História Butterflies - Chapter Eleven - A Ruiva do Shopping

Eu ainda me sentia muito fraca depois de ter desmaiado e acordado no sofá na casa do Minhyun e Jisoo. A campainha tocou, eu sabia que era Jonghyun, e sentia um frio estranho na barriga, quis que fosse fome. Mas receio que seja outra coisa.

Ele abraçou-me. Abraçou-me e se não me sentisse tão vulnerável eu bateria tanto nele até ele nem lembrar do seu nome, mas isto seria impossível claro. Então apenas deixei que me abraçasse.

-Minki, eu estava preocupado! Está tudo bem? - afastou-se e olhou fixamente para mim, mesmo a distância sendo considerável não me sentia bem tão perto dele assim.

-Não te aproveites do meu momento de fraqueza para me assediar, Kim Jonghyun. - murmurei sentindo a cabeça latejar, só queria dormir- Agora que sabes que estou viva, a porta é ali e Minhyun agradece que saías.

-Aliás…- o antes proferido adentrou o cômodo com uma expressão mais séria que o costume- Posso falar contigo, Jonghyun?

Encarei-o como se tivesse um enorme ponto de interrogação na cara mas ele pareceu não perceber ou nem ligar, e foram ambos para a cozinha. Mas se pensam que eu iria ficar atrás nesta conversa, estão muito enganados.

Escondi-me perto da porta o suficiente para ouvir o Hwang falar. Referiu coisas como “Já fomos bons amigos no passado” e isso, e daí eu lembrei me que só havia conhecido o ser vivo mais irritante da Terra por ele ser amigo do Aron e do Baekho, os três “bad boys” estudantes de artes, devem achar que enganam alguém, especialmente o Kwak e o seu metro e meio.

-Minhyun…- Jonghyun suspirou, como se relembra se do passado fosse algo bonito de se pensar- As coisas já não são como antes. Aron ele está desconcertado.

-O quê?! - o loiro praticamente gritou fazendo me ficar ainda mais à toa. - Ele teve uma crise ou algo assim?

-Bem - fez uma pequena pausa já me deixando impaciente- Depois do dia em que ele bem, que ele te bateu lá na faculdade, ele anda um pouco cabisbaixo. Sim, tudo aquilo foi num surto de raiva e ciúmes, por causa da doença e tal… Mas quando ele caiu na realidade, Minhyun, foi a segunda vez que vi Aron chorar em todos estes anos que convivo com ele.

-Ele arrependeu-se?

-E se arrependeu-se. Falou numa promessa e que tinha sido um idiota em te magoar.

-Hum, sei… E posso saber qual foi a primeira vez que viste ele chorar?

Não gostei do rumo que a conversa levava, então decidi intervir. Atravessei a porta fazendo Hwang arregalar os olhos e segurar me pela cintura (eu estava sim, com dificuldades em andar) para que eu parasse no lugar, e puxou uma cadeira onde eu me sentei.

-Sentes te bem?

-Eu estou ótima, Min.- dei o meu melhor sorriso que não o convenceu.

-Almoço?

-Uhum, claro. - assenti afirmativamente

-Eu já estava de saída. Adeus Minhyun.- fez uma leve referência curvando-se de leve- Minki, promete me que ficarás bem?

-Tens a minha palavra, idiota.

Sorriu- Suficiente para mim, adeus.

-Tchau.

-Ah e, Minhyun- chamou maior que virou se para si- Foi quando ele acabou contigo. A pior dor dele é a tua, percebe isso.

E saiu. Preferi não comentar com o loiro vistos que ele também nada disse. Observei-o fazer o almoço enquanto telefonava para os meus pais e explicava tudo, insistindo que estava tudo bem agora, e que tinha o melhor amigo do mundo para cuidar de mim e, aceitaram eu ficar na casa dele.

-Vou às aulas quando acabar de almoçar, tudo bem para ti?- perguntou enquanto levava mais um garfada à boca

-Sim, claro.

-Promete que comes quando tiveres fome?- arqueou uma sobrancelha- E quando não tiveres também.

Ri- Claro, claro.

-Muito bem então.- levantou se da mesa, bagunçando levemente os meus cabelos- Fica bem, beautiful lady.- beijou a minha testa e pegou a mochila no quarto- Esqueci de dizer que o Joshua chega mais tarde que nós a casa, as aulas dele duram mais, por isso não o esperes antes de mim!

-Sim- afirmei- Tchau!

-Tchau!- e o barulho da porta se fechar.

∆

Nunca pensei que passar horas fechada numa casa que nem era minha pudesse ser tão tedioso. Precisava de fazer algo senão iria apodrecer sentada no sofá.

Peguei algum dinheiro de Minhyun emprestado (ele não iria dar falta dele) e sai, já me sentia consideravelmente melhor… Mas onde eu poderia ir? Nem carro eu tinha. Podia sempre ir até ao shopping de ónibus. E foi isso que eu fiz.

