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História By My Side - Um Ataque Inesperado


Escrita por: Aensland

Notas do Autor


Olá amoresss~
mais uma vez peço perdão pela demora, mas durante este mês eu tive que me dedicar totalmente às minhas provas finais. e eu fiquei de férias só semana passada, então não teve jeito de olhar a fic antes. bem...

esse capítulo foi o mais difícil de escrever até agora o.o
demorou mais do que eu esperava, mas estou satisfeita com o resultado, espero que vocês também gostem
boa leitura~ <3

Capítulo 6 - Um Ataque Inesperado


As portas do ginásio de Mossdeep se abriram, e de lá o rapaz saiu, acompanhado de seu Flygon. Ele deu um longo suspiro de satisfação, e ergueu seu olhar para observar o cenário noturno da cidade. O manto escuro da noite estendia-se sobre os céus de Hoenn, decorado por inúmeras estrelas e uma iluminada lua cheia, cuja imagem refletia nas águas negras e calmas do oceano que cercava a ilha. Uma visão magnífica, tão bela que trouxe um pouco de tranquilidade ao coração do rapaz após toda a agitação no ginásio.

A batalha contra os gêmeos acabou sendo mais desafiadora do que ele tinha imaginado. A dupla era, de fato, bastante poderosa, com táticas inteligentes e movimentos sincronizados que conseguiram confundir o time de Brendan, deixando seus Pokémon em uma situação crítica. Mas ele não negava: as coisas acabaram saindo dessa forma por sua culpa.

Quando iniciou a batalha, sua cabeça ainda estava um caos com todas as coisas que haviam acontecido mais cedo. Especialmente, tudo que envolvia Steven e aquela última conversa. As palavras do veterano não saiam de seus pensamentos por um segundo sequer. Tais pensamentos involuntários acabaram atrapalhando seu desempenho em batalha, e como consequência, seu time ficou à beira da derrota. Mas, por sorte, seu fiel Pokémon deu uma grande reviravolta em toda a situação no último instante.

Ele desviou o olhar da cidade para observar seu amigo mais uma vez com um enorme sorriso no rosto, acariciando a cabeça de Flygon, orgulhoso pelo desempenho de seu amigo.

O ginásio estava ganho; porém, sua vitória não significava descanso. Ainda havia muito a ser feito, e seu próximo passo seria caçar a Equipe Aqua para impedir que o plano de despertar Kyogre se realizasse. As coisas ficariam sérias de agora em diante, mas Brendan estava pronto, e seu time também.

Começou a fazer seu caminho em direção à casa de Steven. Perto do ginásio, um homem conversava com duas mulheres, em tom alto e gestos exagerados com as mãos para enfatizar suas palavras. A cena não passou despercebida de Brendan, mas ele não deu importância, tinha coisas mais importantes a fazer do que ouvir a conversa dos outros. Entretanto, quando ouviu a palavra ‘Magma’ surgir naquele diálogo, sua atenção imediatamente se voltou ao grupo.

“Sim, eles invadiram agora mesmo, eu vi com meus próprios olhos! Várias pessoas usando uniformes vermelhos com um grande ‘M’ estampado.” Ele ouviu o homem comentar.

Era óbvio, aquela descrição pertencia à Equipe Magma. Mas o que havia acontecido? Eles invadiram o quê? Intrigado, Brendan se aproximou das pessoas com pressa para buscar mais informações.

“O que você disse?” Perguntou ele, chamando a atenção das três pessoas.

“Equipe Magma,” O homem respondeu. “Eles estão no Centro Espacial. Não sei o que eles pretendem fazer lá dentro, mas agora as portas estão trancadas e ninguém mais pode entrar.”

Brendan não esperou para ouvir mais informações. Ele imediatamente correu com Flygon na direção do Centro Espacial, ouvindo o mesmo homem que lhe deu informações gritando, em vão, para que não fosse até lá. Brendan já sentia adrenalina correr por seu corpo; ele não imaginava que a Equipe Magma realmente atacaria o Centro Espacial, como Steven havia previsto em Lilycove. Esse novo incidente só atrasaria ainda mais sua busca pela Equipe Aqua na caverna Seafloor.

Brendan subiu as escadas que davam acesso ao Centro Espacial com bastante pressa, finalmente ficando de frente ao enorme prédio. A porta, como o homem disse, estava trancada – mas isso não seria um problema. O treinador apenas lançou um olhar para o seu Pokémon, que imediatamente compreendeu o comando. Levantando apenas uma de suas garras, Flygon avançou contra a porta de vidro, quebrando-a com um enorme impacto e causando um grande barulho. Brendan pôs os braços na frente do rosto para se proteger de inúmeros cacos de vidro que voaram, e quando o barulho cessou, abaixou os braços e olhou satisfeito para o trabalho feito por seu Pokémon. Sem mais demora, ele entrou no lugar acompanhado por seu Pokémon, que a essa altura parecia ainda mais preparado para qualquer coisa.

