1. Spirit Fanfics >
  2. Caídos no Inferno >
  3. Abrem-se as portas do inferno

História Caídos no Inferno - Abrem-se as portas do inferno


Escrita por: Blue_ID-S

Capítulo 17 - Abrem-se as portas do inferno


"Hey! Gary… sorria!" 

"O que você… ah que merda Alex pare de tirar fotos de mim!" Ele se irrita quando eu começo a provocá-lo com os flashes da câmera.

"Não seja estraga prazeres Gary. Ao menos finja que está se divertindo!" Eu me aproximo do moreno que recolhe pacientemente as pétalas de uma flor lilás.

"Não é divertido quando você fica brincando de fotógrafa perto de mim…" depois que ele termina nós saímos caminhando por entre as árvores.

"Eu detesto esse lugar mas tenho que admitir que ele é lindo!" 

"É lindo mas não vamos poder aproveitar por mais tempo!" Ele olha pra cima "O tempo está fechando!" 

Não levam nem 5 minutos para a água começar a cair. Guardo minha câmera na mochila e começamos a correr de volta para casa.

O vento é forte, muito perigoso para ficarmos ali, porém, sem opção de abrigo continuamos tentando voltar para o prédio.

"Por que justo hoje? E por que agora? O céu estava lindo a 10 minutos atrás!" A água cai sem parar. Se não fossem as árvores nos protegendo um pouco, nós estaríamos mais molhados.

"Fox Hole Alex! Fox Hole!" 

Não muito longe eu consigo enxergar o que parece ser uma pequena cabana de madeira. 

"Gary eu não me importo se tem pessoas morando lá ou não mas eu não quero ficar aqui fora!" Corremos até ela e sentamos na área coberta em frente a porta. 

"Tem alguém aí?" Ele olha para dentro pela janela. 

"Eu acho que está vazia..." a maçaneta não oferece nenhuma resistência quando eu a giro. O lugar é todo escuro e parece abandonado a tempos. 

"Você tem um isqueiro ai?" Eu abro a mochila e pego uma caixinha de fósforos que estava no fundo. "Como isso não molhou?" Gary acende a lanterna a gás que ele encontrou em algum lugar.

"É a prova d'água Gary. Uma mulher prevenida vale por duas…"  as pequenas toalhas que estavam dando bobeira dentro dela vieram bem a calhar.

Minha camiseta de algodão ensopada está grudada no meu corpo. Hoje não foi um bom dia para eu escolher usar uma camiseta branca. 

Sem aviso prévio o moreno tira a camisa vermelha de flanela e torce na pia. 

"Andou malhando Gary?" Meus olhos não saem do abdômen surpreendentemente definido que ele seca com aquela pequena toalha azul que eu dei a ele.

"Eu apenas tento manter meu corpo saudável Alex… eu faço exercícios! Você não vai se secar? Eu… consigo ver seu sutiã daqui!" Ele desvia o olhar e se vira de costas.

"Eu… eu vou procurar um banheiro!"

Demoraram duas horas para a chuva parar. Olhando pela janela da pra ver a noite chegando. Decidimos ir antes que a chuva volte.

"Foi só eu que percebi ou esse lugar fica assustador a noite?" Os tons frios do anoitecer começam a marcar presença deixando o bosque com um leve ar… sombrio.

"Isso é coisa da sua cabeça Alex. Você é bem paranóica as vezes!" Gary anda confiante ja que ele sabe o caminho.

Não muito longe de nós eu acho que pego o vislumbre de algo passando, fazendo barulho nas folhas do chão.

"Gary você viu isso?" Eu seguro com força na camisa do homem que apenas balança a cabeça.

"Eu já disse que é coisa da sua cabeça! Deixa de ser medrosa mulher. Nós já chegamos." É aliviante ver os tijolos vermelhos do prédio. 

Novamente o farfalhar das folhas atrás de nós chama a minha atenção, porém, dessa vez Gary ouve também.

"Deve ser só um animal, vamos entrar logo!" 


"Vocês dois estão um lixo!" Zachary ri do nosso estado. Cabelos arrepiados, roupa suja e molhada e o cansaço decorando nossos rostos.

"Já estávamos pensando que tinham sido comidos por um urso!" Michael joga uma toalha em mim.

"Se tivéssemos demorado mais isso iria aconte…" minha frase é cortada por um espirro desconfortável.

"Acho que você pegou um resfriado coisinha!" 

"Sério Mike? Eu não tinha… per…cebido!" 

"Eu ouço espirros?!" Nicholas, o médico para todas as horas, desce as escadas.

"O que você… estava fazendo lá em cima?" 

