Os três entram na câmara da rainha. Ela estava parada botando seus ovos. Eles se aproximam e a rainha olha para eles que tentam não fazer movimentos bruscos. Ela poderia facilmente interceptá-los e matá-los com a sua enorme mandíbula.
- Vocês têm alguma ideia de como sair daqui? – perguntou Apolo.
- A única saída é passando pelos ovos – disse Meg.
- Como você pode ter certeza? – perguntou Apolo.
- Posso sentir as árvores crescerem – disse ela.
- Faz sentido, você é filha de Deméter e pode sentir quando um vegetal nasce ou cresce – comentou Nina.
Meg assentiu.
- Certo – disse Apolo. – Então, por que não atacam, vocês estão armadas.
- Não podemos matar uma mãe dando a luz – disse Meg.
- É um inseto e você odeia insetos – disse ele.
- Mesmo assim...
- Eu concordo com a Meg – disse Nina. – Vamos ter que usar outro método.
- Qual?
- Música – disse ela. – Faça o mesmo que fez lá atrás.
- Não sei se consigo, estou quase sem voz – disse ele.
- O que cantou lá atrás foi muito sincero – disse ela. – Pense numa música que tenha mãe no meio. Sei lá, inventa, você consegue.
Com um incentivo desses Apolo prometeu a si mesmo que não desistiria. Nina tinha razão, ele era o deus da música tinha que conseguir. Então, lembrou-se de uma música, um rap, na verdade cantada por Nas, chamada Dance. Começou a cantar, lembrando-se de sua mãe Leto modificando a letra para se adequar a uma mãe formiga.
As antenas da rainha tremeram, ela balançou a cabeça para frente e para trás enquanto mais ovos saíam de seu abdômen. Valentemente, Apolo insistiu, apesar de não aguentar mais. Quando acabou, caiu ajoelhado, sua garganta doía. Esticou os braços em direção à rainha e esperou seu veredicto. Meg e Nina estavam paradas com armas em mãos.
A formiga berrou de dor e cutucou o peito de Apolo delicadamente e o empurrando para a saída.
- Obrigado – disse ele num grunhido e fazendo carinho na testa da formiga. – Posso chamar você de mama?
- Vamos Apolo – disse Nina – antes que ela mude de ideia.
Os três correm pelo túnel e finalmente para a luz do dia.
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Eles passam por um espaço aberto onde havia várias ossadas, tanto de animais como de humanos. O lixão dos myrmekos. Nina e Meg encolhem suas armas e observavam ao redor, sendo caçadoras as meninas estavam atentas a qualquer som ou movimento. Ao longe, Apolo visualizou uns seis casulos brancos pendurados em árvores de mais ou menos vinte e cinco metros cada.
- Essas árvores são muito densas – comentou Nina. – Não dá pra ver muita coisa.
- É porque elas cresceram muito juntas – disse Meg. – Dá a impressão de que elas são uma só.
- É um portão – disse Apolo. – Para o Bosque de Dodona.
- Não estamos no bosque ainda? – perguntou Meg.
- Não...
Apolo olhou novamente para os casulos que tinha algo de familiar neles.
- Acho que isso é mais uma antecâmara – disse ele – o bosque em si fica atrás daquelas árvores – disse ele apontando para onde estavam os casulos.
- Não estou ouvindo vozes – disse Nina.
- O bosque sabe que estamos aqui – disse ele. – Está esperando para saber o que vamos fazer.
- Acho melhor fazermos alguma coisa então – disse Meg.
- Vamos até lá – disse Nina indo na frente esmagando ossos. Meg e Apolo foram atrás. Quando chegaram perto das árvores, os três ofegaram.
- São eles – disse Nina chocada -, os semideuses desaparecidos.
Em cada casulo estavam cinco adolescentes e um homem velho, provavelmente Paulie companheiro de Pete. Exalava deles um cheiro de enxofre, petróleo e cal e fogo líquido grego, a substância mais perigosa já criada.
- Isso é monstruoso – disse Apolo. – Temos que soltá-los.
Apolo e Nina correm para tentar soltar os prisioneiros, mas o que conseguiram foi resina sulfurosa nas mãos.
- Meg venha nos ajudar – disse Nina pegando sua espada. – Afaste-se Apolo.
Quando Nina ia cortar o primeiro casulo, um Karpo pula de cima de uma árvore e esbarra em Nina que derruba sua espada e é atacada pela criatura. Apolo tenta pegar a espada, Meg o impede, ela chama o karpo.
- Pêssego!
O karpo deixa Nina e corre para junto de Meg.
- Sinto muito Apolo – disse Meg de cabeça baixa. – Perdoe-me Nina.
Apolo ajuda Nina a se levantar.
- Você está bem? – ele pergunta.
