História Butterflies - Chapter Three - Amizade, Conversa e Despedida

"- A minha avó custumava dizer que quanto mais amamos, mais nos sentimos amados. E eu sempre acreditei nisso. Mas agora eu penso que fui iludida a minha vida toda pensando que quem eu amo, sempre estaria aqui para retribuir esse amor..."

- Minki! Ei, Minki!

-Minhyun?

-Acorda. Vais chegar atrasada, idiota! - senti algo bater na minha testa, então abri os olhos, dando caras com o loiro e um sorriso estampado na boca.

-O QUE FAZES NA MINHA CASA?!

Dei um pulo da cama correndo até ao banheiro anexo ao quarto. Tranquei a porta e ouvi ele rir, aish, idiota.

-Temos 5 minutos até à aula começar, despacha-te.

-Como sabes onde vivo? És algum tipo de stalker?!

-Eu sei tudo e, já devias saber que sim. Espero por ti à porta de casa~

Suspirei e fui me preparar para mais um dia de escola.

Quando cheguei ao andar de baixo, os meus pais não estavam, "Como é que ele entrou?", e Minhyun estava sentado no degrau à porta, olhando para a rua calma. Aproximei-me sem fazer barulho e abracei-o pelos ombros.

-Vamos?

 ∆

Duas semanas haviam se passado desde que começaram as minhas aulas. Há medida que os dias se passavam, a minha amizade com Minhyun foi evoluindo, e desde que trocamos números de telefone, nunca mais nos largamos, Hwang é o melhor amigo que eu poderia ter e todos os dias fico grata por ter ele ao meu lado. E, felizmente, não fui expulsa novamente da sala, mas as três unnies ainda nos olham de lado... Confesso que agora rimos sempre que lembramos disso.

-Será que eles vão casar? - perguntei enquanto virava a página do livro.

-Eu não sei, nunca li esse livro, nem penso em fazê-lo. A historia é interessantemente clichê e fofa, mas ele é enorme, tem tantas folhas...

-Não acredito Minnie, com tantas pessoas naquela escola, fui logo arranjar de fazer amizade com o mais metido, stalker e não apreciador de um livro enormemente fantástico.

-Mas tu amas-me. - sorriu e joguei um travesseiro nele

-Pois amo, idiota! - levantei da cama e fui para perto dele, sentando me em cima de uma das suas coxas - O que achas de irmos ao parque ou algo assim?

-Já é uma da tarde Minki, acho que ficamos muito tempo aqui mesmo... E se fossemos almoçar? Eu posso cozinhar... - colocou a mão na minha cintura e apertou levemente, senti-me um pouco desconfortável, então apenas levantei e voltei a deitar-me na sua cama - Desculpa...

-Não faz mal. Hoje é domingo, deveria aproveitar e voltar pra casa, tenho de estudar para a prova de amanhã. Deverias fazer o mesmo.

-Verdade, vem, acompanho-te à saída.

Descemos em silêncio até à porta do apartamento onde Minhyun morava sozinho, sorri simpática e ele retribuiu o sorriso logo me abraçando e depositando um beijo na minha testa.

-Vemos-nos amanhã.

-Sim, tchau!

-Tchau. - fechou a porta e fui até ao elevador, precisava mesmo de estudar. Ao entrar mais tarde na faculdade, perdi algumas aulas teóricas importantes, mas graças a Deus, Min era filho da diretora, e sempre conseguia arranja um jeito de eu ter aulas particulares, especialmente de geometria e história.

-Omma, appa, cheguei! - gritei, enquanto descalçava os sapatos, mas a minha voz ecoou na casa vazia - Mãe? - dirigi-me à cozinha mas apenas encontrei um bilhete

"Minki minha filha, nós saímos, mas voltaremos antes de, provavelmente voltares da casa do teu namoradinho Minhyun.

Saranghae~ "

-Saranghae... - suspirei - Ele não é meu namorado! - senti o rosto corar, eu não poderia nutrir sentimentos por Minhyun, não é correto... "Ele é gay"

-Verdade.

Subi para o quarto e logo comecei a estudar. Depois de exatas duas horas, os meus pais chegam, a rir e a falar alto como sempre, já eram 16 horas. Os meus olhos doíam.

-Olá amor!

-Olá mãe... Voltaram tarde.

-Tu que chegaste cedo filho. Vem, conhecendo-te como conheço nem deves ter almoçado, vou te preparar algo para com-

-Não é necessário omma, obrigado.

