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História By My Side - (Final) : ''Última chance.''


Escrita por: Jinshinwoo

Notas do Autor


Oláá. Obrigado a todos que leram os capítulos anteriores e que irão ler os seguintes. É o final, mas haverá um Extra/Epílogo com muito lemon ¬w¬, infelizmente esse capítulo é um pouco ''sério'' e não conterá esse tipo de agarramento...? shahsha Enfim...

Aqui está o Ato Final dessa trama. O desenrolar avança como o ácido corrói o aço. Todas as dúvidas serão esclarecidas e finalmente Kageyama tomará sua decisão. Sua última chance é de extrema preciosidade.

Não me matem, ok? Ok. *suspira* Espero que apreciem o capítulo e que não murchem ao descobrir a verdade >u<

Capítulo 3 - (Final) : ''Última chance.''


Fanfic / Fanfiction By My Side - (Final) : ''Última chance.''

Kageyama simplesmente apagou antes de  entender o que estava acontecendo. Era tudo tão estranho, estava com tanto medo. O pavor lhe subia a garganta em forma de grito, mas a sua voz não saia. A garganta doía, sentia seus braços coçarem e parecia que alguma coisa o perfurava, como agulhas e algum líquido gelado entrava em suas veias. Tentou não olhar para os braços quando recuperasse a visão, não queria saber se era mais um Hinata tentando matá-lo com agulhas.  

Mais importante que isso. Ele não havia acordado, estava dormindo. Temia que pudesse ter pesadelos, queria acreditar que sonharia com o seu querido Hinata. Sobre o ato que recém haviam feito, e sua reconciliação. Queria sonhar com os tempos bons, com o passado dos dois. Mas, surpreendeu-se.  

Sonhou com Oikawa Tooru.  

Apenas tinha contado para Hinata que ambos foram namorados por um tempo, além de Iwaizume que também sabia do caso, pois Oikawa contava tudo para seu melhor amigo. Somente os dois sabiam verdadeiramente que Kageyama e Oikawa haviam namorado.  

Teve um sonho de certa forma bom, mas de outra forma péssimo. 

Os beijos molhados e as mãos apressadas preenchiam o ambiente. Oikawa empurrou o moreno diretamente para a cama, esfregou-se nele,  o ouviu gemendo baixinho. Quando desgrudaram seus lábios uns dos outros, já totalmente vermelhos e os pulmões sem ar, olharam-se com ansiedade e excitação. 

—Oikawa-san... -disse baixinho acariciando os sedosos fios com cor de chocolate.  

Tooru o olhou com ternura, aceitando o carinho, mas tinha alguma coisa diferente. E infelizmente o moreno não sabia o que era. Antes de perguntar, ele o beijou novamente, esfomeado. Passou a mão direita no peito do moreno e deslizou pela barriga, por fim, acariciou o membro dele, estimulando-o.  

Kageyama cerrou os olhos, ficara com falta de ar pelos beijos do amante. E não tinha tanta noção de coisas desse tipo, afinal ainda era um adolescente passando pelas fases de mudanças, principalmente no corpo. Agora que completar seus 14 anos sairá de Kitagawa Daiichi. Por tantos motivos que não queria se lembrar. Não naquele momento. 

—Tobio-chan. -chamou-o baixinho levantando seu rosto e sentando nas pernas. Retirou sua blusa rapidamente deixando visível seu tórax assim como sua barriga em forma.  

O moreno puxou uma lufada de ar observando-o com timidez. Seu rosto queimava de calor, igualmente como o restante do corpo , deixando gotículas de suor brotarem calmamente. A face tão ruborizada que quase era difícil de enxergar corretamente, se perdesse a concentração Oikawa ficaria desfocado aos seus olhos negros.  

O peito subia e descia com dificuldade. Oh Deus, estava tão nervoso. Será que poderia vomitar naquele momento? Não, é claro que não. Era a sua primeira vez na atividade de sexo verdadeiro. Mesmo sendo um garoto normal, vídeos de pessoas fazendo sexo não o atraia tanto quanto o Voleibol. Nem mesmo meninas bonitas o atraiam, portanto pontos quase zeros para a masturbação. E percebeu que estava totalmente perdido em relação a si mesmo. 

Garotos o deixavam excitado.  

Oikawa foi o primeiro a observar isso. E foi o primeiro que deu em cima do moreno com toda a intenção de atrai-lo como ele fazia com suas milhões de fãs. Foi agarrado facilmente. Aceitou facilmente, entretanto, havia sim paixão envolvidas. Nada de mentiras, apenas sua total sinceridade. 

—Estou nervoso. -Oikawa disse dando uma risadinha baixa. Mordia o lábio inferior provocando-o, mas o moreno nem notara isso, pois o nervosismo o deixara travado. -É minha primeira vez com um cara. -revelou desprendendo a fivela do cinto de Kageyama.  

—Já fez com garotas então? -perguntou observando os movimentos dele. Distraindo-se um pouco. 

—Sim, já fiz. -contou dando de ombros. Finalmente abriu o botão e o zíper da calça do moreno. Olhou para ele curioso, esperando novas questões. -Acho que é diferente. Afinal os corpos são diferentes, vamos ter que fazer de outro jeito, você sabe né?  

—Ahan... -disse sem entusiasmo na voz. Oikawa aproximou-se e o beijou novamente, lambendo os lábios dele e as vezes mordiscando.  

Brincou com os mamilos do moreno, que nada sentiu naquele momento além de um arrepio nada agradável. E quando o maior tocou-o na cueca box, pressionando sua mão no pênis de Kageyama, ele se sentiu zonzo e enjoado. Definitivamente não estava preparado para aquilo. Assustou-se de principio, empurrou com força os ombros de Oikawa que o encarou alarmado. Respirava com dificuldade, rapidamente quase não dando chances para os pulmões se encherem. Então quando Tooru ia abrir sua boca para falar, Kageyama desandou a chorar. De inicio um choro baixo com soluços entrecortados, depois um choro agoniado e desesperado. 

