-Eu vou matar o desgraçado.
-Que violência desnecessária, Minki.
-Sério que hoje tinha que ter trabalho de dupla, logo no dia que aquele grande filho da p-
-Filho da diretora?
-Aish…- baixo a cabeça- Queres ficar comigo no trabalho?
-Claro, vamos ser uma boa dupla.
-Obrigado. -sorri para a menor que apenas concordou com a cabeça. O professor (professor Jung San a.k.a o namorado da Hyerin nonna, assunto a ser aprofundado qualquer dia. Começo a interessar me muito na vida dos outros, influências do Minhyun) deu todas as instruções para o trabalho. Era uma coisa tão simples como retratar uma pessoa apenas com recurso à memória visual, a única razão de ser a pares foi mesmo o simples facto de o número de suportes para a tela ser menor que o número de alunos. Deixei Mina (colega com quem tinha feito uma estranhamente rápida amizade) fazer primeiro o trabalho dela, afinal, estava sem vontade. Aproveitei para ver o trabalho dos outros colegas, alguns pintavam celebridades como cantores e atores famosos de doramas, outros pintavam pessoas de outras classes. Os restantes acreditei que fosse membros das famílias dos mesmos. Mas eu, quem desenharia? Olhei para a tela à frente de Mina, já era possível observar alguns traços do rosto sorridente e cabelos loiros e compridos.
-Quem é?
-Ah - virou se para mim, um sorriso envergonhado no seu rosto- Uma… uma amiga.
-Parece ser bonita.- comentei vendo ela corar um pouco
-Ela é, muito. - voltou se para o trabalho, dando cor aos pormenores da sua pequena obra prima. Como ela conseguia pintar tão depressa e agilmente? Mesmo assim era precisa e perfecionista.
Cerca de 20 minutos depois finalmente Mina acaba a sua pintura. Era um retrato simples, apenas mais detalhado nos olhos e tons dos fios loiros, com um vermelho vivo que realçava o sorriso brilhante. E o sorriso orgulhoso de Mina era ainda maior, quando ela assinou no canto inferior direito “M.M.”, as iniciais do seu nome.
-Wow…
-Está bom?- perguntou enquanto colocava a tela em cima da mesa, colocando outra em branco no lugar.
-Está incrível! Parabéns.
-Obrigado - coçou a nuca- Momo.
-Hum?
-O nome dela - riu - Hirai Momo.
-Uma conhecida tua do Japão?
-Ela era uma pessoa muito especial…- fez uma breve pausa, suspirando- Partiu cedo demais.
-Oh, lamento.
-Não lamentes. Eu amava a muito, pena nunca poder ter tido oportunidade para confessar oque verdadeiramente sentia por ela.
-É triste…- aproximei me, com o intuito de abraçá-la ao ver o quanto aquela conversa a tinha deixado em baixo
-Eu nem sei porque estou a dizer isto- confessou enquanto limpava algumas lágrimas que caiam discretamente- Nunca costumo falar sobre a Momo para ninguém.
-Sinto me lisonjeada. - ela sorriu minimamente, desfazendo se do abraço e indicando para que começasse a pintar. Peguei num pincel limpo, olhando por breves segundos para a tela em branco, e seria loucura dizer que o sorriso de um certo alguém ser a única coisa que me vinha à cabeça. E talvez seja isso que me tenha motivado a começar a criar os traços do seu rosto, pescoço, ombros largos e cabelos num tom azul acinzentado. Um sorriso que estava afixado no meu subconsciente, talvez eu tivesse passado tempo demais na sua companhia irritante e dispensável.
-Bonitinho ele.- coro instantaneamente, baixo o olhar por pouco tempo, logo encarando o meu trabalho. Sem querer estar a me gabar, estava mesmo bonito, perfeito até. O desenho claro, Jonghyun não. Ele está longe de perfeito, aliás, não há nenhum adjetivo bom que se possa utilizar para o descrever.
Talvez eu tenha me perdido no meu próprio mundinho, pois não dei pelas horas passarem e a aula acabar. Os alunos já tinham saído quase todos, virei me para guardar o material na minha mochila e, quando volto a voltar me, um papel rosa está colado nas costas da minha tela, mas só me apercebi ao pegar na mesma e deixar o pequeno pedaço colorido cair. Olho para os lados, apenas o professor San, oque era muito estranho e suspeito.
Leio com atenção, reconheço a caligrafia, e um riso descrente foi a única coisa que consegui dizer.
-“Para uma fã” - li, e logo a seguir estava um número de celular.- Assinado, JR- Isto só pode ser brincadeira. Pego nas minhas coisas e na tela, ela só iria ser avaliada na próxima aula, por isso iria guardá-la no cacifo mesmo. Quando estava a passar pela porta da sala, alguém choca comigo, olho para trás meio chocada, um Kim Jonghyun sorridente e divertido entra na sala, possivelmente para cumprir o seu castigo. Só não sei como não dei conta de ele entrar antes.