O cenário que seus olhos avistaram lá dentro já lhe pareceu um tanto familiar. De um lado, alguns capangas seguravam ferozes Mightyenas e Houndooms pela coleira, ameaçando os cientistas que já estavam aterrorizados pela ação agressiva. Um dos pesquisadores esbravejou palavras de repulsa contra a Equipe Magma, e como resposta, o criminoso ameaçou soltar a coleira com os cães noturnos, fazendo o cientista recuar imediatamente. O capanga gargalhou alto. Deveria estar se achando muito poderoso no controle daqueles Pokémon, mas se alguém os tirasse de sua posse, se tornaria tão inferior quanto qualquer outro ali.

Brendan se sentiu ainda mais revolto vendo aquela situação, que não era muito diferente da cena no Instituto Climático em Fortree. Para o treinador, não havia grande diferença entre Aqua ou Magma – ambas as equipes eram covardes, baixas ao mesmo nível. Ele queria livrar os pobres cientistas daquela situação, porém, sabia que a melhor maneira de acabar com o problema seria cortando-o pela raiz.

Alguns capangas bloqueavam o acesso ao segundo andar. Brendan deduziu que certamente havia algo importante acontecendo lá em cima. Maxie também poderia estar lá, e se esse fosse o caso, precisaria resolver isso com ainda mais urgência. Sem nenhum receio e repleto de confiança, o treinador caminhou em direção à escada do segundo andar, onde os dois criminosos estavam escorados lado a lado, querendo dar ares intimidantes com seus olhares esnobes e sorrisos debochados. Os rostos pareceram um tanto familiares para o rapaz.

“Ora, veja só se não é o pirralho que nós encontramos em Meteor Falls.” O criminoso da direita comentou em tom de deboche.

“E no Monte Chimney também!” Acrescentou o outro criminoso, que compartilhava da mesma expressão zombeteira. “Você deve se achar muita coisa por causa da nossa última batalha, não é? Pois saiba que sua atitude atrevida não nos impressiona nem um pouquinho. Só perdemos porque estávamos despreparados.”

“Mas agora é diferente,” O outro continuou. “Nosso líder Maxie e administrador Tabitha estão no andar de cima, acabando com outro treinador tão atrevido quanto você.”

Outro treinador? Quando ouviu isso, a imagem de um certo colecionador de gemas preciosas imediatamente veio à sua cabeça, e seu coração acelerou. Se for Steven a pessoa que está no andar de cima batalhando com Maxie, não havia razões para temer; ele já foi um campeão, afinal. Entretanto, não pôde evitar o sentimento de preocupação ao imaginá-lo lutando sozinho contra os dois criminosos. Mesmo sendo um treinador poderoso, o time dele tinha uma enorme fraqueza contra os Pokémon da Equipe Magma. Precisava averiguar a situação lá em cima o mais rápido possível, mas os dois capangas não pareciam dispostos a colaborar. Bem, azar o deles.

“Não vamos deixar você avançar, garoto. Saia agora ou terá que enfrentar a nossa força!” Esbravejou o capanga da direita.

Brendan teve que segurar uma gargalhada ao ouvir isso. Sua atitude não passou despercebida pelos criminosos, que bufaram de raiva; justamente o que Brendan queria. Cada um pegou duas pokébolas no bolso de suas bermudas, e Flygon se pôs na frente do seu treinador, pronto para iniciar a batalha.

Quando estavam prestes a apertarem os botões das cápsulas, uma estranha aura de energia azulada cercou os criminosos, parecendo os impedir de se moverem. Os dois trocaram olhares, tentando entender o que estava acontecendo com eles. E sem que ninguém esperasse, a aura os tirou do chão e os deixou flutuando no ar. Os dois começaram a gritar em desespero e confusão, debatendo-se, tentando sair daquela prisão telecinética.

“M-Mas o que é isso?! Tire-me daqui!” Um deles berrou enquanto tentava, em vão, descer.

Tão confuso quanto qualquer outro ali, Brendan olhou para os lados, tentando descobrir de onde vinha a força causadora desta situação. Quando olhou para trás, encontrou Tate e Liza entrando no Centro Espacial, acompanhados de Lunatone e Solrock, que brilhavam com o poder que segurava os capangas no ar. Um sorriso de surpresa foi estampado no rosto do moreno, não estava esperando vê-los ali. Os gêmeos estavam sérios, parecendo prontos para acabar com aquela situação.

