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História Caminhos Traçados - Reencontro


Escrita por: JaneDi

Capítulo 3 - Reencontro


A quinzena que se passou em dúbia calma. Nada no aspecto da ensolarada propriedade denotava o ânimo desconfortável de Molly depois dos últimos acontecimentos. Ela tentou se calar dos fatos e fazer sua mente esquecer a cena que vira dos aposentos particulares de seu amo. Mas ai de sua memória. Não conseguia desviar de tais momentos, o que ela pensava que se agravava pela falta de atividades da qual era designada. Mesmo após tantos dias, sua função na casa ainda não fora definida.

Ela sondava a governanta, mas a mulher era intratável. Quase todos os dias, ela perguntava se havia algo em que pudesse ser útil, mas sua gentileza forçada e a ausência de um companheirismo a afastava ainda mais de Molly. Mesmo em uma casa cheia de empregados e tão calorosa e bonita, ela se viu sozinha.

Ela então se aventurou a conjecturar uma nova conversa com seu empregador. Seu rosto sorridente e amável, tocado por belos cílios lhe atenderam como sempre, de maneira mais cortês possível e Molly temia sentir em seu coração certa apreensão quando era tratada com tanto esmero e polidez.

“Em que posso ser útil srta. Hooper?” Perguntou calidamente na tarde em que ela lhe solicitou uma reunião, “espero que esteja se sentindo bem”.
“sim meu senhor, estou sempre bem em sua casa” ela disse, pois de fato, suas lamurias não se tratavam de algo relacionado ao corpo ou mesmo algo físico. Sua inquietação habitual vinha de seu próprio espírito e disso, não poderia comentar. “o que me trouxe aqui é a respeito de minhas ocupações, pois estou há três semanas sob sua nomeação e ainda não tive oportunidade de mostrar meus serviços... e isso meu senhor, vem me causando grande aflição”.

Molly ficou surpresa ao ver um sorriso caloroso subir até os olhos do sr. Moriarty, brilhando pelo seu pedido. 
“sinto muito que isso tenha lhe perturbado, a senhorita será muito útil para mim” ele disse, mas sem esclarecer a que se referia até levantar de sua poltrona e ir até as janelas que favoreciam uma bela vista do fim de tarde sobre sua propriedade “se não for de seu embaraço, senhorita, gostaria que amanhã me fizesse o favor de levar uma pequena encomenda até a cidade”

Ela deixou saltar um ‘oh’ de surpresa. Não era isso que esperava. Afinal, entregar uma encomenda? Por que ela se seu amo possuía tantos empregados a disposição.

“é algo um pouco especial, e gostaria de confiar isso em suas mãos capazes” ele disse como se lendo seus pensamentos.

Molly acenou concordando, mesmo achando que o deposito de tanta confiança em seus ombros não usual, pois se conheciam há, apenas algumas semanas. Mas ele lhe olhava com tanto esmero e de forma tão decidida que ela não duvidou, mas mesmo sem querer, um pensamento surgiu em sua cabeça.

Molly não sabia o que era o amor, nunca o havia experimentado. Diante de sua limitada experiência, o que ela sabia do sentimento era o que lia nos livros e o que era expresso nos sermões do reverendo Stamford nos cultos de domingo. Então, e se o sr. Moriarty estivesse cultivando uma afeição por ela?

Ela sacudiu sua cabeça. Realmente não.

Ele era um homem feito já. E apesar de ainda estar em pleno vigor de suas atividades, ele denotava ser bem mais velho.

Mas sempre havia aquele brilho no olhar que ele lhe dirigia quando se encontravam na biblioteca para suas conversas particulares. Era algo como se Molly fosse um objeto de análise. Como se ele estivesse apurando algo de seu jeito de ser.

Ela sacudiu novamente sua cabeça para desviar o rumo sombrio dos seus pensamentos.

