História Butterflies - Chapter Sixteen - P*ta Oferecida

-Tu tens muito para me contar, Choi Minki.

A porta do quarto foi aberta num estrondo que me fez quase cair da cama. Cair da cama em que nem sequer me lembrava de ter deitado. E depois do choque de ter acordado com os gritos do meu melhor amigo, lembrei-me da noite passada, lembrei-me de Jonghyun e entrei em desespero. Ia me levantar da cama mas as minhas costas doíam, e a sonolência não ajudava.

-Oh, não não. - tapei os olhos com uma mão quando o Hwang abriu as cortinas da janela e a luz invadiu o cómodo - Tu tens muito para me contar.

-Se quiseres saber, foi horrível. Não trocamos uma palavra sequer, e eu nunca tive tanta vergonha na vida, porque eu ainda amo aquele filho da puta! E eu a pensar que ser filho da diretora podia me livrar dos roommates aleatoriamente escolhidos.

-Vais ver que hoje vai ser muito melh-

-Eu bem que posso dormir na rua, como tu e o Jonghyun fizeram, não foi? Eu e a Mina tivemos de implorar quase de joelhos para que os professores não vos reprimissem nem expulsassem. E não precisas de nos agradecer por termos conseguido.

Pelo menos isso. Pelo menos, porque eu já estava numa situação crítica o suficiente. Que vergonha, era tudo o que eu sentia. Mas estava feliz de um certo modo, e ansiosa por ver o Kim Maravilha novamente. Será que ele dormiu? Será que estava tudo bem com ele? Será que ele também estava sentindo o mesmo que eu?

-Foi ele que me trouxe para aqui?

-Sim, ainda à pouco. Vocês… estavam literalmente usando a mesma camisola. Ele deitou-te na cama e ficou uns 5 minutos aqui, só a olhar para ti a dormir. Foi estranho. O que houve?

-Eu preciso de falar com ele. Agora. - levantei-me finalmente da cama e peguei uma roupa qualquer da minha mala que ainda não havia arrumado - Saí, vemos-nos depois. Ah e, ficamos juntos no grupo da praia.

-Porque é que isso soou mais a afirmação que interrogação? - empurrei-o até à porta e fechei-a na sua cara.

Suspirei, e peguei indecisa a roupa de banho que a Mina me havia feito comprar. Porque tinha de ser tão difícil ser eu própria? Mais valia ir apenas com a roupa normal mesmo. Nem estava a colocar ir à água como opção, afinal, eu nem sabia nadar.

Terminando de me arrumar, sai em direção à zona de refeição, onde estavam distribuindo cafés da manhã. Sentei na mesa onde estava Minhyun me esperando, e por sorte, a mesa onde estavam os cocó, ranheta e facada ficava mesmo de frente para nós. Dei um gole no meu copo de leite, indecisa sobre o que dizer, quando dizer, como dizer.

-Ele tem olhado para aqui desde que chegou, de 30 em 30 segundos, à espera que tu aparecesses.

-É louco ele, pffff. - eu mesma, a fingir indiferença.

-Vocês beijaram-se?

-O QUÊ? Digo, não, não nos beijámos. Longe disso.

-Claro, tu apenas passaste a noite sentada no colo del-

-Isso dito assim, soa algo malicioso, okay? Não vamos falar disso. Mas eu preciso esclarecer umas coisas com aquele idiota.

-Aproveita que ele está a vir para cá. - e nesse mesmo instante senti uma mão sobre o meu ombro, suspiro e viro-me para ele - Bom dia.

-Bom dia. Hum, Minki? Podemos falar? - assenti, levantando-me e seguindo atrás dele até a um canto vazio - Conseguiste convencê-lo?

-Basicamente eu obriguei-o. - desviei o olhar para o chão meio receosa - Jonghyun?

-Queres falar sobre aquilo de ontem? - assenti - Queres saber se aquilo que eu disse é verdade? - assenti de novo e o maior segura o meu queixo, levantando-o para me fazer olhá-lo - Sim, é. Não duvides.

