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História Caminhos Traçados - Larry Stylinson - Capitulo 1


Escrita por: MariaRaissaAA

Notas do Autor


AHÁ, vou postar o primeiro capitulo e esperar pra ver se vocês aprovam ou não pra depois continuar, beijocas.
Ah e já sanando a dúvida que vai aparecer, se você cometer um crime quando menor e ficar de maior durante o cumprimento da pena, continua na casa para menores infratores até o fim da pena determinada, mesmo sendo maior de idade.

Mari.

Capítulo 2 - Capitulo 1


Meus dias como seminarista sempre eram calmos e coordenados. Eu tinha os momentos de oração, todos os dias confessávamos, estudávamos teologia e a bíblia cada dia mais aprofundada, todos os dias aprendíamos como agir e ajudar a outrem como padres. Às vezes a impressão era de que a paz do mundo residia ali, onde eu estava, numa pequena cidade no interior sul de Goiás, num complexo de seminaristas.

Mas a realidade é cruel para boa parte do mundo, e assim sendo, nós como veículos de paz e beneficio alheio levantamos e rezamos pedindo que a iluminação divina salve a todos, perdoe os que precisam de perdão e nos dê força e sabedoria para ajudar aqueles que podem ser alcançados pelas ajudas terrenas.

O Bispo da catedral, nosso instrutor, reuni-nos e distribui as missões da semana, que geralmente variam entre visitar doentes, ajudar famílias carentes, ajudar as irmãs freiras que cuidam do orfanato e dar aulas para os menores infratores. Minhas preferidas eram as vistas ao orfanato, como um amante da literatura eu sempre lia historias para eles que os ajudavam a fugir de uma realidade triste demais para se gostar dela.

- Louis, você está me ouvindo? – O Bispo Miguel riu já acostumado com o meu jeito distraído na maior parte do tempo – para sua melancolia, esta semana você irá para a casa dos menores infratores, no final de todos os dias venha até minha sala.

Após ser dispensado voltei ao meu dormitório para organizar os livros que levaria em uma mochila, juntei diversos temas e também a bíblia. Miguel é um bom amigo, quase um pai, e tem ciência do quanto me perturba as visitas à casa dos menores infratores, meu espirito cuidador simplesmente não suporta o peso de não conseguir modificar a vida de tantos rapazes, com potenciais para tornarem-se grandes pessoas, mas que acabaram fadados á um fracasso iminente.

Caminhei até lá pensando em qual abordagem tomar, eu geralmente deixava que eles passassem o tempo folheando alguns livros à procura de algo que gostassem, mas não estava funcionando. Aqueles garotos não foram ensinados a gostarem de literatura ou a fugir da realidade em livros, foram ensinados que para sobreviver precisavam enfrentar a realidade, de preferencia com um objeto cortante em mãos.

Passei pelos procedimentos normais de revista e fui liberado. Falei com o guarda e ele foi como sempre em todos os dormitórios anunciando que aqueles que quisessem receber aula de literatura deveriam se dirigir a biblioteca. Como o tédio sempre tomava conta de todos ali e a biblioteca é uma das salas mais frescas do prédio muitos jovens iam a minha aula. Dispus os livros que eu tinha escolhido de meu próprio acervo na mesa e me sentei esperando os rapazes barulhentos adentrarem a sala a todo vapor.

Mas quem veio foi apenas Richard, o guarda.

- Ih Senhor Louis, tinha meses que a TV estava proibida, como castigo pela briga coletiva, hoje ela foi religada, eles 'tão tudo na sala de TV, acho que não vai vir ninguém.

- Tudo bem, vou ficar aqui mais um pouco caso algum deles resolva vir.

Peguei um dos meus livros preferidos olhando a foto do autor, que havia sido um miserável bêbado, mal-humorado e genial, fiquei me perguntando se só talvez, se meu destino fosse diferente, eu poderia escrever coisas que também mudassem vidas. Mas nem todos os dias se nascem gênios.

- Estou aqui me perguntando se seria recomendável apresentar um escritor tão realista quanto Bukowski para marginais que já estão perdidos – Eu em minha distração não me dei conta de que um jovem estava sentado de frente para mim, encarando a capa do livro em minhas mãos, Misto Quente.

- Não acredito que qualquer tipo de literatura possa fazer mal a alguém –O jovem aparentando uns dezenove anos, de pele clara queimada do sol e sorriso fácil discordou com a cabeça.

