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História By My Side - Perdendo o Controle


Escrita por: Aensland

Notas do Autor


Ok, esse ficou bem longo mesmo, ahahah
boa leituraa ~ <3

Capítulo 4 - Perdendo o Controle


Os olhos azuis abriram-se aos poucos, o bastante para notar que estava em um lugar diferente do habitual. As cortinas brancas que ficavam de frente à sua cama esvoaçavam em movimentos delicados, deixando que os raios de sol entrassem no quarto pela fresta da janela enquanto o som relaxante das ondas no oceano preenchia o silêncio do local. Uma cena tão tranquila que Steven sentiu vontade de fechar os olhos novamente e retornar ao seu sono; afinal ainda era cedo, provavelmente não mais que sete horas da manhã. O relógio fixado na parede confirmava isso.

Sua mente ainda sonolenta o fez se lembrar de algumas coisas que haviam acontecido no dia anterior. Recordava-se que os dois chegaram em Lilycove muito tarde e cansados, por isso decidiram alugar um quarto na pousada da cidade para passarem a noite. Os dois. Brendan também estava lá.

O homem de cabelo acinzentado bocejou e virou seu corpo para o lado direito, esperando encontrar o adolescente em um sono profundo, e surpreendeu-se quando tudo que encontrou foi uma cama completamente arrumada e vazia.

Onde o garoto estava? Ele havia ido embora mais cedo? Enquanto ainda perguntava-se sobre muitas questões, Steven deu um sobressalto quando sentiu um peso cair do outro lado da sua cama. Virou-se imediatamente, assustado, e encontrou um rapaz já vestido e sentado na cama, rindo da cena com um sorriso sacana.

“Bom dia!” Brendan disse inocentemente, ignorando o susto e parecendo tão desperto quanto nunca.

“Uh, bom dia... Não é um pouco cedo para estar acordado?” O veterano perguntou com voz sonolenta, porém aliviado por ver o garoto ali.

“Talvez, mas esqueceu? Estamos em uma nova cidade, então temos muito para explorar!” Respondeu empolgado. “Vamos, não seja preguiçoso. Sei que aqui não tem ginásio, porém Lilycove é enorme.”

Ele bocejou novamente. “Hmm, eu não funciono bem às sete da manhã, mas vamos fazer do seu jeito.” Respondeu, segurando a tira esmeralda da touca e puxando-a para baixo, cobrindo os olhos do garoto só para irritá-lo.

Ele sentou na cama e ficou ao lado do rapaz, passando as mãos no rosto em uma tentativa de acordar. Só então notou que estava sem camisa, afinal suas roupas do dia-a-dia eram quentes demais para dormir com elas em uma noite quente de verão. Quando tirou as mãos da face para procurar suas vestes, notou que Brendan havia imediatamente virado a cabeça para outra parte do quarto. A touca estava ajeitada e já não cobria os olhos dele. Era impressão sua ou o treinador estava o encarando antes?

“Eu... Te espero lá fora.” O rapaz apressou-se em dizer, fingindo que não havia acontecido nada.

Dizendo isso o treinador caminhou rapidamente até a saída, deixando para trás um confuso Steven. Poderia ser? Não, sua mente devagar deveria estar imaginando coisas. Se bem que não parecia uma má ideia, principalmente para seu ego, saber que o garoto estava admirando seu corpo...

Balançou a cabeça. Que ideia foi essa? Resolveu esquecer esse assunto de vez e caminhar até o provador. Aquele dia seria longo.

 

*                                                                              

 

A refrescante brisa do mar cumprimentou Steven quando ele deu o primeiro passo do lado de fora. Aquela era uma das melhores partes de morar em Hoenn, pois não importa em que cidade você estava, a brisa do oceano sempre iria te receber. Brendan estava ao seu lado, mostrando entusiasmo para começar a explorar a cidade, e o assunto de mais cedo felizmente havia morrido.

Os dois começaram a caminhar pela estrada, mas quando chegaram perto do mercado de conveniências, Brendan correu na frente e foi na direção de uma figura feminina que usava camiseta laranja e bandana verde, com um esbelto Groovyle ao seu lado. Ela mexia distraidamente em algumas sacolas em frente ao enorme shopping da cidade. Ao julgar pela aparência esportiva e o Pokémon, deduziu que ela era outra jovem treinadora.

A moça desviou sua atenção das sacolas para o rapaz no mesmo instante que Brendan apareceu na frente dela, e o cumprimentou com um grande sorriso. Os adolescentes começaram a conversar empolgadamente como dois amigos que não se viam há muito tempo, até mesmo Groovyle parecia contente em vê-lo. Talvez esse fosse o caso, contudo o geólogo não se lembrava de ter ouvido Brendan comentar sobre ela, mesmo que o nome lhe parecesse estranhamente familiar.

