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História Caminhos Traçados - Um estranho jantar


Escrita por: JaneDi

Notas do Autor


Atualização :D :D :D :D e sim, eu estou feliz. Razões:
1- Eu amo Sherlock/Molly (precisa dizer mais?).
2- O primeiro episódio da 4T já foi anunciado.
3- Eu tenho uma boa programação para o dia 1º de Janeiro ;)

Capítulo 5 - Um estranho jantar


Quando Molly ainda morava com seus tios, lembrava que sempre comia as refeições sozinhas. Apesar das memórias não serem tão vívidas desse tempo, recordava que não estava autorizada a tomar a companhia dos seus primos, poucos mais velhos que ela mesma e também não podia ter a companhia dos servos, já que eles estavam muito abaixo de sua classe social para tal ato. Então, sua lembrança desse período, sempre se seguia a um sentimento de solidão e abandono.

Fora uma virada quando ela passou a ser uma aluna no colégio dirigido pelo Reverendo Stamford. Ali, ela tinha que comer com outras 200 meninas que estavam em condições semelhantes a sua, mas as refeições não eram sempre prazerosas. Mesmo quando estavam morrendo de fome, eram obrigadas a rezar por cerca de 20 minutos antes de cada refeição e então, num silencio sepulcral, comiam o mais rápido que podiam, antes da sineta bater e voltarem as suas aulas.

Na residência do senhor Moriarty ela sinceramente esperava um pouco mais de companhia dos seus pares, mas como acabou acontecendo, ela era sumariamente excluída de quaisquer atividades desenvolvidas pelos demais e quando tentava forçar sua presença, era como se eles estivessem sendo obrigados a ter sua companhia, assim, mais uma vez, ela acabava ficando reclusa em seu próprio quarto, desejando que sua sorte fosse diferente.

Assim, naquela noite chuvosa e fria tudo era diferente.

“A senhora Turner irá se casar, pela terceira vez! ” A boa senhora Hudson tagarelava “era de se esperar que após o falecimento do seu segundo marido, o senhor Turner, que Deus o tenha, ela se estabelecesse de vez, mas no entanto, parece que a história irá se repetir” ela continuou enquanto servia os pratos, “é um verdadeiro escândalo se você quer saber, estão todas falando sobre isso” disse com um olhar cúmplice para Molly, mesmo sem a garota não saber do que a mulher mais velha falava, “se bem que, tenho que admitir, se ainda estivesse em meus trinta anos e o senhor Hudson houvesse partido mais cedo, eu facilmente poderia fazer a mesma coisa” concluiu com um suspiro profundo.

E Molly realmente não sabia o que fazer ou como se comportar. Estava dividida entre dá atenção para a fala da boa senhora, se alimentar da fumegante sopa de legumes e carnes que havia sido preparada ou dá atenção ao homem que se sentava no extremo oposto da mesa. Desacostumada a estar entre estranhos, estava sendo uma verdadeira provação aquele jantar, sobretudo por quer o Senhor Holmes estava tomando a refeição com elas.

Ou pelo menos assim parecia, já que Molly tinha notado que por mais que ele mexesse em seu prato, a sopa continuava intacta.

“Senhora Hudson, por favor, não é de interesse algum com quem a senhora Tonner irá se casar” ele disse rancoroso e que na verdade parecia querer dizer ‘que diabos me importa essa mulher? ” Enquanto que, com uma expressão azeda, separava os legumes para fora do prato.

“Oh cale-se Sherlock! E é senhora Turner, você bem sabe de nossa vizinha de Londres e pare de afastar as cenouras e beterrabas, coma como um homem adulto, você precisa se alimentar direito! ” Ela reprendeu e, mais uma vez, Molly se mostrou surpresa da forma que patrão e empregada se comportavam a mesa. Tal atitude só a fazia ficar ainda mais retraída, pois a todo momento, sua atenção parecia ser atraída pela sua presença.

Um rubor subiu pelas suas faces quando sua voz mais uma vez se levantou.

“A senhora não sabe do que preciso, senhora Hudson” respondeu ele “ além do mais, estou em meio a um caso e bem sabe que não costumo me alimentar a fim de manter minha concentração”

Tal tratamento entre ambas as pessoas a deixaram embaraçada. Se houvesse um pouco mais de formalidade e refinamento, talvez ela se saísse melhor, sabendo como se comportar, no entanto, o comportamento produzido naquele ambiente a estava deixando confusa e desajeitada.

“Ora, não me venha com essa de 'caso', imaginei que sairíamos de Londres para que você descansasse um pouco” sra. Hudson retaliou, mas dirigiu seu olhar a Molly, como se esperasse sua opinião na causa.

O homem então apenas bufou, como se tal ideia fosse um absurdo.

