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História Camisa 93 - 4. Amigos?


Escrita por: baepkive

Capítulo 4 - 4. Amigos?


Fanfic / Fanfiction Camisa 93 - 4. Amigos?

— Mas você tá muito molenga hoje, hein! Levanta!

Mais uma pequena forma de humilhação agridoce feita por Min Yoongi. Nada de novo sob o sol.

A verdade era que eu não conseguia me mexer. Yoongi até tentou me levantar pelo braço, mas como ele estava ocupado segurando a bola com a outra mão, a cena que aconteceu foi a seguinte: eu, Park Jimin, sendo arrastado pelo chão liso da quadra do ginásio por Min Yoongi. Seria engraçado se não fosse eu ali.

Eu estava morto. Era isso. Digam adeus ao Park Jimin.

Parecia que depois da noite legal de jogos que nós tivemos na loja de arcades, Yoongi acordou com um espírito de quem queria me matar. Do nada ele ficou bem competitivo e concentrado, encarnando o próprio Rocky Balboa para um mero mortal como eu. O que acabou resultando em exatos quatro dias nisso: eu treinando como nunca em toda a minha vida.

Foram vários tipos de treinos. Eu aprimorei os arremessos — Yoongi até aumentou um pouquinho da minha esperança quando disse que eu poderia ser o substituto do ala-armador —, treinei meus reflexos ainda muito ruins, aprendi a alongar os meus pulsos porque Yoongi, com toda a sua sutileza de um elefante, disse que eu poderia distender o músculo ao roubar a bola. Mas, tudo bem, esse nem era o maior problema. O que eu estava mais me ferrando era a corrida. Cara, eu corria uma volta na quadra e já estava produzindo mililitros de suor com capacidade de encher uma garrafa.

E quando Yoongi notou isso, ele resolveu que o treino se basearia apenas nisso. É claro que eu protestei, mas quem disse que ele me ouvia?

Eu tinha uma pequena teoria sobre aquele comportamento bem compenetrado de Yoongi. Provavelmente, ele estava assim — animado, mandão, e com vontade de me transformar em um novo Michael Jordan — por causa dos jogos competitivos. O colégio disponibilizava uma competição anual entre alunos que envolvia jogos olímpicos, ou seja, como se fosse as próprias olimpíadas praticadas por um bando de adolescentes.

E sim, todos — eu disse, TODOS — os alunos tinham que participar. Não porque eles precisavam de nota, e sim porque, segundo os coordenadores, os jovens de hoje em dia não fazem exercícios físicos, só pensam em videogame e blá blá blá. Era como se eles obrigassem você a ter um estilo de vida saudável e, então, eles misturavam o pior elemento de todos como uma forma de influenciar ainda mais: A competição.

Ninguém estava ali pra se divertir ou se exercitar, nada disso! As pessoas queriam uma medalha — ou troféu — pra esfregar na cara de todo mundo. E os coordenadores sabiam muito bem disso.

Mas, como eu disse antes, nunca ganhei medalha (pelo menos não importante) porque eu simplesmente não participava dos jogos. Quero dizer, eu entrava na quadra, mas o pessoal sabia que eu era ruim, então apenas me deixavam como reserva e ganhavam sem que eu precisasse mover um dedo. Apenas uma vez precisaram de mim e foi numa competição de arco e flecha. E antes que me perguntem, sim, eu também era ruim em arco e flecha.

Mas isso não importava, porque eu agora estava quase entrando pro time de basquete. Quase, se eu não morresse até lá.

 

[��]

 

 

No caminho para a cantina, todo mundo foi surpreendido ao se depararem com um cartaz gigante no corredor principal dizendo "Os jogos competitivos começam em um mês!". Abaixo do cartaz tinha uma ficha para os alunos assinarem seus nomes e sua turma em cada modalidade que estavam dispostos a participarem.