—O quê? Que foi? -perguntou Oikawa sentando-se, os olhos ligeiramente arregalados. Sua mãos acariciando os ombros do moreno, os cabelos negros e as mãos que escondiam a face vermelha.  

—N-Não consigo. Não posso fazer isso. -choramingou com a voz embargada e rouca. Havia se sentado também, o maior na sua frente tocava no seu cabelo com carinho. -Me desculpa, desculpa, não dá.  

—Tudo bem, tudo bem. Só se acalme ok? -pediu abraçando-o cuidadosamente. Acariciava as costas dele enquanto ouvia o choro sôfrego.  

Kageyama o abraçou escondendo o rosto na curva do pescoço do maior. Tremia um pouco, deixando escapar uma respiração pesada e com soluços soltos. Oikawa sentiu suas lágrimas quentes tocarem em sua pele. Retribuiu com proteção o abraço forte, apoiou a cabeça no ombro do moreno, olhando para baixo um tanto desnorteado. Afagava as costas do moreno e seus cabelos negros, como se estivesse reconfortando uma criança que havia se machucado.  

—Eu fui longe de mais? -perguntou baixinho rente ao ouvido dele. Kageyama não respondeu, apenas balançou a cabeça em sinal de negativo. -Está assustado para tentar então? Com medo de mim?  

—Não sei. -sua garganta se contraiu, pois sentia uma bola na garganta dificultando a fala. Com a fala desencadeou mais choro entalado na garganta. Tentou se controlar, tentou parar, mas simplesmente não conseguiu.  

O sonho dissolveu-se como uma fumaça cinza azulada, escurecendo gradativamente para o preto. Sentiu o cheiro do chá que Oikawa amava ainda no breu. A fumaça reverteu-se, como uma fita, o preto continuava, mas o cinza azulado foi ganhando cor. Em alguns mínimos instantes conseguia ver o ambiente em que estava, em cores vivas.  

Odiou o sonho nesse momento.  

Subia as escadas com cuidado, pois levava nas mãos uma bandeja com chá e biscoitos, perfeitamente organizados e decorados pela mãe de Oikawa. Ela o avisara que Iwaizume estava no quarto do filho fazia algum tempo, e que estavam discutindo bravos alguma coisa que não conseguia ouvir da cozinha.  

Mesmo assim Kageyama não se importou. Após a tentativa de sexo dos dois, o mais velho estava tendo mais cuidado com ele, tão protetor e ao mesmo tempo meigo e doce. Fazia com que o moreno se sentisse mais confiante em sua relação com ele, sentia-se mais apaixonado, a hesitação se reduzira ao máximo. Portanto a excessiva confiança fazia ter vontade de tentar mais uma vez fazer sexo com Oikawa.  

—Eu já disse isso várias vezes. -disse a voz abafada de Iwaizume pela porta entre aberta. O moreno detectou certa irritação na voz dele. 

—Sei disso, sei disso. Por favor, não fique com tanta raiva Iwa-chan. -disse em um choramingar de imploração que somente o popular Oikawa conseguia fazer. -Vou dar um jeito, então não me ignore desse jeito.  

—Porque ele, droga? -retrucou com o tom de voz magoado.  

—Já disse que amo você. Só você Iwa-chan. 

Kageyama parou em frente ao quarto, e infelizmente havia escutado a conversa inteira. O choque lhe atingiu com força quase deixando cair a bandeja. Estranhou quando os garotos ficaram em um momento de silêncio. Portanto empurrou sorrateiramente a porta que estava encostada. 

''Talvez ele tenha desistido da nossa relação. Talvez ele simplesmente só estava brincando comigo. Ou talvez queria testar o sexo com outro garoto, atraindo-o para sua teia de doçura e cuidados. Isso me feriu gravemente. '' 

Quando abriu totalmente a porta, sem ser percebido. Viu Oikawa beijando Iwaizume. Notou que suas mãos estavam entrelaçadas com afeto.  Abriu a boca para falar, mas o oxigênio escapou da sua boca, as lágrimas brotando com facilidade e deslizando sem permissão. Como em uma câmera lenta, sentiu a bandeja deslizar de suas mãos fracas. Ao longe escutou o som de estilhaços das xícaras de porcelana, vários cacos de vidros voando, alguns lhe cortando o tornozelo e os pés desnudos. Os sons sumindo aos poucos, sobrando somente a sua própria voz no recinto.  

—O-Oika...wa?-disse em uma voz rouca e sôfrega. 

Os garotos pularam da cama, brancos e pasmos. Soltaram a mão um do outro, observando abismados e espantados para Kageyama e a bandeja que havia sido destruída no chão. Não os ouviu gaguejar palavras apressadas, tentaram se aproximar do moreno fazendo movimentos com as mãos chocados. Mas ele dava passos para trás toda vez que eles se aproximavam mais um passo. 

—Tobio-chan veja bem, isso... -começou Oikawa. 

—Kageyama isso não é... -disse Iwaizume.  

Não importava mais. Não se importava com desculpas esfarrapadas, nem com a cara de pavor dos dois. Apenas queria sumir dali, arrancar o coração que sofria violentamente naquele momento e morrer. Sinceramente, estava disposto a cair no abismo do esquecimento. Tortuosamente e dolorosamente puxou o ar para os pulmões, mas o ar não circulou.  

