No dia seguinte, Percy acordou se sentindo estranho. Ele se levantou e sentiu seu pijama muito folgado, ele se sentia menor. Foi então que percebeu seu cabelo mais comprido, correu para frente do guarda-roupa e se olhou no espelho e arregalou os olhos. Ele agora era uma garota.
- Você não perdeu tempo hein Ártemis – disse ele para seu reflexo. Ele vai para o banheiro fazer sua higiene depois vai até seu guarda roupa e tem uma surpresa. Suas roupas masculinas foram substituídas por femininas. Ele meneou a cabeça. Ártemis estava resolvida a fazê-lo mudar. Ele escolheu um jeans azul escuro justo e uma camiseta azul clara sem mangas e um casaco jeans da mesma cor da calça. All Star pretos, pelo menos esses não foram substituídos apenas diminuiu o número. Depois de pronto ele sai do quarto e vai até a cozinha onde sua mãe e Paul tomava café.
Ele chega e cumprimenta os dois.
- Bom dia mãe, Paul.
Os dois o olham e arregalam os olhos.
- Como podem ver, agora sou outra pessoa – ele disse se sentando à mesa.
Sally pousou a xícara no pires.
- Você ficou incrível! – disse ela admirada.
- Realmente, você ficou muito bem! – disse Paul ainda surpreso.
- Obrigado – disse agradecendo. – Terei que me acostumar ao meu novo corpo.
Percy se serve e toma seu café em silêncio.
Depois de algum tempo Ártemis aparece na sala onde os três estavam conversando. Percy e Sally se ajoelham e Paul faz o mesmo, embora não consiga ver.
- Lady Ártemis – cumprimenta Percy.
- Vejo que a transformação foi bem-sucedida – disse ela o analisando. – Levantem-se – ela ordena. Os três se levantam e Sally e Paul ficam observando. – Está pronta?
- Sim. Antes eu queria saber. Tenho que fazer o juramento?
- Só se você quiser permanecer definitivamente na caçada. Aí sim terá que fazer o juramento.
- Certo – ele se vira para a mãe e o padrasto. – Mãe, Paul, eu já vou.
- Fique bem “minha filha” – disse Sally sorrindo. Paul dá um abraço na enteada. – Digo o mesmo.
- Estou pronta – ele/ela diz.
- Antes que eu esqueça, seu nome será Nina*, foi Thalia quem escolheu – disse a deusa.
- É um belo nome – disse Sally. – Significa protetora do mar.
- Ok. Podemos ir – disse ele acenando para os dois. E então desaparecem.
Ambas aparecem no meio do acampamento onde grupos de meninas tagarelavam alegremente. Ao verem a sua senhora levantam-se e ajoelham-se.
- Meninas, temos uma nova integrante – ela apresenta a garota. – Esta é Nina filha de Poseidon.
Ao ouvirem o nome do deus dos mares as garotas murmuram “Poseidon?”, até que uma delas, uma filha de Atena falou:
- Poseidon não tem filhas semideusas, é impossível – disse ela.
- Parece que não, olhe pra ela – disse uma filha de Apolo. – Ela tem as características do deus do mar.
- Que eu saiba, ele só pode gerar filhos homens – teima a garota.
- Isso não importa, parece que meu tio conseguiu uma proeza – disse Thalia encerrando o assunto. – Seja bem-vinda prima. Sou Thalia Grace, filha de Zeus.
- O... obrigada – disse a semideusa um tanto envergonhada.
- Sinta-se à vontade Nina, Thalia vai cuidar de você – disse a deusa.
- Venha, vou mostrar a sua barraca – disse ela puxando a prima. Nina segue com Thalia sob os olhares da filha de Atena que estava muito desconfiada.
Sua atenção é desviada quando Ártemis fala.
- Meninas, por favor, não incomodem Nina, ela passou por maus bocados, não queremos que ela se sinta pior, não é mesmo? – disse a deusa olhando principalmente para Mirian, que ficou corada ao olhar de advertência da deusa.
- Sim senhora – disseram todas.
- Muito bem – diz ela se retirando para sua barraca.
