Aquela cafeteria estava lotada, porém, era o único jeito. Segurando um pequeno caderno para anotar as futuras ideias que viriam e uma caneta, sentei-me numa mesa. Por coincidência, era meu número de sorte, sete. Sorrio por isso e pego o cardápio, já sentindo o maravilhoso cheiro de café entrar minhas narinas.
– Bom dia, senhorita. O que gostaria de pedir? – Ao escutar a voz aveludada do garçom, subo o olhar do papel para encontrar os mais lindos olhos de mel. Seu corpo, por mais que estivesse coberto pelo fardamento, parecia ser bonito e seu braço, na parte do que dava para ver a partir do cotovelo, mostrava algumas poucas tatuagens. Sua pele era negra, seus lábios grossos e... – Moça?
– Ahn... Eu... Ah... – Pela primeira vez, me vi sem palavras. O rapaz sorriu, mostrando belos dentes e um lindo sorriso. – Um café puro e panquecas.
– Anotado. – Virou-se e andou até a cozinha, me deixando completamente deslumbrada. Com vinte e um anos, nunca me apaixonei verdadeiramente e muito menos acreditei no amor. Isso me levou a ser escritora, sabendo que sempre teria meus personagens para me consolar nessa minha vida solitária e antissocial.
Poderia ser uma mera ilusão, mas eu acabei acreditando em amor à primeira vista.
Quando ele trouxe meu pedido, eu me apressei logo em perguntar:
– Qual é o seu nome?
E, com o sorriso mais belo que eu já havia visto, ele respondeu:
– Jorge. E o seu?
– Afrodite. – Deu-me vontade de rir. Nunca gostei tanto do meu nome por ser de uma deusa, minha mãe e meu pai eram apaixonados por história e resolveram por este nome.
– Ah, bonito nome. – Riu, indo para a direção de antes. Mas antes disso, falou: – Deusa grega do amor, uh? – Minhas bochechas esquentaram, e ele foi para a cozinha.
. . .
Todos os dias eu ia à cafeteria – até mais que antigamente. Puxava papos longos com Jorge Manuel — este nome dele, apesar de tão comum, era lindo quando associado à sua imagem. Combinamos que ele não me chamaria pelo nome, e sim por Tê, assim sendo feito em todas nossas conversas. Passamos um mês para sermos bons amigos e, mesmo que minhas intenções sempre fossem outras, a amizade dele era maravilhosa.
Mas, aquele dia de sexta em especial, eu estava sendo feliz, pois a editora havia finalmente respondido meu e-mail e dito que iria publicar meu livro – cujo havia terminado tempos antes. Pelo horário, era final do expediente de Jorge e eu iria aparecer de surpresa.
Ao sentar-me numa mesa para esperar meu belo amigo, o mesmo vem até mim junto à um rapaz sorridente, assim como ele.
– Tê, venha cá. Quero lhe apresentar meu namorado.
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