Steven mansamente se aproximou dos dois, sem a intenção de interromper a conversa. Iria entrar no shopping e deixar que os dois treinadores conversassem à vontade. No entanto, Brendan pareceu notar o seu plano e o impediu antes que o fizesse, agarrando seu pulso sem brutalidade e o puxando consigo para onde a amiga estava. Quando o colecionador ficou de frente à garota, percebeu que ela estava boquiaberta, com uma expressão de surpresa em seu rosto.

Ele já tinha visto aquilo outras vezes; a menina obviamente estava impressionada por ver o antigo Campeão de Hoenn. Brendan parecia não entender isso porque ele ainda não sabia sobre o seu título. No início o veterano não contou porque achou desnecessário, e não queria que o adolescente fosse um aproveitador que usasse esse fato apenas para aumentar sua fama. Mas agora que já sabia que ele não seria capaz disso, só não contou por falta de oportunidade.

“Este é Steven. Ele também é um treinador, só que bem mais experiente.” O rapaz disse, ainda segurando o pulso do mais velho.

“S-Sim, eu o conheço.” Ela respondeu, seus olhos ainda vidrados na figura do geólogo.

“May é filha do Professor Birch!” Brendan anunciou.

“Oh, eu sabia que seu nome era familiar! Professor Birch é um amigo, ele já comentou sobre você.” Steven disse, e era verdade. “Bem, eu vou dar uma volta no mercado. Até depois!”

Dito isso, Steven entrou no estabelecimento pela porta automática. Os adolescentes observaram a cena em silêncio, e no mesmo instante que a porta se fechou e a figura do geólogo sumiu, May segurou os ombros de Brendan de forma quase violenta. Os olhos safira estavam brilhando e a expressão de surpresa e entusiasmo continuava estampada no rosto da treinadora, diferente de Brendan, que só estava assustado com a atitude repentina.

“Por que você não me disse que Steven Stone era seu amigo?!” A menina perguntou animada, apertando e levemente sacudindo os ombros dele. “Ai que inveja, você é tão sortudo!”

“Ei, isso dói!” Reclamou. A moça soltou-o no mesmo instante com um sorriso sem graça, deixando o moreno massagear seus ombros. May realmente tinha um jeito estranho de demonstrar alegria. “É, eu o conheci algumas semanas atrás na caverna de Dewford. Mas por que tanta euforia?”

“Por quê?” Ela repetiu como se aquele fosse o maior absurdo de todos. “Sei que você é novo em Hoenn, mas me admira você não conhecer nada sobre ele.”

May estava se referindo ao fato de Steven ser o filho do presidente da Devon? Ele realmente deveria ter um nome famoso em Hoenn por causa disso, entretanto o rapaz ainda não via motivos para tanta empolgação.

“E como ele é? Apesar de ser famoso eu nunca o vi em uma entrevista, e raramente aparece em público.”

“Ele é muito forte, habilidoso,” Enquanto falava, seus pensamentos retornaram ao dia anterior, do momento caótico no Instituto Climático até a conversa melancólica no Centro Pokémon. Porém logo em seguida as lembranças foram em direção ao ginásio de Fortree, onde o colecionador observava sua luta; passaram pela caminhada que fizeram até Lilycove, até o momento que acordaram naquela manhã. Um sorriso surgiu em seus lábios com as recordações. “Muito legal e bonito também. Ele é reservado, mas sempre se empolga quando fala sobre pedras preciosas e outros interesses.”

“Sim, o Professor disse que ele gosta de procurar pedras raras e ajudar treinadores, então eu já imaginava que ele era um cara legal.”

Analisando todas as reações da amiga, Brendan ergueu uma sobrancelha quando um pensamento lhe atingiu. Cismado, ele perguntou: “Você não está interessada nele, está?”

May mais uma vez o olhou como se ele tivesse dito uma enorme maluquice.

“É claro que não, eu só o admiro.” Dizendo isso, May passou a olhar o amigo com uma expressão sacana. Naquele momento Brendan soube que da boca dela só sairia besteiras. “Por quê? Está com ciúmes dele?”

Foi a vez do treinador a encarar como se ela tivesse dito um absurdo. Ciúmes? Ele nunca havia pensado nessa palavra antes. Poderia ser? "Não, não é ciúme, é apenas curiosidade,"  ele dizia a si mesmo. "Definitivamente NÃO é ciúme."

Ele voltou a olhar para a amiga, que segurava o riso de sua cena desajeitada.

“Não é ciúme!” Ele disse alto, talvez alto demais para que as pessoas que estavam em volta olhassem para ele. “É só... Argh, esquece, mude de assunto!”

