História Caça ao Pirata Zumbi - Encontre o Capitão Zumbi.

Fazia aproximadamente duas horas que Luhan se revirava na cama sem conseguir dormir, com a mente trabalhando a mil por hora passando diversos flashes daquela noite ao lado do desconhecido fantasiado de Capitão Zumbi.

 

- Aaaaaah! – Bradou irritado ao se levantar, ficando sentando na cama. – Aaaaaah! – Esbravejou mais uma vez, agora bagunçando os fios acastanhados. – Que droga! Aquele infeliz não sai da minha cabeça e eu não tenho ideia de como vou fazer para encontrá-lo! – Deu um soquinho na cama e logo em seguida se levantou, rumo à cozinha aonde faria um chá para tentar se acalmar e, quem sabe, assim conseguir dormir.

 

Luhan era uma pessoa muito ansiosa, e só de saber que ainda era final de semana e ele certamente só conseguiria respostas na segunda-feira, o deixava com a ansiedade no pico máximo.

 

Por isso estava naquele momento colocando a água para ferver seu chá de camomila, na tentativa de acalmar os ânimos e seus pensamentos – que era o mais difícil de aquietar, já que sua mente vivia repassando os momentos daquela noite com aquele desconhecido além de pensar em como descobrir quem ele era.

 

- Eu não posso simplesmente sair colocando um chapéu de pirata em todo mundo que cursa dança para saber se serve... – Falava para ele mesmo enquanto olhava a água borbulhar no caneco. – Eu... Bem, eu deixei marcas nele... – Um sorriso torto e pervertido surgia em seus lábios ao relembrar a última ida a um local mais reservado naquela noite, antes de se despedirem. – Mas também não posso sair caçando alguém com chupões no pescoço... Além disso, tantos devem aparecer com marcas assim depois da festa... – Suspirou desanimado. – Arrghhh! Seu filho da mãe, olha como você me deixou! Eu não devia procurar você! – Esbravejava dando socos no ar.

 

- Me diz qual bebida você tomou para eu tomar também? – A voz rouca do amigo e companheiro de quarto de Luhan, Yifan, ressoou pela cozinha e atraiu a atenção de Luhan.

 

- Não enche, Yifan... – Murmurou com um bico. – Não estou com ânimo hoje...

 

- Ih, o que aconteceu? – O maior comentou ao puxar a cadeira da mesa e se sentar, vendo Luhan terminar o chá. – Precisando de chá? É ressaca?

 

- Não. É ansiedade. – Bufou. Pegou uma xícara e colocou dois saquinhos de chá, logo depois colocou a água fervente e enquanto mexia ia para a mesa, sentando-se do lado de Yifan. – Aconteceu uma coisa muito louca hoje...

 

- Hm... O quê?

 

- Eu conheci um cara. – Olhava a cor da água mudando por causa do chá, depois respirou fundo para continuar seu relato. – Eu não estava na festa com o intuito de me envolver, digo, não era o principal... Como eu te disse antes de irmos. – Virou-se para o amigo e o viu concordar com um aceno de cabeça. – Mas aconteceu...

 

- Hmmm... Até que enfim, uh? – Disse jocoso, mas mudou o tom ao perceber que Luhan não sorriu ou rolou os olhos, impaciente, como costumava fazer. – E foi bom? Por que você está assim?

 

- Porque foi completamente diferente de tudo que já me aconteceu antes! – Seu timbre se alterou e ele levou a mão até o rosto, subindo-a até o cabelo e jogando a franja para trás, em desespero. – Eu nem sei o nome dele, Yifan!

 

- Bem, considerando que você já fez isso no passado... Não é tão novo assim. – Comentou confuso e ainda sem entender.

 

- Yah! Eu já tinha dito que não queria fazer algo assim de novo, eu estou mais... Comportado. – Retrucou ofendido.

 

- Comportado?

 

- Sim! E outra, a novidade não é exatamente por isso. – Mordeu o lábio inferior. – Eu tentei descobrir o nome dele e quem ele era o tempo todo, mas... Não consegui.

 

- Como?

 

- Ele não quis dizer. Disse que eu só saberia quem ele era se eu quisesse continuar o que tivemos essa noite... – Respirou fundo e virou-se para Yifan. – Ele gosta de mim, Yifan. Ele sabe meu nome, que eu cozinho... E se duvidar sabe mais ainda sobre mim e pensou em um plano para ficar comigo hoje e conquistar minha curiosidade... Meu interesse... Porque não quer ser mais um caso de uma noite, e ele só vai me falar sobre quem é se eu demonstrar interesse para procurá-lo.

 

- Wooww! Gostei desse cara, ele é inteligente e determinado. – Respondeu e segurou o riso ao ver a cara emburrada que Luhan lhe dirigiu. – E o que mais aconteceu? – Perguntou interessado enquanto ignorava a expressão emburrada do amigo.

 

Luhan suspirou fundo e bebericou um pouco de seu chá antes de começar a contar tudo o que havia acontecido naquela noite, desde o primeiro encontro de olhares na taberna da festa até o beijo de despedida com o desconhecido deixando o chapéu de pirata para Luhan usá-lo ao procurá-lo.