- Estou – disse ela olhando para o túnel de onde saíram dois homens enormes. – Quem são eles?
Apolo olhou na direção e os reconheceu. Tipos como esses era difícil de esquecer, eles eram a elite do exército romano, os guarda-costas dos imperadores.
- Germânicos.
Mais deles saíam dos túneis e depois eles se afastam deixando passar o seu senhor.
- Imperador Nero – disse Apolo. – O Besta.
- Nero está bom – disse ele – Estou feliz em vê-lo meu honrado ancestral. Desculpe ter parado com as oferendas, mas eu não precisei mais de você. Me saí muito bem sozinho.
- Desgraçado – disse Apolo fechando os punhos. – Solte essas crianças, eles não têm nada com isso. É a mim que você quer.
- É claro que vou soltá-los, mas só por meio de um acordo – disse ele. – E você querida Meg, fez um bom trabalho.
Meg abaixou a cabeça, não conseguia encarar os dois que a olharam com tristeza.
- Ah, antes que eu me esqueça, esses são meus braços direito e esquerdo Vince e Gary, é como eu os chamo atualmente.
Os dois germânicos olharam feio para Apolo.
- Eles são germânicos de verdade?
Nero deu uma gargalhada.
- Ora Apolo, me poupe – disse -, mesmo antes de Gaia abrir as Portas da Morte, almas escapavam do Erebos toda hora. Não foi difícil para um imperador-deus como eu convocar seguidores.
- Imperador-deus? – grunhiu Apolo. – prefiro um ex-imperador louco com mania de grandeza.
Nero levantou uma sobrancelha.
- O que fez de você um deus Apolo – disse – não foi o poder do seu nome? Seu poder sobre os que acreditavam em você? Comigo não é diferente – disse ele olhando par sua esquerda. – Vince, se jogue sobre sua lança.
Vince pegou sua lança e ficou no solo com a ponta para cima. Ele ia fazer o que lhe foi ordenado, mas Nero o parou.
- Pare! Mudei de ideia.
Vince não parecia feliz com isso.
- Viu? Eu tenho poder sobre os meus seguidores.
- Os germânicos são loucos iguais a você.
- Que ultraje! – disse Nero com a mão no peito. – Meus amigos bárbaros são súditos da dinastia Juliana. Somos todos seus descendentes, não é?
Apolo abaixou a cabeça sentiu uma mão quente segurar a sua. Nina viu a sua angústia e tentou lhe tranquilizar. Ele agradecido apertou a mão dela de leve. Isso não passou despercebido a Nero que observava com interesse a bela garota.
- O... o... o que você quer Nero? – perguntou Meg.
Os olhos de Nero brilharam.
- Direto ao ponto não é Meg? Sempre gostei disso em você. Na verdade é bem simples, você e Apolo abrirão o portão e essas seis pessoas serão libertadas.
- Você pretende queimar o bosque e depois nos matar – disse Apolo.
- Só se você me obrigar – disse ele. – Sou um imperador-deus razoável, se não for possível que o bosque fique sob o meu comando, não vou deixar que você o use. Você teve a sua chance de cuidar dos oráculos, mas falhou miseravelmente. Por isso, eles ficarão sob a minha guarda e a dos meus parceiros, é claro.
- Os outros imperadores. Quem são eles?
- Bons romanos – disse dando de ombros. – Homens que como eu têm força de vontade para fazer o que é necessário.
- Triunviratos nunca dão certo – disse Apolo – acabam sempre em guerra civil.
- Nós entramos num acordo – disse Nero. – Dividimos a América do Norte entre nós e quando controlarmos os oráculos vamos expandir nosso reinado e colocar em prática uma especialidade dos romanos: conquistar o mundo.
Apolo e Nina se entreolham, agora, estavam explicados todos os acontecimentos.
- Eu sei, eu sei você me acha maluco, mas isso não importa agora. Eu quero que você e Meg abra o portão. Já tentei de tudo e não consegui o negócio só funciona se vocês dois trabalharem juntos. Você tem afinidade com oráculos e a Meg com as árvores. Andem logo com isso e obrigado.
- Não vamos ajudá-lo, não é Meg? – disse Apolo. Ela não respondeu. – Meg?
Apolo e Nina olharam para ela e notaram que ela estava chorando.
- Meg – chamou Nina.
- Puxa! Eu esqueci de dizer que Meg trabalha pra mim? – perguntou cinicamente. – Ah, Meg não fique acanhada diga pra eles quem eu sou querida.
- Ele é... – disse num soluço. – Ele é meu padrasto.
Nina e Apolo ficam pasmos diante dessa revelação. Sabiam que Meg conhecia o cara, mas dizer que era seu padrasto, isso eles não esperavam.
