História Caçador - O Caçador de Demonios - Fuja se puder.

Na era antiga o mundo era dividido em cinco reinos. O reino dos humanos que se chamava Aphas, o dos elfos que se chamava Gotedra, o reino Úniron dos anões, o reino Tewa dos orcs e o reino Althus dos incríveis gigantes, mas havia também os demônios, que habitavam um lugar conhecido como Icnus.

Os cinco reinos ficavam espalhados por Kathos, uma floresta magica que sofria com as guerras dos reinos, mas mantinha sua beleza característica, com arvores imensas de folhas negras e arvores maiores ainda de folhas roxas. As guerras aconteciam por invasão de território, os Orcs do reino Tewa, chamados de seres sem inteligência por outros reinos, invadiam constantemente as terras pertencentes a outros em busca de oferendas a seus rituais, e por essa razão eram os que mais batalhavam, logo eram um dos reinos mais fortes, mas com táticas de batalha consideradas primitivas.

Em Aphas, o reino dos humanos, havia uma vila simples, pequena e sem muito valor, mas nessa vila morava um caçador de muito potencial, conhecido como Jony Goob, um garoto que futuramente seria chamado de caçador de demônios.

O alvo estava na mira. Finalmente depois de horas de espera, Jony estava com a flecha perfeitamente colocada no longo arco que ele comprara um mês antes, na feira anual que acontecia em sua vila. A presa da vez era um urso enorme com garras maiores que as mãos do garoto e dentes capazes de perfurar um tronco de arvore com grande facilidade. Jony tinha certeza de que carregar o urso até sua vila seria difícil e cansativo, mas o pagamento valia todo o esforço e com certeza ele estava disposto a fazê-lo, afinal não era todo dia que um urso de trezentos quilos se encontrava perfeitamente colocado na linha de tiro do garoto.

Jony Goob é um menino de cabelos e olhos escuros, corpo perfeitamente definido em função do peso dos animais que caça e um talento nato para se meter em confusão. Quando pequeno Jony foi encontrado abandonado em frente às portas da velha livraria da vila pelo dono do local. Colt criou Jony com muito orgulho e determinação, ensinou o garoto a ler, escrever e caçar, e por isso Jony o considera um pai e é muito grato ao velho.

O menino tem dezessete anos e sempre sonhou em conhecer o mundo. Cada vez que o velho Colt lhe contava historias de guerras vividas no passado, Jony ficava com mais vontade de sair por ai, e viver suas próprias aventuras. A promessa feita ao garoto por Colt era de que quando completasse dezoito anos, poderia seguir seu caminho e viver as aventuras que tanto sonhava, e desde então o garoto aguardava ansioso pelo dia do aniversário.

O tiro foi perfeito. A flecha perfurou o peito do urso como uma agulha fura uma folha, fazendo com que o mesmo caísse de imediato no chão de terra úmida. O sorriso no rosto de Jony era tão claro quanto à luz da lua. As horas aviam passado e o garoto nem percebera. Era hora de levar o urso para vila, para que no outro dia pudesse vender a pele e a carne da presa no mercado local.

Ao chegar em casa Colt o esperava com o rosto cansado de sempre, o dia tinha sido longo e entediante para ele. Jony arrastou o urso até o porão da livraria e sentou fitando-o. Então ao olhar o pescoço da presa percebeu algo que não tinha notado antes, o urso possuía pequenos símbolos em baixo da cabeça, algo que Jony nunca vira antes.

O garoto levantou do banco em que estava sentado e se aproximou do urso, erguendo a cabeça do mesmo. Decidiu então tocar nos símbolos, e quando tocou algo inesperado aconteceu, os símbolos que antes se encontravam bem visíveis no pescoço do urso desapareceram quase que de imediato. Jony não sabia se aquilo era real ou algo da sua cabeça, mas como estava muito cansado achou que era delírio e dessa forma decidiu ignorar o acontecimento e ir dormir.