“O jeito que você fala dele, os ciúmes... Até parece que você... -” May ficou muda. Ela estava apenas brincando o tempo inteiro, o próprio Brendan sabia disso, mesmo que estivesse tão irritado. Mas quando o pensamento lhe atingiu, a menina estreitou os olhos e ergueu uma sobrancelha, olhando para o amigo com uma expressão suspeita. “Espera, você gosta dele de verdade?”

Dessa vez o treinador sabia que ela não estava brincando, por isso a pergunta quase o fez cair para trás. Por algum motivo seu coração havia disparado com uma simples questão, mas sua verdadeira preocupação era o calor que estava se espalhando por seu rosto.

“O QUÊ?! N-Não, não é isso!” Exclamou tão alto quanto antes.

“Awn, você está corando!” Ela riu, apertando as bochechas do rapaz que a esse ponto já estava da cor de um Blaziken. “Você gosta dele!”

“Para com isso!”

“Tudo bem, tudo bem.” Ela o soltou, ainda rindo da situação do amigo. Ela só deixaria o treinador em paz naquele momento, afinal tirar a paciência dele era um dos seus hobbies favoritos.

No entanto, o sorriso sumiu do rosto de May no momento que ela olhou na direção da praia, adquirindo então uma expressão séria.

“Vê aquelas pessoas?” Ela perguntou com voz baixa, discretamente inclinando seu rosto para apontar algo.

Percebendo que precisava ser sutil, Brendan apenas olhou de soslaio na direção apontada e avistou membros da Equipe Aqua. Eram vários, havia no mínimo uns treze. Eles caminhavam de forma suspeita bela baía de Lilycove, observando com cautela os movimentos das pessoas. Alguns apenas permaneciam parados como se vigiassem alguma coisa.

“Equipe Aqua,” Brendan sussurrou. “Eu percebi o movimento deles desde ontem à noite. Você os conhece?”

“Eu não vivo em uma caverna, Brendan. É claro que eu os conheço! Várias pessoas comentam sobre eles, inclusive os jornais, mas as autoridades daqui não fazem nada para detê-los porque ninguém tem certeza sobre os objetivos deles. Mas isso não vem ao caso. Agora, vê aquela caverna?” Ela apontou novamente para a direção esquerda. Brendan pôde notar a tal caverna que ele não havia percebido antes, pois estava escondida entre as rochas. “Pode não parecer, mas ela é um esconderijo da Equipe Aqua.”

“E como você tem certeza disso?”

“Não é um pouco óbvio? E para a sua informação, saiba que eu cheguei aqui em Lilycove um pouco antes deles e vi quando alguns capangas entraram naquele lugar. Isso não era o bastante para provar nada, então eu decidi ir até lá e desfiz as dúvidas com meus próprios olhos.”

“Você invadiu aquele lugar?!”

“Mais ou menos. Tinha dois homens bloqueando a entrada e eles me expulsaram,” Ela corou ao dizer isso. “O líder não estava lá, pelo que parece. Eu poderia ter derrotado os dois idiotas facilmente com apenas um Pokémon, porém isso causaria alarde e eles poderiam sair dali antes de sabermos o que estão planejando. O fato é que eles devem estar guardando aquele lugar para alguma ação futura, mas o quê exatamente eu não sei.”

“Archie é o líder deles,” Comentou o moreno. “Steven e eu vamos ficar aqui por mais um tempo. Uma hora ou outra Archie aparecerá, e quando isso acontecer nós dois vamos atacar aquela base!”

May assentiu, e sua expressão voltou ao normal.

“De qualquer forma, como vai seu progresso na Pokédex? Eu dei uma breve pausa para passar no shopping, olha!” Ela animadamente mostrou suas várias sacolas, vasculhando em uma delas novamente. “Comprei várias decorações para minha base secreta, bonecas, pôsteres... Você vai fazer compras também?”

Brendan riu em deboche, desviando olhar. “Eu não compro esse tipo de coisa.”

May ergueu uma sobrancelha. Duvidava muito que aquilo fosse verdade, porém decidiu não discutir.

“Claro, essa não é a única coisa que tenho feito. Eu já capturei vááários Pokémon, e treinei alguns também! Acho que em breve voltarei à Littleroot para mostrar minha Pokédex ao Professor. Mas antes disso, eu quero saber se você está treinando seu time bem; mostre-me seus Pokémon em uma batalha!”

“Eu estava esperando você dizer isso,” O rapaz disse em tom confiante, desprendendo uma pokébola azul e branca do seu cinto.

“Eu não vou perder dessa vez. Vá, Groovyle!”

 

*

 

Steven deu mais um gole no refrigerante de limão. Não era sua bebida favorita, mas sua sede o fez abrir uma exceção e comprar um refresco da máquina. Ele estava no terraço do prédio, apoiado nas grades e observando a batalha dos dois treinadores. Mesmo sendo amigos, os dois lutavam com toda a força, e isso era algo bom. No entanto, por algum motivo, sua mente estava presa nas cenas que aconteceram antes da batalha.

