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História Café com cheiro de ambivalência. - Capítulo Único.


Escrita por: wonhui

Notas do Autor


As aspas tão "coisadas" mas eu tô com preguiça de arrumar kkkk

Capítulo 1 - Capítulo Único.


Fanfic / Fanfiction Café com cheiro de ambivalência. - Capítulo Único.

Ler, digitar, criar protótipo, ler, digitar, revisar, criar mapa, ler, digitar, digitar, digitar de novo, ler mais um pouco, ler mais ainda. Afinal não tinha mais nada a se fazer. Quisera Minghao que vida universitária fosse lotada de eventos como os filmes americanos te fazem acreditar. Bem, talvez lá seja, mas onde ele está a realidade é um pouco diferente. Bem diferente. Não tem muito a se fazer a não ser estudar mesmo, ir para a cafeteria em frente de vez em quando, e voltar a estudar. As vezes pensava que talvez só o lugar onde escolheu estudar fosse meio decadente mesmo, mas aí acabava lembrando que para todo mundo é quase a mesma coisa. Tanto faz, ele precisava estudar. Tinha um trabalho que necessitava de no mínimo 40 páginas para entregar em 2 dias. Só tinha feito 18 até agora. Procrastinava demais, se odiava por isso, e ainda assim continuava procrastinando.

Outra coisa que as vezes ele odiava era a tal da cafeteria da frente. O lugar não tinha nem uma decoração definida, o dono parecia meio egocêntrico e mal administrava o lugar, os funcionários eram completamente despreparados. Tinha que ser honesto, todos eram realmente despreparados, até o seu melhor amigo que trabalhava lá: Junhui mais flertava com meio mundo do que realmente fazia alguma coisa produtiva. Você pedia uma garrafa de água e se ela viesse em menos de uma hora era uma vitória. Nem o próprio café era lá essas coisas mesmo. Não adiantaria tentar reclamar com alguém: o dono raramente aparecia, e dos funcionários o menos irresponsável e que provavelmente era o responsável interino era o menino do caixa (Seungkwan era seu nome, segundo a plaquinha), mas este tinha um fôlego para discussões que qualquer um que tivesse reclamações desistiria de argumentar com ele. Ele sempre vencia. De qualquer maneira, o lugar estava sempre lotado, pois ou era isso ou você ia para a lavanderia da esquina ficar olhando as roupas rodando na máquina para relaxar.

O barulho do lugar não era aquele típico barulho agradável de cafeteria. Era um som horrível de liquidificador velho, dois garotos barulhentos do curso de música que faziam tanta bagunça que pareciam um batalhão de gente, mas eram apenas eles dois, garotas comentando qual dos funcionários era o mais bonito, um cara que assistia filmes no notebook sem usar fones (e geralmente eram uns animes tristes), a televisão que sempre ficava no canal com reality shows sem sentido, o cara da cozinha que tinha que gritar quando os pedidos ficassem prontos pois eles não tinham nem uma campainha de mesa para avisar que estava pronto... provavelmente as pessoas que ali ficavam que nunca irritavam Minghao de nenhuma maneira nem eram pessoas, e sim os fofos cachorros de rua que entravam.

Às vezes Minghao tinha sorte de pegar um lugar próximo a um garoto que usava óculos tipo os do Harry Potter e era geralmente quieto e estudioso. O problema é que ele era muito amigo de um dos funcionários da cafeteria, Mingyu, e então este ficava sempre ali por perto. Mal atendia as pessoas porque ficava na mesa conversando com o rapaz. Mingyu era atrapalhado, por vezes falava muito, e geralmente era quem atendia Minghao, o que ele detestava. E não sabia porque ele fazia tanta questão de atendê-lo. Até brigava com Junhui por isso, sempre queria atendê-lo. Por vezes, até parecia que o garoto do óculos arredondado era tão farto de Mingyu e da vida quanto Minghao, mas era só uma impressão mesmo, no fundo sabia que ele gostava dali, mesmo sendo um lugar que não condizia muito bem com sua aparente personalidade.