-Obrigada. - sorri, e ele sorriu de volta, fazendo um carinho no meu rosto antes de voltar para a sua mesa. E eu ali com cara de tacho, panela, frigideira…

∆

-Está tanto sol que sinto que vou derreter~

-Não exageres, Choi Minki. A brisa do mar até torna tudo mais fresco! Quem sabe a ideia de trabalhar no grupo da praia não tenha sido tão má. Na floresta tem insetos.

Oh, isso era porque ele ainda não tinha visto quem eram os nossos colegas de grupo.

-Com tantas formas dolorosas de me matar tinha de ser logo esta? - ouvi-o sussurrar quando avistou os outros 3 garotos sentados na areia (e advinhem? Aron e Baekho estavam sem blusa, exatamente como combinado.) - Eu mataria-te se não te amasse.

-Eu sei disso. - agarrei o seu braço e puxei-o de encontro aos outros - Olá rapazes. - lancei um olhar complice a Jonghyun e sentei-me na rodinha, trazendo o Hwang comigo. Era incrível como ele parecia ficar tão lerdinho quando estava no mesmo ambiente que o Kwak.

-Então eu tenho um plano. - o Kim começou - Vamos fazer uma espécie de “photobook”, se é que me entendem. O Baek trouxe o seu material e vai fazer que faz melhor: desenhos gráficos (?), depois imprimimos. Na verdade, todos vamos fazer aquilo que fazemos melhor, para podermos trabalhar mais rápido e de forma mais divertida, né? - todos assentimos, concordando - Por isso, o Aron e o Minhyun - (advinhem quem suspirou do meu lado?) - Vão ficar aqui pela praia e pintar as paisagens de, por exemplo, o mar com maré cheia e com maré baixa, o céu ao meio dia e ao pôr do sol. Eu e a Minki vamos por ali - virou se de lado e apontou para umas rochas - Que é o caminho mais natural, aventureiro e rápido para uma localidade. Muitos turistas e pessoas de cá, perfeitos para se retratar. Vamos dar o nosso melhor equipa, quero ter uma boa nota e ainda que este projeto ganhe lugar na exposição. Todos concordam?

-É incrível como a tua cabeça pensa tão bem para umas coisas, mas só faz merda noutras. - comentei e ele riu - Por mim está ótimo, capitão.

-Eu sou o líder. Aceitem.

Rimos e por fim todos adoraram o plano, até Minhyun que estava, obviamente, receoso - e o Aron também, nem vale a pena ele tentar disfarçar. Estou apenas a contar os dias para os dois voltarem. E ficar na companhia do Kim Maravilha já não me incomodava mais, ele conseguia se demonstrar uma boa pessoa, quando queria.

Caminhamos juntos lado a lado pela praia, até aos tais rochedos e, vendo de perto, havia um até caminho evidente entre eles. Jonghyun deu-me passagem e disse um “senhoras primeiro” e eu apenas revirei os olhos e fiz uma reverência. Até que eu parei bruscamente fascinada e me agachei no chão, deixando o mais velho com a maior cara de interrogação.

-Olha aqui, idiota!

Ele sentou-se do meu lado e pode finalmente ver o que eu contemplava: havia uma parte do mar onde estavam uma pequena estrela do mar e várias conchas. Era lindo, pelo menos para mim, que por vezes fascinava-me facilmente por coisas simples.

-Tu és adorável… - sussurrou e eu fingi que não escutei, mergulhando ali a mão e tocando a areia fina. - Fofa.

-Suicida-te. - dei um soco (infelizmente, fraquinho porque eu sou fraquinha) no deu ombro e consegui que o mesmo se desequilibra-se e quase caísse na água - Meu deus, quase acabei de realizar o mais valioso ato da minha vida.

-O mais valioso ato da tua vida irás realizar comigo daqui a uns tempos. Anda, não podemos perder tempo. - arregalei os olhos ao perceber o segundo sentido da frase dita, mas claro, oque esperar de Kim Jonghyun, não é?

Estendeu-me a mão para eu me levantar mas eu neguei prontamente, sabia me levantar sozinha sem a ajuda dele. Aliás, eu não precisava da ajuda dele para nada. Continuei seguindo o caminho até a um lugar mais movimentado na praia. Turistas.