May e Brendan pareciam muito próximos; qualquer um que olhasse pensaria o mesmo, talvez até mais. Ele não conseguiu ouvir o que os dois conversavam há alguns minutos, mas pelas suas expressões, certamente era algo interessante. O garoto estava até um pouco desajeitado. Por que ele estava agindo assim? Era por causa dela? Pensar nisso causou um desconforto inexplicável em seu peito.

Tentou deixar essas ideias ruins de lado e virou seu rosto na outra direção, contemplando o oceano enquanto tomava mais um gole do refresco de limão. Ele era ainda mais belo visto de cima, brilhante como um vidro que refletia os raios de sol. As ondas faziam espumas, batendo contra as rochas e banhando a areia da praia. E ao longe, era possível ver a silhueta do foguete no Centro Espacial de Mossdeep, que daquela distância parecia uma miniatura de brinquedo. A brisa ainda era forte, acariciando seu rosto com os ventos de verão e cheiro de mar; sua sensação favorita.

Entretanto, uma movimentação suspeita na beira da praia foi responsável por destruir uma parte do belo cenário. Seu olhar abaixou para observar os membros da Equipe Aqua que vagavam de forma estranha; estavam espalhados pela cidade, porém a maioria concentrava-se perto das rochas e uma caverna que ficava entre elas. Fez uma anotação mental para ficar de olho naquelas pessoas.

Só então notou que o barulho de golpes e comandos havia cessado lá embaixo. Ele olhou, e tudo que encontrou foi May caminhando com Groovyle em direção à entrada de Lilycove. Steven ficou tão ocupado com a Equipe Aqua que nem viu como a luta tinha acabado. Seus pensamentos foram cortados pelo som de passos se aproximando. Ele olhou por cima dos ombros e encontrou Brendan, carregando uma sacola de compras no braço. O rapaz se aproximou e apoiou-se na mesma grade, passando a observar o horizonte. Ele estava um pouco sério, pensativo.

“Vocês batalharam bem,” Steven comentou. “Sua amiga é forte, ela também está competindo na Liga?”

“Não mais. Ela já coletou oito insígnias, porém decidiu interromper o treinamento e dedicar o tempo dela para ajudar o Professor Birch com a Pokédex. Acho que May se tornará uma Professora Pokémon também.” Respondeu.

“Vocês parecem muito próximos.” Steven não soube por que ele disse isso; saiu no automático, e arrependeu-se no mesmo instante.

“Uh, sim. Começamos nossa jornada ao mesmo tempo alguns meses atrás. Por quê?”

“Ah, nada. Isso é bom.” Apressou-se em responder. Estava constrangido com si mesmo por não conseguir controlar os próprios impulsos.

“Somos apenas amigos, se é isso que deseja saber.”

Mesmo ainda embaraçado, não pode negar que sentiu alívio ao ouvir isso.

“Ok, certo. Então...” Ele olhou para baixo, encontrando algo interessante na sacola de Brendan. “Suponho que essa pelúcia de Swablu não seja pra ela.”

O adolescente o olhou espantado, seu rosto estava fervendo. Ele imediatamente mudou a sacola de braço, tirando-a da visão do geólogo. Não estava bravo, mas o vermelho na sua face não havia desaparecido.

“Eu gosto, ok? E daí?” Exclamou.

“Você tem um lado adorável, quem diria?” O mais velho brincou, mais uma vez mexendo na tira esmeralda da touca. Steven não conseguia parar de sorrir ao ver a reação do treinador. As bochechas rubras combinavam bastante com o tom dos olhos rubis, e ele tentava esconder isso olhando para o lado oposto. Realmente muito adorável.

O garoto não respondeu, apenas continuou sentindo a quentura se espalhar pelo rosto sem encarar o veterano. Não estava irritado com ele, jamais poderia ficar. Mas aquelas palavras de May, mesmo que ditas como brincadeira, o fizeram refletir, e Steven agindo daquela forma só deixava seus pensamentos ainda mais confusos. 

Ele tirou a touca dos olhos, e quando o fez, viu uma cena que chamou sua atenção de forma negativa.

“Olha aquilo!” O moreno exclamou com o olhar fixo na direção do oceano.

Steven imediatamente olhou na direção que o rapaz estava encarando. O sorriso sumiu do seu rosto no mesmo instante que viu várias pessoas vestidas em azul atravessando o mar com Sharpedos e Carvanhas, indo na direção da enorme torre.

“Eles estão indo para o Monte Pyre,” O maior exclamou sem desviar o olhar da cena. “Vamos, precisamos ir até lá também!”

O rapaz não questionou. Em um movimento rápido, Brendan derrubou suas sacolas e sacou uma pokébola do cinto, liberando Flygon no mesmo instante que Steven liberou sua Skarmory. Os dois pularam da sacada do prédio de forma ágil e subiram em seus respectivos Pokémon que imediatamente voaram em direção ao Monte Pyre, deixando para trás alguns cidadãos boquiabertos com a atitude inesperada.