Eu passei reto pelo amontoado de alunos nervosos, nem um pouco a fim de sequer pensar sobre os jogos, porque eu estava morto. Mortinho! Todos os meus ossos e músculos doloridos pediam para eu ir sentar logo na cantina e comer alguma coisa, apenas para me distrair de tudo que envolvesse esportes.

Felizmente, a cantina estava menos lotada porque os alunos estavam usando o horário de almoço para assinarem as fichas dos jogos. Quanto mais cedo eles assinassem, mais chances de cair em uma modalidade preferida. Como eu nunca tive uma modalidade favorita, eu sempre deixava para assinar na última hora. Eu tinha sorte de natação ser muito requisitado, nunca tinha vaga lá. Caso contrário, eu seria obrigado a enfrentar meus medos.

No exato momento em que sentei no banco, senti meus músculos gritarem! Doía tanto que eu não tive forças para levantar e ir buscar meu lanche.

— Quarta vai ter uma nova atualização do Overwatch!

A voz de Jeongguk gritando me tirou do meu momento doloroso. Ele apareceu do nada, sentando-se na minha frente com sua bandeja de comida em mãos, as bochechas já cheias do que quer que ele estivesse comendo.

Jeongguk não estava completamente alheio às minhas reclamações dos treinos, ele tentava me distrair quando eu ficava muito ranzinza falando sobre isso. Como um ótimo amigo que ele era, estava me contando tudo o que eu perdi enquanto não podia jogar videogame. Não fazia ideia de como ele estava conciliando os treinos de beisebol com sua vida completamente nerd, mas estava dando certo.

— Cara, a gente precisa jogar até lá! Você vai cair de ranking — Ele me avisou de boca cheia. Eu me inclinei para pegar um cookie da sua bandeja, sentindo meu músculo reclamar.

— Isso se minha mãe não der um chilique de novo... — murmurei, fazendo esforço para não me mover tanto no assento.

— Você pode ir escondido pra minha casa hoje — Jeongguk sugeriu. — Meu pai saiu e você sabe que minha mãe não fica em casa nesse horário. É só você falar pra sua mãe que foi treinar. Simples.

Não parecia uma má ideia. Jogar um pouquinho me faria esquecer o desespero iminente dos jogos, me faria relaxar um pouco do treinamento.

— Eu realmente preciso jogar — suspirei, me aconchegando na cadeira. A menção de jogar um pouco me deixou mais relaxado. — Não foi uma boa ideia, parece que tô com abstinência de jogos!

Jeongguk riu, ao mesmo tempo que parecia que ele queria me zoar, ele também tinha um olhar complacente. — Sair um pouquinho escondido para ir lá em casa não faz mal — garantiu Jeongguk, com seu tom otimista de sempre. — Mas, você vai participar dos Jogos da primavera?

Minha cabeça latejou só de ouvir aquela frase.

— Eu não quero nem pensar nisso — peguei o sanduíche que Jeongguk deixou de lado e comi ali mesmo, sem permissão alguma. E antes mesmo de ele tentar reclamar de algo, meus olhos encontraram a última pessoa que eu queria ver naquele horário de almoço. Eu larguei o sanduíche e tentei me esconder.

Sim, eu estava evitando Min Yoongi.

No dia anterior, ele veio com o papo de que me encontraria no horário de almoço para trocarmos umas ideias dos jogos, porque parecia que ele já sabia que seria anunciado pelos coordenadores. Mas, sério, no meu horário de almoço?!

Talvez se ele não me visse, desistiria de tentar me achar e seguiria em frente.

Eu não estava fazendo pouco caso do seu esforço em me ajudar a treinar, afinal, ele estava me ajudando com tudo de graça e isso até estava surtindo um leve efeito. Eu simplesmente não poderia negar a ajuda dele, mas... eu precisava de um descanso também! O que custava pegar um pouquinho leve? Ele não ganhava nada me vendo sofrer nos treinos — isso, é claro, se minha teoria de que Min Yoongi era um baixinho sádico com leves traços de psicopatia não estivesse certa.

