História Caídos no Inferno - De volta a residência dos professores

Grilos e sapos começam sua sinfonia noturna. 

A roupa dos dois seca lentamente devido o tempo úmido e frio.

"Você ao menos sabe para onde estamos indo?" Joseph pergunta a mulher que se fosse um pouquinho mais rápido estaria correndo.

"Mais ou menos…" ela nem olha para trás, está focada no caminho que ela segue por instinto.

"Alex!" 

"Eu estou indo pro prédio!"

"O predio é perigoso demais. Nick nos encontrou facilmente quando fomos pra lá!" ele toca o ombro dela a fazendo parar. 

"Eu sei disso Joseph. Por isso estamos indo."

A alguns palmos de terra molhada abaixo deles, o homem de mocassins azuis anda calmamente pelo corredor subterrâneo. Zumbindo alto, fazendo ecoar pelas paredes a melodia de uma música desconhecida.

O celular começa a tocar interrompendo seu momento musical.

"Morgan!" do outro lado da linha a voz alta faz Nick abaixar o volume.

"Oui?"

"Você já encontrou o outro investigador?" 

"Não Ethan. Eu já mandei os gêmeos atrás dele mas eles ainda não voltaram. Esses caras são tão burros quanto são fortes. Vou mandar o Barney procurá-los." O homem de olhos verdes respira profundamente.

"Nicholas dê um jeito nisso logo. Não quero saber como você vai fazer isso mas encontre-o. Você sabe o que vai acontecer se ele conseguir escapar" Nicholas começa a rir irritando o outro.

"Ethan se nos descobrirem eu ainda tenho minha mansão em Paris me esperan…" antes que ele termine, o antes chamado por muitos de diretor Adams, desliga o aparelho na cara do médico que reage como se tivesse ouvido a melhor piada do século.

Novamente, os assovios começam a ressoar pelo corredor mal iluminado.

Ele enfia a mão no bolso interno do casaco tão cinza quanto seus cabelos, e tira um pequeno molho de chaves que ele comeca a girar no indicador, fazendo mais barulho ainda.

"Como estão meus ratinhos hoje…" 

Lentamente a maçaneta gira e a porta abre fazendo um rangido incômodo.

"Acordem crianças… está uma linda noite… lá fora…" a risada alta e a luz forte que é ligada repentinamente desperta uma Samara sonolenta e dolorida. "Ah você voltou a vida Samara… e pelo que eu posso ver o senhor Black nem pregou os olhos…" ele olha para o moreno que mantém seus olhos voltados fixamente para frente, dentes e punhos cerrados com força. 

"Uhrg..." a terceira vítima do médico insano começa a resmungar baixo, mostrando sinal de vida.

"Carl?" Samara vira seu rosto rapidamente sentindo uma fisgada insuportável no lado direito do seu rosto, o que a faz xingar alto.

"Sam não se mexa assim vai ser pior…" Gary volta sua atenção a mulher, preocupado.

"Olhem hoje estão todos acordados isso vai ser bem mais divertido…"

"Seu pedaço de lixo…" o olhar de desprezo do professor para Nick o faz segurar a gargalhada pela primeira vez.

"É tão engraçado Gary, ver tanto ódio sendo oprimido por essas amarras que te prendem. Se você estivesse no meu lugar estaria rindo tanto quanto eu…" o moreno estala a lingua, trazendo a si as lembranças de quando ele fazia isso por que Alex havia dito alguma besteira. 

Trocaria todos os dias que ele já passou nesse pesadelo por apenas mais um se irritando com seus colegas imprudentes ou tendo que aguentar a professora de Arte sem miolos, que tornava morar em Fox Hole meno chato.

No momento em que ele pensava em Alex, a própria estava andando a passos apressados pelo bosque que um dia antes de tudo, era explorado pelos dois. 

"Você tem certeza que sabe onde estamos indo?" Joseph segue a menina cauteloso, olhando ao redor e com os ouvidos mais do que atentos.