Não aguentava mais. Colocou a mão na frente na boca e chorou alto. Retirou-se apressadamente e desesperadamente. Ouviu resquícios de uma nova discussão ao longe. Enquanto corria a nuvem de fumaça brincava em cores azuis, pretas, roxas e vermelhas escuras. Rodeando-o, sufocando-o.  

Não queria ouvir a explicação de Oikawa, nem perdoá-lo pela traição. Era isso então que estava estranho no namoro dos dois. O mais velho amava Iwaizume, e o mesmo o amava também, fim. Não tinha certeza se poderia esquecer de tudo que passaram.  

Afinal mesmo não sendo perceptível aos olhos dos outros e muitas vezes até mesmo por Oikawa, Kageyama o amava verdadeiramente. 

 
 

                                    X  

 

Abriu os olhos e estava deitado. Esperava que dessa vez não fosse nenhum sonho. Tentou entender o que a pouco havia ocorrido. '' Fiz amor com Hinata, apareceu outro Hinata... Depois desmaiei? —pensou- E porque sonhei com Oikawa? Ah droga, minha cabeça.'' —as  dúvidas não tinham fim e quanto mais pensava, mais dor de cabeça tinha. O enjoou o atingiu um tanto mais forte do que a última vez. Apertou a mão contra a barrira, depois sentou-se cuidadosamente um pouco tonto. E com os olhos fechados ouviu um suspiro ao seu lado. 

Vinculou as sobrancelhas sem olhar para o lado. Que não seja um fantasma, nem outro Hinata estranho, pensou. Uma mão quente envolveu-se na sua cintura, cabelos macios roçaram seu quadril desnudo. Pernas delgadas enroscaram-se nas suas com delicadeza.  

Virou a cabeça encarando o ruivo ao seu lado, dormindo tranquilamente. Percebeu que estava nu -Hinata por outro lado não, mas usava um short tentador- e que ainda estava de noite. Sua barriga se revoltou com a ignorância de Kageyama. Tampou a boca com a mão esquerda e com a direita retirou a mão do ruivo em volta de si.  

A lua introduzia um pouco de luz no local. Mas onde diabos estava? Não era seu quarto e muito menos era a sua casa. Pulou da cama e procurou o banheiro, alegrou-se por ser uma casa -ou apartamento?- pequeno. Logo que saiu do quarto as pressas, ligou o interruptor mais próximo e ao lado do quarto havia um banheiro. 

O que estava acontecendo?  

E repetiu o que já havia feito. Ajoelhou-se na frente do vaso e quando foi vomitar sentiu como se não tivesse comido a algum tempo, nada de dentro dele poderia sair, porque não tinha nada no estômago. Um cheiro horrível queimou suas vias nasais e sua garganta. Tossiu colocando a mão na frente da boca. Tossiu mais algumas vezes e uma onda o acertou na boca do estômago e se obrigou a despejar o que seja de dentro dele para fora. O gosto era tão horrível quanto o cheiro, o gosto amargo e quase podre de ferro apoderou-se dele. 

Arfou quando sentiu o líquido abandonando-o. Olhou para as mãos horrorizado, com os olhos marejados e estava tremendo tanto que achou que teria uma convulsão, só para piorar a situação. Havia vomitado sangue. Soluçou sem saber o que fazer. Parecia que tinha voltado a ser uma criança amedrontada. 

—Por quê? -murmurou com um chiado na voz. 

 Tentava se lembrar de qualquer fragmento de memória disponível, mas não tinha nada. Algumas coisas simplesmente haviam evaporado da memória, e só se lembrava das coisas que tinha sonhado ou que recentemente havia feito. O restante, não fazia ideia.  

—Mas Hinata foi real, aquela hora. -vincou as sobrancelhas olhando ainda para as mãos, no dedo anelar da mão esquerda estava um anel dourado com pingos de sangue. - O quê?  

Sentiu uma mão suave pousar nas suas costas, virou-se  tão rápido que a tontura o atingiu.  

—Você está bem? -perguntou calmamente acocorando-se ao lado do moreno. Acariciava suas costas com suavidade.  

—Não. -disse com sinceridade. Notou que ainda estava sem roupas, escondeu suas partes íntimas. Olhou para Hinata que tinha um sorriso travesso nos lábios. -Eu não lembro de nada. E sangue... 

—Oh. -falou surpreso, ainda deslizando as mãos pelas costas do moreno. Fez um beicinho e revirou os olhos lentamente, tentando achar algo para dizer. Sorriu para Kageyama, puxou uma toalha que estava próximo de si e entregou para ele, que colocou por cima do colo, escondendo seu sexo. -Isso é a reação do seu cérebro e do seu organismo. Ah! Mas nós bebemos bastante. -ele riu, mas o moreno não retribuiu o sorriso. 

—Nós transamos? -perguntou um tanto receoso. Não sabia o porque de realmente querer saber sobre isso, mas tinha a sensação de que, aquele não era o verdadeiro Hinata. 

—É claro que transamos! Muitas vezes, você sabe. -disse olhando para o moreno ternamente. Mas no fundo dos olhos havia malicia. 

Kageyama percebeu as lindas sardas do ruivo e teve uma vontade de beijá-lo, mas com gosto de sangue na boca seria impossível. Ficou tentado a desviar os olhos para as coxas roliças dele, o short o deixava tão sensual. Era uma pena que o ruivo tinha colocado uma blusa, queria tanto vê-lo sem ela. Porra, pare de pensar como um homem desesperado para fazer sexo, pensou irritadiço consigo mesmo.  

—Eu sei que sou irresistível Kageyama. Tudo bem você pensar essas coisas. -o ruivo disse erguendo a camisa e baixando um pouco o short.  

—Fique quieto! -vociferou, por Deus, estava tão assustado, o coração tão acelerado. Como ele conseguia ouvir seus pensamentos? -O que quer dizer com reação do cérebro e do meu organismo?  