— Tá se escondendo de quem? — Maldito Jeongguk que sabia me ler na palma da mão. Ele olhou para todos os lados e eu me afundei ainda mais na cadeira. Tentei esconder meu cabelo, infelizmente chamativo demais até para quem estava longe, com o capuz.

— Cala a boca e finge que tá distraído! — ordenei, quase caindo da cadeira de tanto me abaixar.

— Mas, por quê?

— Droga! Ele tá vindo pra cá! — Eu não sabia se ele tinha me visto, mas estava vindo na direção da nossa mesa.

Como Jeongguk estava do meu lado, eu fiz uma coisa meio idiota que só crianças de provavelmente menores de dez anos fariam, que era tentar me camuflar. Eu me joguei na direção de Jeongguk e abracei seu pescoço, tentando de alguma forma, me esconder no meio do seu casaco.

E pelo o incrível que pareça, deu certo.

— Ele já foi embora. — Jeongguk falou baixinho, entendendo que não era para chamar atenção.

Olhei para os lados e suspirei, aliviado.

— Por que tá se escondendo dele? — Ele perguntou desconfiado, mordendo o sanduíche que era meu.

Jeongguk sabia que Yoongi era meu treinador, claro. Eu passei horas e horas reclamando dele e, que Yoongi me perdoasse, não usei palavras muito carinhosas para se referir a ele. Bem, não era como se eu tivesse coragem de falar na cara dele também...

"Aquele baixinho de cabelo branco..."

"Vocês não têm a mesma altura?"

"Não importa! Aquele sádico de cabelo branco com postura de um idoso de setenta anos..."

"Sua postura é pior, Jimin."

"Não importa!"

"E o cabelo dele não é branco, é loiro-"

Jeongguk não conhecia Yoongi e defendia ele mais do que seu melhor amigo, o que era um verdadeiro ultraje para mim.

— Eu só não quero falar dos Jogos por agora — respondi. — É sério, eu acho que vou falecer a qualquer momento! Ele não me escuta, Kook, sabe o que eu acho que aconteceria se eu desmaiasse no meio da quadra? Ele simplesmente riria da minha cara e ia me arrastar. E tem mais! Se eu pudesse, falaria tudo na cara del...

Eu gelei na hora quando senti uma mão pousar no meu ombro, vendo Jeongguk ficar estático, olhando para trás de mim. Ponderei um segundo antes e me virei rapidamente, dando de cara com Yoongi.

Fala sério!

— Achei você! — exclamou, como se estivesse a bastante tempo me procurando. Ele olhou para Kook e sorriu. — Olá. — acenou, cumprimentando de uma forma bastante amigável.

E eu nunca pensei que amigável e Min Yoongi se encaixariam em uma frase. Nem eu recebi esse tratamento na primeira vez que falei com ele!

Olhei para Jeongguk só pra saber como ele reagiria, pois eu sabia muito bem que meu amigo tinha uma coisa horrível chamada timidez. Vi ele o cumprimentar com um "oi" contido e desviar os olhos. Anos de convivência foram o bastante para fazer Jeongguk olhar nos meus olhos quando conversávamos, porque ele nunca conseguia manter um contato visual por mais de três segundos.

O que era engraçado porque, depois que ele pegou intimidade, virou um verdadeiro demoniozinho.

— Eu tava te procurando! — Yoongi disse e, sem permissão, sentou-se na cadeira do lado.

Suspirei cansado, o esconde-esconde tinha ido por água abaixo. Peguei um dos sucos de caixinha que estava na bandeja do Jeon e o bebi apenas para tirar o seco da minha boca. Ou para me ocupar com alguma coisa que não fosse com pensamentos destrutivos contra Min Yoongi.

— Você quer treinar hoje? — Eu precisei de uns três segundos para tentar reformular aquela frase.

Yoongi? Min Yoongi? Me perguntando de forma amigável se eu queria treinar?