Junhui se aproxima da mesa de Minghao com um bloquinho de papel. “A que devo a honra da sua presença, senhor Xu? ”

“Eu que o diga...você me atendendo? ”

“Eu sei que geralmente Mingyu te atende, mas ele tá ocupado agora. ” Minghao não precisava nem olhar para saber que o cara estava conversando e não fazendo nada. “Não chora tá, ele ainda te ama. ”

“Me dá um Macchiato. Vê se vocês me entregam hoje. ”

“Vou ver o que posso fazer. ”

“Como é que vocês mantem esse emprego, eu não entendo...”

“Nem eu. ”

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Minghao tinha feito 5 das 22 páginas que faltavam de seu trabalho. Parece que tinha passado a vida em frente ao computador digitando, mas tinha se passado apenas uma hora. Seu café finalmente tinha chegado. Para sua infelicidade, não era Jun quem entregava ou qualquer um dos outros funcionários: era Mingyu. Ele já se preparava para ter metade do café ou virado na mesa ou em si mesmo.

“Oi, desculpa a demora, a cafeteira tá com defeito. ” Lá vinha o garoto alto com um sorriso de orelha a orelha, como se fosse o ser humano mais feliz do mundo mesmo naquele lugar detestável. Hoje ele não derrubou nada. Milagre.

“Tudo bem, já me acostumei com isso aqui. ” Minghao deu um desanimado gole no café e notou que... estava incrivelmente bom, e não com o gosto genérico de sempre?

“Ficou bom né? ” O rapaz mais alto perguntou, todo sorridente e empolgado. “Fui eu que fiz hoje! Eles deviam me deixar fazer sempre. “

“Ficou bom sim. Obrigada. ”

“Bem, se precisar de alguma coisa, já sabe, é só me chamar. “ Mingyu saiu e... deu uma piscadela????? O rapaz mais jovem ficou chocado, e podia jurar que ouviu o cara de óculos arredondado da mesa de trás rir. Olhou para Jun como quem quisesse buscar uma explicação, e viu que o amigo estava com a mão no rosto, segurando uma risada.

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Mais uma hora se passou. Minghao tinha conseguido fazer mais 6 páginas. Provavelmente teria que passar a noite acordado para que desse tempo de entregar o trabalho completo.  Já começava a escurecer e a esvaziar a cafeteria, e agora se encontrava apenas o cara da mesa de trás, o que assistia anime, e os dois barulhentos que estavam incrivelmente quietos. Daqui a pouco o lugar já ia fechar, afinal era uma segunda feira, não tinha porque ficar aberto até tarde, grande parte dos clientes eram os universitários que tinham que acordar cedo no outro dia, e grande parte dos funcionários também estudava lá.

“Não acredito que você conseguiu fazer tudo isso em 2 horas. ” Jun chega e se senta na sua mesa.

“Ah... nem eu. Mas não foi nem a metade. “

“Nisso que dá você deixar tudo para a última hora. “

“Não vem com ‘eu avisei’ agora ou eu vou acabar com você. “

“Olha só, tô tremendo de medo. “ Jun mostrava as mãos e fingia uma tremedeira. Mas Minghao nem reparou na cena. Ele olhou na direção do balcão e viu que Mingyu o encarava, e que lhe deu um sorriso.

