Duas semanas, fazia exatamente duas semanas que os pais ausentes de Mary tinham viajado. Mesmo eles tendo deixado uma gorda quantia em dinheiro para uma adolescente de 17 anos se sustentar, a situação em que ela se encontrava era deprimente e solitária. Qualquer adolescente normal daria uma festa, ou curtiria ao máximo a curta “liberdade”, mas Mary não tinha amigos, a única coisa que lhe restava era conversar com o estranho garoto pelo seu celular.
Sem querer admitir para si mesma, a melhor coisa que aconteceu na sua vida foi aquela bolinha de bateu ter sido arremessada em sua cara. Sua respiração estava lenta, quem a visse naquele momento chegaria a conclusão que ela estava relaxando, tentando esquecer algum relacionamento frustrado. Mesmo sua mente estando um turbilhão de isolamento com vozes gritando sem para no seu subconsciente, ela tentou convencer a si mesma que não era tão ruim, no final das contas ela iria suportar a sufocante sensação de agonia que comprimia o seu peito para baixo, a fazendo respirar com dificuldade.
Resolveu levantar do sofá em um movimento brusco, como uma pessoa que acabou de acordar depois de anos dormindo. Seus cabelos moveram-se para frente, Mary se sentiu em um filme, tudo ao seu redor parecia estar em câmera lenta. O bipe do seu celular sendo transmitindo de uma forma abafada, atingindo os seus tímpanos em formato de ondas visíveis. Isso a fez acordar do transe, o bipe a animou, pois seu cérebro sabia que era Peter, só podia ser ele.
Apoiando os pés no chão, esticou como uma ginasta seu corpo até a mesinha de madeira do lado do sofá, agarrou o aparelho telefônico com forca, não queria correr o risco do celular escorregar das suas mãos pequenas e fracas. Destravou a tela e soltou o ar que não sabia, até aquele momento, está prendendo e sorriu ao ver uma mensagem dizendo "oi" nas notificações.
Mary nunca gostou daqueles joguinhos em que você não podia responder rápido pois iria parecer desesperada. Na verdade, ela nunca tinha pensado nisso até aquele momento, então conferiu 10 segundos e abriu a mensagem.
Peter não famoso: Oi Mary
Peter não famoso: Eu tenho uma surpresa pra você.
Borboletas no estômago, essa era a real sensação que estava sentindo, seus dedos estavam desesperados para digitar alguma coisa, mas carambas.. eles nem se conheciam pessoalmente, como ela poderia já estar se sentindo assim? Essa pergunta a rodeava há duas semanas, esse maldito questionamento.
Mary: Oi Peter não famoso ^_^
Mary: Qual surpresa?
Mary: Agora eu estou curiosa.
Peter não famoso: Hahahahah como eu sei que você odeia esperar, eu só vou te dizer daqui a pouco.
Mary: Eu vou te matar, arg
Peter: Você vai me amar quando souber.
Mary: Me chame quando for pra falar
CONTATO SALVO COMO CHATO
Chato: Pode voltar aqui
Mary: Não senhora
Chato: Isso é só amor acumulado por mim
Mary: Agora virou palhaço hahahahah
Chato: O palhaço que você ama
Mary: Hahahahah amo as suas piadas
Chato: Como vai a escola? Ainda cheia de babacas?
Mary: Não muda de assunto Peter
Mary: Mas sim, ainda está cheia de babacas e vai uma merda
Chato: Gostaria de estar aí para mandar esses desgraçados a merda
Mary: Por pensamento também funciona kkkkk
Chato: Não tanto quanto a minha mão na cara deles kkkkk
Mary amava aquelas conversas sem sentido, como se realmente em algum momento ele fosse vir para Toronto, mas esses pensamentos eram apenas sonhos que nunca iriam se concretizar. Nem mesmo ele sacrificaria isso por ela, eles só se conheciam há três semanas.
Mary: Concordo, mas isso não adiantaria muita coisa
Chato: Por que?
Mary: A retaliação viria, acabaria virando um círculo vicioso
Chato: Isso porque eles ainda não me conheceram
Mary: Eu também não te conheço
Chato: Você me conhece por dentro Mary, isso é melhor do que a aparência
Mary: Mas isso não substitui a minha vontade de te ver
Chato: Nem a minha, só espero que você não me bata quando souber quem eu sou
Mary: Eu vou fazer isso que qualquer maneira, pois você não quer me contar a merda da surpresa
Chato: Você acabou de resumir tudo, SURPRESA!!!!!! Se eu te contar, vou estragar o sentido da palavra
Mary: Te odeio
Chato: Como eu sei que é mentira, não vou entrar nessa discussão novamente
Mary: Palhaço
Chato: Somente seu palhaço
Mary: Isso foi uma cantada?