"Eu acho que sim. Gary seguiu por aqui quando viemos para cá…" 

"Você e ele eram próximos?" Ele olha para ela aguardando a resposta. Sua voz mostrando levemente o receio de ouvir alguma resposta indesejada. Ele também acabou caindo no amor pela pequena mulher no fim das contas.

Alex para e olha para ele de volta.

"Nós somos apenas bons amigos. Talvez eu já tenha sentido alguma atração por ele algumas vezes, mas nunca foi nada demais, eu só achava ele bonito. Acho que ele gostava um pouco mais de mim… mas eu não ficaria com ele nem em um milhão de anos… prefiro alguém tipo… você…" ela sorri docemente e volta a fazer seu caminho, deixando Joseph boquiaberto, com o coração quase saindo pela boca, exatamente como um adolescente apaixonado.

"Mudando de assunto…" ele limpa a garganta e respira fundo "o que você pretende fazer quando chegarmos lá?" 

"Eu quero descobrir o que tem no apartamento do Nick. Ninguém nunca entrou lá e eu tenho alguma desconfiança que podemos descobrir algumas coisas." 

"Nem eu e Gary conseguimos arrombar aquilo, como você acha que vai conseguir?" 

"Eu tenho um monte de grampos de cabelo, clipes de papel e pinças no meu quarto. Aprendi a arrombar com essas coisas quando eu tinha 9 anos…" a frase faz Joseph lembrar de quando viu Sam fazendo isso. Ele começa a se questionar se foi alex quem ensinou a irmã mais nova a fazê-lo.

Alguns metros depois, eles conseguem chegar ao fim do bosque. A vitória de ter encontrado o caminho sozinha está estampada no rosto de Alex. 

"Vamos logo alguém pode nos encontrar agora que estamos expostos." Ele puxa a morena pela mão e os dois correm até a construção. 

"Parece que fazem anos que eu não piso aqui…" ela respira profundamente enquanto entra. 

"Porque você não aproveita que estamos aqui e veste uma roupa seca? Você pode ficar doente ensopada desse jeito." 

"Venha comigo Joseph… eu não quero ficar sozinha e nem que você fique sozinho aqui também. Não quero que aconteça nada com você." O rosto do investigador ficou tão vermelho quanto um tomate. Ele desvia o olhar na esperanca que Alex não veja isso.

"Por que você está tão vermelho? Está com febre?" Ela coloca a mão na testa dele que segura o pulso da menor.

"Vá se trocar Alex… não se preocupe eu subirei também…"

Antes de fazer isso ela toma um banho quente. O primeiro depois de muitos dias tendo que enfrentar chuva e duchas geladas. A roupa quente e confortável cai como uma luva na pele que sofreu diversas vezes durante esses dias.

"Onde encontrou?" Ela aponta para as vestes diferentes de Joseph que está sentado no sofá.

"No apartamento no fim do corredor. Minhas roupas também estavam molhadas. Espero que eu não tenha problemas."

"Acho que ninguém vai prender você por causa disso. Vamos logo não podemos perder mais tempo." 

Os dois vão mais do que depressa até o apartamento do médico.

Com muita prática, ela desentorta e entorta novamente os clips de papel no formato desejado. Porém é um pouco difícil ter precisão com sua mão ferida. É preciso três tentativas para a fechadura ceder.

"Voilà…" ela sorri satisfeita enquanto empurra silenciosa a porta pesada.

Só que o que eles encontram dentro do apartamento surpreende os grandes olhos castanhos de Alex.

Enquanto isso, Nicholas se diverte com os gritos de dor de Samara.

"Vamos não está doendo tanto assim mulher…" ele coloca álcool sem hesitação sobre a carne aberta do rosto dela que se debate desesperada.

"S-sam." Carl diz com muito custo e dificuldade. Por ter tido sua língua cortada e os dentes arrancados a dor é torturante.

"Nicholas seu monstro." Gary rosna enquanto assiste a cena grotesca.

"O único monstro será você Gary… eu só nao decidi ainda o que eu farei com seu... corpo…"