“Ele não cansa de ficar sorrindo o tempo inteiro não? “

“Você é que tá estressado demais Hao, e se incomoda com todo mundo ultimamente. Mas é verdade, ele podia ser menos óbvio. ”

“Jun, você faz a mesma coisa com os clientes. Talvez pior. “

“Ah, por favor! Eu tenho muito mais charme, beleza e naturalidade que ele. ”

“Começou cedo... ”

“Sabe que outro dia ele falou que te achava uma gracinha? “

“Ele usou a palavra gracinha? “

“Sim. Mas não seja perverso. Seungkwan já foi o suficiente, ficou rindo dele por quase uma hora seguida. “

“Vou ficar aqui até fechar. ”

“Awn, vai me esperar, Hao? “

“Não, só não tenho nenhum outro lugar para ir mesmo. “

“Ah, quer ficar olhando para a criatura sorridente. Eu não acredito que você vai me trocar por ele...”

“HÃ?? NÃO! Para de falar essas coisas! É só que nosso dormitório é meio deprimente e não conheço ninguém lá! NÃO TÔ AQUI POR NENHUM DE VOCÊS! EU NEM GOSTO DESSE LUGAR! “

“Nossa, não precisava gritar, eu tava só brincando. Ou não... “

“Cai fora, Junhui. “

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21h. O lugar iria fechar e Minghao tinha travado, não conseguia mais fazer nada do trabalho desde que Jun tinha saído da mesa. Ficava pensando se o olhar de Mingyu continuava grudado nele. Ao olhar disfarçadamente para a direção do balcão, viu que o garoto estava ocupado falando com o amigo, e por algum motivo se sentiu desapontado. Mas que???? Porque ele estava desapontado??? Ele detestava aquele cara. Certo?

“Hao! Vem cá. ” Jun o chamava do outro lado do balcão.

“Não posso, tô ocupado. “ Ele responde sem tirar os olhos do notebook.

“Você tá fazendo esse negócio a horas. Descansa um pouco. Já vai ficar acordado de noite fazendo isso mesmo... “ Jun tinha razão. Ele não estava conseguindo se concentrar mesmo. Descontrair um pouco talvez não fosse uma má ideia.

 “O que exatamente a gente tá fazendo? “ Minghao pergunta ao sentar-se no banco ao lado do amigo de Mingyu, que acabou por descobrir que seu nome era Wonwoo. O cara que assistia anime, que se chamava Jisoo, também ainda estava lá, disse que estava esperando o cara da cozinha, um tal Jeonghan.

“Eles aproveitam que o Choi raramente aparece e comem os bolos e outras coisas que sobram as vezes. Hoje é um desses dias. Porque é segunda feira, acaba sobrando mais coisa. “ Wonwoo esclarece.

“A gente fica aqui pra pegar um pouco também. ” Jisoo continua. “Pra ser sincero, eu acho que o Seungcheol sabe bem, mas nem se importa. Ele é legal, na verdade. “

“Achei que vocês passavam o dia aqui pela companhia dos amigos, e não pela comida de graça. “

“As coisas se complementam. “

“Hoje eu tô muito bonzinho, então peguei esse suco e vou descontar do meu salário. Se vocês não quiserem, melhor porque aí sobra mais pra mim. ” Saiu falando da cozinha um garoto magro de cabelos longos, provavelmente esse era Jeonghan. “Quem é ele? Vocês trouxeram mais um pra roubar minha comida, é sério isso? ” Falou apontando para Minghao.

“Primeiramente, a comida não é sua, é do Choi, segundo ele é meu amigo Minghao e tá estressado, um bolo de morango vai lhe fazer bem. “ Jun respondeu, e depois se retirou para a cozinha, provavelmente para pegar talheres.

“Ah, então ele é o famoso Minghao. “

“Eu, famoso? “

“Você é um cliente bastante requisitado por aqui. Tem funcionários que se estapeiam pra te atender.  “

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Minghao nunca pediu os bolos pois achava que assim como o café, eram horríveis. Mas na verdade não eram. Eram muito bons. E aqueles caras também, no fundo, eram mais legais do que pareciam ser inicialmente. Talvez ele só estava estressado mesmo.  