Nunca gostei muito de transportes públicos, mas com sorte aquele nem estava muito lotado àquela hora. Cheguei à paragem em frente ao shopping e saí, eram 15h30 mais ou menos, o próximo que passava ali e perto da casa do Hwang era às 17h, tinha tempo o suficiente. Pensei em que loja entraria primeiro, mas quando vi uns produtos de beleza e estética adentrei a loja sem nem piscar. Era tudo muito caro, mas não me impediu de comprar uma tinta de cabelo preta para obrigar Minhyun a ajudar-me. Tinha também maquiagem, mas eu não era miúda de usar esse tipo de coisas, apenas admiro. Sai então e entrei numa loja de roupa que gostava bastante, lembro-me que ia lá na China numa loja parecida…. Eu não compro roupa nova à quase um ano! Meu deus!

Não queria parecer a típica adolescente de comédia romântica americana, vistos que eu não era nem adolescente nem americana, mas pronto, eu estava a aproveitar faltar às aulas naquele dia. Nunca havia usado um vestido, e quase comprei um, mas ainda estamos no inverno, não sei se seria muito indicado. Mas aquela sweatshirt com gatinhos não me escapou!

O próximo destino apertou me o coração e fez-me pensar seriamente se entrava ou não… Era uma loja de lingerie feminina, e se estão a perguntar-se, não, eu não uso calcinha. Mas sabiam que existem box para mulher né?

Mordi o lábio inferior e entrei de cabeça baixa, vendo algumas pessoas encararem-me à medida que ia entrando. Eu ainda usava o uniforme escolar que mantia bem claro que eu era do sexo feminino, mas isso não impedia os outros de pensar em seja lá o que for dentro das suas cabeças…

Quando levantei a cabeça corei um pouco, porque havia lá peças muito… sensuais que eu nunca pensei em usar. Aliás, eu não tenho praticamente oque colocar dentro daqueles sutiãs vermelhos com renda preta, e receio que aquelas calcinhas sejam um pouco desconfortáveis devido ao meu… Vocês sabem.

-Posso ajudar?- dei um pulo e virei-me para trás, havia uma moça que aparentava ser mais velha que eu com cabelos cor de vinho e um batom da mesma cor- Procura por alguma coisa, menina?

-Ah, bem…- cocei a nuca envergonhada- N-não, eu ia já sair e-

-Não é preciso ter vergonha, eu compreendo.- sorriu tentando passar confiança- Se precisar de alguma ajuda, é só chamar. Eu não trabalho aqui para julgar as pessoas… o meu nome é Jaekyung.

-Obrigado, Jaekyung.- sorri- Meu nome é Minki.

-Prazer em conhecê-la, Minki.- curvou-se levemente e eu fiz o mesmo- Vou voltar ao trabalho. Até qualquer dia, espero.

-Sim, até qualquer dia.

Ela voltou em direção a uma outra cliente e eu suspirei. Juro que nunca pensei encontrar uma pessoa tão compreensiva ali, na capital da Coreia do Sul, um país ainda tão preconceituoso em relação à comunidade LGBT e a outras coisas também, infelizmente. Ia a sair da loja quando os meus olhos batem em algo, que me interessou digasse de passagem. Peguei a pequena peça meio receosa, mas suspirei, teria de ganhar coragem. Eu não seria mais um “projeto de mulher”. Eu sou uma mulher e tenho o direito de poder usar aquilo que as outras usam, sem ter vergonha, desde que me sinta confortável. 

Então eu comprei.

∆

Havia passado na praça de alimentação antes de sair e comprado alguma coisa para comer na viagem de ónibus até casa. A minha sorte era que os dois só chegavam depois de mim, visto que o caminho demorava uns 15 minutos.

Subi até ao seu andar mas assim que parei em frente da porta, caí na realidade: Eu não tinha chave de casa. A sorte é que todos temos um bocadinho de Hwang Minhyun dentro de nós, e enquanto uns atiram o vaso das flores ao tarado que vos segue até casa, outros escondem uma chave suplente debaixo dele [Nota Mental: Lembrar-me de agradecer ao loiro por ser tão esperto e conveniente].

Tirei os sapatos e o casaco do uniforme, a casa dele era quentinha. O meu cell apitou e joguei me de qualquer maneira no sofá, checando quem era

[17:30] Appa - Dormes em casa ou na casa do teu amigo?

[17:30] You - Talvez fique aqui a dormir, tudo bem?

[17:31] Appa - Sim, claro. Divirtam-se, come bem e não te esqueças de ir às aulas amanhã se te sentires melhor. Nós te amamos muito filha, até amanhã.

[17:32] You - Sim, sim… Também vos amo, até amanhã ♡

Sorri e fechei a conversa, largando o celular e deitando me no sofá, como quando desmaiei. Sem querer acabei por fechar os olhos por um pouquinho mais de tempo e só acordei quando ouvi a porta a abrir.