Thalia levava Nina para perto de sua barraca. Ela parou olhou para trás para ver se tinha alguém as seguindo e então falou:
- Percy eu soube o que aconteceu – disse ela. – Meu pai foi injusto, eu sinto muito.
- Está tudo bem Thalia, quero deixar isso pra trás, agora é seguir em frente – disse ele tranquilizando-a. – Então o que se faz por aqui?
- Ah, muita coisa. Vou logo avisando, aqui se acorda cedo, tem muito trabalho, você com o tempo vai se acostumar – disse ela sorrindo. – Enquanto isso, vamos ver sua barraca.
Thalia entra na sua e tira de lá uma pequena mochila prateada e dá a Nina.
- Aqui – ela entrega a mochila e Nina olha pra ela. – Essa é uma mochila mágica. Dentro você vai encontrar tudo que precisar itens de higiene, roupas, acessórios e é claro a sua barraca. Experimente – disse ela.
Nina abre a mochila e vê o conteúdo. Realmente, apesar de ser pequena por fora, por dentro era bem maior. Lá ela encontrou tudo que Thalia disse. Ela enfiou a mão dentro da mochila e retirou uma pequena bolsa retangular.
- Essa é a sua barraca. Abra o zíper e jogue-a onde quiser.
- Posso ficar ao seu lado?
- Claro. Antes de abrir verifique se o terreno não tem obstáculos. Se estiver tudo bem você pode prosseguir.
Nina abre o zíper e joga a bolsa ao lado da barraca de Thalia. A pequena bolsa se desdobra formando um quadrado maior para a base e depois ela começa a inflar aumentando de tamanho. Enquanto isso acontecia Nina ficava de boca aberta.
- Uau! Isso é demais! – disse ela admirada. – Ficou igual uma barraca de camping!
- Exato. Tudo aqui é muito prático. Afinal, levamos uma vida nômade, por isso não podemos carregar muita coisa. Tudo que precisamos tem dentro da mochila.
- Agora sei por que Ártemis disse que eu não precisaria trazer nada – disse ela.
- Isso mesmo. Deixe sua mochila na barraca e venha comigo – disse Thalia.
As duas se dirigiam até os limites do acampamento onde havia um lago próximo.
- Aqui é onde costumamos tirar água para cozinhar, lavar e é claro banho.
Nina se aproxima da água e estende o braço, a água começa a se mover e uma pequena parte se ergue e vem flutuando até ela, e fica pairando acima de sua mão.
Thalia observava fascinada. Percy era incrível! Ele tinha total controle sobre a água. Lembrou-se de quando esteve com ele e Nico no Mundo Inferior, mesmo com muita dor ele conseguiu levantar o rio Lete para que eles passassem. Aquilo foi impressionante, mas também ela sabia que isso exigiu um esforço descomunal dele. Quando Jápeto os atacou ele se jogou no rio com o titã, mas para espanto dos dois ele não foi afetado, pois envolveu seu corpo com uma bolha de proteção evitando assim a perda da memória. Já o titã não teve a mesma sorte. Agora ele estava ali na forma de menina porque precisava ser protegido por causa da paranoia de seu pai. Por isso Thalia se sentia na obrigação de ajudá-lo.
- Vocês também bebem essa água? – ele/ela pergunta.
- Sim, precisamos encher nossos cantis – disse Thalia. – Por que tem algum problema?
- Não, a água é boa, mas é um pouco longe do acampamento – diz ele olhando a água – Vocês têm filhas de Hefesto aqui?
- Sim, temos duas, por quê?
- Eu tive uma ideia, mas não sei se será aprovado – diz ela.
- E qual é a ideia?
- Construir uma espécie de bebedouro, assim não precisariam se deslocar para tão longe só para encher os cantis – disse ela.
- Hum. Não é má ideia se tivéssemos num acampamento permanente – argumenta ela. – Olha a vida de uma caçadora não é uma coisa fácil. As meninas adoram essa vida, as dificuldades também fazem parte do aprendizado. Se for colocado algo tão fácil e ao alcance ninguém precisaria ter tanto trabalho.