 

- Espera... Deixa-me ver se entendi... – Yifan comentou cruzando os braços em frente ao corpo e fazendo uma expressão de pensativo. – Você encontrou um cara que está a fim de você, porque para te observar à distância e ainda bolar tudo isso, ele realmente está a fim...

 

- S-Sim...

 

- E ele meio que se confessou ao dizer que não quer ser mais um caso de uma noite e que seria paciente em te tentar fazer correspondê-lo. – Viu o outro acenar com a cabeça. – E agora ele é... Seu conto da Cinderela às avessas?? Gente, esse cara realmente é genial. Ou louco, mas dizem que não existe tanta diferença entre esses adjetivos. – Deu de ombros e sustentou um sorrisinho debochado.

 

- Argh, você não está ajudando em nada, Yifan! Eu quero ideias de como encontrá-lo e não que você fique parabenizando o plano dele!

 

- Se quer ideias para encontrá-lo, é porque... – Sorriu de canto. – Deu certo o plano dele. Você está interessado nele, não está?

 

- H-Huh? – Balbuciou nervoso e depois fingiu uma tosse seca, enquanto fugia do olhar alheio.

 

- Luhan, você não estaria a essa hora da madrugada tomando chá para tentar acalmar seus pensamentos se não estivesse interessado nele.

 

- S-Sim, eu estou. Eu não estou correspondendo aos sentimentos que ele possivelmente tem por mim... Na verdade, eu nem sei se ele tem sentimentos fortes; ele... Pode só estar interessado.

 

- Muito interessado para fazer algo assim.

 

- É-É... – Lambeu o lábio inferior. – Enfim, eu estou interessado sim! A noite com ele foi maravilhosa e não foi só por causa dos beijos, amassos ou...

 

- A putaria da masturbação. – Completou com um sorriso safado que fez Luhan se arrepender – mais uma vez – de ter contato tal parte da noite para o amigo.

 

- Enfim, não foi só por causa disso. A... Companhia dele me fez... Bem. E eu quero de novo. Não sei se vamos firmar algo sério, mas... Eu quero achá-lo. Saber mais sobre ele e poder ter mais dele ao meu lado...

 

- Hm, então é simples. – Cruzou os braços mais uma vez em frente ao corpo.

 

- Simples? – Perguntou arqueando a sobrancelha.

 

- Sim... – Olhou para o outro como se fosse óbvio o que falaria a seguir. – É só você ir até o bloco dos cursos de dança e dizer que é da organização da festa; comentar que está procurando o dono do chapéu, então pode perguntar se o chapéu de pirata é de alguém de lá... – Disse com aquele tom típico que demonstrava obviedade.

 

Luhan por sua vez apenas ficou piscando os olhos enquanto encarava Yifan, mantendo a boca um pouco aberta em sinal de surpresa.

 

- Por que... Eu não pensei nisso antes?

 

- Porque você ansioso fica meio burro. – Riu e recebeu um soco forte no braço. – Só não fica fracote! – Reclamou ao massagear o local.

 

- Eu ainda posso fazer mais... – Luhan comentou empolgado, ignorando os protestos do amigo pela dor ainda sentida do soco recebido. – Eu posso dar as características que lembro dele, dizer que o vi deixando o chapéu em algum lugar, mas que não o conheço...

 

- Quais são as características dele que você pode dizer?

 

- Hmmm, que ele tem quase 1,90 de altura...

 

- Tudo isso? Você adora homens altos hein...

 

- É, ele não chega a ter um 1,90 porque eu ainda acho que você é mais alto que ele... Mas não está longe. – Deu de ombros. – E ele tem ombros largos, maravilhosos ombros largos... – Sorriu torto.

 

- Acho que se você disser desse jeito vai entregar na hora que o conhece e quer reencontrá-lo para levá-lo para a cama. – Riu jocoso quando o amigo resmungou baixo ao seu lado. – O que mais?

 

- Hm... Tem voz rouca... Pelo que eu pude ver quando ele tirou o chapéu, tem cabelo preto dividido ao meio com ondas caindo pelos lados; muito bonito o cabelo dele, aliás.

 

- Tudo nele está parecendo bonito para você. – Rolou os olhos. – O que mais?

 

- Cursa dança, como eu disse... E tem um aroma delicioso, bem como uma pele macia que eu adorei beijar e morder. – Sorriu de maneira safada e ouviu a gargalhada de Yifan ecoar pela cozinha. – Ah, e eu acredito que ele tem clavículas bem... Acentuadas e bonitas, porque quase no final da festa, quando fomos para um local reservado de novo, eu desci com meus beijos pelo pescoço até chegar nelas, e... Nossa... Ele é muito gostoso, Yifan. – Bagunçou o cabelo em desespero enquanto o amigo ria.

 

- Você tem algum tipo de tara por clavículas e pessoas cheirosas... Lembra aquele cara naquele festival gastronômico de verão do ano passado? Você ficou o dia se arrependendo por não ter perguntando o nome ou por não ter observado mais dele e... O que foi? – Perguntou ao ver Luhan ficar com uma expressão de susto.

 

- Aquele... Cara... Do festival de verão... – Sussurrou ainda em transe enquanto que em sua mente esboços de lembranças se formavam do dia citado por Yifan.