—Hmm... Não posso dizer.  

—O que está acontecendo? Você disse que eu vou morrer. -disse segurando a blusa de Hinata, forçando-o a não ergue-la.  

—Você, Pode morrer. É diferente. -o ruivo limpou um filete de sangue que deslizava pela boca de Kageyama calmamente. -Como eu disse, você tem que acordar logo. 

—Como acordar? Estou acordado agora mesmo! -gritou e se arrependeu disso, sua garganta queimou e acabou tossindo mais um pouco, machucando-se.  

—Não, não está. -retrucou balançando a cabeça levemente. -Veja bem Kageyama, você não acha que o tempo aqui é meio distorcido? Acontecendo várias coisas uma atrás da outra como se fossem sonhos?  

—É por isso que não lembro das coisas...  -sussurrou para si. 

—Exato! -disse animado. 

 —Quem é você? -perguntou hesitante olhando dentro dos olhos do pequeno.  

—O Hinata que você queria ter. -respondeu passando a língua nos lábios, seduzindo Kageyama. -É o que tudo isso é. O que você almejava que acontecesse a partir do momento em que você se separou de mim.  

—O quê? -Hinata assustou-o, subindo em cima do seu colo e agarrando dolorosamente os cabelos do moreno, inclinando a cabeça de Kageyama para trás. Olhando-o com aqueles olhos de mel famintos. 

—Nesse exato momento está acontecendo uma coisa bem ruim com você. Com o seu verdadeiro eu. -ele mordeu o pescoço de Kageyama com força, mas o moreno não fez nada, como se estivesse em um transe. -É a sua última chance agora. Se você não ultrapassar essa tarefa, você realmente vai morrer.  

—Pare com isso! -gritou sem se importar com a garganta dolorida. Estava perturbado e tão temeroso. Nada daquilo fazia sentido. Seus olhos marejaram, enchendo-se de lágrimas.

—Meu querido...-sussurrou rente ao ouvido do moreno. -Se não quiser mais sofrer, pode ficar aqui comigo. Não precisa fazer isso se não quiser.  

—E se você estiver falando a verdade? E se meu eu verdadeiro estiver morrendo? -perguntou. -Como posso morrer sabendo que nada disso foi real? Que nunca me desculpei com o verdadeiro Hinata, que nunca mais tive nenhum envolvimento com ele, o amor que fizemos... 

—Podemos fazer sexo quantas vezes você quiser aqui comigo. Sou um substituto.  

Kageyama sentia-se tão irritado que empurrou com um baque alto o ruivo de encontro as lajotas frias do banheiro. Apertou as mãos no pescoço pequeno do mesmo, queria tanto estrangula-lo para ele calar aquela maldita boca. Mas ele parecia não se importar. Vociferou alto com os olhos cheios de lágrimas que agora pingavam em cima do rosto do pequeno.  

—VOCÊ NÃO É ELE!  

—Ah, sou ele sim. -ele riu segurando os pulsos de Kageyama. -Nesse momento ele deve estar chorando, como tem feito esse tempo todo. Ohh coitadinho, sente tanto a sua falta.  

O moreno apertou mais ainda  seus dedos em torno do pescoço dele. Mas aos poucos soltou as mãos e o olhou intrigado.  Ele tinha a mesma aparência do Hinata que ele tanto amava. Então porque era tão...  

—Malvado? -terminou a frase de Kageyama, mas na verdade ele realmente ia dizer um nome muito feio. -Tudo bem, me escute.  

—Não quero. -resmungou levantando-se cambaleando começando a dar poucos passos de encontro a porta.  Estava tão confuso. 

—Kageyama! -disse erguendo-se e segurando o braço do moreno. -É sério. Desculpe pela brincadeira. Mas o Hinata verdadeiro sofre por sua causa, eu consigo sentir isso. Se não fazer o último teste... -suspirou. -Não tem mais volta mesmo. Dai que nunca mais vai poder se reconciliar com ele, está entendendo?  

—Porque deveria confiar em você? -perguntou com a voz  áspera. 

—Porque sou uma das partes que você ama no Hinata! Pode ser um fragmento pequeno, mas você também me ama. E estou tentando te ajudar a entender tudo, então encaixe as coisas e tente refletir antes que seja tarde de mais. 

Kageyama virou-se para o ruivo atrás de si. E percebeu que tudo girava, como um redemoinho de cores, distorcendo-se. Já sabia que iria mudar de cena, então manteve os olhos abertos para a próxima etapa. A etapa que o falso Hinata dissera ser a última chance de acabar com tudo aquilo.  

 

                         X  

 

A nuvem se dissolveu rapidamente, como se estivesse sendo sugado por um aspirador de pó. Olhou para os lado e notou que estava dentro de um carro. Ele parecia que dirigia a pouco tempo, mas o carro agora estava parado. Ouviu um soluço no banco do passageiro e olhou para lá sem medo.  

Viu Hinata (obviamente) com os olhos vermelhos de tanto chorar e o rosto também estava vermelho, estava com raiva pelo jeito. 

—Porque você é tão insensível? -perguntou com a voz embargada. 

Dessa vez sentiu que era o seu Hinata. O amável e doce Hinata. Ele parecia tão magoado e frágil naquele momento que Kageyma teve vontade de abraçá-lo, entretanto quando tentou tocar no rosto do pequeno ele dera um tapa na mão do moreno, impedindo o ato. 

—Seu estúpido. -disse rancoroso.  