“O.... o campo é sempre um bom lugar para descansar” ela sentiu de intervir, balbuciando fracamente suas palavras.

“Por acaso a senhorita já visitou Londres? Já por uma vez passou pela cidade? ” Ele a perguntou abruptamente, vasculhando seu rosto como se atrás de algum segredo.

“Não, não senhor” ela respondeu surpresa pela pergunta.

Senhor Holmes então ainda sustentou seu olhar por algum momento, antes da senhora Hudson mais uma vez fazer a missiva da conversa.

“Pois deveria menina, Londres é muito agradável, sobretudo para jovenzinhas como você, há bailes, e o teatro é sempre agradável, embora eu evite tanto ir quando meu quadril dói nos tempos frios” A mulher mais velha falou distraída.

“São de Londres então? ” Molly tomou a coragem de perguntar, curiosa como estava para saber mais dessas pessoas.

“Hum sim, está é apenas uma das casas de campo da família Holmes, mas a residência de Sherlock está mesmo em Londres, mas como ele sempre costuma viajar bastante, pouco importa onde pode ser encontrado de fato”

Oh, Molly apenas juntou esse pedaço de informação ao mosaico que estava construindo. De fato, apesar do pouco refinamento do chalé e do seu estado de conservação, pelos traços do homem, bem como sua elegante veste, poderia imaginar que ele vinha de uma família abastarda, pertencente a aristocracia.

E então Molly pensou como era estranho que um jovem homem, como era o senhor Holmes, estivesse em pleno verão Inglês afastado dos ditos divertimentos da capital do império.

“Então não veio com um objetivo de descansar? ” Ela ousou perguntar.

“Não necessito de coisas como descansar, senhorita Hooper” ele disse tomando finalmente um gole da sua sopa e logo em seguida fazendo uma careta de desgosto, “estou no campo a trabalho, sempre a trabalho” respondeu.

“ A trabalho? ” Ela não poderia imaginar tal coisa. E então as palavras da senhora Hudson vieram à tona em sua lembrança. “O senhor está investigando algo? ”

“De fato, na verdade estou investigando uma pessoa, uma mulher para ser mais específico” ele disse a olhando fixamente.

De repente, sendo alvo daquele olhar islandês, Molly sentiu seu coração acelerar e seu rosto aquecer.

“O- o senhor a encontrou? ”

“Sim, mas o trabalho não era encontra-la, mas sim impedir que ela faça algo que gerará algumas dores de cabeça a algumas pessoas” ele respondeu.

Molly assentiu, sem saber ao certo como reagir diante daquele pedaço de informação.

“Me diga uma coisa senhorita Hooper” ele voltou a fita-la, “me disse que nunca foi a Londres, presumo então que sua vida toda passou na escola, estou certo? ”

“Sim, estive lá desde a tenra infância”

“E nunca pós os pés nas cidades maiores? ”

“Não senhor”

“Onde mora seus parentes vivos? ”

“Não os tenho senhor, afora um casal de tio que não vejo há anos”

“E quem a recomendou a trabalhar para o senhor Moriarty? ”

“Eu mesma senhor, fiquei sabendo do trabalho em aberto por terceiros e então pus uma carta pedindo uma oferta”

“Oh, então fez tudo sozinha? ” Senhora Hudson aproveitou para se inteirar na conversa,”pobrezinha, deve estar sendo difícil para você” ela disse com um olhar complacente.

Na verdade não” ela teve que responder “estou sendo bastante bem tratada e em nada me sinto sobrecarregada” respondeu querendo fazer justiça ao seu patrão, por mais que houvesse esse sentimento sombreado em seu coração acerca da casa e do seu emprego. Molly não podia e nem queria se passar como uma pobre coitada. Ela tinha saúde, um teto e recebia seu salário, talvez (ela queria acreditar) tudo não passe de sua imaginação.

“Então está plenamente confortável em sua nova condição senhorita Hooper?” Ele perguntou diretamente a ela e, não pela primeira vez, sentiu que seu olhar era capaz de sondar as profundezas de sua alma, revelando seu estado confuso e desordenado, sua mente fraca e seu coração acelerado diante da sua presença imponente.

Molly piscou e queria desviar seus olhos, mas algo a prendia a ele “sim... sim senhor, estou plenamente bem” ela disse, mas com uma sensação estranha que dizia que aquele homem poderia muito bem dizer que ela estava mentindo.

Com um leve arquear de sobrancelha e um fantasma de um sorriso no rosto, o senhor Holmes se levantou de seu assento, “ muito bem então, se as damas me dão licença irei me ausentar para a noite” e assim, dramaticamente, saiu do aposento.

Ela ainda ficou alguns instantes olhando para seu local até a voz da mulher mais velha interromper seu estado anestesiado.