∆
Eu queria jogar o papelzinho fora, juro que queria, mas a curiosidade era demasiada. Então guardei o número de Jonghyun como “Ignorar”, talvez assim se ele me telefonasse, eu pouparia segundos precioso de vida.
Jogo o telemóvel em cima da cama e vou tomar um duche. Assim que saiu, visto uma roupa confortável e mando uma SMS a Minhyun, a agradecer lhe por ter faltado pois havia feito uma amiga muito melhor que ele. Contei lhe sobre todos os acontecimentos de hoje, e a única resposta que obtive foi um “Minki, minha amiga, esse aí te quer, a sério, ele nunca insiste tanto em ninguém. E isso foi muito romântico por sinal”. Que gay.
Desci para jantar, meus pais contaram me sobre um primo meu que vive em Seul também, disseram que ele namorava um menino e por momentos senti-me feliz por não ser a única ovelha negra da família, a única fora do “normal”.
-E eu pensei que podesses querer conhecê-lo.- disse o meu appa depois de dar um gole no seu vinho- Então eu combinei com minha irmã de jantar-mos, qualquer dia, um jantar para rever a família.- assenti
-Eu lembro me como Seungcheol e tu brincavam quando eram pequenos! Vocês têm quase a mesma idade.- comentou a minha omma fazendo me sorrir um pouco
-Então vou adorar conhecer esse meu primo Seungcheol.
“-Não é saudável passares a noite a comer chocolate.
-Tu não mandas em mim, otário.
-Ei ei, eu ainda sou mais velho que tu. - aproximei me do maior, agarrei com força o seu antebraço obrigando-o a levantar se, ele tinha um sorriso de lado nos lábios e mal conseguia manter os olhos abertos - Minhyun…- puxou me pela nuca para um beijo, não resisti afinal, éramos namorados mas rapidamente me afastei.
-Oque se passa? - riu
-Tu estás bêbado…- larguei o seu braço apenas para jogar os cabelos para trás voltando a segurá lo com mais força, agora quase arrastando o pelo corredor- TU ESTÁS BEBADO MINHYUN!
-Hum, e então?- respondeu quando chegamos ao quarto que dividimos, indiquei para que se sentasse na cama e assim o fez
-ENTÃO?!
-Shhh, não grite. - levou as mãos às laterais da cabeça tentando tapar os ouvidos
-TU OUVE ME BEM!- segurei os seus braços, longe da sua cabeça - TU TENS 16 ANOS! E TU, TU…- respirei fundo ao vê-lo com lágrimas nos olhos- Desculpa.
-Porque me tratas sempre como uma criança? É isso que eu sou para ti? Uma criança da qual tens de tomar conta?
-Não isso não…- larguei os seus braços vendo as marcas vermelhas dos meus dedos nos mesmos- Desculpa…
Sequei as suas lágrimas com os polegares, com o seu rosto nas minhas mãos, inclinei me para depositar um leve selar nos lábios do mais novo. Ajudei-o a levantar se e a caminhar em direção ao banheiro, o que era um pouco difícil por ele ser maior que eu.
-Minnie - chamei-o e recebi apenas um “Hum” como resposta- Precisas de um banho…
-Não~ hyung,eu quero dormir…
-Eu ajudo te.
Fechei a porta e delicadamente empurrei o contra a mesma. Segurei a barra da sua T-Shirt encarando os seus olhos, como se pedisse permissão, permissão esta que foi concedida pelo mais novo quando assentiu com a cabeça. Passei a ponta dos dedos pelas marcas nos seus braços,sentia a me um monstro.
E foi aí que prometi nunca mais usar qualquer tipo de violência seja com Minhyun ou com qualquer outra pessoa.
Pois esta era a única maneira de não magoar as pessoas que realmente amo. Liguei a água quente para encher a banheira, voltei para frente de Minhyun e com muita dificuldade retirei as restantes peças de roupa. O corpo do maior deixou me sem fôlego, ele era tão lindo, e a sua pele branquinha e suave era quase irresistível,em contraste com as suas feições meio que infantis, e as bochechas agora coradas davam lhe um ar ainda mais fofo. Este é o meu Minhyun.
-Não me olhes assim, hyung!- Não era costume o mais novo me chamar dessa maneira, pois eu mesmo lhe pedi, visto que não fui criado nem cresci na Coreia, mas parece que a bebida apagou isso da sua mente.
Eu lavei e cuidei de Minhyun como a pedra preciosa que ele é. Ajudei-o ainda a vestir um pijama quente e a deitar na cama, onde o maior acabou por adormecer enquanto eu fazia carinho nos seus cabelos escuros.
Eu sabia que a minha instabilidade emocional me traria alguns problemas no futuro, mas perto de Min, tudo era diferente. Ele sorria e eu senti-me calmo, e estranhamente feliz, como se a minha existência dependesse da companhia dele.
E pela primeira vez, senti esse tal amor que toda a gente fala.”
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