Eu engasguei. Tossi forte depois de tentar respirar pelo nariz — que não sei como, tinha entrado suco de morango por lá. Yoongi e Jeongguk me olhavam de cenho franzido e até tentaram me ajudar com o que quer que fosse meu problema.

Respirei fundo e finalmente consegui perguntar.

— O que você disse?

— Eu perguntei se você queria treinar hoje... — ele respondeu, me olhando estranho depois de todo o meu escândalo com o suco.

Mas é sério, eu não esperava aquela pergunta. Ele simplesmente, depois de quase uma semana me fazendo treinar como um louco, tinha me perguntado se eu queria treinar. Das vezes anteriores ele estava pouco se importando com o que eu queria, era tudo o que ele queria.

Por que tão de repente?

— Na verdade, eu... — Olhei para Jeongguk, apenas para confirmar e ele soube que aquele olhar queria dizer. — Hoje não dá, desculpe.

Vi em câmera lenta as sobrancelhas de Yoongi, por debaixo das mechas brancas de seu cabelo, se arquearem. Eu não sabia identificar se ele estava confuso ou desconfiado.

— Ah, sim, não tem problema — Ele deu de ombros, indiferente. Foi um pouco de repente para mim. — Vai fazer algo hoje à tarde?

Cara, aquilo estava tão natural que estava estranho. Não sei dizer, na verdade eu não entendia aquele comportamento de Yoongi. Quem é você e o que fez com Min Yoongi?

Olhei mais uma vez para Jeongguk suplicando para que ele me ajudasse, mas desta vez ele deu uma de lerdo e não entendeu. Me deixou sozinho nessa!

— Bem... — Não sabia o que dizer, então acabei dizendo a verdade. — Hoje vou jogar Overwatch com Jeongguk.

Ele vacilou. Eu vi! Como se ele fosse falar algo, mas logo em seguida fechou a boca e apenas concordou. Estranho.

— Ah, okay — Ele mais uma vez deu de ombros. — Então eu te vejo amanhã, — Se levantou e acenou pra Jeongguk. — Tchau, Jeongguk.

— T-Tchau. — Meu amigo gaguejou e falou tarde demais, pois Yoongi já estava saindo da cantina. E Yoongi nem me deu tchau direito!

Eu arregalei os olhos e encarei Kook.

— Sério, o que diabos foi isso?! — quase gritei, chacoalhando o mais novo que parecia tão perdido quanto eu.

— Eu não sei, mas acho melhor você ir atrás dele — respondeu. — Acho que ele ouviu você falar dele...

Sem pensar em mais nada, me levantei e fui correndo até Yoongi. Se ele havia ouvido ou não, nós precisávamos esclarecer algumas coisas naquela "conversa" sem sentido algum.

 

[��]

 

— Por que você anda tão rápido? — tive que reunir todo o fôlego que perdi na corrida seguindo Yoongi.

Depois do horário de almoço na cantina, ele foi para o armário arrumar seus materiais para ir embora. Talvez ele não tivesse mais nenhuma aula, era normal a grade de aulas de alunos que participavam dos clubes serem diferentes do restante. Eu não me lembrava se tinha mais uma aula, mas não me importei. Quando vi que ele iria embora, me apressei, peguei meus materiais e segui ele. Tentei alcançá-lo e seria simplesmente fácil se eu tivesse apenas gritado seu nome de longe.

O problema era que eu mal tinha fôlego pra gritar.

Tudo o que fiz foi segui-lo e poderia ser considerado errado da minha parte, mas eu não estava seguindo com intuito de bisbilhotar nem nada do tipo. E também, não era como se ele tivesse ido pra casa e eu tivesse descoberto seu endereço para sei lá o que. Ele apenas foi para um parque que tinha longe da avenida — parque esse que eu sequer sabia da existência — e alcançou uma quadra de esportes que estava vazia.

Tinha uma cesta de basquete ali e, como se ele tivesse se preparado, pegou uma bola que estava bem guardada no fundo da mochila estufada, jogando ela por lá.