Hinata retirou o cinto de segurança e abriu a porta, logo em seguida bateu ela com violência. Kageyama seguiu Hinata com os olhos, ele corria de encontro á rua onde havia uma criança. A filha dele, quer dizer, a Hana-chan. Ela estava com as mãozinhas na frente dos olhos e parecia estar chorando. Hinata a alcançou, pegou-a no colo e abraçou-a ali mesmo.  

O que Kageyama tinha dito para atingir a filha do ruivo? Devia ter sido cruel em suas palavras, como normalmente era. Esse era um erro dele, e odiava admitir que era realmente frio as vezes. Lembrava-se que o ruivo chorava por coisas que o moreno dizia sem pensar, o magoavam tanto. Mas Hinata sempre lhe davas outras chances de se redimir. Sempre.  

E agora que estava acontecendo várias bizarrices que não entendia. Pensava que não tinha mais importância de não querer correr atrás do pequeno, pensou que ele seria mais feliz se o moreno não estivesse presente em sua vida. Mas... 

Estaria mentindo para si mesmo. 

Ele saiu do carro batendo a porto atrás de si. Seu peito doeu como se estivesse levando um choque diretamente no coração. Massageou o peito e começou a caminhar. A sensação de algo ruim e errado estava consumindo-o aos poucos. Olhou para além da avenida no lado direito e depois o lado esquerdo, não passava nenhum carro.  

—Hinata. -chamou baixo, a voz falhando.  

O ruivo o ouvira e virou-se para Kageyama, ainda com a loirinha em seus braços. Estavam poucos metros de distância, se o moreno corresse alcançaria-o.  

—Eu te odeio. 

As palavras lhe atingiram como uma bala perfurando seu peito já machucado. Ficou boquiaberto, encarando-o sem acreditar. E então foi onde tudo mudou.  

''Aconteceu tudo muito rápido. 

Em um momento, seu rosto em puro ódio  foi a última coisa que visualizei. Logo depois, senti uma vibração horripilante, os sons haviam sumido, só minha respiração era ouvido. Enlouquecedor. Então, o impacto que mudaria minha vida, ou o quer que eu seja naquele momento.

Instintivamente corri de encontro a Hinata. Olhei para o lado e vi um carro. Creio que você já pode imaginar o que aconteceu. Sim.  

Parecia que aquele burro do Hinata não tinha notado o roncar do carro, ele olhava pra mim de um jeito tão assustador que tive medo que ele me chutaria no meio das pernas. Creio que isso poderia esperar. 

O carro estava tão próximo, e eu estava tão próximo de Hinata. Quando me dei por mim mesmo, toquei nas costas de Hana-chan e com todas as forças que ainda tinha, empurrei para longe. Achei que ele só cairia, mas ele tentou se manter com a criança no colo e deu passos rápidos para trás, depois caiu no meio fio. Em um lugar seguro. 

Infelizmente, depois de todas as dores no corpo, aquela que senti no impacto foi a pior. Vi o mundo girar, aparentemente havia batido no carro, rolado para cima do para-brisa e voltado girando para o chão. Bati com muita força a cabeça no asfalto, só conseguia escutar um apito alto.  

Que teste ridículo. Eu sabia que em algum momento, se fosse necessário, me sacrificaria pelo Hinata sem hesitar. Era tão obvio. '' 

—Kage...ya...ma... -atordoado e apoiado nos cotovelo, Hinata olhava a cena horrorizado.  

Se levantou e deixou Hana ali mesmo. Correu até o moreno que estava deitado de lado no asfalto, de costas para o carro que jaz parado ali. Ajoelhou-se na frente dele e tocou o ombro do moreno.  

—Kageyama...? Kageyama! -chamou em um grito agoniado. -Não... Não... 

''Sua voz... Suas mãos tão trêmulas tocavam na minha cabeça machucada e ensanguentada. Tinha quase certeza que uma poça se formava a baixo de mim, crescendo e crescendo. Minha vida esvaindo-se.  

Suas lágrimas tocavam suavemente meu rosto e ouvi seu choro esganiçado e suplicando para que eu não estivesse desacordado. Para que, eu não estivesse morto. '' 

—Não, por favor. Você não pode morrer. -ele disse entre soluços e um choro alto.  

''Minha visão estava vermelha por culpa do sangue que caia de vagar do ferimento. Olhei para Hinata uma última vez. Senti meus olhos arderem, preenchendo-se com as lágrimas, misturando-se ao sangue. Fechei os olhos e desejei do fundo do meu coração que ele realmente fosse feliz.  

Obrigado por ter me amado. 

É uma pena não poder... dizer que o amo de novo.  

Me desculpe por tudo.'' 

 
 

                          X 

 

 

Como se estivesse sendo afogado e depois indo a superfície, puxou uma lufada de ar desesperado. Arfou com a respiração alterada e tossiu quase se engasgando. Ouviu vários sons ao fundo, os mais próximos eram apitos altos que gritavam loucamente, deixou-o por um momento desnorteado. Os olhos ardiam tentando se acostumar com a luz branca que vinha logo acima dele, piscou várias vezes até se acostumar, dando-lhe um pouco de dor de cabeça.  

—''Onde?...'' -tentou dizer, mas sua voz era inexistente, saindo um chiado como se estivesse com a garganta inflamada e também dava a sensação que a voz estava lerda ao tentar acompanhar sua boca. Tentou mexer o corpo de alguma forma inutilmente, pois o corpo estava tão dormente e algumas partes formigavam. Tentou mesmo assim virar a cabeça, mas parecia que alguma coisa o impedia de movê-la, pensou que seria um Colar Cervical. 

—Kageyama?  

Seu coração dolorido alegrou-se tão facilmente que acabara se esquecendo o que estava acontecendo. Vislumbrou o rostinho do pequeno acima dele, com os olhos grandes marejados e vermelhos. Reprimindo os lábios para que assim não gritasse. Hinata parecia assustado a principio, mas suas feições tornaram-se aliviadas e feliz. Ele tampou a boca com as mãos. 

