"Ah isso parece interessante…" eu ouço a voz masculina seguida de uma risadinha. Os dedos tocando a ponta do meu tênis, 'caminhando' pela minha perna. "Um novinho em folha… ou quase isso." eu não entendo qual é a graça. Meus olhos ainda não se adaptaram a luz mirada direto nos meus olhos, não consigo ver o rosto daquele que fala comigo. "Você fez um bom trabalho meu garotinho..." ouço um rosnado do meu lado direito mas… é tudo tão escuro, eu não posso ver nada. "Eu poderia deixar você fazer o que quiser com ele, porém, faz tanto tempo que eu não toco em alguém inteiro. Talvez depois que eu terminar eu deixe você se divertir…" o que esse homem acha tão engraçado?
"Está tudo tão quieto… isso é assustador!" Joseph olha para o bosque úmido.
"A lenda diz que ursos e cervos assassinos vivem por entre essas árvores, mas nunca vi nenhum mesmo procurando."
"Eles devem dizer isso pra assustar os visitantes. Pra não tentarem fugir pela floresta."
"Tem razão Samara Apesar de que eu não acho que seja possível sair daqui por ela mesmo que não exista algum animal muito perigoso. É enorme. Levariam semanas pra alguém atravessar."
"Não existe nenhuma maneira de sair daqui?"
"Precisaríamos de um veículo pra ter alguma chance. E os únicos veículos da cidade estão em posse do diretor. Teríamos que ir até a mansão dele pra isso mas é…" Gary é cortado pelo som alto vindo do bosque. Um som que parece ser o grito de agonia de algum animal.
"Que merda foi essa?" Todos apertam o passo.
"Eu espero que tenha sido um bicho... mas não vamos ficar aqui pra descobrir. Gary aquilo é o prédio?" Samara aponta para o que parece ser, depois de algumas árvores, uma construção alta de tijolos.
"Graças a Deus, eu pensei que iríamos demorar mais a chegar!" Joseph suspira aliviado.
"Eu só espero que esteja tudo bem… que ela esteja bem." Gary diz a última parte mais baixo fazendo Joseph olhar para ele.
"Quando estávamos hospedados na cidade encontramos alguns dos pertences deles lá. Alguém já pode ter entrado nos apartamentos." Joseph ajuda Gary a se apoiar em uma árvore enquanto os três param pra descansar.
"Eles podem ter pego na escola. Nós costumávamos deixar algumas coisas lá... esse não é o…" Gary aponta para o tecido azul que Sam tirou do bolso e agora olha atentamente.
"Lenço da Alex? É… tenho certeza que ela não deixaria ele na escola. Ela carregava pra toda parte!"
"Eu sei bem como ela era com essa merda. Ela avançou no Jean quando ele pegou de brincadeira. Se Bob não tivesse tirado ela de cima dele, a Alex teria matado aquele gordo nojento enforcado!"
"Na foto ela não parece o tipo de pessoa que faz essas coisas que vocês falam! É difícil de acreditar!"
"Joseph, você deve ter se apaixonado pelo rostinho dela como acontece com todo mundo mas não se deixe enganar, essa menina é problema!" Sam bate no ombro dele. "Você tem a chave Gary?"
"Eu não estou com ela aqui, mas as portas não são difíceis de abrir, da pra arrombar facilmente se estiverem trancadas!"
"Certo, não vamos perder mais tempo. A chuva pode voltar a qualquer momento!" As palavras de Sam parecem trazer as gotas que começam a cai.
"Merda! Joseph me ajuda aqui."
Os três andam rapidamente em direção ao prédio.
"Não poderia ter começado em pior hora!" Sam empurra a porta de madeira que sede facilmente "Graças a Deus, ta aberta!"
Joseph pega uma cadeira que estava por perto e tranca a porta.
"Não parece muito grande…" o jovem começa a andar pelo corredor.
"Shhh! Não sabemos o que pode ter aqui!… Gary você está bem?" O moreno apoiado na parede acena com a cabeça. "Ótimo! Joseph preciso que você me faça um favor!" A mulher se aproxima intimidadoramente e segura nos dois ombros do rapaz de cabelos claros.
"O-ok Sam!"
"Eu quero que você e Gary fiquem aqui em baixo e procurem qualquer coisa nos apartamentos daqui, eu vou lá pra cima!"
"Eu não posso deixar você ir sozinha Samara, é perigoso demais!" Joseph tenta convencer Sam que não parece nem um pouco aberta a negociações.
"Ele tem razão. E se tiver algo lá em cima? Quem vai ajudar você?"
"Se tiver algo eu dou um jeito. Você está ferido, é melhor que você fique perto da saída. Joseph te ajuda!" Ela já começa a subir a escada para o segundo andar.
"Você não vai ouvir a gente não é?"
"Não mesmo Gary! Qual é o apartamento dela?"
"Certo… É o ao lado da escada! se precisar grite, dá pra ouvir muito bem daqui!"
"Ok. Até depois!"
"Ela é sempre teimosa assim?" Gary olha para joseph que levanta as mãos e faz uma expressão de 'eu não sei de nada'.
"Parece que agora somos só nós! Onde fica sua casa Gary?"
"É aquela do meio!" Ele aponta para o lado esquerdo do corredor. "Parece que fazem anos que eu não piso aqui. Tá tudo tão quieto!"
"Todo mundo fala na Alex, falam coisas ruins dela, mas como ela era de verdade?" Joseph diz baixinho, com certo receio em perguntar sobre isso.
"Tudo o que dizemos é verdade. A Alex é um lixo humano, mas todo mundo gosta dela. Talvez seja o jeito dela de não estar nem ai pra nada, quebrando as regras e falando o que vem a mente... além dela ser uma gatinha. Não tinha um cara aqui que não quisesse levar ela pra cama. Alguns provavelmente conseguiram!" Ele abre a porta que está destrancada.