Uma coisa que eu notei enquanto observava ele jogar, era que ele ficava bem mais "leve" jogando ao ar livre. Os movimentos dele eram mais fluídos, o cabelo dele era bagunçado com o vento suave e ele seus olhos não pareciam selvagens para ganhar, pareciam calmos. Mas eu notei também que ele provavelmente estava estressado com algo, por isso que seus arremessos eram fortes e faziam o pilar da cesta balançar. Engoli em seco antes de chamá-lo.

E ele olhou para mim com um pouco de desdém, nem ficando surpreso por eu estar ali. Largou a bola de qualquer jeito e se aproximou.

— Estava me seguindo? — perguntou, um pouco ofegante pelos exercícios, mas nada comparado a mim que quase desfalecia no chão por correr.

— Eu precisava falar com você. — Não foi minha melhor abordagem, mas no fim não era uma mentira.

— Hm — Ele deu de ombros mais uma vez, bebendo água na garrafinha que eu sequer havia notado. — Pode falar.

Antes de perguntar, eu repensei. E se eu estivesse errado? Ele podia não ter me ouvido e outra coisa deixou ele meio estranho, nem tudo realmente podia ser culpa minha. Também pensei que, talvez, não custava nada perguntar porque assim nós iríamos esclarecer algumas coisas. De qualquer forma, eu precisava saber ou então não conseguiria dormir à noite.

— Você ouviu eu reclamar de você na cantina?

Yoongi, ainda bebendo água, concordou com a cabeça.

— Eu ouvi. — Ele respondeu como se não fosse nada demais.

— E...?

— E você tinha razão — Yoongi finalmente olhou nos meus olhos. Ele parecia sincero. — Eu estava te cobrando demais, peguei pesado demais e sequer te dei uma brecha pra reclamar. Então, me desculpe.

Era estranho. Ouvir Yoongi pedindo desculpas era estranho, mas eu tive que contemplar isso. No fim, ele não parecia um cara mandão de verdade. Só um pouco desajeitado.

E eu entendia muito bem como era ser desajeitado.

— Bem, eu te desculpo — tentei mostrar meu melhor sorriso, o que fez Yoongi desviar o olhar para qualquer outro lugar que não fosse minha cara. Beleza, ok. — Foi por isso que você ficou tão legal do nada lá na cantina?

Ele riu soprado, cruzando os braços.

— Mas eu sou legal. — Disse convencido e eu revirei os olhos.

— Você nunca foi legal comigo — falei a verdade. A única vez que ele foi legal foi no arcade, mas ainda havia um pouco de implicância da parte dele. — Foi só porque Jeongguk tava na mesa comigo? — questionei porque, cá entre nós, essa era a única explicação plausível.

— Eu quis ser legal porque foi a primeira vez que eu vi você conversando com alguém — Yoongi respondeu indiferente. Revirei os olhos, um pouco inconformado com essa resposta sem sentido. Mas isso acabou desencadeando na próxima fala provocadora dele. — Vocês pareciam próximos, até achei que pudessem ser... Não sei, namoradinhos?

Se Yoongi quis me deixar irritado com essa provocação, ele não conseguiu, porque eu desatei a rir.

Podia ser eufemismo, mas acho que eu nunca ri tanto em toda a minha vida. Com os olhos cheios de lágrimas, eu mal conseguia ver Yoongi, apenas sua figura embaçada confusa me fez rir mais ainda. Eu pelo menos consegui ver a cara de tacho dele e meu estômago doeu pelas risadas.

Não era a primeira vez que falavam isso sobre mim e Jeongguk, apesar de ser algo bem incomum supor namoro entre dois garotos onde eu vivia. Mas não era algo que me incomodava, apenas achava engraçado. Eu jamais conseguiria ter algo com Jeon por motivos óbvios: ele era meu irmão, não de sangue, mas era. Um verdadeiro bro.