“Cuidaremos deles aqui em baixo.” Disse Liza.

“Agora suba e pare o líder da Equipe, rápido!” Completou Tate.

Brendan assentiu, e sem mais demora avançou com Flygon para o andar de cima, passando por baixo dos criminosos que ainda estavam presos no ar pelos poderes psíquicos dos Pokémon. A cada degrau, seu coração batia mais forte em apreensão. Ele não conseguia ouvir nenhum barulho de golpes ou comandos vindos de cima, dando a entender que não estava acontecendo uma batalha entre Steven e Maxie, deixando o rapaz ainda mais curioso sobre o que poderia estar ocorrendo.

 

*

 

Steven apenas desconfiou que a Equipe Magma invadiria o Centro Espacial, mas não pensou que eles de fato fariam isso. Quando o Professor Cosmo lhe avisou sobre o comunicado escrito pelos criminosos, o geólogo se apressou e foi o mais rápido possível para o local. Pouco tempo depois eles chegaram, vários deles, mantendo os cientistas como vítimas e dando escolta aos seus superiores.

Agora lá estava ele, de frente ao líder da Equipe e seu administrador. Os dois pareciam impacientes, provavelmente não estavam esperando encontrar outro treinador para atrapalhar seus planos.

O veterano nunca teve o desprazer de encontrar a Equipe Magma pessoalmente até então. Maxie, o líder, tinha uma feição séria colada em seu rosto; vestido em um longo sobretudo preto e vermelho, com o grande brasão de sua equipe estampado no peito. O administrador estava ao seu lado, exibindo um sorriso debochado que começava a irritar o treinador de aço. Tabitha era mais alto que Maxie, por isso sempre ficava um pouco atrás para disfarçar o fato e entregar o ar de superioridade ao seu líder. Seu físico era atlético e musculoso, mas toda essa pose não intimidava Steven; estava lá para detê-los, e era isso que ia fazer.

“Eu não entendo. Por que vocês querem roubar o combustível do foguete?” Insistiu Steven em tom calmo. Ele estava tentando fazer o possível para conseguir um diálogo pacífico com os criminosos, mesmo que eles não estivessem dispostos a isso.

Maxie manteve sua pose séria diante a questão, mas pareceu compreender a vontade do geólogo. “Você é muito curioso, Steven Stone. Já que insiste, lhe darei uma explicação sobre o porquê do nosso interesse no combustível. Nós vamos abandonar toda a carga no Monte Chimney! Quando Groudon despertar, aquela montanha não terá mais utilidade, por isso usaremos o combustível para fazer o vulcão entrar em erupção. Assim, ajudaremos Groudon na missão de expandir a massa da Terra.” O líder deu um sorriso cínico, parecendo saborear a forma que seu próprio plano soava. “Por isso nem tente, Steven Stone. Todos os seus títulos não poderão impedir o despertar de Groudon – nada irá impedir.

“A expansão de massa será um avanço para a humanidade, não vê?” Continuou o líder. “Pode me chamar de louco ou falar que meu sonho não tem sentido; você não será o primeiro, nem o último a dizer isso. No futuro, sei que todas as mente-fechadas que hoje me acusam de vilão por querer uma mudança me agradecerão.”

Steven realmente estava tentando entender o ponto de vista de Maxie para resolver aquele conflito de forma racional, porém seus esforços pareciam em vão. Ele não conseguia compreender o porquê daquele homem estar tão obcecado com um plano desses. Ele não conseguia compreender como Maxie era cego perante as consequências que seu sonho doentio causaria. Expandir a massa terrestre seria um assassinato às vidas marinhas dos Pokémon, uma quebra no balanço da natureza. E o despertar de Groudon, juntamente ao despertar de Kyogre, significaria um fim iminente à Hoenn e sua população. Steven não poderia entender, de forma alguma, como alguém acharia isso algo positivo.

Como se pudesse ler os pensamentos do treinador, Maxie balançou a cabeça negativamente.

“Estou decepcionado. Esperava que um homem como você entendesse nossos objetivos, mas aparentemente sua linha de pensamento é idêntica a de qualquer outro cidadão ignorante.” O ruivo disse sério.

“Como pretende ser compreendido? Suas ideias são tão ilógicas quanto as propostas pela Equipe Aqua.” O geólogo respondeu com bastante seriedade. “Você se proclama tão grandioso, mas apresenta um plano baseado apenas em sua utopia de que a expansão de massa será um avanço para a humanidade. Isso não ajudará ninguém – nem humanos, muito menos os Pokémon que vivem do mar, pois serão mortos por causa do seu egoísmo. É tolice acreditar que Groudon te obedecerá só porque um dos orbes sagrados está em sua posse, como pode ter tanta certeza disso? Qualquer erro e a humanidade sofrerá com o poder do lendário. E ainda assim, você se recusa a enxergar a realidade. No final das contas, você e Archie são bastante parecidos – ambos possuem pontos de vistas ignorantes.”