- Desculpe, eu só queria ajudar – disse Nina sem jeito.
- Tudo bem, aos poucos você vai aprender as regras da caçada – disse para animá-la. – Você vai ver que o trabalho árduo compensa. Venha, você precisa de arco e flecha.
- Eu sou péssimo com arco e flecha, eu bem que tentei, mas não consegui – disse Nina lembrando o tempo em que tentou atirar uma flecha. – Eu sou melhor com a espada.
- Você tem a bênção de Ártemis, portanto não terá problema nenhum – ela diz andando na direção da cabana de Ártemis. – Eu quando entrei não sabia nada. Com o tempo e treino eu consegui você também conseguirá.
As duas chegam até a barraca de Ártemis.
- Com licença senhora – diz Thalia entrando. – Já mostrei tudo a Nina.
- Muito bem, mande-a entrar – ordena a deusa.
Thalia chama a prima para dentro da barraca.
- Sente-se Nina – pede a deusa.
Nina se senta e olha para a deusa com expectativa.
- O que achou do acampamento?
- Bem adaptável. Acho que vou gostar daqui – disse ela.
- Que bom que gostou, Thalia deve ter lhe explicado que temos muito trabalho – ela assente. – Pois bem, vou te dá uma tarefa. Você será a responsável em manter o acampamento abastecido de água potável. Aonde quer que estejamos você será a responsável em encontrar água e manter o abastecimento. Se nossas cozinheiras precisarem de água você trará para elas, entendido?
- Sim, entendi – disse Nina assentindo.
- Muito bem, por enquanto temos bastante água, apresente-se a elas para que saibam que agora tem uma ajudante – disse a deusa sorrindo.
- Está bem – disse Nina se levantando.
- Senhora e quanto à arma? – perguntou Thalia.
- Ah sim, de agora em diante você deverá usar arco e flecha e adagas como toda caçadora – disse a deusa. – E não se preocupe você se sairá bem.
- E quanto a minha espada? – pergunta Nina.
- Deve usá-la em último caso, mantenha fora da vista dos outros – disse a deusa. – Pegue.
Ártemis entrega a Nina uma aljava com flechas de prata e um arco prateado.
- As armas são mágicas, todas as vezes que precisar delas elas aparecerão.
- Obrigada.
- Já podem ir – a deusa as dispensa.
As duas saem da barraca de Ártemis e vão até as cozinheiras.
- Meninas esta é Nina que irá ajudar vocês no abastecimento de água, o que precisarem é só pedir a ela – disse Thalia.
-Olá – disse Nina. – Nina filha de Poseidon.
- Oh, então somos primas, sou Caroline, filha de Deméter e essa é minha irmã Meg. Seja bem-vinda – disse a semideusa.
- Prazer e obrigada.
- Bem, Nina, já que essa é sua tarefa, que tal encher aqueles jarros? – apontou. - Precisaremos de água para fazer o almoço – disse Caroline.
- Claro – disse Nina saindo correndo até o lago.
- Ela não deveria levar os jarros? – perguntou Meg.
- Pois é – disse Caroline com cara de tacho.
Thalia só observava. Já imaginava o que Percy faria. Mal terminou de pensar nisso quando ele/ela surge com uma enorme bola de água flutuando acima de sua cabeça.
Thalia sorriu, as duas meninas ficaram de boca aberta, essa cena chamou a atenção das outras garotas que pararam o que estavam fazendo só para verem Nina equilibrar a bola de água.
Nina parou em frente das duas garotas que ainda estavam pasmas.
- Quantos jarros eu devo encher? – perguntou
- Ah... aqueles ali – disse Caroline saindo do transe. – Os cinco, por favor.
Nina se aproxima dos jarros e então divide a bola de água em cinco e coloca uma porção em cada jarro.
- Prontinho. Mais alguma coisa? – pergunta.
- Por enquanto não, obrigada – disse Caroline.
- Ok – diz Nina sorrindo.
- Isso foi incrível! – disse Thalia rindo.
Ártemis que observava de longe meneava a cabeça sorrindo.
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