Chato: Intérprete como quiser baby ;-)
Mary: Seria a primeira vez então
Chato: Odeio saber que esse filhos da mãe te tratam assim, eu fico puto
Mary: Não é sua culpa
Chato: E nem sua
Mary: Eu só sou um bode expiatório
Chato: Se não fosse trágico seria cômico
Mary: Vou me arrepender, mas eu vou perguntar mesmo assim
Porque seria cômico?
Chato: Porque por alguns segundos eu me imaginei conversando com um bode kkkkk(^^)
Mary: Não deveria ter perguntado
Chato: Concordo
Mary: Você não vai mesmo me falar o que está tramando?
Chato: Você não faz nenhuma ideia?
Mary: Tudo o que eu estou pensando agora é meio que impossível de acontecer
Chato: Diga-me e talvez eu possa tirar as suas aflições
Mary: Se você não vai falar eu também não vou
Chato: Olho por Olho, dente por dente
Mary: kkkkkkkk
Chato: Tenho que ir minha queria Mary
Chato: Nash está enchendo o meu saco para levantar da cama
Mary: Nash parece ser legal
Chato: Não me faça rir, esse cara é uma peste
Mary: Duvido muito, você que deve ser chato
Mary: Tchau
Chato: Cadê o meu beijo ?
Mary: Beijo no fígado ;-)
Chato: Tchau minha Mary
Mary: sua ?
Chato: Sim, minha
Mary: Doidinho
Chato: Beijo no pâncreas
Chato: Daqui a pouco eu volto, prometo
Mary: Ok
Chato: Tchau
Mary: Tchau
Odiava terminar as conversas, odiava se sentir tão sozinha. Ele fazia promessas que não poderia cumprir, é mesmo assim ela acreditava em todas.
SHAWN MENDES (NARRADORA)
Como isso poderia estar acontecendo, ele só a conhecia há três semanas e mesmo assim já tinha pego todas as aflições dela para si. Dormia com o celular na mão, acordava, comia, evitava sair só para poder ficar conversando com ela por mais tempo. A primeira vez que ele ligou pra ela, quando ouviu o timbre daquela voz doce e arrastada, sua nuca se arrepiou por inteiro, despertando alguém inapropriado para aquele momento.
Teve que adiar a sua pequena loucura de viajar para vê-la, pois tinha compromisso que não poderia desmarcar. Mas hoje não, sentado na poltrona do avião esperando Nash e Cameron se sentarem — um de cada lado — , se sentia confiante na decisão que tomará há dez horas atrás. Loucura? Talvez. Mas Shawn era levado pelas emoções e não pela razão, ele sabia disso.
Como tinha o seu próprio avião, não precisou se preocupar com passagens e nem com fãs enlouquecidas. A única garota louca que dominava os seus pensamentos era Mary. Cameron queria confirmar se ela existia, se não era apenas uma fã louca se disfarçando para conseguir alguns minutos de fama. Na primeira vez que vou sua foto, ficou extasiado com aqueles belos cabelos ruivos, o rosto de anjo coberto por sardas. Seus olhos verdes como esmeraldas.
Como alguém poderia machucar um anjo como ela? A raiva preencheu seu peito, o fazendo respirar com dificuldade, arfando como um louco. Notou — com um pequeno solavanco — que o avião estava decolando. Pegou o seu celular e abriu a galeria, a procura da sua foto favorita. 18 horas, esse era o único empecilho que os separava, o maldito tempo.
— Você está bem cara? — a voz de Nash estava pesada, como se o amigo estivesse drogado.
— Estou — Shawn trava o celular é o guarda no bolso da calça jeans — Porque?
— Porque já é a quinta vez que você admira a fora dela — Cameron responde apontando pro celular — você gosta mesmo dela?
Shawn sorri pela dúvida besta do amigo.
— Gosto — talvez ele estivesse ficando obsessivo, mas isso ele deixaria para resolver quando estiver com os seus lábios colados ao dela.
— Estamos perdendo um soldado — Nash bate no peito e finge estar chorando.
— Para de drama amor— Jasmim surgi no final do corredor e senta no colo de Nash — Deixa o Shawn ser feliz
— Você está do lado de quem mulher?
— Da Mery— Jasmin e Jena respondem ao mesmo tempo .
Nesse curto período de tempo, Cameron começou a nomarar Jena e Nash a Jasmin. Elas eram lindas, mas eu ainda não confiava na Jena, ela parecia ser diferente, mas ela ainda lutava para conseguir a minha confiança e a de Nash.
— Obrigada meninas — Mecho nos meus cabelos e me encosto na poltrona. — Me acordem quando chegarmos.
— Tá — Nash responde beijando Jasmin na bochecha
Fecho os meus olhos e adormeço pensando no meu anjo de cabelos ruivos .
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