—Kageyama... Fi-finalmente... -soluçou. O moreno percebeu o quando o ruivo brilhava, não literalmente. Ele passava uma boa energia, algo que não conseguia explicar. Assim como aquela empolgação toscas e exageradas.  

Hinata abraçou -ou tentou- desengonçado o moreno que estava deitado em uma cama de lençóis extremamente brancos. Kageyama tentou levantar os braços, mas estava monopolizado ainda, irritou-se por isso.  

Quando o pequeno ergueu o rosto acariciou levemente os cabelos negros do moreno, ajeitando-os na franja. Olhava ternamente para ele ainda chorando baixinho. Kageyama não desviou em nenhum momentos seus olhos negros, franziu as sobrancelhas e não segurou o choro.   

—O-o que foi? -perguntou o ruivo sentando-se ao lado do moreno, tendo todo o cuidado para não desafixar as agulhas e tubos que introduziam ao corpo dele. -Está doendo em algum lugar? 

—''É claro que está doendo em todos os lugares, idiota!'' -pensou, sentindo as lágrimas quentes nos cantos dos olhos e deslizando para as orelhas. -''Eu te amo, te amo... te amo muito.'' -queria tanto que o pequeno o ouvisse.  

O rosto jovial, os olhos cor de mel que as vezes parecia âmbar, o nariz pequeno e fino, as adoráveis sardas, as orelhas que avermelhavam-se facilmente (e que não havia nenhum alargador), os lábios carnudos e sensuais. Tudo. Sentia falta de tudo em Hinata, até mesmo os seus lados irritantes.  

 
        ''Reconheci que não poderia viver sem ele. 

Inacreditavelmente eu queria que Hinata fosse parte de mim. Eu precisava dele constantemente, e tenho certeza que ele também precisava  igualmente de mim.  

Mas...  

Tirando todo essa melação. O importante e crucial assunto era: O que realmente havia acontecido? Conseguia me lembrar de tudo que havia supostamente ''sonhado'', mas parecia que logo esqueceria. Tão estranho.  

Entretanto, algumas coisas eram reais, não é?...''  

 

Algum tempo passou, tempo demais para Kageyama. Pelas semanas que não conseguia falar, passava na reabilitação. Tornava-se mais forte e independente dos outros para a sua alegria. Os piores momentos era quando o ruivo lhe visitava na sua reabilitação, estar fraco e impotente o tornava tão ridículo. Outra coisa que notou foi que tinha um certo receio de Hinata ficar muito próximo de si, isso era realmente o pior. O receio era devido ao sonho que tivera com aqueles outros ''falsos'' Hinata. O último lhe apavorou de verdade.  

—''Hinata entendeu rapidamente isso, deu todo o espaço que precisei.'' -pensou olhando para a sua mãe que descascava a maçã ao lado da cama.  

Lembrava-se do inconsciente lhe mostrando que a própria mãe morrera. Graças a todos os Deuses isso não era verdade. Quando ela veio visitá-lo, logo depois que soube que ele acordou. Kageyama chorou tanto que os médicos ficaram apavorados e lhe deram sedativos para se acalmar.   

—Tobio-kun? -chamou calmamente. 

—Sim? -disse com a voz baixa ainda se acostumando.  

—Ninguém lhe disse o que aconteceu, não é? -perguntou erguendo os olhos. 

—Não. Perguntei várias vezes pro Hinata mas ele não me responde, aquele idiota. -resmungou pegando um pedaço da casca da maçã. -Disse que era para esperar você me dizer. 

—Ele é um bom menino. -ela riu e entregou outro pedaço de casca, achava estranho o filho gostar mais da casca do que da polpa. 

—Mãe, onde está o velho? -perguntou sem muito entusiasmo. -Você não está apanhando dele, não é? 

—Não querido. -ela suspirou e olhou diretamente para o moreno. -É sobre isso que também vamos conversar. 

—Você deu um chute na bunda dele? -perguntou erguendo as sobrancelhas.  

—Não precisei. -disse ignorando o comentário. -Bem, depois que você e Hinata brigaram na rua... 

—Aquilo foi real então. -ele disse atrapalhando-a, sua mãe o olhou intrigada.  

—Por que não seria?  

—Não é nada, continue. -disse rápido engolindo de uma vez o restante da casca. 

—Resumidamente, depois que você saiu de lá. Foi atropelado por um carro, bateu muito forte a cabeça, teve muitas complicações. Como paradas cardíacas, o ar as vezes não circulava, seu corpo não queria aceitar os alimentos e seu cérebro... Bem, ele pifou por assim dizer.  

—Entrei em coma, é isso? -perguntou. Dês do momento em que acordou, ficou imaginando o que poderia ter acontecido. As vezes escutava o dia que estavam, e via a estação que situavam-se. Concluiu que quando brigaram estavam no inicio do inverno , descobriu que estavam quase na metade do verão. Passou-se muito tempo. Então ter adormecido por esse longo período só poderia significar isso. Além de que, agora que sua mãe mencionou. As dores nas costas poderiam significar os exames na coluna, que era incrível não ter perdido os movimentos. Os enjoos seriam devido a comida que não eram bem aceitos. A horrível dor no peito portanto eram as paradas cardíacas.  

Tudo se encaixava.  

—Sim, é isso. -confirmou. Reprimiu os lábios e continuou. -A pessoa que atropelou você...  

—Por que preciso saber disso? Já aconteceu.  

—Me escute. Quem atropelou você foi seu pai. -ela fez uma careta de dor. Kageyama não reagiu diferente, continuou com o rosto rígido e frio. 