Aquela frase pareceu abalar Maxie. Ele olhou para o geólogo em choque com aquelas palavras de realidade, enquanto o administrador se encheu de ira.

 “Calado!” Tabitha gritou, serrando seus punhos e levantando seu braço em posição de luta. O ataque seguinte foi tão veloz que Steven não teve tempo de reagir, sentindo apenas o forte impacto dos punhos de Tabitha atingir seu queixo e o empurrar para trás. Ele precisou se apoiar na mesa mais próxima de si para não perder o equilíbrio, massageando o queixo, que começava a pesar com a dor causada pelo soco repentino. Ainda estava surpreso com o que havia acabado de acontecer. Nunca antes o geólogo foi atingido por tamanha brutalidade física, mas não podia esperar outra atitude de um grupo covarde como aquele que estava lidando.

“Jamais ouse comparar nossos objetivos com o pesadelo proposto por Archie.” A voz fria de Maxie o alertou.

“Steven!” Uma nova voz foi ouvida na sala, soando bastante familiar para aquele cujo nome foi citado.

Todos voltaram suas atenções para a direção que a voz vinha, encontrando Brendan, que parecia chocado e ao mesmo tempo indignado com o que tinha acabado de presenciar. Ignorando a dor que ainda sentia, Steven caminhou com pressa na direção do rapaz, não conseguindo esconder o espanto de vê-lo justamente ali.

“Brendan, o que está fazendo aqui? Você deveria estar ocupado com o ginásio.” Perguntou surpreso. Não era sua intenção ser rude com o rapaz, mas a situação estava tão tensa que ele não notou suas próprias palavras e tom de voz.

“Isso não importa, você se machucou!” O garoto respondeu, levantando uma mão para tocar o rosto do maior, porém hesitando logo em seguida por medo de machucá-lo ainda mais. Steven sabia que a parte atingida provavelmente estava bastante vermelha.

“Eu estou bem.” Respondeu firme e sério. Ainda doía um pouco, de fato – os punhos de Tabitha eram fortes. Entretanto, preferiu tranquilizar o rapaz e não preocupá-lo ainda mais. “Mas você acabou de sair de outra batalha intensa, seu time deve estar exausto. Vá para  a minha casa e deixe que eu cuide disso.”

“O quê? Não! Entramos nesta situação juntos, e vamos resolvê-la juntos. Me deixe te ajudar; seu time inteiro tem uma grande desvantagem contra os Pokémon usados por Maxie e Tabitha, mas se combinarmos nossas forças conseguiremos derrotá-los!”

A expressão do garoto era séria e determinada. Steven soube por aquele olhar que ele não mudaria de ideia, e que participaria da batalha de qualquer forma. Dando-se por derrotado, Steven resolveu concordar com a proposta do treinador.

“Certo. Lute ao meu lado, então.”

O rapaz assentiu confiante e lançou um olhar para Flygon, perguntando de forma muda se ele já estava pronto. Steven estava certo, Flygon já havia se esforçado bastante contra os líderes de ginásio. Brendan era um treinador responsável e tinha um enorme respeito por seus Pokémon, ele jamais mandaria um de seus amigos para batalhar se ele não aguentasse; precisava saber se Flygon estava realmente disposto. O olhar que seu Pokémon lhe lançou naquele momento confirmou justamente o que ele precisava saber: Flygon estava determinado.

“Então, chegamos a uma conclusão? Irá parar com suas insistências inúteis e nos deixará levar o combustível sem mais conflitos?” Perguntou Maxie com sua voz grave e esnobe. Quanto mais Steven o ouvia, mais ele se enjoava.

O veterano se virou para encarar o líder da Equipe Magma mais uma vez. “Não, iremos resolver isso de forma justa: em uma batalha, dois contra dois.”

Maxie ajeitou seus óculos, mantendo sua pose séria, parecendo conformado. “Pois bem, assim seja. Tentar nos impedir é inútil, mas já que insiste, farei com que você aprenda isso da forma difícil.”

O geólogo não se intimidou. Estava preparado para aquela batalha, e não deixaria Maxie sair com a vitória. Ele pegou uma das três pokébolas presas no cinto debaixo de seu blazer preto. Sua escolha poderia ser um tanto arriscada, levando em conta os tipos de Pokémon que aqueles criminosos usavam; porém, aquele era seu Pokémon mais fiel. Steven confiava nele, confiava em si mesmo, e confiava em Brendan – não havia motivos para temer.