 

“Luhan, Luhan!” – A imagem de sua companheira de curso vinha à sua mente. Era a prova de final de período aonde os alunos do curso de gastronomia estavam encarrados do festival gastronômico de verão que todo ano acontecia na faculdade, mas que desde o ano anterior era feito pelos alunos de gastronomia.

 

Luhan estava em um grupo de quatro pessoas e por sorteio acabou caindo como o Chef do grupo, o responsável para criar o cardápio e coordenar a cozinha. Lembrava-se muito bem do quanto a sua gastrite nervosa havia atacado naquele dia por causa da tensão e ansiedade dos quatro dias de evento.

 

Hae Soo, a sua companheira de curso e de equipe naquela prova estava encarregada de levar aquela rodada de pratos aos clientes que saboreavam do cardápio criado por Luhan, e entrou na cozinha agitada ao chamar por Luhan que estava entretido fazendo Aligot.

 

“O que quer, Soo?” – Luhan perguntou sem tirar a atenção do purê de batata com queijos.

 

“A mesa quatro está pedindo a presença do Chef, parece que querem elogiar a sua comida.” – Dizia animada. – “Aliás, um dos caras da mesa faz o seu tipo. Meu Deus ele é lindo, Luhan. E completamente cheiroso.” – Dizia se aproximando de Luhan, que sorriu soprado. Hae Soo havia descoberto alguns dos pontos fracos de Luhan e como eram os mesmos que os dela, passou a sentir próxima do rapaz quando o assunto era conquista.

 

Mas, por mais que naquela época estivesse na sua fase de pegador, Luhan não dava importância para caras ou pegação quando estava cozinhando e se fosse apenas por esse motivo ele não via porquê de sair de sua preciosa cozinha para ver algum cara que certamente não veria mais no dia seguinte, já que nem poderia ser aluno da faculdade uma vez que a atração era aberta ao público.

 

Então, se naquele momento não estivessem chamando ele como Chef ele não via motivos para sair da sua cozinha, mas como a situação era outra, sabia que sua obrigação era ir.

 

“Diga que já estou indo... Só vou terminar aqui.” – Deu os comandos e a menina apenas assentiu.

 

Logo em seguida a lembrança que vinha na mente de Luhan era a dele saindo da cozinha com dois pratos de sobremesa que eram, inclusive, para a mesa a mesa indicada por Hae Soo. Procurando com um passear de olhos, acabou encontrando a tal mesa número quatro e viu um grupo de cinco rapazes conversando animadamente.

 

Ao chegar deixou os pratos de sobremesa e pela aproximação acabou ficando muito perto de um rapaz, podendo sentir o aroma que se desprendia dele. Foi instantâneo quando Luhan fechou seus olhos e disse baixinho a frase “que perfume bom”, e quando percebeu o que fez abriu rapidamente seus olhos e viu apenas o perfil do rapaz que parecia paralisado fitando a comida depois de ouvir tal elogio.

 

Pigarreando nervoso, Luhan desceu o olhar podendo ver pela regata preta que o outro usava o quanto era bonita a região do pescoço e das clavículas alheias, o que quase o fez se trair e admirar aquele rapaz, mas depois respirou fundo e se concentrou em falar que era o Chef responsável pelo cardápio, bem como por dizer do que se tratava aquela sobremesa pedida – torta de limão desconstruída.

 

Durante todo o momento que falava, Luhan se forçou para sequer encarar o rapaz de canto de olho e assim não correr o risco de se trair em sua concentração mais uma vez. Naquele momento a única coisa que importava era o prato e o festival gastronômico, depois, se encontrasse aquele rapaz novamente, faria o que tinha lhe dado vontade desde o primeiro segundo que sentiu aquele cheiro delicioso.

 

Mas o fato foi que Luhan não o viu mais, e nem sentiu aquele aroma peculiar...

 

... Até a noite passada, na festa de Halloween.

 

- ERA ELE! – Luhan berrou e bateu a mão na mesa, fazendo Yifan dar um pulinho na cadeira e levar a mão ao coração de susto. – Lembrei de onde que já senti aquele cheiro! Era o Capitão Zumbi naquele dia! Eu acabei deixando aquele dia cair no esquecimento, já que foi tão rápido e nada mais aconteceu... Mas... É ele!

 

- Hã? – Yifan murmurou perdido.

 

- O cara do festival do ano passado, que eu lamentei por não vê-lo mais... É o Capitão Zumbi!

 

♡

 

Luhan passou o final de semana todo angustiado. Até tentou descobrir pelos alunos que viviam na faculdade sobre alguém vestido de pirata zumbi no Halloween, mas tudo que recebeu como resposta foi “Eu não lembro de ter visto, me desculpe”.

 

Na tentativa de acalmar o amigo, e sua paciência já que estava esgotando a calma ao vê-lo bufar por ainda ser final de semana, Yifan acabou levando Luhan para o cinema e depois para comer comida de rua, quem sabe assim a hora passaria rápido para o chinês angustiado.

 

Mas tudo que Luhan queria mesmo era que segunda-feira chegasse e ele pudesse caçar o seu Capitão Zumbi.

 

♡

 

Mesmo que estivesse carregando uma grande sacola com um chapéu de pirata ao entrar no vestiário para colocar seu dólmã, Luhan agia como se tudo estivesse normal; ainda que dentro de si nada fosse como sempre.

