História Call it Fate, Call it Karma - YG Bedroom (and nobody's gay)

“Jungah, vai chamar seu irmão para almoçar.” A mulher disse enquanto terminava de colocar a mesa, ajeitando tudo enquanto o macarrão ainda estava no forno, com o queijo derretendo sobre o mesmo.

“Ele saiu ontem, não saiu? Deve estar bem morto lá, isso se ele não dormiu na casa do Yoongi-oppa...” A menina estava jogada no sofá, mexendo em seu celular, porém, apenas um olhar de sua mãe e acabou levantando-se, subindo sem ânimo nenhum a escada de casa.

Assim que entrou no quarto de Jungkook, seu primeiro palpite não poderia estar mais certo. O rapaz realmente parecia morto, deitado completamente torto na cama. O quarto inteiro cheirava a álcool. Ela deu pequenos passos até ele.

“Ya! Jungkoo—CARALHO!” A jovem levou a mão aos lábios para cobrir os mesmos e esconder sua risada quase histérica ao ver o estado de seu irmão.

Ele não parecia estar morto não, parecia que tinha sido abusado sexualmente por algum maníaco em mordidas, isso sim. Seu pescoço roxo e perguntava-se internamente como infernos ele ficou com a boca daquele jeito.

É claro que não perderia a chance de tirar várias fotos de seu irmão naquele estado. Afinal, sempre precisava de dinheiro ou alguma coisa do tipo, agora que tinha aquelas fotos, seria fácil extorquir seu amado irmão mais velho. Poderia descer e chamar a mãe para ver seu estado, mas o pouparia disso, até mais para dizer que o fez um favor e merecia algo em troca.

Jungah apenas saiu do quarto e fechou a porta novamente, descendo para a sala. “Eu acordei ele mas disse que não está com fome, que come mais tarde, deve estar de ressaca, deixa ele lá...”

A mãe da jovem reclamou um pouco, mas deu um crédito para o filho, ele tinha se dado bem há alguns dias no trabalho de conclusão de seu curso, então merecia uma noite de farra e um pouco de sossego.

Jungkook só foi acordar três horas da tarde.

Tinha uma dor de cabeça imensa. Parecia que iria explodir a qualquer minuto como uma bomba relógio, já que sentia as pulsações de seu batimento cardíaco por lá.

Sua boca estava com um gosto horrível de álcool e sabe-se lá mais o que, além de sentir a boca doendo, e o pescoço. Jungkook jurava para si mesmo que nunca mais sairia ou beberia daquele jeito, ou pelo menos que aprenderia a ser mais forte para bebidas.

Com um pouco de lentidão, conseguiu se sentar na cama.

A princípio parecia que tudo girava e sabia que para se livrar de tudo aquilo, apenas quando vomitasse. Sempre melhorava depois de vomitar.

Primeiramente se livrou da camisa que vestia, jogando-a no chão do quarto e então se levantou para ir ao banheiro. Entretanto, no momento em que passou na frente do espelho de seu quarto, o rapaz quase se assustou com o que viu.

Correu para se olhar melhor e seus olhos quase saltavam do rosto com o que via. O pescoço com diversas marcas roxas. Talvez umas dez? E a boca... A boca era a pior parte. Seu lábio inferior completamente inchado e com um ponto roxo, como se tivesse recebido ali uma mordida forte o suficiente para machucar.

Estava completamente ferrado, pois se alguém de sua casa visse isso, seria um sermão do tamanho do mundo, além de provavelmente um castigo. Não que não o deixassem sair, beijar pessoas nem nada do tipo, mas aquilo já era demais.

Tentava se lembrar a todo custo o que fizera na noite passada, mas sua mente estava em branco.

O moreno correu para seu celular, mandaria uma mensagem a Taehyung perguntando se alguma coisa tinha acontecido, mas um número diferente tinha deixado uma mensagem para si.

“Oi... É o Jimin! Espero que você esteja bem e tal, vamos sair próximo final de semana de novo?”