Ele apertou o botão da pokébola e a lançou no ar com elegância. A luz ofuscante emanada pela cápsula se materializa, dando forma a Metagross, que causa um grande estrondo quando suas pesadas pernas metálicas atingem o piso de mármore. Brendan não pôde esconder o fascínio ao ver o enorme aracnídeo de aço na sua frente, imponente e intimidador, pronto para receber qualquer comando de seu treinador. Steven parecia, de fato, um campeão perto daquele enorme Pokémon. Não tinha dúvidas sobre o porquê da imagem do geólogo ser tão respeitada.

Maxie pôs a mão no bolso de seu sobretudo negro, e de lá tirou uma pokébola, assim como Tabitha, que já tinha uma em mãos. Os dois apertaram os botões ao mesmo tempo, e de dentro das cápsulas, dois enormes Camerupt surgiram, rugindo e expelindo magma dos vulcões fixados em suas costas.

Pelo sorriso expresso no rosto de Tabitha, Steven soube que o administrador já se declarava vitorioso. De fato, seu time inteiro tinha uma enorme desvantagem contra os Pokémon da Equipe Magma – mas isso não era motivo para subestimar seu poder. Todo Pokémon tem um ponto fraco, e era essa fraqueza que o ex-campeão exploraria naquela batalha; esta era sua tática em todas as lutas, e nesta não seria diferente.

“Sopro do dragão!” Foi o primeiro comando dado pelo rapaz.

Flygon carregou um poderoso raio de coloração azul em sua boca, lançando com força contra seu oponente logo em seguida. Aquele golpe poderia paralisar os Pokémon de fogo, e isso lhe daria uma grande vantagem naquela luta.

“Proteja-se.” A voz de Maxie foi ouvida.

No exato instante que o raio de Flygon os atingiria, um escudo invisível foi criado na frente dos dois Camerupt, impedindo que o golpe de dragão fosse desferido. Brendan ficou um tanto surpreso com aquilo. Foi um equívoco pensar que aquele Camerupt teria apenas golpes físicos. Precisaria mudar sua estratégia antes que as coisas ficassem ruins para o seu lado.

“Lança Chamas!” Tabitha comandou em seu tom áspero.

O Camerupt do administrador começou a acumular uma enorme quantidade de chamas, tanto fogo que as partículas de lava continuaram a serem expelidas pelos vulcões em suas costas.

“Tela de Luz.” O veterano finalmente disse. Seu tom era calmo, pois tinha bastante confiança em seu Pokémon e em sua estratégia.

Em um piscar de olhos, Metagross se pôs na frente de Flygon. Não só o processamento de Metagross poderia ser comparado ao desempenho de um supercomputador, mas sua velocidade também; mesmo pesando toneladas, ele se movia tão rápido que nem os olhos atentos de seu treinador conseguiam acompanhá-lo. O aracnídeo mecânico usou seus poderes para criar uma parede mística e brilhante em frente à arena de seu time. O golpe de chamas finalmente os atingiu, mas metade do impacto foi retida com o escudo criado por Metagross, que apesar de retroceder um pouco com o ataque, resistiu ao fogo, mesmo tendo fraqueza a ele.

“Agora use Psíquico,” O treinador de aço comandou mais uma vez. “Lance um contra o outro.”

A cruz de aço situada na face de Metagross começou a brilhar com o poder que seu potente cérebro estava acumulando, e com suas incríveis habilidades telecinéticas, conseguiu levitar o Camerupt de Tabitha. Ele então lançou o Pokémon de fogo e solo contra o de Maxie, derrubando os dois como um strike.

Aquele golpe conseguiu arrancar expressões surpresas dos criminosos, que certamente não estavam esperando tamanho poder. Steven, por sua vez, não duvidou por um segundo da capacidade de seu melhor amigo. Aquela batalha estava sendo fantástica, sua sincronia com Brendan era inacreditável; o garoto sem dúvidas era um bom treinador, e Steven estava orgulhoso em ver o desempenho dele com seu Pokémon. Contudo, era hora de acabar com aquilo de uma vez por todas... Ou melhor, deixar que Brendan finalizasse aquilo.

“Termine com isso, Flygon. Use Hiper Raio!” O rapaz comandou com vontade.

Flygon carregou uma enorme quantidade de poder em sua boca, lançando com força contra os Pokémon de fogo e causando uma grande explosão na sala, deixando um sorriso vitorioso no rosto do rapaz. O colecionador de cara entendeu a estratégia de seu parceiro. Hiper Raio era um ataque que liberava muito poder no primeiro turno, deixando assim o usuário incapaz de atacar no segundo. Mas por saber que a saúde dos Camerupt já estava muito baixa, não teria problema usar esse ataque se ele finalizaria a batalha no primeiro acerto, correto?