—Se ele me odiava tanto assim, de um jeito ou de outro ele poderia se livrar de mim. -deu de ombros, mas se arrependeu. Ouviu sua mãe soluçar. 

—Não diga isso, por favor. -suspirou segurando o choro. -No principio ele foi um homem muito bom, um pai incrível e você sabe disso. Depois que soube que você gostava de garotos, ele ficou diferente. 

—Não é minha culpa! -vociferou e tossiu com o incômodo da garganta. -Homofóbico ridículo, preconceituoso e asqueroso! Foi culpa dele por ter acontecido tudo isso, se não fosse por ele, Hinata e eu ainda estaríamos do mesmo jeito. Não desse jeito desconfortável.  

—Tudo bem, tudo bem, se acalme. -pediu. -Estou do seu lado querido. Por mim você pode gostar de quem quiser, estarei sempre ao seu lado. É sua vida, suas escolhas.  

—Obrigado -disse franco olhando-a com carinho.  

—Por tudo que ele fez para nós. Essa foi a última gota. Ele foi preso por ter te atropelado e ainda por cima estar embriagado. E eu... -engoliu em seco. -Denunciei-o por agressão a nós dois. Está tudo bem agora, ele está preso. Vai cumprir o que ele merece.  

—Ótimo. -falou aliviado encostando a cabeça no travesseiro.  

—Enfim, agora que está esclarecido. Deveria agradecer a Hinata por ter te ajudado. -o moreno a olhou surpreso. -Ele não disse. -suspirou. -Foi Hinata que ajudou-o assim que aconteceu o acidente. Ele voltou para você para se redimir. Mas era tarde, ele ficou chocado por semanas, coitado. Não comia e quando via você, só chorava. O tempo todo. Seria maravilhoso se vocês se reconciliasse logo. 

—Também acho. -pensou um pouco e lembrou-se da cena em que um dos Hinatas estava de joelhos na sua frene, chorando e com sangue na roupa. Aquilo aconteceu, então. Bufou estendendo a palma da mão para receber outro pedaço da fruta deixada de lado. Quando a recebeu, colocou um pedaço grande na boca e disse com a boca cheia. -Aquele idiota fica com medo de chegar perto. Não preciso mais de espaço! Já estou bem o suficiente, caramba. Aquele sonho absurdo mexeu comigo, mas ele podia tentar conversar sobre nós de vez em quando.  

—Vou ser uma boa sogrinha, ok? -disse soltando uma risadinha. -Você dois já fizeram sexo né? Por que não me conta como é? 

—Mãe! -quase se engasgou de novo, totalmente envergonhado.  

—Poxa, que chato. Vou perguntar pro Hinatinha então.  

—Não! -ele a olhou tão vermelho que ela gargalhou alto. 

—Perguntar o quê?  

Kageyama congelou, quase babara na camiseta. Olhava para o pequeno adentrando o quarto e viu seu cabelo brilhoso e ruivo num aspecto molhado. Seu rosto estava melhor, não parecia tão exausto como das outras vezes, as olheiras estavam sumindo aos poucos, parecia que agora ele começara a comer novamente, antes Kageyama podia ver as linhas das maçãs do rosto e ele parecia muito abatido. Estava com o uniforme completo da Karasuno de treino.  

Estava lindo e radiante.  

—Como você consegue ser tão bonitinho. -respondeu a mãe tentando conter a risada.  

—O quê? -o ruivo ficou corada e olhou para Kageyama, suspeitando que o mesmo quem falara aquilo. Apertou as alças da mochila nervoso e sorriu constrangido. 

—Não é isso que eu quis dizer. -defendeu-se rapidamente. 

—Ah... -o pequeno parecia decepcionado e o moreno arrependeu-se por ter dito aquilo. 

—Não é isso. Não, quero dizer, você é bonito sim. -disse atrapalhado com as palavras, ficando ruborizado. -Mas, não era sobre isso... -ele pensou melhor. -Esquece.  

—Tobio você é tão enrolado. -mencionou sua mãe levantando-se da cadeira. Ele a olhou com um olhar quase assassino. Ela riu. -Tudo bem, vou deixá-lo a sós. Vou indo para casa.  

Se despediu e foi para a casa. Deixando ambos no ambiente quieto, somente com o barulho dos aparelhos que o moreno dependia. Hinata sentou-se na cadeira ao lado da cama largando a mochila ao lado. 

—Como foi o treino? -perguntou o moreno curioso.  

—Divertido. -disse e murmurou. -Mas sem você é diferente. -Kageyama riu baixinho pegando toda a atenção do pequeno. - Que foi?  

—Nada. Estou feliz por sentir isso. Eu sinto muita falta do vôlei. Muita mesmo. -suspirou mexendo nos fios da franja que estavam compridos.  

—Mas logo você vai poder jogar com todos nós! -disse entusiasmado. Os olhos brilhando de empolgação.  

—Tenho certeza que sim. -concluiu sorrindo para o ruivo. E lembrou-se do que a sua mãe havia lhe dito. -Hinata? 

—Sim?  

—Obrigado por ter me ajudado. Mesmo...tendo acontecido aquilo antes. -falou puxando com um pouquinho mais de força os fios, estava um tanto receoso. Mas no fundo, tinha esperanças de que Hinata fosse lhe dizer tudo que o Hinata do seu sonho lhe disse. -Obrigado por ter ido atrás de mim, para tentar conversar de novo. 

O ruivo ficou quieto por alguns minutos, levantava os olhos encarando o moreno e os baixava fixando o olhar nas mãos entrelaçadas. Suspirou inquieto. Com a coragem que havia ganhado nos últimos dias olhou para o moreno confiante. 