Talvez, ele nutria uma espécie de carinho por ela? Algo paternal diante de sua situação delicada na vida?

Bom, não seria de todo estranho, afinal ele tinha sondado ela sobre isso na sua primeira reunião. Então ela tentou se convencer disso, pois não adiantava ficar remoendo tais fatos, apesar de seu coração dizer outra coisa.

O dia seguinte levantou de maneira esplêndida, onde os raios do sol de verão refugiam sobre o campo do norte inglês, torando os cheios dos mais belos tons de verde. A propriedade senhorial que já era bela e austera ganhou mais tons de vida e luz, fazendo um belo contraste com as emoções de da heroína.

“Terei que voltar sozinha?” ela perguntou atordoada após as primeiras instruções acerca de seu empreendimento.

“oh cara, Moran irá lhe acompanhar até o trajeto de ida, mas ele terá que resolver meus outros negócios que levará o dia, então a senhorita terá que alugar uma diligencia para traze-la de volta. Mas não se preocupe lhe darei o suficiente para pagar qualquer despesa” ele lhe disse.

Ela então se encontrou em uma encruzilhada, pois não queria demonstrar medo quando seu senhor estava depositando tanta confiança em sua empresa. Mas ainda assim, andar sozinha por lugares onde ela desconhecia era um pouco assustador.

Apesar disso, Molly obedeceu as ordens e partiu naquela linda manhã em direção a cidade. A presença do senhor Moran a incomodava as vezes com seu jeito estranhamento quieto e sua presença grande. Mas, mais uma vez, ela tomou posse de seu livro de salmos e o segurou contra o colo, pedindo que silenciosamente, nada a acontecesse.

Quando chegou em seu destino, o tempo havia mudado e era certo que, apesar do belo dia de verão, dali a qualquer momento uma forte chuva assolaria as estradas.

Mir, que ela tinha visitado apenas quando chegou de seu orfanato ainda estava movimentada e cheia de pessoas, mas a carruagem os levou mais além e pouco depois, ela chegou a uma pequena vila onde havia muitas casas e alguns transeuntes. Após sinalizar que ela deveria descer ali, Molly saltou e ficou a mercê da própria sorte. 
Quando o carro que a trouxera já se distanciava a alguma distancia, ela se pôs a procurar a casa que deveria entregar o pequeno embrulho que levava consigo na qual ela deveria entregar a alguma sra. Adler.

Ela não fazia ideia do que se tratava. Não era algo pesado que exigia esforço da sua parte, mas também podia sentir que era algo solido, pequeno e compacto. Não obstante sua curiosidade, ela se pôs a andar em direção e procurar a casa que certamente a mulher morava, sabia que uma tempestade viria e não queria ainda estar a pé a essa altura.

Com determinação, não foi difícil encontrar. Era uma casa simples e modesta, mas bem cuidada, ela podia ver.
Após bater na porta uma empregada veio lhe atender e após informar seu intento, ela entrou para chamar sua senhora. E oh que surpresa!

Molly recuou com o reconhecimento de quem a viera lhe encontrar. Senhora Adler, a quem fora incumbida de entregar uma encomenda, era nada mais, nada menos que a mulher que vira na diligencia que viajara do seu orfanato até Mir!

Ali, naquela posição em pé e bem trajada, ela quase não a reconheceu. Mas Molly tinha certeza que se tratava da mesma pessoa.

“Quem me procura? ” Ela perguntou desconfiada, e Molly pode sentir seus belos olhos a analisando de cima abaixo e ela pode concluir que ela não a reconhecera, tal qual ela tinha feito.

“Vim lhe trazer uma encomenda do senhor James Moriarty” Molly disse após se recompor, no entanto, para sua surpresa, agora tinha sido a vez daquela senhora a olhar surpresa. A sua bela figura (pois, sim, Molly poderia concluir, ela era uma bela dama, com todos os atributos possíveis que uma figura feminina deve ter) tornou se pálida e a íris de seus olhos verdes se expandiram em choque.