O conhecendo há mais de quinze anos posso afirmar que sabia de todos os podres de Jeongguk e ele sabia os meus também. Vi aquele moleque crescer, sabia que ele fez xixi na cama até os onze anos de idade, sabia que ele tinha uma cicatriz enorme no braço e gostava de cutucar aquilo — sério, aquele moleque era estranho —, sabia que ele era apaixonado por um menininha da sétima série e que derramou sorvete sem querer no vestido dela. Vi Jeongguk chorar como um bebê vendo a morte de Han Solo no episódio VII de Star Wars — desculpe o spoiler — e principalmente, sabia que Jeongguk tinha uma preferência por meninas.

Ele também sabia que eu era mais perdido que agulha em agulheiro quando se tratava do que eu gostava. Quero dizer... Eu não me importava com garotas, e também não me importava com garotos. Ninguém nunca me fez sentir a paixão que tantos descreviam. Então eu tentava ao máximo não ligar para algo que eu, supostamente, estava "perdendo".

Eu preferia jogar videogame.

— O quê? Não! — Tive que tomar fôlego antes de negar ao Yoongi, que me olhava como se eu fosse um ET.

— Por que é tão engraçado? — Yoongi perguntou, cruzando os braços.

— Porque por um momento eu me imaginei com Jeongguk e, sério, seria ridículo — Provavelmente o tanto que eu ri me fez perder mais calorias do que treinando. Meu estômago doía! — Ele é praticamente meu irmão.

— Ah... — Eu não sei exatamente o que aquele "ah" significou, mal consegui identificar a reação de Yoongi. Era uma incógnita. — Desculpe por pensar isso...

Okay, fofo da parte dele se desculpar. Em menos de duas horas eu ouvi Yoongi pedir desculpas mais do que eu ouvi em semanas.

— Tudo bem — disse, suspirando fundo e deixando o ar de graça se dissipar. — Mas você deveria ser legal comigo, como foi na cantina.

Ele riu. Ele riu mesmo! Foi curto, mas ele riu. E era tão estranho vê-lo rir daquela maneira, poderia até ser considerado fofo.

— Talvez eu seja legal com você. — Yoongi disse.

Sorri mais uma vez, porque eu estava um pouco feliz. Quem diria que uma conversa resolvia as coisas? Estava feliz em saber que Yoongi me entendia naquele momento e que, talvez, ele realmente seja um cara legal.

Eu deveria tomar isso como uma pequena iniciativa para uma amizade. Nunca fiz isso, não na escola. Mas como era o último ano, eu deveria ao menos ter um amigo na escola. E não parecia uma má ideia ser Yoongi.

— Então — Estendi minha mão. — Amigos?

Ele ficou olhando para minha mão, em seguida para o meu rosto e ficou intercalando nisso. Até que finalmente apertou minha mão e deu um pequeno sorriso.

A mão dele era um pouco fria. Mas era muito maior que a minha, e calejada. Um grande contraste.

— Amigos.

Eu fiquei ali um pouco. Aquela quadra parecia bem melhor para treinar do que no ginásio do colégio. Ao ar livre tudo parecia mais convidativo. Embora eu passasse bastante tempo em casa jogando vídeo game, era um pouco reconfortante sair da rotina. Yoongi e eu trocávamos algumas palavras enquanto jogava distraído, até que eu tive uma pequena ideia.

Se Yoongi era meu amigo, então eu deveria tratá-lo como tal, certo? Eu deveria.

Talvez fosse uma boa ideia, ou totalmente ruim, mas não custava tentar.

— Você não tem nada pra fazer hoje à tarde? — perguntei fingindo desinteresse. Yoongi, que ainda estava concentrado na bola, apenas murmurou em resposta.

— Eu ia treinar com você, mas como você não quer, vou ficar aqui de bobeira. — O jeito que ele falou me fez rir um pouco. Era como se ele dependesse de mim para se ocupar e, de certa forma, isso trazia uma sensação estranhamente boa para mim.

— E se... — prolonguei, mas logo terminei a frase, ficando de frente ao Yoongi. — Você fosse comigo jogar Overwatch na casa do Jeongguk?

 



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