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História Café. - Capítulo Único.


Escrita por: TheDarthLady

Capítulo 1 - Capítulo Único.


O singelo barulho provocado pelas bolhas de ar emergindo sobre a água indicava que ela já encontrava-se na temperatura perfeita. O fervor provocava uma neblina aconchegante que saia do bule. Respirei demoradamente o ar leve, úmido, enquanto desligava o fogo. A sensação de calor me era nostálgica. O ar quente me lembrava sua respiração, quando prostrada sobre mim, você encontrava descanso de qualquer problema. Era boa a sensação, me fez querer te ter em meus braços. Aqui. Agora. Tive que suspirar para afastar o desejo. A água estava quente, eu tinha que continuar. Eu precisava continuar. Peguei a garrafa térmica que, assim como você, conseguia manter minha felicidade intocada por mais tempo que o normal. Em seguida, perdido entre vasilhames, encontrei ele: o pó de café. Sua posição foi denunciada pelo cheiro forte. Parecia você, o perfume inconfundível que, de longe, me trazia a sensação de que não importava onde estivéssemos, com você, tinha cheiro de lar. Todos os itens sobre a mesa, faltava o coador e o filtro. Ah, você era diferente, não possuía filtro quando queria ser ouvida. Você sempre se fez ser ouvida, entendida, respeitada. Acho que respeitei seu espaço. Acho que respeitei demais. Pó de café sobre o filtro. Filtro sobre o coador. Coador sobre a garrafa. E agora, ela, a água. Conforme o filtro se enchia dela, eu me enchia de você. O cheiro forte de café impregnou o ambiente. Ah, que saudade eu estava desse cheiro. Que saudade eu estava de café. Que saudade eu estava de você. Inspiro. Me vejo esperando. Mas, afinal, o que eu tanto espero? O café ou você? Percebo então que o café está pronto e que eu, novamente, havia errado a quantidade. Fiz café para você também, mas não existe você comigo, nós não existimos. Só esse café é real. Resolvo pegar minha xícara e, no lugar, encontro a dor de ver o armário vazio. A minha xícara estava lá. Apenas ela. Não tinha mais você nesta casa, em nenhum lugar, além de em mim. Segurei a xícara como quem segura o próprio coração e a enchi de café como quem o enche de esperança. Eu precisava de esperança. Me encaminhei para a sala e me acomodei no lado direito do sofá. Você amava o lado esquerdo, sempre sentava-se ali enquanto reclamava que o meu café era forte demais. Acho que o meu café era forte demais para você. E que o amor também era forte demais. Me pego pensando em todas as vezes que dividimos esse momento. Me parece errado estar sozinho. É um crime, seguir em frente? Eu não sei o que eu estou esperando, vendo o lado vazio do sofá. Eu não sei o que eu estou esperando, com a porta aberta, para você entrar. Acho que de gole em gole eu vou me afogando. No café. Na saudade. O que eu estou esperando? Por que eu insisto? Por que eu corro atrás? Grande besteira, você não volta mais. Que desperdício de amor. Que desperdício de café.



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