Entretanto, as coisas não sairiam exatamente como ele esperava. Quando a poeira cessou, um Camerupt estava inconsciente no chão, enquanto o outro ainda parecia firme.

“O quê?!” A exclamação saiu automaticamente da boca de Brendan, mas quando viu uma faixa vermelha cair da perna do Pokémon, um pensamento logo o atingiu. “Claro, ele está usando uma Faixa de Foco... Esperto, eu não previ isso.”

“Erupção, Camerupt.” Maxie disse em tom convencido. Ele estava seguro de que aquele seria seu trunfo final.

Steven temia que isso fosse acontecer, justamente aquele golpe! Precisava fazer alguma coisa, e rápido.

“Soco Meteoro!” Steven disse, um pouco mais apreensivo dessa vez.

Metagross elevou uma de suas quatro pernas mecânicas, concentrando nela uma enorme quantidade de energia. Com uma aura azul cobrindo toda a superfície metálica de sua perna, Metagross disparou com a velocidade do meteoro que nomeava seu golpe, partindo para dar um soco em Camerupt e levando consigo tudo que estava pela sua frente, inclusive o oponente, que ficou preso em suas garras. O soco soltou inúmeras partículas brilhantes que lembravam estrelas, e a força do impacto o fez quebrar a parede do local, causando um enorme estrondo enquanto Metagross levava o Camerupt para bem longe com suas garras, finalizando o golpe apenas quando atingiu uma das árvores de Mossdeep.

De dentro do Centro Espacial, os treinadores assistiam pela enorme abertura na parede a batalha que havia terminado do lado de fora. Maxie e Tabitha pareciam abismados com a brutalidade e força de Metagross, que soltou o Camerupt de suas garras e o derrubou no chão, inconsciente. Foi a vez de Steven dar um sorriso vitorioso ao presenciar o desempenho de seu mais fiel companheiro.

“Desgraçados...” Tabitha rangeu, pondo a mão no bolso de sua calça e tirando uma nova pokébola. “Não acabou ainda!”

Ele lançou a cápsula no ar, e de lá, uma Mightyena feroz aparece. Típico, porém nenhum dos dois treinadores esperou que Tabitha fosse lançar mais um Pokémon; afinal, o acordo era dois contra dois. Os dois Pokémon da Equipe Magma já haviam sido derrotados, aquela luta estava ganha, continuá-la seria um golpe sujo.

“Vamos, ataque-o sua inútil!”

Mightyena obedeceu às ordens grosseiras do administrador e correu com seus dentes afiados à mostra na direção dos inimigos. Flygon estava exausto por causa do seu último golpe e não pôde se mover para contra-atacar, enquanto Metagross ainda estava do lado de fora se recuperando do forte impacto. Flygon não se machucaria tanto com uma simples mordida do Pokémon noturno, então não havia motivos para tanto terror. Entretanto, o inesperado aconteceu.

Em um movimento rápido, Mightyena saltou por cima de Flygon e partiu com suas presas na direção de Brendan, que não teria tempo de se desviar daquele ataque inevitável. O movimento seguinte aconteceu muito rápido, mas para os olhos de Steven, toda aquela cena ocorreu em câmera lenta.

Mightyena lançou-se por cima do rapaz, mas naquele exato momento, Metagross volta para a sala com a velocidade de uma bala e joga Mightyena para longe com seu corpo, impedindo que ela atingisse o treinador e a nocauteando no mesmo instante. Entretanto, as garras afiadas ainda conseguiram tocar o rosto do moreno. Steven percebeu isso quando viu sangue escorrer pela face do treinador, enquanto ele tocava o corte com uma expressão de dor.

“Brendan!” O nome saiu automaticamente de sua boca ao ver a cena.

O veterano correu na direção do rapaz, que parecia não saber o que fazer, apenas cobrindo o ferimento com sua mão e tentando disfarçar a dor que sentia. A primeira ação de Steven foi pegar um lenço branco que sempre estava no bolso de seu terno e o apertar contra o rosto do moreno, tentando estancar o sangue. A cor clara do tecido delicado logo foi tingida pelo vermelho intenso que escorria com vigor. Flygon e Metagross se aproximaram de seus treinadores, claramente preocupados com a situação, especialmente o dragão, que parecia triste ao ver seu amigo machucado.

Enquanto tentava cuidar do corte, ele ouviu Maxie pigarrear no outro canto da sala.