- Isso mesmo minha querida – disse Nero. – Vem dá um abraço no papai.
- Então era esse o seu plano – Nina falou -, usar Meg para atrair Apolo até aqui?
- Ah querida, isso não foi genial? – perguntou Nero sorrindo, o que o deixava grotesco. – Há tempos que venho planejando isso, não foi difícil manipular aquele augure do acampamento romano a massagear o seu ego Apolo. Vaidoso do jeito que você é, caiu direitinho, o resto Júpiter concluiu.
- Meg você nos contou que um monstro matou seu pai – falou Nina. – Você mentiu sobre isso?
Meg ficou calada.
- Entendo – disse ela. – Foi esse monstro que matou seu pai, não foi?
- Besta matou meu pai – disse Meg. – Não o Nero.
- Eles são a mesma pessoa Meg – disse Nina. – ele é um assassino, matou pessoas inocentes, queimou-os vivos.
- Agora chega de conversa – disse Nero já perdendo a paciência. – Apolo e Meg abram esse portão, agora.
- Não Meg, por favor, não faça – implorou Nina.
De repente, um dos germânicos avançou e bateu com o cabo da lança na cabeça de Nina que desmaiou.
- Nina! – gritou Apolo. – O que fez brutamontes? Afaste-se!
- Ela estava me irritando – disse Nero. – Só está dormindo. Agora ande logo com isso.
Apolo desolado virou-se para o portão. Havia várias marcas, ao que tudo indica Nero fez várias tentativas mal sucedidas. Havia até uma marca de mão, ele olhou para Paulie que estava pálido como papel.
- Você usou um espírito da natureza para destruir a natureza? – perguntou Apolo, o karpo rosnou em concordância. – Você concorda com isso Meg?
Meg estava calada, ela olhava para Nina, desmaiada no chão.
- Meg sabe que existem espíritos da natureza bons e maus. Além do mais, a culpa é dele de ficar longe de sua fonte de poder. No fim de nada adiantou.
- Você também usou os semideuses?
- É claro. Eles foram chegando um atrás do outro, mas foi outro fracasso. Até que seus filhos chegaram e o bosque entrou em desespero, mas ganhei dois semideuses pelo preço de um.
Apolo furioso avançou para cima de Nero, mas acabou tropeçando em uma pelve humana. Meg corre para ajudá-lo.
- Apolo!
- Não preciso da sua ajuda – disse ele chutando na direção dela. – Seu padrasto é um assassino. Ele é o imperador que...
- Não diga — avisou Nero. — Se você disser “que tocou violino enquanto Roma pegava fogo”, vou mandar Vince e Gary esfolarem você para eu fazer uma armadura de couro nova. Você sabe tão bem quanto eu que nós não tínhamos violinos naquela época. E eu não iniciei o Grande Incêndio de Roma.
- Mas lucrou com ele – retrucou Apolo.
- Eu nem estava em Roma quando o incêndio começou – disse Nero. – Eu corri para lá e comandei pessoalmente a brigada de incêndio.
- Só quando o fogo ameaçou o seu palácio – disse Apolo.
Meg tapou os ouvidos.
- Parem de discutir, por favor.
Mas Apolo não parou agora que tinha começado.
- Quando o incêndio acabou, ao invés de construir as casas ele aplainou o bairro e construiu um novo palácio.
- Que construção magnífica! – disse sonhador.
- E depois colocou uma estátua sua de bronze de trinta metros de altura no jardim, dizendo que era o deus sol. Você alegou ser eu.
- Sim, depois de minha morte levaram-na para o anfiteatro de gladiadores. Ficou conhecido como o Colosso de Nero. O lugar passou a ser chamado de Coliseu em homenagem a estátua. Sim... a estátua foi a escolha certa.
- Do que está falando?
- De nada – disse ele olhando o relógio. – Andem logo com isso.
- Não! – disse Apolo. – Meg se abrirmos esse portão ele vai queimar o bosque e também queimará vivos a essas crianças, como fez com os cristãos em Roma.
- Eu não farei isso Meg – disse Nero.
- Você promete?
- É claro que sim, querida.
- Não acredite nele – insistiu Apolo.
- Ele me criou, ele me ensinou a lutar, ele.....
- Mesmo sendo o assassino de seu pai?
- Não adianta Apolo, Meg sabe que me deve, não é querida?
- Você entrar pra caçada também fazia parte do plano? – perguntou Apolo. – Você enganou Ártemis?
- Meu encontro com Lady Ártemis foi por acaso – disse ela. – Quando ela me ofereceu fazer parte da caçada eu aceitei na hora. Eu não queria continuar com isso, por isso...
- Você estava fugindo – disse Apolo. – A caçada seria o lugar perfeito para se esconder.