-Hum, está bom então... Porque não fazes uma pausa no teu estudo para podermos conversar um pouco?

-Isso é a sério? - perguntei surpreendida

-Sim! Vamos... - pegou a minha mão e sentamos nos lado a lado na minha cama

-E vamos falar sobre o quê omma?- estava entusiasmada com o facto de ir poder ter uma boa conversa com a minha mãe, como já não tinha à algum tempo

-Sobre coisas simples, ficamos 3 anos sem nos falar como deve ser, depois de tudo, voltas para a Coreia e mudamos de cidade, vais para a Faculdade e eu passo os dias a trabalhar... Sinto a tua falta, Minki.

-Também eu, mãe... - abracei-a e ela retribuiu

-Como vão as coisas lá na faculdade?

-Vão bem, melhor que o primeiro dia.

-Aqueles idiotas não voltaram a meter-se contigo? Ninguém te tratou mal?

-Omma, calma, okay? - tranquilizei-a - Eu estou ótima e o Minhyun não deixa ninguém me tocar sequer.

-Gosto desse rapaz, parece ser um bom homem.... Digno da minha filhinha! - apertou as minhas bochechas fazendo me corar e a mesma riu - O que foi?

-Minhyun ele... Ele gosta de meninos, mãe.

-Oh, que pena... Pensei que vocês, tu sabes.

-Pois não. Mas eu acho que em apenas duas semanas de aulas não quero arranjar um namorado, ainda nem conheço ninguém lá na escola! E preciso de me focar nos estudos, a diretora anda a fazer me favores, para eu recompensar na matéria perdida... E não quero passar a impressão de que eu sou dependente da ajuda dos outros, ou que me aproveito da generosidade de alguém...

-Minki, és uma pessoa tão pura, eu orgulho-me muito de ti... E mesmo que algum dia eu tenha dito o contrário, fica a saber que o disse de cabeça fria e tu és a melhor filha que eu poderia ter.

Senti os olhos marejarem e abracei-a. É tão bom finalmente sentir que não sou mais um motivo de vergonha para a minha própria mãe, e ver ela finalmente me aceitar desta maneira faz me pensar que talvez, a vida não seja tão maldita assim...

"-Eu não entendo nada do que estás para aí a dizer!

-Não tem nada para entender, apenas aceitar...

-EU NÃO POSSO ACEITAR! - corri até ele, abraçando-o como podia, mas ele apenas me empurrou - Porque eu te amo!

-Talvez não seja o certo a se fazer... Tudo tem de ter um fim.

-M-mas... - as lágrimas caiam pelo meu rosto, eu tremia e soluçava, era difícil ver quem eu amo partir.

-Não há "mas", Minhyun. Desculpa. - virou costas em direção à saida, e com as últimas forças que tinha, corri até ao menor abraçando-o fortemente contra o meu corpo.

-Não vás, imploro-te... Fica comigo, n-nem q-que seja só por pena.

-Não sou capaz de te enganar assim, Minnie. Adeus.

Soltou-se do meu abraço e abriu a porta, ficando parado em frente a ela, como se estivesse a pensar bem na atitude que estava a ter e na escolha que estava a tomar.

-Este apartamento ainda é teu também...

-Fica com ele - virou-se para trás e pude ver que ele também chorava - Como uma lembrança de mim... Aish, porque é tão difícil deixar-te?!

-Porque me amas?! - perguntei irónico, passei as mãos pelos cabelos - Vais mesmo embora, só por aquilo que os outros vão pensar?

-Vou-me embora, porque é o melhor para ti. - voltou-se para a porta, andando em passos curtos - Espera! - tirou algo do bolso e correu até mim entregando-me a chave do apartamento que até então partilhavamos - E isto... - engoliu em seco e exitou - I-isto também.

Nunca mais nada me doeu mais do que ver Aron tirar o anel de namoro e sair. Partir, deixar-me. Ele estava mesmo a acabar comigo depois de 4 anos de namoro e planos de uma vida juntos.

Aron não só deixou o seu cheiro nos lençóis da minha - nossa - cama, como também na casa toda, deixou lembranças de dias felizes e o meu coração completamente quebrado.

Ele iria continuar lá, por perto, e eu iria observá-lo, sem poder lhe tocar ou dirigir a palavra.

Tudo porque ele importou-se mais com os outros do que comigo.

Ou do que com ele próprio..."