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História Caminhos Traçados - Um novo caminho


Escrita por: JaneDi

Notas do Autor


Acho que já li quase todas as fanfics Sherlock/Molly (esse fandom escreve incrivelmente bem!), e tenho um carinho todo especial pelos romances de época, então quis unir o bom e o agradável desses dois mundos.

Minha inspiração veio depois de lê (reler, na verdade) Jane Eyre e adimirar, mais uma vez, como é fabuloso sua escrita e todos os seus elementos. Mas, longe de mim, querer equiparar meus breves devaneios com essa obra prima, essa fanfic é apenas isso, um desvaneio.

De qualquer forma, espero que curtam essa perspectiva do casal.

Capítulo 1 - Um novo caminho


Molly Hooper estava a algum tempo sentada no corredor mal iluminado. Já cansada daquela angustia de esperar ali pelo que seria o seu destino dentro de poucos meses, ela passou a mexer na bainha do seu vestido velho e desfiado que também era seu uniforme, no entanto, não se atrevia a bater à porta onde os diretores certamente conversavam sobre o que seria dela.

Suspirou fundo. Fora uma ideia ousada da sua parte, mas não podia ficar de braços cruzados quando a oportunidade surgiu. Molly tinha apenas 19 anos e vivera os últimos dez anos de sua vida no internato feminino de St. Bart.

Ela não tinha família a quem reclamar, fora um casal de tios distantes e, por mais que o reverendo Mike Stamford fosse um homem a quem aprendera amar e respeitar como um pai, sabia que a instituição não teria como arca com a despesa de alguém como ela. A solução seria manda-la para a casa dos parentes mais próximos. Mas o que ela seria então? Mais um fardo para outra pessoa? Ela sabia muito bem que não tinha dote e não era bonita o suficiente para se ater a um casamento.

Não, sua constituição franzina e delicada a fazia passar por uma criança e não como uma donzela que era. Mas como muitas vezes a vida dá voltas de maneiras diferentes, assim parecia que a vida de Molly Elizabeth Hooper mudaria.

Tudo mudou quando um grupo de religiosos visitou a escola. Fizeram seus sermões e cantaram algumas músicas para a alegria das meninas que não tinham divertimento com frequência e, mesmo que Molly não participou das brincadeiras, pois estava ajudando com a limpeza do lugar, não pode deixar de ouvir uma conversa interessante de um dos convidados:

“Há uma vaga certamente. Moran comentou que precisam de mais empregados, a casa é grande” Um dos homens falava.

“Se por um acaso eu ver alguém, eu o aviso. Hoje é difícil encontrar empregados que tenham alguma qualificação, mas nunca se sabe...”

Um emprego! A palavra saltou a vista da garota. Era tudo o que Molly precisava para naquele momento. Com o coração acelerado e correndo o risco de passar por indecorosa ela falou com os religiosos.

De bom grado eles passaram a informação para ela. Uma casa no norte da Inglaterra estava precisando de uma ajudante na governança da casa. O empregador era um homem que acabara herdando a propriedade de sua tia avó e, ao que tudo indicava, ele era uma pessoa respeitável, seu nome era James Moriarty.

Após receber o esclarecimento do que pedira, Molly passou a escrever uma carta pedindo uma vaga. Entretanto, por mais que a ideia fosse tentadora, sabia que não podia toma-la sozinha. Ela estava sob a responsabilidade da escola e, também dos parentes que não via há algum tempo.

Então, ela teve que falar com o reverendo que, sendo o homem bondoso que era, a ouviu atentamente. No íntimo, o Rev. Stamford também sabia que Molly teria que sair dali. Ela já atingira a idade limite do internato e como muitas antes tinha que voltar para a família. Mas oh, angustia. A criança era órfã e desde cedo sua educação fora negligenciada pelos familiares mais próximos, o que seria da pequena e brilhante Molly? Menina na qual ele via o gosto pelo aprendizado, pela leitura e pelas ciências. Ele sabia que ela era especial, e era com um certo ar de tristeza que ele considerou a opção do emprego para ela. Mesmo que para um lugar distante e bem menos do que ela merecia, ao menos era algo digno e que a pobre órfã poderia sobreviver dignamente.

O primeiro passo foi pedir relatos sobre James Moriarty e saber se as informações que tinham eram corretas.

O reverendo mandou uma carta para a igreja daquela região que confirmaram que o sr. Moriarty era um membro respeitável da igreja e um novo proprietário de terras. Após isso, Molly pessoalmente redigiu sua carta de emprego com uma carta anexada das recomendações da escola e das qualificações acerca de seu grau de instrução. Ao mesmo tempo, o reverendo mandou uma carta para a família da garota pedindo a permissão para tal ato.

A resposta veio rápido e, como a garota esperava, eles a deram sem pestanejar. Molly viveu pouco tempo com os tios depois que seus pais faleceram. As lembranças que tinha não eram boas, sempre relegada e esquecida, tratada como uma estranha, por isso os laços que a ligavam com tais pessoas não eram fortes. A única família na qual a menina viera a conhecer e a amar, depois dos seus amados pais, foi ali no colégio interno.

Por outro lado, a resposta do sr. Moryart demorou. Os dias se transformaram em semanas e estas em meses e Molly começou a pensar quão estúpida aquela ideia poderia ser. Afinal, quem ela era? Sabia que era uma moça prendada e perfeita para o trabalho doméstico: sabia cozinhar, limpar, borda e pintar. Além de ser versada em leitura, matemática e línguas, mas fora isso ela não possuía experiências como tal, o que certamente poderia não qualifica-la para o trabalho. Mas então, o que seria dela? Aparentemente seus maiores temores voltaram, uma vida de abandono e miséria.