 “Então é por isso que Shelly saiu tão apressada do Instituto. Mas o que eles querem fazer ali?” Perguntou o garoto que voava ao lado do veterano, segurando firme no pescoço de Flygon.

Steven permaneceu em silêncio, pois ele também não sabia. Havia algumas desconfianças na sua cabeça, entretanto decidiu mantê-las para si mesmo e não tomar conclusões, esperando que essas ideias fossem falsas.

Os dois pousaram na parte exterior da torre, onde o vento era frio e a neblina densa embaçava a visão. Steven sentiu-se desconfortável quando olhou em volta e viu que estava rodeado por lápides de Pokémon. Algumas pareciam novas e decoradas, com flores vívidas deixadas como homenagem; outras, no entanto, pareciam ter sido esquecidas pelo tempo, com plantas murchas e epitáfios ilegíveis. O clima era pesado, um lugar como esse merecia respeito e silêncio, porém teria que quebrar essa regra para o bem de todos.

Sem mais perda de tempo, os treinadores começaram a subir com bastante pressa as enormes escadas que levavam ao topo da torre, seus Pokémon sempre voando acima. Antes de terminarem a subida já foi possível avistar vários capangas com uma matilha de Mightyena um pouco mais acima.

“Abra caminho, Skarmory.” Steven disse.

A ave metálica não pensou duas vezes antes de obedecer os comandos do seu treinador. Ela rapidamente pôs-se na frente dos dois com suas asas abertas; tão ágil e veloz quanto um avião de caça. E voou na frente com rapidez, derrubando com a força de suas asas todos os capangas e as criaturas sombrias antes mesmo que pudessem agir, abrindo caminho para os treinadores passarem sem problemas.

Porém não demorou muito para os criminosos se recuperarem da queda. Quando chegaram à segunda escada, foi possível ouvir uma voz rouca dar um comando para Mightyena. Brendan virou sua cabeça para trás a tempo de ver o Pokémon noturno correr com suas presas a mostra na sua direção.

“Marshtomp, saia e use Raio de Gelo!” O moreno comandou enquanto corria, jogando uma pokébola no ar.

No mesmo instante que a cápsula vermelha foi aberta, Marshtomp saiu usando o poderoso ataque de gelo, causando uma grande explosão na direção dos lacaios e congelando boa parte do solo. Alguns ainda tentaram se erguer e partir para cima dos treinadores com seus Pokémon, porém o chão congelado fez com que esses deslizassem e caíssem novamente.

O caminho agora estava livre de interferências, então Brendan e Steven continuaram subindo em direção ao topo, ignorando os xingamentos que eram esbravejados pelos criminosos derrotados. Skarmory continuava voando na frente dos dois para tirar qualquer pessoa do caminho, mas aparentemente todos os capangas haviam ficado para trás.

Quando terminaram de subir a última escada, Steven observou o cenário. Dois idosos que aparentemente eram os guardiões dos Orbes assistiam a cena assustados, incapazes de fazer alguma coisa. Em frente ao altar onde os Orbes deveriam estar, visualizou um homem de costas; alto e muito forte, usando vestes em tons de azul, porém com muito mais detalhes e acessórios que o uniforme dos meros capangas. Não foi difícil deduzir que aquele era o líder da Equipe.

“Finalmente! Maxie ficou à frente de nós, mas agora temos o que queríamos. O Orbe Vermelho preservado no Monte Pyre... Eu, Archie, agora o tenho em minha posse!”

Archie gargalhou, uma risada tão alta e histérica que ecoou pelo silêncio das tumbas, e que só irritou ainda mais o geólogo.

“Devolva esse Orbe agora!” Steven exclamou.

Parecendo intrigado, o líder virou-se com um olhar curioso para encontrar os recém-chegados. Um sorriso sacana surgiu nos lábios carnudos quando ele observou os treinadores.

“Ora, vejam só. Parece que até o ex-Campeão pensa que pode intervir com nossos planos. Bem, seu status não me intimida nem um pouco, pelo contrário: eu fico honrado!” Ele debochou com o mesmo sorriso.

Quando ouviu isso, Brendan imediatamente olhou para Steven com uma expressão confusa, mas o geólogo não respondeu, querendo evitar o assunto. Ele sabia que essa revelação apareceria cedo ou tarde, porém não imaginou que viria justamente de Archie. No entanto, Steven conhecia Brendan o bastante para saber que já não havia motivos para se preocupar sobre isso.

Archie alternou seu olhar do veterano para o rapaz. “Quanto a você, não estou surpreso que conseguiu chegar até aqui. Você é insistente, pirralho, eu admiro isso. Quero ver o momento que você vai se cansar de nos seguir, afinal seu esforço é em vão. Um dia todos entenderão os nossos motivos.”