 

Estava tão angustiado e ansioso que mesmo que gostasse das aulas tudo o que mais queria era que acabasse logo o primeiro turno e assim chegasse o intervalo para poder procurar alguma pista na hora do intervalo.

 

Tanto era sua ansiedade que Luhan estava aéreo e distraído, errando receitas simples que ele fazia muito bem e atraindo perguntas tanto de professores quanto de colegas de turma se ele estava bem – pergunta respondida sempre com um sorriso singelo e nervoso que ele dizia apenas ter tido uma noite ruim.

 

Quando finalmente chegou o momento do intervalo, Luhan correu para o vestiário e tirou seu dólmã, pegou a sacola com o chapéu de dentro de seu armário e saiu correndo do seu campus.

 

Durante o final de semana, quando tentou procurar alguma pessoa que conhecesse o Pirata Zumbi, Luhan descobriu a direção do campus de dança naquela faculdade enorme já que ele não tinha ideia de onde ficavam os prédios de outros cursos que não fossem o seu, de gastronomia; o de química, já que era o curso de seu ex-namorado; e o de medicina, de seu amigo Yifan.

 

Para azar de um Luhan ansioso, os prédios dos cursos de artes – arte plástica, arte visual, dança, música e artes cênicas – ficava da outra extremidade do prédio, bem longe de onde ficava seu curso. Por esse motivo o chinês correu, e correu bastante; chegando no campus de Artes bem ofegante.

 

- Que droga... – Falou ofegante enquanto estava curvado com uma mão no joelho enquanto puxava o ar de maneira forte para seu corpo, tentando recuperar o fôlego e depois de breves dois minutos ele ergueu o corpo e voltou a andar, procurando entre os prédios do campus de artes aqueles que fossem do curso de dança. – Teatro, teatro... Meu Deus, quantos prédios do curso de teatro! – Lamentou por não ver nada sobre dança. – Ah! – Exclamou ao ver dois estudantes se aproximando. – Com licença? – Abordou-as de maneira cordial, sustentando um sorriso gentil.

 

- Sim? – Uma respondeu correspondendo ao sorriso de Luhan.

 

- Vocês sabem onde ficam os prédios do curso de dança?

 

- São os últimos, à direita. – Respondeu mostrando o caminho com as mãos e com educação e de mesmo modo Luhan agradeceu, curvando-se logo em seguida.

 

Saiu correndo para o local indicado e quando chegou aonde lhe foi mostrado sentiu um novo temor.

 

- Qual desses é o dele? – Comentou baixo e com um pouco de desespero, mas novamente, para sua sorte, viu um grupo de estudantes se aproximando.

 

O último aluno do grupinho estava cabisbaixo, encarando os pés ao andar; era o mais alto de todos e possuía ombros largos o que fez o coração de Luhan falhar algumas batidas pensando que talvez estivesse com mais sorte do que podia imaginar na Caça ao seu Pirata Zumbi.

 

- O-Oi... – Parou o grupo de alunos com certo nervosismo. – T-Tudo bom? – Sorriu ao ver que tinha atenção dos rapazes para si, e seu nervosismo e ansiedade quando percebeu o rapaz alto sumiram assim que viu que o mesmo possuía uma boca grande e grossa demais, diferente da boca que o Capitão Zumbi possuía.

 

E se tinha uma coisa do desconhecido que Luhan havia guardado bem, essa coisa era a boca.

 

Frustrado, o chinês suspirou derrotado, mas não desistiu do contato com os jovens que o encaravam em expectativa para que ele falasse logo o que queria.

 

- Bem... Vocês são alunos do curso de dança?

 

- Somos. – O rapaz da frente respondeu sorrindo e formando uma covinha próximo à boca ao sorrir.

 

- Eu sou da organização da festa de Halloween de sexta-feira... Em certo momento da festa eu vi um rapaz deixando esse chapéu de Pirata e o esquecendo... Na... – Pausou e tentou pensar rápido para criar um local aonde o chapéu poderia ter sido esquecido. – Na taberna. Mas não deu tempo de ir até ele... Ahn... – Mordeu o lábio inferior, nervoso. – Bem, o meu amigo bartender disse que ele era do curso de dança, então... Estou o procurando, para... Devolver. – Sorriu amarelo.

 

- Hmm... Não lembro de ninguém vestido de pirata... – O mesmo que havia respondido antes voltou a dizer e os demais apenas diziam em coro um ‘também não’ que desesperou Luhan.

 

“Será que esse menino não tem um amigo que o conheça???” – Perguntou mentalmente enquanto sentia o desespero aumentar.

 

- Ele... Ele era alto, ombros largos... – Começava a gesticular enquanto falava, sentindo-se cada vez mais nervoso. – Ah! E era da turma responsável pela Boate Monstro.

 

- Ih, nem fale dessa boate. Quase levamos uma bronca do professor por causa disso, ainda bem que não foi a nossa turma a responsável... – Suspirou o mais alto de todos ao responder.

 

- Mesmo se fosse, ele concordou em não dizer nada ao reitor, então a turma organizadora até que se deu bem... – Um outro completou, dando de ombros. – Bem, a turma responsável por isso é a do Bloco ‘C’, é o segundo prédio. – Disse apontando para o local indicado e Luhan sorriu abertamente.