Jungkook custou um pouco para reconhecer aquele nome, Jimin... Mas assim que o fez, jogou o celular longe na cama, como se quisesse se livrar de algo errado que tivesse feito. Como um filme, lembrava-se de tudo o que fez na noite passada, principalmente dos beijos que trocou com Jimin, os muitos beijos.

Passou as mãos pelo rosto, tentando esconder de si mesmo sua vergonha e então os dígitos pelos lábios inferior, parecia que tinha levado um soco, ou que vespas tinham ferroado ou sei lá o que. Só sabia que não podia deixar sua mãe ver isso. Ou seu pai. Pior ainda se soubessem que foi feito por um menino.

O moreno abriu a porta com cuidado e ao ver que não tinha ninguém no corredor, correu para o banheiro. Tomou um banho rápido, apenas para se livrar do cheiro de bebida e tentar melhorar, além de tomar todos os remédios para ressaca, enjoo, dor de cabeça e o que mais tivesse na caixa de primeiro socorros.

Voltando para o quarto, vestiu roupas mais largas e confortáveis. Colocou por cima de tudo um moletom com capuz, para tentar não deixar muito visível seu pescoço, além de uma máscara preta de tecido sobre os lábios, escondendo-os.

Parecia um louco doente, mas era o que podia fazer.

Com cuidado, voltou a sair para o corredor. Tentava pisar o mais leve possível ao descer os degraus da escada e quando chegou frente a porta da sala, viu que sua irmã o encarava fixamente. A menina tinha um olhar demoníaco e Jungkook sentiu um arrepio subir por sua espinha, mas por algum motivo ela começou a puxar assunto com seus pais e falar alto, como se os distraíssem. O rapaz saiu de casa com calma e quase correndo, foi para a casa de Yoongi.

Eles não tinha costume de almoçarem juntos nos domingos, geralmente cada um se virava para comer alguma coisa ou então comiam fora, então sabia que não seria incômodo aparecer do nada. Nunca era, na verdade.

Tocou a campainha e foi, como sempre, a mãe de Yoongi quem atendeu. A mulher falou meia dúzia de palavras e então informou que seu filho estava no quarto, era só subir. Jungkook agradeceu e então, às pressas, subiu a escada.

O quarto de Yoongi, por um milagre, não estava trancado, então apenas entrou ali e tornou a fechar a porta.

O de fios verdes, claro, se assustou com a presença repentina de alguém, mas assim que viu de quem se tratava, apenas se virou ao seu caderno novamente, parecia escrever algo.

“Hyung! Eu preciso de ajuda!”

Yoongi não se importou em virar para o amigo ao responder. “Que foi? Engravidou alguém na noite passada?”

“Há-há, muito engraçado... Acho que isso teria sido melhor.”

Ouvindo tais palavras, Yoongi então se virou na direção alheia, uma das sobrancelhas arqueadas.

“Que merda você fez?”

Jungkook poderia ter respondido, mas uma imagem vale mais que mil palavras, não?! Simplesmente tirou seu casaco e a máscara, encarando com seriedade o mais velho para ver se ele entendia que estava realmente preocupado.

Entretanto, assim que o outro viu do que se tratava, simplesmente começou a rir. Histericamente, até o momento em que lágrimas se formaram nos cantos de seus pequenos olhos e o as bochechas doíam. Yoongi estava com ambas as mãos sobre o abdômen, tentando se controlar, mas era impossível...

“Para de rir, caralho!” Jungkook estava de frente para o espelho, observando seu reflexo com o peso de um arrependimento enorme.

“Mano... Você ficou com quem? Um aspirador de pó, para fazer isso na sua boca?”

Yoongi realmente não conseguia parar de rir, apenas tentava se controlar na medida do possível.

“Para! Aff, vai se foder... Eu vim aqui pedir ajuda, não para que você ficasse rindo da minha cara!” Jungkook tinha um bico – literalmente – enorme nos lábios.