Foi a vez de Brendan dar uma risada sarcástica. “Entender o quê? Vocês são os ignorantes aqui. Dizem que amam a natureza, mas insistem em destruí-la com essa ideia sem sentido. Só que isso acaba hoje, você não vai passar de nós com esse Orbe!”

“Não podem me impedir! Se tentarem me atacar, quebrarei este Orbe em um instante. Vocês não vão querer que isso aconteça.”

Steven viu Brendan serrar os punhos de raiva; Archie estava certo. Ele não sabia se o líder iria longe o bastante a ponto de quebrar algo tão poderoso, porém seria arriscado demais duvidar daquelas palavras. O geólogo estava tão irritado quanto ao ver que estava de mãos atadas, mas controlou suas emoções.

Archie gargalhou novamente. “Isso, só olhe Campeão e pirralho. Vou esperar ansiosamente pelo nosso próximo encontro. Sim, quero ver se vocês serão rápidos o bastante para nos seguir até o nosso objetivo final.” Ele olhou para os capangas, mais confiante do que nunca. “Tudo bem equipe, vamos dar o fora daqui!”

Dito isso, Archie caminhou com um ar vitorioso e um grande sorriso no seu rosto cínico. Os capangas faziam escolta para o seu líder, tendo certeza que ninguém ali tentaria algo contra ele. O barulho dos passos foi se distanciando até que restasse apenas o som do vento ecoando no local, mas Brendan continuou parado onde estava, quieto e com os punhos cerrados, parecendo esforçar-se para não liberar toda a raiva que sentia. Altruísta como era e responsável por impedir as ações das equipes Aqua e Magma desde o início, foi ainda mais difícil para o garoto assistir um crime e não poder fazer nada para resolver.

 “Ah não, isso não pode acontecer,” Disse a anciã com voz trêmula. Havia terror nos seus olhos escuros. “Não só o Orbe Azul, até mesmo o Orbe Vermelho foi levado. Esses dois Orbes nunca devem ser separados; eles pertencem um ao outro!”

“Por favor, responda-me. Qual o poder desses Orbes?” Steven perguntou, aproximando-se dos senhores. Brendan o seguiu.

“Isso aconteceu há muito, muito tempo.” Começou o outro ancião com sua voz rouca e monótona, chamando a atenção dos treinadores. Seu olhar ausente e pesado observava a paisagem de Hoenn, como se as memórias dessa época estivessem vivas à sua frente. “O mundo foi devastado por um confronto feroz entre o Pokémon da terra, Groudon, e o Pokémon do mar, Kyogre. O Pokémon da terra levantou montanhas e criou os continentes, enquanto o Pokémon do mar levantou enormes ondas e esculpiu os oceanos. Foi um duelo que parecia interminável. Entretanto, no meio disso, dois orbes surgiram e trouxeram um fim à calamidade. O brilho intenso emitido pelos orbes acalmou os adversários enfurecidos e eles adormeceram. Até então, as duas esferas permaneceram seladas no topo deste Monte.”

Steven analisou com calma as palavras que foram ditas. Ele já tinha ouvido falar sobre tais Pokémon e Orbes, mas sempre imaginou que fosse apenas uma lenda. Jamais pensou que esses Orbes estavam no topo do Monte Pyre, muito menos que as equipes Aqua e Magma se interessariam em pegá-los.

“Isso significa que as pessoas que tiverem posse dos Orbes poderão despertar os dois lendários?” O veterano perguntou, pensativo.

“Exatamente. E não só isso, mas também poderão controlá-los como bem entenderem para realizarem suas vontades.” Ela suspirou. “Duas pessoas com ideias perversas não deveriam ter tanto poder em mãos. Tenho medo de pensar no futuro.”

Steven também tinha. Ele olhou para Brendan, que parecia distante com seus próprios pensamentos. Toda aquela situação deveria estar ainda mais caótica na mente do rapaz.

“A Equipe Magma esteve aqui antes?” Brendan perguntou.

“Oh sim,” Suas sobrancelhas se elevaram como se ela tivesse se lembrado de algo, e em seguida retirou algo do bolso frontal de seu casaco branco. “Na pressa eles deixaram isto para trás. Eu quero que leve, talvez possa ser útil de alguma forma.”

Brendan estendeu sua mão e pegou o objeto. Era um emblema da Equipe Magma. O rapaz não entendeu como aquilo ajudaria, mas resolveu guardar mesmo assim no bolso de sua bermuda.

“Nós vamos impedir que esse desastre aconteça,” Brendan disse em tom confiante, demonstrando determinação no olhar. “Eu prometo.”