 

- Obrigado! – Comentou empolgado e se curvou; logo em seguida acelerou o passo até o local pretendido e entrou com euforia. – Aiaiai, pra onde eu vou? – Indagou, olhando para todos os lados, vendo um estudante caminhar para um corredor na esquerda e decidiu segui-lo e pará-lo. – Licença!

 

- Sim? – O rapaz comentou confuso.

 

- Eu sou um dos organizadores da festa de sexta-feira e estou procurando um... Estudante alto, de ombros largos... Que estava vestido de Pirata Zumbi na festa de Halloween. Esse chapéu é dele e preciso entregá-lo; o vi deixando e o esquecendo na taberna...

 

- Ah... Alto e vestido de Pirata... Só pode ser o Sehun. – Falou pensativo. – É, acredito muito que seja ele. É da minha turma, na última vez que o vi, ele estava na sala de ensaio com mais dois amigos, é no final desse corredor à direita.

 

- O-Oh! Obrigado! – Falou sentindo-se ainda mais animado e saiu a passos rápidos para o caminho indicado.

 

Ao parar na frente da porta da sala de ensaio, Luhan respirou fundo e abriu-a sem aviso; até mesmo porque, com o barulho que vinha de lá ele certamente não seria ouvido se batesse na mesma. Entrou no local e pôde ver um rapaz sentado no chão encarando outros dois que treinavam alguns passos, e um desses dois que dançava estava bem de frente para o espelho.

 

Era alto, com ombros largos e pele alva, pele essa que mantinha alguns roxos na região do pescoço e que estavam visíveis por causa da regata cavada que ele usava.

 

O coração de Luhan acelerou e começou a bater num ritmo tão forte que ele sentiu que ia sair do peito a qualquer momento, a cada passo dado na direção daqueles três rapazes. E tudo piorou quando eles perceberam a presença do chinês, virando para ele.

 

- Ahn... – Murmurou. Estava meio enfeitiçado encarando o rapaz que tinha se virado para si; seus olhos passeando pelo rosto perfeitamente simétrico, olhos puxadinhos e castanhos como ele se lembrava e com aquela boca pequena e macia; a boca que ele passou o final de semana todo se lembrando. – Bem... – Pigarreou. – Eu estou... Procurando o dono desse chapéu. Ele estava fantasiado de Pirata Zumbi na Festa de Halloween de sexta-feira...

 

- Hm, eu estava fantasiado assim. – O que estava sentado falou, atraindo a atenção de Luhan para ele que não viu quando um risinho soprado saiu dos lábios daquele que ele encarava segundos atrás.

 

- O... Quê? – Luhan perguntou atônito. Aquele rapaz era alto, mas não tanto quanto o seu Capitão Zumbi; e além disso, Luhan sabia que não era ele. – D-Desculpe, acho que não... – Pigarreou. – É quem eu estou... Procurando. Você por acaso perdeu este chapéu? – Arqueou a sobrancelha em dúvida.

 

- Bem, deixa-me ver se cabe na minha cabeça... Como na Cinderela. – Brincou e Luhan rolou os olhos impaciente.

 

- Não é você, por favor, não me atrapalhe.

 

- Uhhh, seu futuro namorado é impaciente, Sehun. – Falou olhando o rapaz do meio, que sorriu envergonhado.

 

- Sehun... – Luhan murmurou, tendo ainda mais certeza que era quem procurava.

 

- Me deixem sozinho com ele, por favor? – Sehun pediu para os dois, que saíram dando risadinhas altas e implicantes, mas Luhan não ligou. Aquela voz rouca indicava que Luhan estava mais perto do seu Capitão Zumbi do que nunca.

 

E tudo que o interessava estava alguns passos à frente e ia se aproximando aos poucos de si, com um sorriso indecifrável.

 

- É... Você, não é? – Luhan perguntou assim que o outro parou de andar; e o não mais desconhecido sorriu de canto antes de pegar o chapéu da mão de Luhan e colocá-lo na cabeça.

 

- Deu certinho, uh? – Falou com sua voz rouca. – E não digo isso apenas para o chapéu... – Sorriu um pouco mais aberto.

 

- O seu plano... Deu certo. – Luhan falou sorrindo soprado. – Eu fiquei... – Caminhou para frente, findando de vez a curta distância que os separavam. – O final de semana inteiro... – Levou suas mãos até o ombro alheio. – Pensando em você e em como te encontrar...

 

- Isso significa que...?

 

- Que eu quero te matar. – Disse implicante, fazendo o outro rir sem graça. – Mas eu posso fazer isso depois...

 

- Depois? – Sorriu com Luhan rodeando os braços em seu pescoço. – Depois do que?

 

- Depois de te beijar, de te conhecer, de te beijar de novo... E de te conhecer mais, e beijar mais... – Deu de ombros, fingindo despreocupação.

 

- Beijar e me conhecer, é muita coisa para um intervalo... – Sehun sorriu, levando suas mãos até a cintura alheia.

 

- Não tem problema, temos hoje... Amanhã... Depois... – Roçou seus lábios aos de Sehun. – Afinal, tem mais de um ano que eu quero fazer isso. – Sorriu, e seu sorriso aumentou ao ver o choque no olhar alheio.

 

- Você... Se lembrou?