Depois de comer, Jeonghan e Jisoo foram embora. Wonwoo falava com alguém no celular, na rua, Jun ficou encarregado de lavar os pratos que eles usaram e Seungkwan o esperava na cozinha para que pudesse fechar. Minghao ficou sozinho com Mingyu ali no balcão.

“Vocês ficam o dia inteiro falando de mim ou o que? “ Perguntou ao outro, mas instantaneamente se arrependeu da pergunta. Ele poderia ter perguntado para o Jun. Agora já era tarde.

“Mais ou menos. O Jun gosta muito de você, é bonitinho. “

“É. Nós somos amigos a bastante tempo. Viemos juntos para cá. “

“Você fica aqui quase todos os dias até tarde esperando ele, então. “

“Bem, no início, quando eu realmente não tinha nada pra fazer, sim. Agora não sei mais porque eu continuo vindo. “

“O nosso café é horrível né? “

“Muito. Menos quando você faz, eu acho. Bem, eu só provei uma vez, talvez você só tenha tido sorte.  “

“Obrigada. “ Minghao queria convencer a si mesmo que o sorriso bobo do belo garoto após o agradecimento não tinha deixado seu coração um pouco disparado. Não estava dando muito certo. “Não foi sorte. Eu te faço outro amanhã, e você vai ver que não foi sorte. “ 

“Topo o desafio. “ Ao olhar para frente, ele viu Jun revirando os olhos.

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Os dias se passaram, e por mais que as vezes fosse tudo tão estressante, Minghao não deixava de ir a cafeteria horrível buscar seu café que agora não era mais tão horrível, pois Mingyu era quem fazia. O sorriso bobo e bonito dele e suas trapalhadas já não o incomodavam tanto assim. As vezes o que realmente lhe incomodava eram as garotas falando sobre ele. Ou sobre eles dois, como se fossem um casal. Nas segundas ou quartas feiras, ficava comendo bolo com os garotos. Em um dos dias o tal dono, Choi Seungcheol, apareceu, mas nem lhes deu bronca nem nada, como Minghao achava que seria. Simplesmente pegou mais um prato e começou a comer junto. Ainda trouxe refrigerante.

Em um sábado, ele tinha ficado até a hora de fechar, que foi mais tarde. Não sabia porque tinha ficado até tarde, já passava das 23h. Não era dia em que sobrava comida, e Jun disse que ia em uma festa com Jeonghan em que ele não estava afim de ir, então não foi para o esperar para irem juntos. Todos os outros tinham outros afazeres, exceto Mingyu. Talvez ele estivesse o esperando. Ele estava realmente o esperando.

Ficaram sentados no banco em frente a cafeteria depois que Seungkwan fechou e foi embora. Dividindo uma rosquinha que era doce demais para o seu gosto, falando sobre a vida, e brincando com um cachorro que tinha aparecido subitamente ali. Ambos pareciam nervosos.

“Qual é seu número da sorte, Minghao? “

“8 eu acho. Por quê? ”

“Sei lá. Não tinha o que falar. “

“Vamos só comer então. “

Mingyu ignorou completamente a sentença. Continuou a falar. “Eu gosto de você. “

“Eu sei. “

“Provavelmente a cidade inteira sabe. “

“Você quer que eu diga o mesmo? “

“Nem precisa. Você tá aqui afinal de contas, sem nenhum motivo. Deve ser por minha causa. Só pode ser por mim. “

É verdade, Minghao pensou. Não sabia quando exatamente a cafeteria tinha deixado de ser tão ruim, ou quando os barulhos pararam de o incomodar. A cafeteria era a mesma barulheira horrível todos os dias, mas ele podia ficar o dia inteiro lá, olhando para aquele garoto que era uma bagunça tanto quanto o lugar e ao mesmo tempo parecia tão certo que o fascinava. Só sabia que não conseguia deixar de ir até lá para vê-lo, e admitiu de uma vez por todas que gostava muito disso, quando o beijou naquele banco, ambos cheios de açúcar. 



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