 

*

 

A sala de estar da pousada estava, mais uma vez, vazia. Exceto pela presença dos dois treinadores que, sentados à mesa de estilo japonês, permaneciam em um silêncio incômodo. Nenhuma nova reserva foi feita naquele lugar, afinal as pessoas estavam assustadas demais com as ações dos grupos criminosos, e isso acabou afetando o turismo da região. Steven observava os movimentos do adolescente, que incessantemente batia com seus dedos de forma ritmada no tampo da mesa. O som baixo da televisão que estava ligada no canto da sala, as ondas do lado de fora e os gestos causados pela impaciência de Brendan eram os únicos barulhos naquele lugar, transformando a ausência de palavras em algo ainda mais agonizante.

“Você está inquieto desde que voltamos.” Foi a primeira coisa que Steven comentou, chamando a atenção do moreno que parou com as batidas.

“É claro que sim, tenho motivos para estar. Archie e Maxie foram embora levando os Orbes para sei lá aonde e enquanto isso nós estamos aqui, parados, esperando o pior acontecer.”

“Não podemos sair sem rumo e procurá-los em todos os cantos de Hoenn; precisamos pensar. Agir por impulso só nos trará problemas.”

Como resposta o rapaz apenas suspirou e balançou a cabeça, não conseguindo esconder sua frustração. Steven sabia que pensar antes de agir não era a especialidade de alguém temperamental e agitado como Brendan, mas essa era a melhor solução.

Ele estranhamente não havia comentado nada sobre o fato de Archie ter chamado o geólogo de ex-Campeão. Talvez ele não se lembrava, ou estava nervoso demais para pensar em outro assunto que não fosse a Equipe Aqua ou Magma. Foram muitas informações para um dia só.

Steven discretamente continuou observando o treinador, que parecia tentar se distrair com seja lá o que estava passando na TV. Porém de repente, os olhos carmesins abriram-se em surpresa, e o moreno adquiriu uma expressão confusa, deixando seu olhar fixado no aparelho atrás do mais velho.

Steven virou suas costas e olhou na direção que o garoto encarava, encontrando a grande televisão fixada na parede. Agora ela estava exibindo um noticiário, e Brendan aumentou o volume com o pequeno controle jogado em cima da mesa. Na TV, a jornalista informava sobre um crime que havia acontecido no porto de Slateport há algumas horas, onde o grupo ecoterrorista chamado Equipe Aqua furtou o Submarino Explorer-1 do Capitão Stern.

Steven sentiu seu corpo congelar ao ouvir aquilo. Há algumas horas? Esse furto por acaso aconteceu enquanto ele e Brendan estavam ocupados no Monte Pyre? Ainda com muitas questões em sua cabeça, ele imediatamente virou seu olhar para o adolescente. Os olhos carmesins nem sequer encaravam mais a televisão, fitando a madeira rústica da mesa com um olhar perdido, mas ele ainda parecia atento às palavras da repórter.

A cena alternou para mostrar a entrevista com Capitão Stern, que pedia de forma desesperada para que recuperassem seu submarino. Ele também disse que quem comandou toda a ação foram vários criminosos a mando de seu líder, Archie.

“Archie?!” O garoto exclamou, mais uma vez chamando a atenção do mais velho. “Isso significa...”

Brendan levantou-se do assento sem dar nenhuma explicação e correu com pressa em direção à saída. Steven não pensou duas vezes antes de seguir o treinador imediatamente, sem se preocupar em calçar seus sapatos. Ele caminhou até o lado de fora e procurou o moreno com o olhar por todos os cantos visíveis daquela cidade. Após alguns segundos, seus olhos azuis encontraram um rapaz com uma boina pontiaguda na beira do oceano, imóvel, encarando o suposto esconderijo da Equipe Aqua.

Apressou seus passos novamente até chegar à praia, ficando ao lado do treinador. As ondas molhavam seus pés descalços e o clima estava frio, mas Steven sabia que não era por causa da brisa.

“Está vazio,” O rapaz disse sem desviar o olhar. Seu tom era sério, porém suas sobrancelhas franzidas e punhos serrados demonstravam outra emoção. “Enquanto Archie levava o Orbe Vermelho, os outros membros furtavam o submarino. O tempo que ficamos com a guarda baixa foi o suficiente para ele voltar e buscar os outros membros no esconderijo, e agora eles vão despertar o lendário Kyogre. E enquanto isso, a Equipe Magma está em algum lugar tentando despertar Groudon.”

Steven, por sua vez, permaneceu em silêncio; aquela era a verdade, não havia mais nada para discutir ou duvidar. Porém seus olhos continuaram encarando o adolescente, que parecia estar guardando uma enorme raiva dentro de si novamente.

“E tudo isso porque eu fui muito lento!” Brendan exclamou, sentando na areia da praia e cobrindo seu rosto com as mãos.

Steven sentou ao lado, colocando uma mão no ombro do rapaz.