—Eu ainda quero conversar sobre aquilo. -disse. -Ainda quero ficar com você, ainda amo você. 

—Eu sei. -concordou sem desviar seus olhos. -Quero escutar o que tem a dizer. Quero tentar entender o que aconteceu. E preciso te perdoar, porque não conseguiria viver sem você. -o ruivo corou intensamente até as sardas sumirem.  

—Parece que você sabe o que eu ia dizer. -comentou esfregando as mãos nas  bochechas quentes. 

—Talvez. Entretanto quero escutar isso de você, nesse exato momento.  

''Tinha certeza absoluta que Hinata ia dizer as mesmas coisas que o Hinata adulto disse. Mas esse parecia muito mais confiante, muito mais esperançoso para ser perdoado. '' 

—Me desculpe por dizer tantas coisas horríveis para você e ter vomitado nos seus pés. -começou o moreno instigando o pequeno a falar. -Eu estava com a cabeça cheia e muito irritado, me arrependo por ter dito tudo aquilo sem pensar ou ouvi-lo antes.  

—Tudo bem. -disse balançando a cabeça negativamente. -Foi uma reação do meu erro e da minha covardia. Primeiramente aceitei tudo aquilo porque sabia que estavam certas, eu era realmente aquilo que você me disse com tanto ódio. Mas, você estava sendo machucado pela segunda vez, sendo traído em frente aos seus olhos de novo. -continuou. -Eu entendo o quão difícil foi pra você ver Oikawa te traindo, eu sei o quanto você me ama, é por isso que foi mais doloroso.  

—'' É parecido com o sonho. ''- pensou. -''Mas ele parece diferente, tão maduro.'' 

—Seu pai me ameaçava e foi difícil não ouvi-lo eu não queria... 

—Que ele me machucasse ou fizesse coisa pior que me bater como daquelas outras vezes. -Hinata olhou-o um pouco surpreso. Kageyama pigarreou. -Oikawa e Sugawara me disseram. -mentiu lembrando-se do sonho. 

—Sei... -disse desconfiado. -Mas ele realmente fez algo pior do que te bater! -disse irritadiço. -Além disse, fui na lábia dele. Sinto muito por isso, devia ter dito diretamente para você antes de tomar qualquer decisão, principalmente uma tão estúpida.  

—Yachi-san ajudou você, não é? -perguntou já sabendo da resposta. 

—Sim. -confirmou. -Forçamos uma farsa, nunca tivemos nada. Acredita em mim? -perguntou com os olhos determinado. 

—É claro. -afirmou. Pegou a mão do pequeno e a apertou na sua suavemente. O moreno notou o tremor que perpassou em Hinata. Ele realmente sentia a falta do contato. -Sinto muito por não ter te protegido, deveria ter feito alguma coisa antes de tudo chegar a esse ponto. Até mesmo comigo e com a minha mãe.  

—Fiquei com tanto medo. -disse com a voz embargada. Segurou a mão do moreno entre as suas duas e beijou as pontas do dedos do moreno. -Com medo de você nunca mais querer me ver, com medo que você morresse... Com medo de tudo.  

—Eu sei. Também estava com medo, com muito medo mesmo. -mordeu o interior da bochecha e continuou. -Senti saudades também. Mesmo que tenha parecido que apenas dormi. Eu sentia sua falta de verdade. -suspirou nostálgico pelos momentos bons nos sonhos. -Sonhei o tempo todo com você, como se você nunca tivesse saído do meu lado. 

—Fiquei ao seu lado a todo  momento. -disse um pouco alto, olhou para os lados e sussurrou. -Mesmo que você ainda tivesse vontade de me bater, não arredaria um dedo daqui. 

—Sei disso. -riu e olhou para o amante com carinho. -Obrigado por não desistir de mim.  

—Kageyama... -ele apertou os dedos do moreno com os lábios entre abertos sem saber o que responder. Ficou ruborizado novamente e disse. -Posso abraçar você?  

—Que pergunta idiota. -riu divertido percebendo o quanto o ruivo ficara vermelho. -É claro que sim seu burro. Mas, antes disso, hmm... -pensou e olhou para Hinata. -Você quer namorar comigo, oficialmente? 

Hinata o olhou intrigado, mas aos poucos ele abriu o sorriso mais lindo que Kageyama já viu durante o tempo que esteve no hospital. Não deixou de sorrir também. Hinata levantou-se sem largar a mão do moreno, sentou-se na beirada da cama e roçou seus lábios nos do moreno. Suavemente e vagarosamente desgrudou os lábios. Tocou sua testa com a do moreno, misturando suas madeixas ruivas com os fios negros. 

—Que pergunta idiota. -respondeu do mesmo modo que Kageyama. Seus olhos estavam marejados, as mãos suavam por causa do calor, tremia de nervosismo. Mas, estava verdadeiramente feliz. -É lógico que sim.  

 

 

 

Epílogo:

''Eu me visto de garota para ele.'' 

 


Notas Finais


Ai meu coração...
Tá, atirem pedras antes que eu mude de ideia kkkkk
Aos meus leitores que acharam que o final ia ser totalmente dramático, sinto muito! kkkkkk
O final já estava muito definido na minha cabeça, antes mesmo de completar o meio dele. Acho que não atingi a expectativa..? (Desculpem kkkkk )
Acredito que o final poderia ter ficado melhor, mas vejam bem, eu não queria escrever nada além disso. Imaginei ser apropriado algo simples e suave.

Quero muito agradecer por cada um de vocês estarem me dando tanto apoio. Nunca tinha recebido tanto incentivo na minha escrita. Estou levando muito mais a sério minhas fanfics do que antes, graças a vocês <3
*Joga confetes e purpurina* AMO VOCÊS LEITORES MARAVILHOSOS.


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