No outro dia Jony acordou com a luz do sol entrando na pequena janela de seu quarto. Levantou, vestiu suas roupas sem esquecer o casaco de couro que ganhara de Colt no aniversario e partiu ao porão para pegar a caça da noite passada e levar para o mercador Leone, um antigo amigo de Jony.

O mercado da vila era imenso e cheio de relíquias que iam de espadas velhas a roupas finas de pele dos animais mais diversos da região. Jony logo avistou o amigo Leone, e ao se aproximar da sua banca, largou os trezentos quilos de pele, carne e ossos no chão ao lado da bancada principal. Leone olhou pro garoto com cara de espanto, e fez um sinal rápido para que Jony arrastasse o urso para trás da tenda.

- Você esta louco? – disse ­Leone.

- Louco? Por que motivo eu estaria louco? – Jony não estava entendendo nada, apenas tinha pensado em levar sua caça para ver quantos trocados conseguiria e voltar feliz para casa com algum dinheiro no bolso.

   - Como você traz um Urso Nohak pra cá? Esta querendo causar uma guerra?

   - E oque diabos é um Urso Nohak? – Perguntou Jony, ainda sem entender nada.

   - Ursos Nohak são os animais pertencentes á Tribo da Sexta Oração, uma tribo de homens que lidam com magia. São cheios de runas e a grande fonte de mana dos guerreiros da tribo. Os Nohak são raros, muito raros, pois são ursos gigantes de pele colorida, e esse tipo de urso nasce uma vez a cada quarenta anos. Os guerreiros da Sexta Oração possuem apenas oito deles, portanto logo estarão a procura deste. – Explicou Leone, tentando falar o mais baixo possível.

  - O que são runas e mana? – Jony estava cada vez mais confuso – E por que este urso pertence a essa tribo?

  De repente um estrondo gigantesco soa atrás do garoto que quando se vira consegue ver o portão da vila caído no chão e envolto de poeira. Quando as partículas de pó desaparecem, Jony vê espantado, no mínimo cem guerreiros, pintados por mais incrível que possa parecer, com os mesmos símbolos que vira no urso na noite anterior. Os guerreiros estavam invadindo e matando qualquer um que ficasse em seu caminho. Eles empunhavam espadas e machados, e tinham tranças longas em seus cabelos vermelhos feito fogo. Pararam no meio da vila e lá ficaram, encarando todos ao seu redor, até que um homem robusto, montado em um urso da mesma cor vermelha de seus cabelos e com o dobro do tamanho da caça de Jony toma a frente do grupo.

- Me chamo Heriom. Sou o líder da Sexta Oração e vim para buscar oque me pertence. – Anunciou o homem, desafiando qualquer um a questionar. – Vocês não ouviram? Quero meu Urso Nohak e quero agora mesmo, ou então condenarei esta vila como punição.

Ninguém ousava confrontar Heriom ao mesmo tempo em que ninguém sabia oque estava acontecendo. As pessoas se olhavam o tempo inteiro tentando buscar respostas as suas duvidas. Jony estava paralisado, os símbolos que vira no urso não eram de sua imaginação e muito mais do que isso, eles estavam em um urso que por muito azar pertencia a alguém capaz de destruir e castigar uma vila inteira, e o pior ainda, esse alguém estava ali.

- É a ultima vez que vou falar – Berra Heriom – Quero o que me pertence aqui e agora.

- Ei Jony, fuja por trás da tenda, e de um fim nesse urso, pelo amor de tudo que é sagrado. – Falou Leone num tom de voz baixo e tenso.

Jony concordou com um aceno de cabeça. Foi para trás da tenda, apoiou o urso sobre os ombros largos e correu no ritmo que conseguia. Quando estava quase saindo da vila um dos guerreiros de Heriom o viu.

- Ei garoto, é melhor você correr muito porque se eu te pegar, será o fim da sua vidinha medíocre. – Gritou o homem, que saiu correndo atrás de Jony, seguido pelos demais guerreiros.