“Oh aquele menino.... Não comeu nada do que eu fiz!” Ela disse com raiva “Sherlock tem o apetite de quando ainda era uma criança! ”.

E foi só então que Molly percebeu que havia revelado praticamente toda a sua vida para um completo estranho em questão de minutos.

Oh, quão imprudente ela era?

Só foi mais tarde naquela noite, quando a senhora Hudson a obrigara a se recolher com a intensão que ela descansasse a perna lesionada e se recuperasse, que Molly pode ouvir as distintas notas de um violino tocando ao longe.

A princípio imaginou que fosse fruto de sua mente, mas diante da melodia suave que chegava a seus ouvidos, só pode concluir que alguém estava tocando no silencio do crepúsculo.

Respirando fundo ela afundou na cama que lhe fora atribuída e trouxe os lenções que a cobria até sua cabeça, como uma forma de manter uma barreira entre ela e o som vindo de fora que se misturava de uma forma sinistra com a chuva contínua que batia sobre a casa.

Não era algo triste, tampouco alegre. Era algo forte e decidido e que Molly não poderia dizer que tipo de alma tocava tal musica penetrante.

Ela tinha um certo conhecimento do assunto. Na escola, era uma parte importante dos estudos aprender sobre música, afinal, os hinos e os instrumentos tinham seu papel importante naquilo que era sagrado e no louvor e adoração a Deus, então Molly podia reconhecer as notas que chegavam até ela. No entanto, saber as notas não explicava como tal melodia a cercava em seu casulo e a fazia despertar uma miríade de sensações.

E não foi sem dificuldade que ela encontrou o sono naquela noite.

....

“Senhorita Hooper, Billy chegou com um bilhete endereçada a senhora, é de seu empregador!” Molly fora saudada logo cedo pela mulher mais velha que trazia em mãos um pequeno pedaço de papel.

De fato, era endereçado a ela e logo reconheceu a caligrafia fina e bem desenhada de seu patrão. Com uma súbita ansiedade sobre seu conteúdo ela leu sua correspondência:

“Cara Senhorita Hooper,

É com muito pesar que recebo a notícia de seu estado. A senhorita certamente é capaz de imaginar o quanto seu breve desaparecimento me perturbou a alma. Estive a fazer mil e uma conjecturações sobre o que havia acontecido e não pude evitar em pensar o pior: que algo de muito ruim houvesse acontecido com alguém que tanto me traz felicidade e contentamento em suas atividades.

Assim, me encontro muito mais em paz em saber que se encontra sob a proteção de tal distinto cavalheiro que é o senhor Sherlock Holmes, pois conheço sua fama e reputação de outros tempos.

Portanto, já que me encontro descansado acerca de seu paradeiro, recomendo que permaneça por tanto tempo quanto achar necessário para sua recuperação, em anexo endereço um contato direto com o senhor Holmes pedindo sua assistência, mas que já considero com absoluta certeza que ele não negará tal ato gentil e bondoso em sua direção.

Dito isto, minha cara, me despeço momentaneamente, mal aguardando o seu retorno triunfal ao seu lugar que é de direito.

James Moriarty.”

 

E com essas palavras Molly de fato viu o pequeno papel dobrado endereçado ao senhor Holmes. Um pouco nervosa e um pouco ansiosa, Molly e a senhora Hudson marcharam ao encontro do homem que ainda estava em seus aposentos.

Não foi sem surpresa que ela o encontrou sentando junto a lareira, cinzas de charuto ao lado, bem como um lindo violino descansava junto ao assento que tomava. E ela percebeu que ele ainda vestia as mesmas roupas do dia anterior, e não pode deixar de se perguntar se talvez ele não houvesse dormido, apesar de sua aparência estar alerta e atenta como antes.

Estendendo seus longos dedos para Molly, ela depositou a carta em suas mãos e ansiosa esperou que lesse rapidamente a nota.

Apenas um breve momento depois ele se levantou e pairou tão perto da menina que ela podia sentir o levíssimo cheiro de tabaco que fluía de sua roupa.

“Muito bem senhorita Hooper, espero que seus dias aqui sejam aproveitados” ele disse lhe entregando a nota com seus lábios curvados para cima, dando lhe um olhar astuto.

Molly, que sentiu o ritmo do seu pulso acelerar, abaixou o rosto para fugir do seu olhar, dando a desculpar de ver o conteúdo da nota por si mesma.

“Senhor Holmes, bem sei que está do lado dos anjos nesta terra, assim, peço que tome de conta de senhorita Hooper, tanto quanto for preciso. 
Todo seu, 

M."


Notas Finais


A todos que acompanham minha pequena história, meu muuuuuito obrigado e desde já mil desculpas pela demora, sério, não é intencional :c
De qualquer forma, adoro ouvir suas teorias acerca do que esta acontecendo!!!!!!!!
Obrigada e obrigada!


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