Ao seu redor, as pessoas perceberam. Molly, contra todas as expectativas era uma menina alegre e feliz. Os professores gostavam de sua sagacidade e seu gênio modesto. As internas mais novas se divertiam com a garota mais velha que sempre lia as estórias infantis para ela. Mas ali, entre a angustia da espera e o pesar da falta de esperança, Molly se entristeceu.

Seu semblante mudou e o riso habitual foi diminuindo numa expressão de lamento e temor.

Era uma noite fria e úmida quando irmã Sally a encontrou com o rosto pressionada contra uma das janelas do dormitório.

“Molly, não fique assim, haverá uma saída” a irmã disse a ela, encontrando as mãos juntas em sinal de afeto e amor. Geralmente, irmã Sally era bastante severa e conhecida por ser inflexível no seu trabalho, todavia, naquela noite, vendo a melancolia que se apoderava nos olhos castanhos da menina, ela tinha o tom de voz de uma mãe preocupada com sua filha.

“Acredito que sim irmã” Molly respondeu, mas ela mesma não acreditava na exatidão de suas palavras, qual seria a saída?

A mulher mais velha a olhou com piedade.

“Serei franca Molly, suas alternativas não são as melhores” ela falou de uma maneira séria e profunda, capturando a atenção da menina, “até o final do ano você deverá retornar para casa de seus tios e você certamente terá que esperar que eles lhe arranjem algo, já que você mesma não possui bens deixados pelos seus pais”.

Com isso os olhos de Molly se encheram de água. Ela fez força para que elas não caíssem sobre seu rosto, mas descobriu isso ser impossível.

“Não chore! ” A irmã continuou em seu tom firme e sério, “falo isso para o seu bem, afinal, você é quase uma mulher adulta e precisa de consciência pelo que lhe espera” ela disse.

“A vida não é fácil Molly e ela não rir para garotas como você. No entanto, tenha o seguinte em mente: ” e aqui ela abrandou a voz, voltando seu ar maternal e transmitindo uma sabedoria com conhecimento de causa para sua ouvinte.

“A fé é esperar por aquilo que não se pode acreditar. É ter paz e confiar em Deus nos momentos mais difíceis. Afinal nós estamos aqui segundo os desígnios dEle não é mesmo?” ela perguntou.

Molly acenou com a cabeça.

“Me diga, qual foi o salmo que lemos essa manhã? Você consegue se lembrar? ”

Molly se lembrava, era um de seus preferidos:

“O Senhor é meu pastor e nada me faltará

Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso;

Refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo, o teu bordão e o teu cajado me consolam.

Preparas-me uma mesa na presença de meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o eu cálice transborda.

Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias de minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre”

Ela recitou com clareza.

Irmã Sally lhe deu um singelo sorriso, “é isso Molly, coisas boas ou coisas ruins podem vir, mas nada há de lhe faltar, entende o que eu querer dizer? ”  Perguntou a fitando com intensidade.

“Sim” ela respondeu após alguns instantes. Mesmo com aquelas palavras duras e cheias de verdade da irmã, Molly sentiu uma paz inesperada sobre seu próprio futuro. Algo iria acontecer e ela apenas podia confiar que Deus iria cumprir tal salmo em sua vida.

Com esses pensamentos, o tempo continuou passando, mas agora Molly já voltara ao seu antigo eu: estudando, ajudando, ensinando. Mais tarde ela saberia que aquele momento de espera seria uma forma de amadurecimento para ela.

 Até que finalmente aconteceu, uma correspondência endereçada a ela chegou. E depois das desculpas iniciais pela demora na resposta (sr. Moriarty estava viajando quando a carta chegou até sua casa), a mensagem dizia que aceitava Molly Hooper como ajudante na casa. Alegria veio junto com apreensão e agora ela estava ali, esperando por fim, para saber se podia ir ou não.

Depois do que parecia horas de espera, o reverendo Mike e a irmã e Sally saíram do escritório e o sorriso bondoso do homem não poderia negar: ela iria então.

“Vamos sentir sua falta querida Molly” ele disse por fim.

A menina piscou as lágrimas que ameaçaram descer. Finalmente parecia que sua vida tomava um destino certo, algum objetivo. E o melhor: algo que ela mesma queria.

Molly correu com os preparativos. Precisava de uma carta especial de autorização para viajar sozinha. Enquanto isso, as demais meninas da escola lamentavam todos os dias pela saída da companheira mais velha. Elas amavam Molly e a recíproca era verdadeira.

“Você irá nos escrever Molly? ” Uma perguntou.

“Não vá embora Molly, fique conosco” uma outra insistiu.

“Prometa que nos visitará” outra disse.

E a cada conversa Molly teve que explicar e se segurar para também não chorar. No entanto o dia finalmente chegou.

Como um último gesto de amor, a escola ajuntou algum dinheiro para que Molly conseguisse dois vestidos novos para que mantivesse até que recebesse seu primeiro salário e assim adquirisse outros. Também lhe deram alguma quantia para a viajem e destacaram um dos ajudantes do colégio para que lhe acompanhasse até metade do caminho.

Após uma dolorosa despedida cheia de lágrimas e promessas, Molly Hooper seguiu viajem, seu destino a esperava. E conforme a carruagem se afastava da escola na qual passara os últimos dez anos de sua vida, ela podia ver que tal parte de sua história estava terminada, agora, uma nova e totalmente nova estrada se estendia a sua frente. E ela mal podia esperar para saber aonde ela iria chegar.


Notas Finais


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