 

- Se você está perguntando se eu me lembrei do festival gastronômico de verão do ano passado... Que eu servi um rapaz alto, de perfil maravilhoso e cheiro incrivelmente delicioso... Sim, eu me lembrei. Assim como me lembrei no final do evento tentei te encontrar, para, quem sabe, te conhecer, saber mais sobre você e te beijar... Mas você sumiu.

 

- E apareci na hora certa, porque se fosse no ano passado a chance de tudo durar mais que uma noite seria impossível, certo?

 

- Talvez. – Deu de ombros. – Mas pode não ser o momento e sim a pessoa. Se fosse com você, quem sabe eu não abriria uma brecha... Em qualquer momento? – Sorriu. – Essa é minha teoria e eu estou a fim de comprovar isso, e você?

 

- Você quer dizer que...

 

- Sehun... Não posso dizer que estou apaixonado por você, porque... Nem nos conhecemos... Quer dizer, eu principalmente não te conheço... Mas... – Suspirou fundo. – Com você... Eu quero tentar e quem sabe, eu possa corresponder ao nível do seu... Interesse?  Digo, se você ainda quiser...

 

- Um desafio é algo que um Pirata nunca foge. Ainda mais um Capitão Pirata Zumbi...

 

♡

 

Era a segunda semana que Luhan convivia com Sehun e entre beijos e abraços, ele descobria mais e mais coisas sobre o coreano. Logo no primeiro dia descobriu que era quatro anos mais velho e indagou ao outro porque não era chamado de Hyung, o que fez Sehun responder que era porque ele não tinha cara de mais velho – o que gerou uma expressão emburrada em Luhan.

 

Mas nesse mesmo momento Luhan descobriu que Sehun poderia quebrar seu mau-humor com um sorriso fofo de criança e alguns beijos roubados – já que, assim como o chinês, o aluno de dança não se importava de demonstrar publicamente sua orientação sexual.

 

Foi no primeiro dia também que Luhan descobriu que Sehun era vizinho de Jongin e ambos haviam crescidos juntos, aliás, Jongin tinha sido cúmplice do outro no plano para se aproximar de Luhan, e foi ele quem contou algumas coisas sobre o chinês. E foi então que Luhan descobriu que a cada fato que Jongin revelava sobre si, mais encantado e interessado Sehun ficava.

 

Já no segundo dia juntos, Luhan descobriu que Sehun se encantou consigo no mesmo dia que se viram pela primeira vez; e o interesse foi crescendo tanto que o coreano sempre reparava demais no aprendiz de cozinheiro quando o via e sempre que tinha alguma atividade envolvendo a turma de gastronomia, Sehun marcava presença para poder vê-lo, nem que fosse de longe.

 

No terceiro dia convivendo com Sehun, Luhan descobriu que ele era viciado em jogos de celular e às vezes poderia dar mais atenção a eles do que à pessoa que conversava – descobriu isso ao perceber que estava falando praticamente sozinho e quando se virou para descobrir porque não tinha respostas, viu Sehun concentrado para não bater um carro no muro.

 

E nesse mesmo dia, Sehun descobriu como Luhan poderia ser pirracento, principalmente para ver o outro pedindo desculpas de forma fofa e – claro – com muitos abraços, beijos e outros mimos.

 

No primeiro dia da segunda semana, Luhan descobriu que Sehun era viciado em doces; e que poderia ganhar um fiel degustador de qualquer sobremesa que criasse. Já Sehun descobriu que teria que dividir seus doces com alguém, porque o estudante de gastronomia também tinha seu vício para sobremesas.

 

Mas somente naquele dia, o último da segunda semana juntos, que Sehun ia descobrir como era a sensação de ter Luhan cozinhando apenas para si.

 

- Yifan não vai estar aqui, então pode pedir o que quiser porque... Nossos gostos são parecidos e você não é tão chato para comida como o Yifan. – Falou jogando sua mochila no sofá da pequena sala do dormitório que dividia com o conterrâneo.

 

A primeira visita de Sehun na casa de Luhan foi no quarto dia juntos, dia que ele conheceu o melhor amigo do chinês e também o “cara com quem eu dividido dormitório”, como Luhan dizia. Eles almoçaram juntos com direito a muitas risadas e xingamentos de Luhan para Yifan, já que este contava como o amigo havia ficado ansioso depois da festa de Halloween.

 

- Se é assim... Quero comer camarão! – Sehun dizia sorridente, envolvendo a cintura de Luhan com suas mãos e caminhando com ele até a cozinha. – Quero aquele prato que você fez no festival de Food Truck do final do ano passado...

 

- Você esteve presente nesse também?! – Luhan se virou surpreso para Sehun, que sorriu tímido.

 

- Sim... Além de me encantar com você... Me encantei com sua comida também.

 

- Te conquistei pela barriga, Sehun? – Comentou rindo, fazendo o outro murmurar alguma reclamação infantil. – Enfim, que prato que você está falando?

 

- Aquele... De origem peru...Peruana!

 

- Aaaah! O Ceviche?

 

- Isso! Salmão e camarão juntos é um espetáculo!