“Acalme-se, não adianta ficar se maltratando. Nenhum de nós teve culpa; como iríamos adivinhar que tudo isso iria acontecer ao mesmo tempo?” O veterano disse. Brendan tirou as mãos do rosto e olhou para ele com uma feição que não expressava apenas raiva, mas também tristeza.

“Acalmar? Como?! São muitas coisas acontecendo, eu não sei o que fazer para impedir essa catástrofe!”

O garoto continuou encarando-o, como se esperasse uma resposta. Tendo certeza que ela não viria, Brendan balançou sua cabeça de forma negativa e já voltaria a cobrir seu rosto novamente, porém antes que o fizesse, Steven segurou os dois lados da sua face corada e obrigou-o a olhar diretamente em seu rosto, no fundo das íris azuis. O contato do calor de suas bochechas com os anéis gélidos de Steven causou arrepios em sua nuca.

“Por enquanto não podemos fazer nada; estamos de mãos atadas. Não temos ideia de onde Archie ou Maxie possam estar. Uma hora ou outra nós saberemos, e quando isso acontecer, vamos pensar juntos em como agir.”

Naquele momento Brendan emudeceu, como se todas as palavras negativas que antes estavam prestes a sair de sua boca tivessem desaparecido com os dizeres realistas – e de certa forma confortantes – do veterano. A expressão de raiva foi amansada e transformada em uma serena, branda; uma mistura de vários sentimentos que ele só conseguia expressar com o olhar, pois nunca os diria em voz alta. Steven sabia que dentre tantas emoções o rapaz também sentia medo; céus, ele só tinha dezoito e já estava passando por tantos problemas envolvendo organizações criminosas e lendas sobre catástrofes.

Ambos permaneceram em silêncio, deixando que o som das ondas batendo contra as rochas preenchesse a ausência de palavras, e Steven continuou mirando o garoto, massageando lentamente a bochecha rubra de forma afetiva. Ele estava mais uma vez preso nas grandes íris rubis; os raios de sol que refletiam nelas as deixavam ainda mais brilhantes e seus sentimentos ainda mais expostos. Steven só percebeu que havia se aproximado de Brendan quando sentiu a respiração do rapaz bater em sua face, fazendo o rubor se espalhar ainda mais por seu rosto.

Faces muito próximas, lábios a poucos centímetros de encostarem um no outro. Steven semicerrou os olhos em ansiedade; era como se houvesse um imã invisível pedido para que os dois quebrassem a distância e se conectassem. Ele queria sentir o toque macio dos doces lábios de Brendan. Queria abraçá-lo, segurá-lo forte; acalmar o coração agitado do rapaz e mostrar que ele não passaria por isso sozinho.

Mas por um instante sua mente voltou para a realidade, fazendo-o se dar conta do que estava prestes a realizar. O susto que esse pensamento lhe deu fez com que ele afastasse seu rosto repentinamente e o soltasse, com seu coração batendo a mil. Levantou-se e virou de costas, caminhando alguns passos de distância, incapaz de olhar no rosto do treinador.

“Desculpe, eu...” Steven começou. Seu coração batia tão rápido que ele se esquecia do que deveria dizer. “Eu suponho que você queira treinar um pouco mais antes de desafiar o ginásio de Mossdeep, certo? Sim, lá é nossa próxima cidade. Eu preciso ir para lá imediatamente, pois tenho medo que alguma das Equipes tente algo contra o Centro Espacial. Acho que o foguete não tem nenhuma relação com o plano deles, mas mesmo assim, é melhor ficar de olho aberto.”

Steven falou aquilo tão rápido que quase tropeçou nas próprias palavras.

“Você... -”

“Eu te espero lá.” Cortou antes que o rapaz pudesse terminar.

Steven caminhou com pressa na direção da pousada para entregar as chaves do quarto e pagar a conta, a fim de ir embora daquele lugar o mais rápido possível. Seu coração ainda batia forte contra o peito e seus lábios estavam com uma sensação estranha, como se tivessem insatisfeitos pela não-realização do ato. Ele nunca foi uma pessoa impulsiva, longe disso; mas quando o assunto era Brendan, ele não pensava muito em suas próprias ações e deixava os instintos prevalecerem sob a lógica.

Aparentemente o rapaz havia ficado para trás, mas Steven não ousou virar a cabeça para conferir. Ele não sabia como voltaria a encarar o garoto depois disso. A única certeza que tinha era a de que precisava começar a controlar melhor suas emoções perto do treinador, caso contrário... Coisas arriscadas poderiam acontecer.


Notas Finais


¯\_(ツ)_/¯


Pessoal, os comentários de vocês são MUITO importantes. Então por favor deixem suas opiniões, pois só assim poderei me tornar uma autora melhor. Vocês não tem ideia de como isso me incentiva. :)


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