"Estava com Barney. Agora você vem comigo!" Ele me obriga a subir as escadas e depois de mandar eu tomar banho me encheu de remédios e chás, como uma boa mãe.


"Você está doente professora Marks?" Uma garotinha ruiva me pergunta na metade da aula. Eu devo estar horrível para terem me perguntado isso três vezes só hoje.

"Não é nada demais criança. Agora se me dão licença eu já volto!" O corredor está silencioso. Eu bato algumas vezes na porta da enfermaria. "Nick você está aí?" 

"Entre Alex…!" Eu empurro a porta e encontro o médico parado na frente da janela olhando para o nada, o sorriso idiota a tira colo. "Está tudo bem? Você está horrível!" 

"Nick se eu estivesse bem eu não estaria aqui!" Eu me jogo na cadeira em frente a mesa e ele se levanta sentando no móvel. Minha cabeça já dói e mão gelada de Nick na minha testa piora tudo.  

"Você está queimando de febre!" 

"E qual é a graça disso? Faça seu trabalho logo Morgan eu preciso voltar pra aula." Ele continua rindo como um imbecil.

"Você fica muito engraçada de mau humor Alex!" Ele abre uma gaveta e tira um pequeno frasco de vidro com um líquido avermelhado dentro, juntamente com uma seringa ainda embalada.

"O-o que você vai fazer com essa seringa?" Eu não devo ter contado isso pra ninguém mas eu tenho pavor a injeções.

"Você quer melhorar logo não é? Não me diga que você tem medo de agulhas?" Ele sacode aquele pequeno frasco e depois introduz o metal afiado, enchendo a seringa com aquela coisa vermelha.

"N-não seja idiota Nick! O que é isso?" 

"É um remédio que eu mesmo desenvolvi, ele cura coisas como resfriados e gripes rapidamente e sem efeitos colaterais. É minha obra-prima!" Ele enrola uma borracha no meu braço, e fica procurando por alguma veia. "Isso talvez doa um pouco mas é passageiro!" Eu viro o rosto para não olhar para a agulha entrando no meu braço, o que não doeu, até ele começar a empurrar o líquido para dentro. Isso doeu pra caralho. A substância grossa parece rasgar por onde ela passa. Em poucos segundos meu braço inteiro está formigando.

"Nick que merda é essa?" 

"Eu já disse que é remédio Alex! Logo você estará novinha em folha…"

"Tanto faz… obrigado Nick!" Eu me levanto e saio andando pela escola.

Uma leve sonolência se instala no meu corpo, mas não é nada muito relevante.

"Alex você está horrível!" Gary passa por mim carregando alguns papéis.

"Vou fingir que ninguem disse isso hoje!" Ele sorri. Um Gary sorrindo é uma coisa extremamente rara e incrível de se ver. 

A brisa gelada da chuva que acabou de começar balança meus cabelos. Aos poucos sinto que o cansaço vai embora. O remédio de Nicholas parece fazer efeito rápido.

Não muito longe eu ouço o som de vidro quebrando e gritos vindos de uma sala. Quando eu me aproximo vejo as crianças correndo. É na sala de Mike. Ele não está nela e quando eu entro vejo o motivo do alvoroço. Uma cabeça de cervo que foi arrancada do corpo está jogada no chão. A janela quebrada e com marcas de sangue que escorrem com a água que cai. Uma cena horrível. Então mais vidro se quebra só que dessa vez fora da sala.

Tudo começa a virar um caos, crianças correndo, o vento e água da chuva entrando na escola pelos buracos. 

"Que merda está acontecendo Zachary?" Eu me esbarro no homem que está tão confuso quanto eu.

"Eu ainda não sei, vou tentar descobrir agora!" Ele some no meio da multidão eufórica.

Enquanto eu viro a esquina do corredor uma pontada de dor atinge meu peito e minha cabeça ao mesmo tempo, me fazendo recostar na parede. 

"Agora não… agora não…!" É uma dor insuportável, como se eu estivesse sendo perfurada várias vezes por adagas afiadas.

No final do corredor, além dos pequenos correndo, vejo algo grotesco. Alguém estranho. Um homem alto sem camisa e muito musculoso arrebentando uma criança com as mãos. Eu não consigo ver o seu rosto. Deve ser alucinação.

Aos poucos a sonolência volta, mas agora me derrubando como um caminhão. Minhas pernas perdem as forças e minha visão começa a embaçar e escurecer. 

Por que eu estou lembrando disso agora? Das coisas que eu fiz quando era mais jovem. Das coisas que eu disse. As pessoas que eu conheci... É isso que acontece quando você está morrendo? Isso é minha vida passando diante dos meus olhos?

Eu sempre soube que iria morrer cedo mas… dessa forma?



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...