Respirando fundo diversas vezes, o mais baixo acabou se levantando da cadeira, agora apenas com um sorriso divertido nos lábios. Foi até seu amigo e o puxou pelos ombros para que pudesse olhá-lo melhor. Sua boca estava realmente feia, mas encarava mais o pescoço dele.

“Não sei se estou com inveja ou não...”

Jungkook se surpreendeu com aquilo. Era realmente a última coisa que esperava ouvir.

“Inveja de mim ou da pessoa que fez isso?” Entretanto, acabou entrando na brincadeira.

Yoongi, por sua vez, apenas soltou um riso simples e soprado, quase mudo.

“Não pergunte coisas que você não quer saber, Jungkook.”

O moreno quase insistiu no assunto, mas o outro já continuava.

“Isso foi só na balada ou vocês foram para algum lugar depois?”

“Só na balada! Olha minha cara de quem vai com alguém para algum lugar?”

“Pior ainda... Que fim de carreira ficar desse jeito só na balada, a mina quase arrancou sua boca!”

Assim que ouviu “mina”, um conflito interno surgiu dentro da cabeça do mais novo dos dois. Deveria concordar? Deveria abrir o jogo e dizer que foi na verdade um cara? Deveria apenas não dizer nada? 

Porém, lembrou-se da briga que tiveram por, atrás de tudo, Yoongi nunca ter dito que namorou um cara, então não queria ter aquilo sendo jogado em sua cara num futuro qualquer.

“Foi um menino...”

Jungkook disse em tom baixo, mas claro o suficiente para que o outro ouvisse.

E Yoongi ouviu. Ah, se ouviu.

Quis rir no momento, mas não conseguiu fazer muito mais senão apenas ficar parado, encarando o maior. Retirou a mão de seus ombros, totalmente surpreso com aquilo. “Sério?”

“Sério...”

O de fios verdes, então, soltou um riso debochado, provocando o moreno. “O quão bêbado você estava? Ou melhor... gostou? O menino ficou sem metade da boca também?”

“Em minha defesa, sim, eu estava muito bêbado... Sei lá, ele chegou e me agarrou e eu deixei... A boca dele eu sei lá como ficou mas você sabe do meu fetiche com pescoços e o dele era tão bonito e... cheiroso.”

“Wow! Calma aí... Eu não sei de fetiche nenhum seu não!” Yoongi tinha uma expressão de nojo, como se tivesse escutado mais do que deveria.

“Ai, enfim! Não é esse o caso, ok, eu fiquei com um cara, beleza... Mas como que eu vou aparecer em casa desse jeito? Minha mãe me dá um tiro na cara!”

“Você devia ter pensado nisso antes de ficar se agarrando com um cara na balada...” Yoongi tinha, agora, um sorriso canteiro em seus lábios, transbordando malícia.

Jungkook apenas respirou fundo, ignorando as piadas alheias. “Me ajuda, sério.”

“Eu? Eu não tenho a mínima ideia como esconde tudo isso, você deveria pedir ajuda para a sua irmã... Ela tem usa maquiagem, deve saber esconder esses chupões... Já a boca, vai ter que ficar se fazendo de doente mesmo. Não que você não seja, né...”

“Estou fodido.” O moreno estava contra o espelho de novo, apalpando seus lábios, esperava que o inferior não demorasse muito para desinchar.

Yoongi sentou-se na cadeira novamente, dessa vez com os braços cruzados e olhos sobre o amigo.

“Então, Jeon Jungkook, o terror das meninas no colégio... Ficando com um cara na balada.”

O mais novo apenas rolou os olhos. “E daí?”

“Nada... Só está ficando engraçado todas essas revelações nas últimas semanas...”  

“Eu não sou gay...” O moreno afirmou ao lançar um olhar ameaçador a Yoongi.

Este, por sua vez, respondeu com um riso.

“Está arrependido?”

Com um sorriso atravessado, tão brincalhão quanto o alheio, Jungkook pensou um pouco antes de responder. “Não...”