“Por enquanto, vamos desistir do combustível,” Maxie disse enquanto tentava manter sua pose séria e superior, mesmo estando claramente constrangido com sua derrota. “Contudo, saiba que nossa próxima missão será um sucesso. Se pensam em nos desafiar novamente, melhor estarem preparados. Em breve vocês verão a mudança neste mundo acontecer.”

E Maxie saiu da sala de cabeça erguida, acompanhado por Tabitha, que o seguia como um cachorrinho. Steven ignorou totalmente a cena. Ele já não se importava com Equipe Magma ou combustível, no momento todas as suas preocupações estavam voltadas a Brendan e aquele terrível machucado.

Barulhos de passos apressados foram ouvidos se aproximando, seguidos por duas figuras que surgiram na porta de entrada da sala.

“O que aconteceu aqui?” As duas novas vozes perguntaram em coro. Steven não precisou erguer seu olhar para saber que eram Liza e Tate.

Os gêmeos imediatamente olharam para Brendan, e espantaram-se ao ver a situação do rapaz que ainda parecia sofrer com a dor do corte, por mais que tentasse disfarçar.

“Precisamos levá-lo ao Centro Pokémon,” Liza disse, parecendo preocupada.

“Lá eles também oferecem atendimento aos treinadores que se machucam em batalhas.” Tate completou um pouco mais sério.

Steven concordou e ajudou Brendan a se levantar. Ambos retornaram seus respectivos Pokémon para suas pokébolas, agradecendo-os pelo bom trabalho, e caminharam para o lado de fora, descendo as escadas com bastante cuidado.

“Não é tão grave assim,” Brendan disse um pouco irritado. “É só um corte bobo.”

Steven ignorou o protesto do garoto. Ele o conhecia, e sabia que Brendan jamais admitiria sua própria dor, não importa o quanto estivesse sofrendo. O veterano estava realmente preocupado com aquele sangramento. O pano ainda estava na bochecha do rapaz, mas o líquido vermelho parecia não parar de escorrer. Falar isso em voz alta provavelmente o irritaria ainda mais, então restou a ele pedir mentalmente que aquilo não fosse tão grave quanto ele imaginava.

 

*

 

Não demorou muito para a mídia tomar conhecimento do ocorrido. Agora, inúmeros repórteres estavam na cidade de Mossdeep, alguns até mesmo tentavam invadir a casa de Steven para saber mais detalhes; mas Aggron estava na sala, pronta para expulsar qualquer pessoa que ousasse interromper a privacidade de seu treinador.

Felizmente, agora estava tudo bem. A competente enfermeira fez um curativo no rosto de Brendan e disse que o corte não foi tão grave, entretanto provavelmente deixaria uma cicatriz. O rapaz, por sua vez, não parecia se importar muito com isso. Ele estava no quarto de Steven – o único lugar da casa que não era possível ouvir o barulho dos repórteres do lado de fora –, sentado na cama com uma cara entediada enquanto o veterano andava de um lado para o outro na sua frente.

“Não posso acreditar que a Equipe Magma foi capaz de fazer um ato tão baixo para realizar aquele plano tolo e sem sentido,” Exclamou o irritado Steven, andando inquieto com uma expressão nada paciente. Uma imagem inusitada para alguém que era sempre tão calmo. “E o líder, que se proclama grandioso, é tão baixo quanto seus empregados.”

“Você não precisa se preocupar com isso.” Disse o moreno em tom baixo, olhando para qualquer lugar que não fosse o rosto de Steven. O veterano sabia que o adolescente estava constrangido por ter se machucado durante a batalha, mas não foi culpa dele – o capanga da Equipe Magma que agiu covardemente ao mirar o golpe de Mightyena na direção de Brendan.

O maior cessou seu vai-e-vem e parou na frente do moreno, suspirando. “Ao menos o corte não foi profundo, então deve cicatrizar logo.” Steven respondeu com a voz um pouco mais calma.

Mesmo com os nervos agitados pelo ocorrido, o colecionador estava aliviado. Se tivesse sido Camerupt o responsável por desferir o golpe, ou se o rapaz tivesse se machucado gravemente... Steven não imaginava no que seria capaz de fazer. O amargo sentimento de raiva preencheu seu peito só de pensar no assunto. Decidiu que o melhor seria parar de imaginar circunstâncias negativas e relaxar, agradecendo mentalmente por Brendan estar bem agora.

“Você deve descansar, seu dia foi muito agitado. Durma aqui e relaxe.”

“Mas e você?” O rapaz perguntou.

