Jungkook
Tomei um banho rápido e me troquei, peguei o celular e respondi a terceira mensagem que Jimin me enviara:
“ Já disse que chego em trinta minutos, não precisa ficar me enchendo.”
Saí rapidamente do quarto, deixando pelo caminho o cheiro de meu perfume que tomou conta do ambiente. Eu vestia uma calça jeans preta rasgada com uma camiseta preta e uma jaqueta de couro vermelha por cima.
Tae hyung estava sentado no sofá assistindo tv e olhou em minha direção quando passei pela sala:
- Jungkook você vai sair de novo?
- Eu vou dar uma volta com um amigo, mas volto antes da uma da manhã.
- Como assim uma da manhã? Você tem que voltar antes da meia noite.
Olhei para ele com desdém e disse:
- Hyung, você só pode estar brincando, o melhor da festa acontece depois das onze.
Ele me olhava de modo repressor, mas não estava disposto a ceder, fui em direção a porta e não prestei mais atenção ao que ele dizia quando saí.
Chegando ao local onde havia combinado de me encontrar com Jimin, ele me aguardava encostado à um muro. Ele estava com a cabeça baixa, e quando me aproximei, me olhou de modo intenso.
Engoli a seco, sentindo o impacto de seu olhar que de certo modo, me parecia sedento, e o cumprimentei:
- Ei Jimin, vamos indo?
Ele deu um sorriso torto e piscou, aproximando-se de mim. Fiquei meio desconcertado mas sorri em retorno.
Fomos então em direção à tal festa, e no trajeto conversávamos sobre coisas aleatórias.
Taehyung
Não sei o que era pior, ver Jungkook saindo àquela hora, sabendo que ele não voltaria ainda esta noite, ou saber que ele estava indo encontrar-se com aquele amigo dele, em que eu não confiava. Na verdade esse desconforto eu não tinha nada que estar sentindo, afinal de contas Jungkook pode ter os amigos que bem quiser, desde que não estejam envolvidos em coisas erradas, e este jovem, apesar de não ter gostado dele, não deu nenhum sinal de que estivesse envolvido com algo errado.
De qualquer forma, o ciúme estava me corroendo, trocava os canais impaciente, já não sabia o que fazer para controlar meus pensamentos.
Baguncei os cabelos, tentando me acalmar, mas notando que nada adiantava, levantei-me e resolvi tomar um banho.
Demorei-me no banho, tentando acalmar minha tensão, no entanto a adrenalina só parecia aumentar. Estava a ponto de enlouquecer, e meu desejo era descobrir onde Jungkook se encontrava e traze-lo de volta no mesmo instante.
Depois do banho, vesti meu pijama e voltei para a sala onde voltei a me deitar no sofá na esperança de conseguir assistir algo. Porém, por mais que tentasse prestar atenção em algo, só o que conseguia era pensar no sorriso de Jungkook, sobre como ele me afetava com sua presença, e afetava mais ainda com sua ausência. Sentia a necessidade de tê-lo aqui perto de mim, necessidade de abraça-lo, de tocá-lo, de ... beijá-lo...
Meus pensamentos voavam e se tornavam cada vez mais bagunçados em minha cabeça, fazendo-me enlouquecer. Já não me reconhecia por estar pensando da maneira que estava. Como eu tinha coragem de imaginá-lo desta forma, tudo que sempre quis representar para Jungkook era a imagem do irmão mais velho que o protegeria. Eu sei, é até cliché falar dessa maneira quando temos o tabu da diferença de idade, isso sem mencionar o fato de sermos do mesmo sexo. Este último, na verdade, não seria grande problema, uma vez que eu até preferia envolver-me com homens. Mas não esperava desejar alguém que peguei no colo e que vi crescer. Sinto-me sujo por deseja-lo assim, mas não consigo evitar, meu corpo reage naturalmente a sua voz, a sua proximidade, e a seu sorriso tão lindo.
Jungkgook
Jimin esfregava as mãos uma na outra demonstrando nervosismo, e eu o olhava de braços cruzados. Já eram por volta das três da manhã, e tínhamos saído da festa, e agora estávamos numa praça qualquer.
- Não me olhe assim, você sabe muito bem porque faço essas coisas.
Disse ele sem levantar os olhos.
- Jimin, você sabe que não pode continuar com isso. Eu...
- Eu sei, me desculpe, sou fraco, não consigo me segurar. A gente tem uma história juntos, eu não consigo me conformar que você esteja se afastando de mim assim.
Respirei fundo, e controlei minhas emoções. Apesar de tudo, Jimin não merecia que eu fosse rude com ele. Realmente tínhamos uma história juntos, estudamos juntos desde a infância, e eu que estava ao lado dele quando chegava na escola cheio de hematomas por conta das surras que levava de seu pai bêbado. Eu o consolei quando não tinha forças para reagir, e tentava animá-lo com histórias engraçados, para fazê-lo esquecer.
Éramos duas crianças, eu queria poder ajuda-lo mais, porém não tinha tamanho para isso, pois o único jeito era enfrentando seu pai.
Jimin cresceu nesse lar violento e até hoje tinha que conviver com seu pai abusivo, que sua mãe não tinha coragem de por para fora de casa.