Mais em cima havia um café de praia, e o Kim Idiota indicou para que fossemos para lá, e eu assim o fiz. O local parecia ser apenas uma pequena cabana de madeira, mas tinha um grande balcão com vários bancos e ainda algumas mesinhas por lá. O mais velho perguntou ao barista se podia lhe tirar uma foto enquanto trabalhava e o mesmo disse que sim, e pegou a câmara em mãos, fotografando o exato momento em que o barista servia uma limonada a uma garota de biquíni.

-Olha, desculpa. - a garota olhou para nós, depois o seu olhar parou sobre Jonghyun e ela sorriu - Mas não te importas que te fotografemos para um trabalho da faculdade?

-Oh, claro que não! - mordeu o lábios discretamente e pousou uma mão sobre o ombro dele - O meu nome é Chloe. Prazer.

-Sou o Jonghyun e esta é a Minki. - tentei sorrir e acenei, mas ela olhou-me de cima a baixo com a maior cara de “ugh” que infelizmente para ela já não me afeta - Estás sozinha?

-Bem, tenho ali umas amigas, mas se quiseres, podemos tirar umas fotos só nós os dois, hum? Vem. - a mão dela desceu desde o seu ombro à sua mão, e depois a mesma começou a puxá-lo para fora do estabelecimento.

Oh, não na minha presença.

-Jong… Jong! - mas ele parecia não me ouvir.

-O que achas de… - ela sentou-se nas escadas de madeira à entrada do bar e posicionou-se de pernas abertas e braços apoiados nos joelhos, curvando-se para tentar mostrar ainda mais aquilo que a parte de cima do biquíni não tapava. - Deste ângulo?

Aquilo que eu não tenho.

E o pior era que só faltava ele se babar olhando para aquela mestiça loira falsa de pele morena e “corpo perfeito”! Já sentia a raiva crescer dentro de mim, ele não tinha pressa para começar o trabalho? Então porque estava indo no joguinho de uma qualquer? Segurei o seu braço e tentei puxá-lo, mas não deu em nada.

-Ou talvez… - levantou-se e colocou se de pé ao lado das escadas, empinando tanto a bunda que eu achei que aquele montede implante fosse cair. Pelo menos tudo oque eu tenho é de beleza natural, né?

-Sabes uma coisinha, Chloé, nós estamos aqui para retratar arte, e não para uma sessão fotográfica p’ra Playboy! Não é, oppa? - abracei o braço de Jonghyun fazendo uma voz fofa ao pronunciar o apelido e parece que o mesmo despertou de vez.

-Aish, vai arranjar uma vida garoto! E tu nem sabes o que estás a perder Jonghyun, oh! - ela deu um tapa na própria bunda e saiu andando para um grupo de putas como ela.

-Ela chamou-me garoto! - disse indignada, só então me percebendo que ainda abraçava o braço do maior. - E-e aquilo que eu disse…

-Era para ela pensar que nós eramos namorados ou algo do tipo? - deu um sorriso insinuador e eu senti-me meio sem oque dizer. Acontecia sempre quando o mesmo dizia algo daquele tipo - E estavas com ciúmes, é isso mesmo?

-Porque é que eu haveria de ter ciúmes daquela vaca oferecida! - inflei as bochechas com ar, soltando devagar logo de seguida, para tentar amenizar o meu rubor

-Pois é. Não tens motivos para ter ciúmes… - aproximou-se devagarinho, fazendo-me dar passos para trás até ficar contra um dos rochedos - Porque ela é uma estúpida preconceituosa que te chamou no masculino mesmo depois de eu ter falado que eras “uma ela” e tu, és tu. Baby do oppa.

-AAAAAH, SAI DAQUI!

Desferi alguns tapas e socos nos seu peito e braços e corri de novo para o bar, se ele me visse naquele momento, o seu ego só iria subir ao me ver corada que nem um tomate até à pontinha das orelhas. Não era justo! Sentei-me e pedi uma água gelada, que me foi entregue na hora. E segundos depois ele chega, senta do meu lado e coloca a mão sobre a minha coxa, fazendo-me quase cuspir toda a água que tinha na boca com o toque repentino. E o idiota apenas sorri e pega o meu copo, bebendo o resto.

Mas devo confessar que o seu sorriso é bonito.