“Ora, eu dormirei na sala. Uma hora ou outra os papparazzi irão embora.” Ele comentou com um sorrisinho sem graça, passando a mão em seu cabelo cinza. A verdade é que ele não estava nem um pouco a fim de passar a noite ouvindo a mídia chegando para espiar, e os rugidos de Aggron para expulsá-los. Mas ele queria que Brendan tivesse o maior conforto possível, então faria esse sacrifício por ele. “Boa noite.”

Steven se virou para sair do quarto. Porém, no instante que ele deu o primeiro passo para se retirar, a mão de Brendan repentinamente segurou seu pulso, impedindo-o de se mover. Ele olhou para trás confuso, vendo que o rapaz estava o encarando com uma expressão bastante séria em seu rosto.

“Eu quero que fique aqui, comigo.”

Steven sentiu reviravoltas no estômago ao ouvir a proposta. Pela feição séria estampada na face do moreno, ele sabia que Brendan não estava fazendo mais uma de suas piadinhas apenas para provocá-lo. Desta vez era sério. Mas o que deveria responder? Não negava: todos os seus sentidos o mandavam aceitar a proposta, principalmente após esse dia cheio de reviravoltas e confusões. Agora ele só queria descansar ao lado da única pessoa que o acalmava.

“Tudo bem, eu fico com você.” Ele respondeu calmo, sorrindo.

Um sorriso foi desenhado nos lábios do rapaz quando ouviu a resposta. Ele se deitou e deu espaço para o veterano fazer o mesmo naquela grande e confortável cama. Os dois estavam lado a lado; olhos rubis fixados nos azuis. Era maravilhoso ter aquele momento de paz após tantos conflitos.

“Hoje o dia foi agitado,” O rapaz comentou, e uma expressão melancólica surgiu em seu rosto. “Me desculpe por te deixar preocupado...”

“Não vamos falar sobre isso, já passou. Estou feliz que esteja bem.” Respondeu em tom sereno, acariciando o rosto do moreno, tendo cuidado para não tocar no curativo.

O semblante do rapaz ficou um pouco mais alegre ao ouvir isso. Brendan se aproximou mais, e para a surpresa do veterano, ele o abraçou, afundando seu rosto no peitoral do mais velho. Steven não estava esperando aquela atitude, mas era tão bom estar envolto pelos braços quentes e aconchegantes do garoto. Uma sensação tão confortável que a única coisa que ele pôde fazer em resposta foi abraçá-lo de volta, apoiando seu queixo nos cabelos negros do treinador.

“Obrigado por, você sabe... ficar ao meu lado,” O menor começou. Parecia um pouco envergonhado, mas sua voz carregava sinceridade. “Eu entrei nesta situação da Equipe Aqua e Magma sozinho, mas depois de tudo que aconteceu, não tenho certeza se eu aguentaria sem o seu apoio. Então... Obrigado, mesmo.”

Steven mais uma vez ficou surpreso. Ele sabia que Brendan era uma pessoa bastante orgulhosa de seus próprios feitos, e que tinha uma enorme confiança em si mesmo. Ouvi-lo admitir algo assim significava bastante; era como se ele se sentisse à vontade para abrir seus sentimentos com Steven, e saber que o garoto lhe dava tamanha confiança deu uma felicidade indescritível ao veterano. Não havia resposta mais apropriada para aquela confissão do que a pura verdade.

“Eu sempre estarei aqui.” Respondeu com toda a sinceridade, acariciando as mechas negras do cabelo de Brendan.

“Então não vá embora.” Ele o ouviu sussurrar de forma tão baixa que o fez acreditar que o rapaz não tinha certeza se deveria de fato dizer aquilo.

Após tudo que aconteceu, tantas coisas que enfrentaram juntos e o importante laço que criaram ao longo do tempo, Steven jamais poderia deixá-lo e ir embora. Ele pensou em confessar isso para Brendan naquele exato momento, mas quando sentiu uma respiração calma tocar seu peito, percebeu que o rapaz já estava quase embalando em um sono tranquilo. Decidiu então deixar esse assunto para outro dia e o abraçou mais forte, depositando um beijo terno no topo da cabeça dele e fechando os olhos, pronto para dormir envolto pelo calor do treinador que trazia um sentimento aconchegante ao seu coração. Agora, mais que nunca, ele tinha certeza que não poderia deixar o rapaz escapar de seus braços.


Notas Finais


o que acharam? deem suas opiniões sobre o capítulo. :))
não estou acostumada a escrever cenas de batalha, então caso tenham alguma crítica construtiva para dar, eu gostaria bastante de ouvir!

o apoio que vocês têm dado até agora está sendo maravilhoso. cada comentário e qualquer palavra de apoio me incentiva, e MUITO a continuar escrevendo <3 continuem assim, ok?

ah, e feliz natal antecipado pra todos vocês, seus lindos~


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