"Entendo…"
"Você gamou nela também não é?" Gary ri da reação do outro.
"N-não eu… eu só fiquei curioso." Joseph desvia o olhar.
"Certo, certo… cara isso tá uma bagunça!" Gary acende uma pequena luminária que está em cima de um pequeno balcão ao lado da porta.
A mesinha de centro e o sofá tombados.
"Um furacão passou por aqui?" Algumas gavetas estao jogadas, e papéis estão espalhados pelo chão.
Joseph e Gary terminam de revirar o lugar. Procurando qualquer pista que seja do que está acontecendo.
Samara anda silenciosamente pelo corredor de cima.
"O apartamento ao lado da escada… deve ser esse aqui!" Ela passa os dedos nos guizos presos na fechadura os fazendo tilintar "Isso é bem a sua cara Alex."
Ela abre a porta destrancada. Está bem iluminado, e organizado, exceção de alguns desenhos que estão jogados no chão. Provavelmente são dos seus alunos.
Tudo parece muito calmo, apesar de a chuva estar caindo forte do lado de fora, o perigo visível não parece abalar muito Samara.
Ela ri ao ver em uma das paredes uma estante repleta das mais variadas bebidas alcoólicas.
"Como permitiram você trabalhar aqui sua garota besta?"
Os quadros coloridos e abstratos, pintados por Alex, enfeitam tudo.
No quarto, tudo bagunçado, como um típico quarto de adolescente. Ao lado da porta, um enorme painel cheio de fotos polaróide, a maioria fotos de homens de costas e distraídos que devem ser seus colegas de trabalho, Alex sempre fora uma pervertida.
Duas fotografias em especial chamam a atenção de Sam, em uma delas Alex está beijando o rosto de Gary que está visivelmente reprovando a atitude, e na outra ela está abraçada em um homem muito bonito, alto e ruivo que parece tão feliz quanto ela, provavelmente é Robert Blake.
"Com quantos deles você dormiu?"
Ela pega um porta retratos que estava em cima do criado mudo e começa a chorar. Ao invés de uma foto, ele traz um desenho, feito por uma criança. O desenho que Sam fizera para ela quando ela tinha apenas 5 anos. Nele ela representou as duas felizes e sorridentes.
"Você guardou isso por todo esse tempo?"
Samara larga a peça e continua procurando.
"O que é isso?" No tapete no meio do quarto, um pequeno relevo chama a atenção de Sam. Ao levantá-lo ela se depara com o pequeno livro no chão.
"Alex você tem 27 anos. Isso coisa de criança!" Ela abre e olha as páginas por cima. Todas escritas, com desenhos enfeitando tudo. "Você é uma criança de 27 anos no fim das contas…" ela respira fundo e se prepara para ler quando Gary e Joseph entram pela porta.
"Você está a bastante tempo aqui. Olhamos quase tudo lá embaixo e você não saiu daqui ainda." Joseph senta ao lado de Sam na cama.
"Quase tudo?"
"É, o apartamento do Nick está muito bem trancado. Não conseguimos arrombar e isso é muito estranho... e também não encontramos nada de muito importante em lugar nenhum." Gary suspira.
"Eu encontrei isso aqui só, mas não acho que tenha algo a ver!"
"Isso é o diário da Alex?" Sam concorda "Ela carregava essa merda pra todo lado, junto com a câmera e o o maldito lenço dela. Anotava e fotografava tudo."
"Leia Sam. Isso pode ser mais útil do que parece!"
Ao abrir a primeira página, Sam só confirma o que ela sempre soube, Alex é uma idiota.
Mas antes que ela prossiga, o som da porta se abrindo no andar de baixo faz todos saltarem de susto.
"Quem diria que conseguiríamos cercar os ratinhos" a frase seguida de uma risada alta e palmas acelera o coração do trio assustado. "Minhas crianças e eu estivemos procurando vocês por todo lado. Estava ansioso para conhecê-los." a voz masculina é melódica.
"Quem diabos é isso?…" Sam sussurra olhando para o moreno paralisado na frente dela. "Gary? responde caralho!" Mesmo estalando os dedos na frente dos olhos azuis, ele não esboça nenhuma reação.
"Vocês vão ter que sair dai uma hora ou outra crianças! Não tem para onde fugir, o prédio está cercado." O homem ri como se houvessem contado uma piada muito engraçada.
"Esse desgraçado enganou todo mundo!" Gary finalmente diz.
"Que desgraçado Gary?"
"Talvez eu deva me apresentar a vocês meus pequenos. Eu me chamo Nicholas Morgan… mais conhecido por... Dr. Morgan..."
"Eu vou te matar seu filho da puta!" Gary se levanta e sai mancando em direção a porta. Nem mesmo Joseph e Sam juntos conseguem segurar o homem que não parece sentir dor mais.
"Gary volta aqui você vai morrer!" Sam corre atrás dele mas Gary parece hipnotizado.
"Vejo que resolveram aparecer…" Sam encara fixamente o homem de cabelos grisalhos na sua frente, o sorriso branco e marcante muito presente. Atrás dele mais um dos monstros, porém esse é diferente, parece um par de enormes e deformados gêmeos siameses. "Vocês podem se entregar pacificamente ou eu terei que dar as boas vindas a vocês no melhor estilo… Sionnach High school!"
Não precisa muito tempo para que as coisas saiam completamente do controle.
Com a chuva sendo a trilha sonora, logo os três se reduzem a corpos desacordados no chão.
O que será deles agora?
Está tudo perdido?
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