- O tempo está se esgotando – cantarolou Nero.
- Por favor, Apolo, não torne as coisas difíceis – disse Meg com lágrimas escorrendo.
- Apolo, será que eu vou ter que apelar pra violência? – perguntou Nero.
Apolo e Meg se viram e se deparam com o germânico apontando a lança para o peito de Nina.
- Nina! – disse Apolo.
- Você prometeu que não ia machucar ninguém – disse Meg com voz chorosa.
- Isso vai depender de Apolo – disse Nero olhando para o mesmo. – Seria um desperdício que uma criatura tão bela morresse por sua culpa. Ah é mesmo, seria mais uma tragédia na sua vida.
Apolo fechou os punhos mexer com suas feridas foi demais.
- Abra esse portão – falou ameaçadoramente.
O germânico cutucava o corpo de Nina com a ponta da lança.
Apolo sem saída, se vira para o portão.
- Vamos Meg – disse ele.
Os dois se concentraram, mas Apolo só ouvia: VÃO EMBORA! Apolo pensava em Réia, rainha dos titãs que plantou as árvores. Ele olha para Meg que estava concentrada. De repente, sua mão começa a esquentar sobre o tronco, as árvores estavam reagindo ao seu poder. Então, os troncos começaram a se afastar e o portão se abriu.
Meg entrou no bosque e as vozes explodiram. Apolo e os outros taparam os ouvidos, a barulheira era tanta que até o karpo gritou e os que estavam nos postes se mexeram. Nina que estava inconsciente também se mexeu.
- Meg controle as árvores – gritou Nero.
- Espere, elas estão dizendo alguma coisa....
De repente o barulho parou e Meg se virou para Nero com olhos arregalados.
- Então é verdade, você quer queimar o bosque.
- Me escute Meg, o bosque tem que ser destruído é o único jeito – disse Nero. – Você entende não é?
Nero se agacha e pega da pochete de um de seus guarda costas uma caixa de fósforos.
- Depois do incêndio, vamos reconstruir tudo – disse ele. – Vai ser glorioso.
- D..do que você está falando? – ela pergunta.
- Ele vai incendiar Long Island – disse Apolo. – Igual como fez com Roma.
- Esse lugar é uma droga mesmo – disse ele. – Meus domínios vão de Manhatthan a Montauk. Vou construir o maior palácio do mundo. Agora saia da frente Meg. Quando eu acender esse fósforo as tochas humanas vão gerar uma onda de fogo até aquela entrada e o bosque inteiro vai pegar fogo.
- Nina tinha razão, não é? – disse Apolo. – Ele vai queimar essas crianças como fez com aqueles cristãos.
Nero se encaminhou em direção do mais próximo, era Austin, filho de Apolo.
- Nããão! – gritou Apolo tentando se levantar, mas não conseguiu.
Quando Nero acendeu o fósforo próximo a Austin o Karpos pulou na mão dele engolindo o fósforo aceso.
- Cante, cante! – disse a criatura com a língua queimada.
- Meg o que significa isso? – perguntou Nero.
- Não pode queimá-los – disse ela.
- Você quer despertar o Besta? – ameaçou.
- Mesmo assim, não vou permitir – disse ela com medo.
- Já vi que você não estava pronta pra isso – disse ele enfiando a mão dentro do paletó e retirando um frasco muito suspeito. – Nesse caso, terei que tomar medidas drásticas.
- Não! – disse ela – NÃO!
Houve um pandemônio de vozes. As árvores reagiram ao grito de Meg, Apolo aproveitou para cantar, escolheu a música Y.M.C.A. do Village People. Enquanto fazia isso ele deu o sino do vento para Meg que correu para dentro do bosque, Pêssego foi atrás dela.
Nesse momento Nina acorda e atordoada olha de um lado para outro. Apolo estava lutando com os germânicos, ele levanta o grandalhão e o joga longe e soca o outro que fica no chão imóvel. Por um momento Nina ficou paralisada sem acreditar no que via. Só então ela deu falta de Meg. Levantou-se e correu para junto dele.
- Apolo! – gritou Nina.
Apolo sentiu sua força se esvaindo, ele cambaleou e foi amparado por Nina.
- Você recuperou sua força! – disse ela sorrindo.
- Só por uns instantes – disse ele deprimido. – Não me restou mais nada.
- Ah Apolo, você só se concentra nas coisas erradas – disse ele tirando um isqueiro do bolso. – Logo a minha equipe de demolição vai chegar e o Acampamento Meio-Sangue vai desaparecer e você estará queimando.
Ele acende o isqueiro e joga nas faixas de óleo que derramou no chão.
- Não! – gritou Apolo.
- Adeus Apolo – disse ele se retirando. – Só faltam doze olimpianos agora.
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