“ele sabe onde estou?!” ela disse, mas não parecia que se dirigia a Molly, antes era como se falasse a sua própria pessoa. Então tomou o pacote das mãos de Molly de maneira brusca “e você quem é?” perguntou sem cerimonias.

“Molly Hooper, minha senhora” ela respondeu da melhor maneira que pode diante da reação que recebera. 
“trabalho para o senhor Moriarty”.

A mulher então a deteve mais uma vez em seu gélido olhar, antes de lhe fechar a porta diante de sua cara. Surpresa e despreparada para o que se passou, Molly demorou a tomar alguma decisão. Ela ficaria ali e esperaria uma resposta da senhora? Ou seguiria indo embora? Ela escolheu o último. Apesar de chocada, seu empregador não dissera nada a respeito de uma réplica sobre a encomenda. Oh que aflição! Molly se viu sem saber o que fazer.

No entanto, conforme as horas iam se passando, o vento aumentava e trazia consigo mais nuvens escuras, indicando que era breve a sua hora. Partindo em retorno a cidade, Molly tratou de perscrutar um carro que a levasse de volta. Sem muito demorar, finalmente subiu em um abordo que se encontrava sozinho e dando as instruções seguiu viagem, não totalmente segura que havia atingido o objetivo da qual fora delegada.
O vento começou a rugir de maneira forte, fazendo que as arvores que serpenteavam a estrada curvassem de maneira ameaçadora, dobradas pelo ímpeto da natureza. A isto grossas gotas de chuva logo transformara o caminho em um rio de água e lama que fazia o trajeto lento e tortuoso. E quando Molly pensava que nada ficaria pior, um terrível barulho chegou a seus ouvidos, muito pior do que a tempestade que se pôs a desabafar desenfreada. Era a voz de um homem em profundo desespero.

Berrando descontroladamente, uma figura encharcada em suas roupas e muito machucado, chegou até a carruagem, obrigando o condutor a parar e tentar algum auxílio, mas a figura se achava em tal estado de desespero que se recusou qualquer ajuda e apenas disse que um bando de salteadores estava na estrada. Em pânico, o condutor deu meia volta, mas devido a lama e a chuva os cavalos se assustaram e uma das rodas se partiu fazendo com que o cabriole tombasse para o lado. Sem saber o que fazer, Molly precisou de ajudar para sair, mas logo os homens a mandaram correr para que não fosse vista com eles e algo pior acontecesse.

Com o coração na mão Molly se viu correndo, desesperada pela própria segurança ela tentou seguir na estrada, mas os relinchos que seguiram distantes e cortados pelo barulho da chuva só aumentaram seu terror e então se lançou na mata que circuncidava. Seu único objetivo era manter distância dos possíveis malfeitores. Ela correu sem direção e por um bom tempo. Segurando suas saias e quase sem folego ela não sabia para onde ir, embrenhando-se cada vez mais para dentro do matagal. Aflita, Molly sentiu-se perder o equilíbrio ao tropeçar em um galho e cair, no que pensara ser uma ribanceira. Uma dor lancinante a percorreu da cabeça aos pés, ao atingir o chão. Ela então lutou para não perder os sentidos e por um momento, seus olhos viam apenas a imagem borrada de seu arredor.