 

- E quem te disse que eu tenho camarão e salmão assim, a qualquer momento dentro de casa? – Falou enrugando a testa e quando o outro lhe olhou de maneira surpresa, Luhan gargalhou. – Para a sua sorte, eu tenho sim... Afinal, tenho que treinar as receitas em casa! – Comentou e viu os olhinhos de Sehun brilharem em expectativa e felicidade.

 

Essa foi uma das manias que Luhan mais gostou de descobrir do outro, era uma das reações que mais mexiam com o chinês e o fazia querer dedicar um beijo atrás do outro nos lábios do coreano.

 

E foi exatamente isso que o chinês fez, rodeando o pescoço alheio com seus braços e o trazendo para um beijo intenso. Mesmo que ele não dissesse, ou talvez nem percebesse, era um beijo intensamente apaixonado.

 

- Se... – Sehun começou a dizer assim que pararam de se beijar. – Começar a me beijar assim... Vai ser difícil me controlar... – Falou dedicando um selar nos lábios cheinhos de Luhan.

 

- Se controlar? – Falou em sussurros com a voz rouca e sedutora. – Se for no que estou pensando... Não precisa se segurar. – Sugou rapidamente o lábio inferior de Sehun, ouvindo um gemido baixinho.

 

Aquela era a terceira vez de Sehun na casa de Luhan, e nenhum momento mais íntimo havia acontecido; sendo a masturbação na festa de Halloween o mais próximo de uma carícia íntima que os dois trocaram.

 

- M-Mas... – Pigarreou ao sentir os lábios de Luhan descendo de sua boca até o queixo e depois indo para o pescoço, aonde sentiu alguns chupões leves.

 

- Mas...? – Sussurrou próximo ao ouvido de Sehun e contornou a cartilagem da orelha direita de Sehun.

 

- Mas... Eu... – Se afastou um pouco de Luhan. – Não posso...

 

- O quÊ?! – Luhan falou incrédulo. – Como assim, não pode?!

 

- Isso, só quando... Tiver certeza que vai querer ficar comigo, porque... Estamos apenas na segunda semana e... Se transarmos desde logo, você...

 

- Não termine essa frase! – Dizia tampando a boca de Sehun com o dedo indicador. – Você realmente acha que eu vou te deixar assim que conseguir transar com você?! O que você pensa de mim? Eu não transo com alguém tem quase um ano, Sehun! Esse tipo de coisa não é mais meu foco e eu não sou mais aquele cara que não quer se prender, pensei que tinha deixado claro isso e... – Calou-se ao ouvir a risada debochada e divertida de Sehun ecoar pela sala. – Do que... Está rindo?! – Falou com a testa enrugada e quando percebeu o tipo de sorrisinho nos lábios alheios, Luhan se enraiveceu. – Você estava zoando com a minha cara?!

 

- Desculpe, não resisti! – Falou se aproximando de Luhan, mas este o afastou. – Luhan, desculpa!

 

- Você foi muito filho da puta por brincar com isso, como se eu fosse um puto. Eu detesto que duvidem de mim! – Rolou os olhos e cruzou os braços em frente ao corpo.

 

- Me desculpe, não farei mais... – Falou amuado e tentando se aproximar de novo. Ao perceber que Luhan não tentou evita-lo dessa vez, ele envolveu o corpo alheio em um abraço e deixou um selar rápido nos lábios alheios. – Me desculpa, uh? Por favor... – Deu mais um selinho nos lábios de Luhan e foi descendo com sua boca pela bochecha, deixando beijos na pele. – Por favor...

 

- Hm... Vou pensar no seu caso...

 

- E tem algo que eu possa fazer para ajudar?

 

- Tem.

 

- O quê?

 

- Me prometer que independente do que aconteça entre nós, não vai duvidar de mim, certo? Eu não ia aceitar tudo isso se fosse para te largar depois de uma transa; se eu não quisesse ir a diante.

 

- Eu acredito em você. Só estava brincando, querendo ver como você ia reagir se eu fingisse negar você... – Abraçou Luhan e depois deixou um beijo calmo nos lábios dele. – Eu gosto de você e espero pacientemente pelo dia que vai me corresponder, e se faço isso é porque confio e acredito em você. Mesmo quando alguns amigos diziam que você tinha uma fama que era de não se prender, eu acreditava que poderia conquistar você... E eu vou tentar isso até quando você me permitir. – Mal havia terminado de falar e já sentiu a boca de Luhan junto da sua em um beijo mais necessitado que o primeiro.

 

Luhan levou suas mãos até a camisa que Sehun usava e o trouxe mais para si, no mesmo instante que Sehun prontamente cedeu espaço para a língua do chinês. Foi questão de segundos para rapidamente as bocas se movimentarem no mesmo ritmo, em um beijo necessitado e intenso.

 

- Isso... – Sehun sussurrou de olhos fechados e roçando sua boca à de Luhan. – Significa que me desculpou?

 

- Sim... Dessa vez você não vai andar na prancha e afundar nesse quase relacionamento. – Luhan respondeu risonho, fazendo Sehun rir junto.

 

- O pirata aqui sou eu, uh? – Roçou mais uma vez sua boca à de Luhan, deixando a pontinha da língua passar e umedecer ainda mais os lábios alheios.

 

- Bem, eu posso ser um Pirata também... E mostrar o que posso fazer com a minha espada... – Riu torto e provocante, arrancando uma risada divertida do coreano.

