secretas. Você sabe disso.

- É, mas você acha que meu pai tinha inimigos?

- Juliet, esse era o emprego dele. Eu sinto muito.

- Eu também sinto mãe, eu também sinto.

Choramos, choramos e choramos. Foi um dia triste e cansativo. Muitas ligações, muitas visitas, muitas lágrimas.
Eu e minha mãe estavamos extremamente exaustas. Minha mãe principalmente, havia trabalhado muito no dia anterior, pois ela é advogada, cujo nome é Emily Green.

- Vamos comer um sanduíche Ju?

- Vamos.

Fomos para a cozinha.

- Quer milho verde?

- Sim.

- Ok.

Peguei o suco na geladeira e servi nos copos.

- Mãe o que vamos fazer agora?

- Seguir em frente.

Sentamos e começamos a nos alimentar.

- Esquecer tudo?

- Talvez.

- Não pode ser assim, não deve.

Minha voz já estava alterada, eu não aceitava o fato de ter que esquecer tudo.

- Juliet você vai terminar o 2° semestre do ensino médio. Esse é seu último ano, você tem que aproveitar. E depois vai fazer uma boa faculdade e assim seguirá o rumo de sua vida.

- Como você diz para aproveitar? Meu pai acabou de morrer.

- Sei que não é momento certo para dizer tais palavras, mas você me perguntou. Sei também que está triste com a morte de seu pai, mas você tem que se conformar, seguir sua vida e saiba que a justiça vai ser feita, cedo ou tarde.

Minha mãe diz isso chorando. Foi como eu disse, um dia bem triste.

- Me desculpe mãe.

- Não precisa se desculpar. Você está triste, seu pai morreu.

- Preciso sim, me perdoe. Ele era seu marido e você também está triste.

Lágrimas e mais lágrimas.

- Eu te amo filha.

- Não se preocupe, a vingança será feita. E saiba que eu também te amo mãe.

Terminamos de nos alimentar. Assistimos alguns progamas na Tv. Fizemos nossas higienizações e fomos dormir um pouco mais cedo.