Mas quando finalmente parou de deslizar ela pode ver lentamente sua mente voltando ao seu estado normal.
Agora não é a hora de perder a consciência Molly, você precisa levantar! Ela se ordenou, tentando afastar a ideia de que estava gravemente ferida. No entanto, seu corpo dizia outra coisa. Além da sua cabeça, seu pé esquerdo também estava em um ângulo estranho e retorcido, quando tentou se firma, um som agudo saiu de sua boca. 
Gemendo, ela deitou-se novamente, arfando pelo ar perdido na queda.
E mesmo com toda a dor, ela se obrigou a mover, mas era quase impossível diante do mal em seu calcanhar. Tudo indicava que fora muito mais que uma simples laceração. O coração batia aceleradamente em pânico, mas não podia se dá ao luxo de perder a concentração ali. Tinha que reunir as forças e sair daquela situação. Se parasse para pensar que estava perdida e provavelmente poderia morrer ali seria pior. A chuva caia cada vez mais grossa, a molhando até aos nervos, sua roupa agora, rasgada e encharcada pouco servia de proteção. Ela não fazia ideia onde estava, e não ouvia mais nada afora os sons da floresta e sua própria respiração cansada, mas decidiu seguir em direção oposta da onde ela tinha caído. Afinal ainda existia o perigo dos salteadores que poderiam estar por lá.

Então começou a se arrastar e assim fez até que sentiu suas últimas forças sendo drenadas e mal conseguindo ficar em pé por causa dos seus ferimentos e da cabeça que insistia em doer. Conseguindo se manter sentada ela parou um momento, perguntando se alguém a ajudaria. Parecia ser seu destino, acabar morrendo sozinha. Molly arfava cansada do esforço e das sensações que sentia. Tentou olhar ao seu redor, para descobrir aonde iria agora, pois não poderia ficar vagando assim e, num último momento ela ouviu um forte latido. E a última coisa que tinha pensado fora seu próprio estado foi o perigo de animais selvagens naquela mata. Já esgotada pelo esforço praticado e sentido cada parte do seu corpo dormente devido a dor, Molly chegou a uma clareira onde viu um pequeno riacho correr velozmente, ali percebeu que a mata já não era tão densa e que a chuva estava agora diminuindo.

Continuando, ora se arrastando e ora andando, Molly seguiu em direção a clareira que na verdade demonstrara ser o fim daquela mata, e um ponto subitamente fez seu coração saltar de pobre esperança. Parecia ser uma casa!

Em sua busca por aquela ajuda, ela ainda caiu duas vezes, afundando no pântano que a folhagem tinha formado no solo lavado pela água, no entanto, ela reuniu suas forças, obstinada a chegar até aquele lugar. Era um cenário de terror. No que pensara ser uma casa, na verdade era um chalé. 
Parecia abandonado e o cenário, varrido pela tempestade daquele dia, outrora ensolarado, a fez ficar assolada ao imaginar que não encontraria ninguém.

Havia plantas e matos selvagens ao redor, crescidos que escondiam a figura sombria que o lugar representava. A chuva havia se transformado em algo constante, fino, porém penetrante. Percorrendo a última distância entre ela e o abrigo, pouco podia se ver, tão densos e escuros eram os troncos das arvores em seu entorno. Seus olhos estavam agora lutando para se manterem atentos, desviando de sua cabeça dolorida. Um som agudo de um latido mais uma vez foi ouvido, dessa vez muito mais perto. Aquele lugar parecia deserto, inóspito e sem vida, mas será possível que haveria ajuda para ela?

Molly tombou no chão, cedendo a uma força invisível que cedia as exigências de seu corpo molestado. Uma escuridão começou a tomar a borda de sua visão e ela sabia que não era o céu que ficava mais escuro, mas sim sua própria consciência fugindo para um lugar que ela não poderia alcançar.

E então, quando Molly sentiu os espectros da morte cercarem sua mente vacilante, um par dos mais belos olhos azuis e dourados aparecerem diante de si.

Curvado sobre sua figura, bloqueando a chuva que a fustigava, o anjo pálido com cabelos negros tocou ambas as suas faces geladas e sem vida. Mas oh! Um último fogo ardeu em sua alma, como se vindo daquelas longas mãos e ela pode admirar o seu salvador por um momento antes de fechar seus olhos, sentindo que ela era enlaçada contra aquela fonte de vida e calor, conforme a escuridão que a atormentava finalmente a alcançava.


Notas Finais


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