 

- Então, senhor Pirata... Mostra-me o que sabe fazer com essa espada...

 

♡

 

Dois meses.

 

Naquele dia fazia exatamente dois meses que Luhan havia encontrado um desconhecido fantasiado de Pirata Zumbi que no final de uma festa de Halloween havia o proposto para caçá-lo pelo campus da faculdade para descobrir quem era, como se estivessem em um conto bem às vessas de Cinderela.

 

Dois meses com ambos convivendo um com o outro e aprendendo a sentir diversas coisas estando um ao lado do outro.

 

Naquele dia importante, uma nova data especial surgia; já que Luhan havia pedido o ex-desconhecido em namoro; já aquele tempo juntos foi suficiente para Sehun aprender a gostar ainda mais de Luhan, sentindo-se completamente apaixonado. Assim como foi tempo suficiente para Luhan corresponder em mesmo grau os sentimentos do coreano.

 

E o pedido ocorreu de uma forma bem peculiar, assim como a história deles aconteceu.

 

Luhan havia deixado pistas para Sehun encontrar um “Tesouro de Pirata” e quando o coreano o chegou no local indicado no mapa, achou um pequeno baú de madeira falsa o esperando na cadeira do seu bar preferido – que por sinal se chamava Black Pearl e fazia alusão ao Navio do Filme Pirata dos Caribes, filme preferido de Sehun que adorava tudo sobre Piratas.

 

Dentro do pequeno baú estava um simples papel com uma única frase: “Quer namorar comigo?” e sorrindo, Sehun olhou por todo o local caçando Luhan para poder respondê-lo.

 

O dono do bar e amigo de Sehun – quem ajudou Luhan com todo o plano – apontou com a cabeça para a área externa do bar. E naquele cenário com neve e decorações na temática pirata, Sehun encontrou Luhan usando um sobretudo preto e calças jeans, mas na cabeça um item muito conhecido pelos dois.

 

Caminhou até ele e sorrindo, parou em sua frente e tirou de sua cabeça o chapéu de pirata que havia usado no Halloween, depois o puxou para um abraçou e respondeu “Sim”, uma única palavra que ele lutou muito para poder dizer a Luhan.

 

♡

 

- Eu... Não... Acredito. – Sehun dizia atônito ao encarar a roupa em cima da cama. – Sabia que era sinal de perigo quando você disse que eu não precisava me preocupar com a fantasia esse ano e que poderia deixar com você... – Choramingou enquanto ainda encarava desacreditado a vestimenta em cima da cama de Luhan.

 

- Oras, não gostou? – Perguntou com deboche, prendendo o riso implicante que queria soltar. – Pensei que ia gostar, já que propôs isso ano passado...

 

- Isso é vingança por eu ter feito você me procurar pela faculdade??

 

- Claro que não! – Falou alto, não conseguindo segurar uma risada debochada. – Oras, você não gostou?? – Fez uma carinha triste.

 

- Não vem com essa carinha não... Você aprontou comigo...

 

- Não aprontei! Queria apenas uma fantasia de casal, e já que você propôs um conto às avessas da Cinderela... Eu pensei em nos fantasiarmos assim, inspirado na nossa história! – Dizia apontando para o vestido azul típico da Cinderela, porém rasgado e cheio de sangue para uma fantasia de Cinderela Zumbi. Ao lado estava uma roupa de príncipe, também rasgada e com sangue que imitava um príncipe Zumbi e que seria a fantasia de Luhan.

 

- Certo... Coisa de casal. – Sehun riu debochado. – Só você mesmo... – Falou puxando o outro para um abraço e depois deixou um selinho nos lábios alheios. – Mas nada me faz parar de pensar que é uma singela vingancinha...

 

- Claro que não... – Riu torto e de forma implicante. – Só quero curtir o primeiro Halloween como seu namorado, e que forma melhor do que usando o tema que você mesmo propôs?! Tem até sapatinho de cristal, se eu te perder por aí... Se bem que pelo tamanho do seu pé não é muito um sapatinho...

 

- Você está de brincadeira que eu vou ter que usar salto numa festa de horas, né? Não vou conseguir sair do lugar! – Protestou e logo em seguida ouviu a gargalhada divertida de Luhan.

 

- Essa parte foi brincadeira mesmo, só queria ver sua cara. – Disse tampando a boca para abafar o riso. – Até porque, eu quero que esteja bem disposto durante a festa toda, principalmente para uma coisa que estou em mente... – Sorriu mais uma vez, porém era um sorriso pervertido e não mais implicante ou debochado.

 

- Hm, uma coisa? – Levou suas mãos até a cintura de Luhan e depois deslizou a pontinha do nariz na bochecha alheia. – Tem alguma relação com ninguém ser punido pela Boate Monstro ano passado e agora terem feito de novo, é?

 

- Meu querido Pirata Zumbi... – Pausou e riu. – Digo, Cinderello Zumbi... – Riu ao ver o outro formar um bico nos lábios. – Esse Halloween vai ser ainda melhor que do ano passado...

 

- Ah, como eu adoro o Halloween. – Sehun falou com um sorriso de canto.

 

- Eu também... Eu também. – Sorriu e mordeu o lábio inferior de Sehun. – Happy Halloween, meu Cinderello do Halloween...