- Jimin, eu gosto muito de você, mas não do jeito que você quer. Por favor, entenda, você precisa de alguém que te ame como você merece.
Ele começou a soluçar, deixando algumas lágrimas caírem, senti meu peito apertar e me aproximei cuidadosamente, abraçando-o de leve.
Ele chorava contra meu peito e seu corpo chacoalhava pelo choro que aumentou.
Suspirei e disse:
- Não fique assim por favor.
- Você não entende, não faz ideia de como dói amar alguém e não ser correspondido, e pior, essa pessoa amar outro.
Fechei meus olhos e disse;
- Jimin, você sabe que não amamos a quem escolhemos.
- Eu sei, mas se eu tivesse que escolher ainda seria você.
Apertei o abraço, me sentindo realmente muito mal por ele. Jimin tinha me roubado um beijo há algum tempo atrás, fiquei bravo com isso, mas não conseguia ficar aborrecido com ele. Jimin parecia atrair sofrimento para si. Todos os relacionamentos que teve foram abusivos, e ele sempre se dava mal, apanhando ou sendo humilhado em público, e ele assumiu para mim que se envolvia com estas pessoas tentando me esquecer.
Isso fazia me sentir pior ainda.
As horas estavam passando, mas eu não tinha coragem de deixa-lo ali sozinho e ir embora.
Liguei para o hyung, mas sempre caía na caixa postal. Comecei a ficar preocupado. Jimin sentado em um dos bancos da praça em que nos encontrávamos, me olhou de modo triste e disse num apelo.
- Fique comigo essa noite, como nos velhos tempos. Não precisamos nos tocar, só me faça companhia.
Respirei fundo e fiquei um tempo pensativo, ponderei porque tinha medo do que Jimin poderia fazer. Ele superou uma fase negra de sua vida, onde abusou de drogas, e eu não queria que ele se afundasse novamente. Ele estava cada vez mais depressivo e parecia muito suscetível, estava muito fragilizado. Queria sinceramente poder ajuda-lo, mas passar uma noite longe do hyung, me parecia algo difícil de aceitar.
Tentei novamente contata-lo, mas seu celular parecia estar desligado. Olhei para Jimin que continuava chorando encolhido no banco e me aproximei, sentando-me ao seu lado.
- Certo Jimin, acho que te devo essa por ter ficado tanto tempo longe. Eu fico aqui com você. Mas vamos achar um hotel para passarmos a noite, ou vamos congelar.
Ele sorriu infantil, e disse:
- Obrigado kookie, eu não aguentaria se tivesse que ir para minha casa no estado em que estou.
Fomos então a procura de um lugar para dormirmos, caminhando rapidamente, pois a rua estava deserta, e o frio aumentava.
No outro dia, pela manhã abri lentamente a porta, tentando ser discreto ao entrar, porém o hyung estava dormindo no sofá e viu a hora que cheguei.
Ele não parecia ter dormido e ficou me olhando sério por um tempo e então sentou-se. Suspirou, olhando-me de modo penetrante, parecia aborrecido, e então disse:
- Tem algo para me dizer que explique porque passou a noite fora?
- Hyung, é complicado, alguém precisou de meu apoio e acabei fazendo companhia para esse meu amigo, acredite, ele estava passando por um momento difí...
- Tudo bem, já entendi, você estava com o Jimin.
Arregalei os olhos, não imaginava que a situação estivesse tão óbvia. Senti-me mal por parecer ter traído a confiança do hyung, e ter trocado sua companhia pela amizade de Jimin.
- E-e-e-u-u...
- Jungkook, você é jovem, é natural que com os hormônios a flor da pele não consiga resistir a ter a companhia de alguém jovem também que possa ter energia para gastar com você...
- Hyung... – O interrompi imediatamente, não gostava do rumo que aquela conversa estava tomando. Não queria que o hyung achasse que tinha passado a noite fazendo algo com outra pessoa que gostaria de estar fazendo com ele. - ... isso que você está pensando definitivamente não aconteceu, eu não fiz nenhuma besteira. - Ele me olhou incrédulo, e baixando os olhos disse:
- Eu não quero que se sinta mal por minha causa, eu sou adulto e posso lidar com esse tipo de situação.
Fiquei irritado com a insistência dele em achar que eu tinha me entregado a outra pessoa. Não pude mais me conter, e aproximando-me de modo brusco, joguei-o no sofá, deitando-me sobre ele, segurei seus pulsos acima de sua cabeça e beijei-lhe com brutalidade. Sentia meu corpo ferver pelo desejo, e minha respiração tornara-se ofegante. Ele também estava ofegante quando interrompi o beijo. Depois me afastei encarando-o.
- Será que vou ter que te foder aqui mesmo nesse sofá pra você acreditar que eu passei a noite inteira agonizando pelo desejo de sentir seu corpo e de te beijar assim? – Disse entre dentes e ainda ofegante.
Esse seu olhar de predador.
Faça assim:
Avance em mim?
Não pense...
dispense todo seu pudor,
me avança,
seja lá como for,
mas que venha por inteiro,
fique ao meu dispor...
te espero,
quero...
Quero só que se lambuze,
que me use,
com ardor...
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