- Você precisa concordar que quase sempre a ignorância é uma benção, metafisicamente falando, o Bukowski desvenda a vida de uma maneira que você se vê impossibilitado de ser feliz em um mundo tão afetado e miserável – Seus olhos sérios e  me sondam, buscando algo que não tenho ciência.

- Sim, mas creio que todos aqui dentro já conhecem a realidade, fingir que ela é diferente soa como uma abordagem melhor para você? – O sorriso branco e estranhamente feliz voltou ao seu rosto.

- Não, sua abordagem está corretíssima, só queria ter certeza de que você não é como o dá semana passada que trouxe diversos livros motivacionais, era minha primeira semana aqui e eu já queria vomitar nele.

- hm, senhor... Qual seu nome?

- Harry.

- Então, senhor Harry. Não acredito que seja bom falar do seminarista da semana passada desta forma, ele está tentando ajudar, da maneira dele, mas ainda assim está – Harry levantou-se da cadeira revirando os olhos.

- Você é seminarista ou padre para me dar sermão? Você parece uma cara legal, seja lá qual seu nome, em uma vida diferente onde eu não fosse um marginal e você não fosse um seminarista certinho poderíamos ser amigos.

Dirigiu-se para a porta, seu passo lento e tranquilo. E eu poderia ter deixado que ele se fosse, porque ele não era responsabilidade minha, porque ele tinha sido um imbecil criticando um parceiro seminarista que só queria ajudar. Mas algo em mim, talvez Deus, clamava para que eu não o deixasse sair daquela porta, me dizendo que talvez eu pudesse transforma-lo, e que se fosse possível eu deveria fazê-lo.

- Louis... – falei alto, direcionado para ele, o mesmo se virou me encarando sem entender – Meu nome é Louis, que tal Harry você se sentar, nós batermos um papo sobre o Bukowski, e eu trazer para você todos os livros dele que tenho e você ainda não leu?

Harry voltou para a mesa, suas sobrancelhas erguidas em surpresa, um sorriso demonstrando sua satisfação com minha abordagem direta e normal. Acho que só dessa vez eu posso agir como um garoto normal de dezoito anos, por uma boa causa.

Nós tivemos um dia incrível, onde nós dois aprendemos muitas coisas, ele sobre literatura e eu sobre ele, que apesar de todo seu jeito misterioso acabou se mostrando fácil de convivência. Quando voltei para o complexo fui direto até a sala do confessionário falar com O Bispo Miguel. Ele estava sentado, preparando a missa das sete horas.

- Você parece feliz Louis, estou satisfeito que hoje tenha sido um dia melhor com os menores infratores do que o de costume, não gosto de vê-lo triste, posso saber qual o milagre?

- Semana passada chegou um novo menor, na verdade ele já tem dezenove, o nome dele é Harry, ele veio transferido do RJ, a mãe dele se mudou para cá e conseguiu a transferência graças ao exemplar comportamento dele, tem um ano que está preso e neste um ano ele leu tantos livros que se tornou um rapaz muito bem instruído e bastante inteligente, apesar de um pouco arrogante. Ele foi o único á ir a aula hoje, todos os outros foram assistir a TV.

- Bom isto é uma ótima noticia, aparentemente vemos aí um jovem que poderá ter uma reintegração na sociedade, toda sua felicidade é por isso ou resolveu que quer ajuda-lo? – Miguel sorriu me olhando como se soubesse o que estou pensando – seu coração é do tamanho do mundo meu filho, mas nem sempre se pode carregar o mundo nas costas, sim? Faça o possível por este garoto, mas não pense que a melhora dele depende apenas de você.

- Bispo, é que eu dei uma bronca nele e ele resolveu ir embora, mas quando o vi saindo algo me fez chama-lo de volta, talvez seja um sinal divino para que eu o ajude, mas meu coração me alertou que precisava entrar na vida daquele garoto.

- Então siga seu coração Louis, eu confio nele tanto quanto confio em Deus, você é filho de Deus, nasceu dentro desta igreja embaixo dos olhos do filho dele, Jesus, você sempre foi uma criança iluminada, coberta de um amor ao próximo que poucos nascem, até mesmo dentre os padres. Agora vá se arrumar para a missa.

E assim fui. Durante a missa como de costume todos os seminaristas recitam alguns trechos da bíblia e trazem palavras de reflexão para que a população possa voltar para suas casa com suas ligações com Deus fortalecidas, renascidas. Mas ainda assim, durante todo o tempo eu só conseguia manter um sorriso, porque eu finalmente poderia mudar a vida de alguém.


Notas Finais


Qualquer dúvida, só perguntar


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