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História Camisa 93 - 5. Quadrado e R1


Escrita por: baepkive

Capítulo 5 - 5. Quadrado e R1


Fanfic / Fanfiction Camisa 93 - 5. Quadrado e R1

— Vem!

— Não.

— Por favor!

— Não.

— Por favorzinho?

— Eu já falei que não!

— Qual é, Yoongi!

Eu já estava começando a entrar para o caminho da apelação. Só não sabia se iria funcionar com alguém tão teimoso quanto Yoongi. Mas eu sabia algo muito bom para desestabilizar ele, era o ponto de qualquer competidor nato: duvidar dele.

— Isso tudo é medo de perder de mim?

Pareceu funcionar, porque ele me olhou de cima a baixo como se fosse me queimar há qualquer momento. Se isso fosse uma ficção, teria saído faísca dos olhos dele.

Desde que eu chamei Yoongi para passar a tarde jogando Overwatch comigo e com Jeongguk, ele se mostrou totalmente contra. Por quê? Eu não sei. Só sei que não ia deixar aquilo passar batido, como uma pequena forma de vingança.

Sim, vingança por ter me feito um aprendiz de Michael Jordan sem descanso algum. Eu merecia dar um troquinho!

— Jimin — Ele me parou, suspirando como se estivesse pronto para falar a coisa mais difícil de sua vida. — Eu não sei jogar.

Meu cérebro não conseguiu registrar que ele estava falando sério. Eu olhei para ele, bem no seu rosto, mas ele não estava olhando para mim. Parecia emburrado, o rosto olhando para o chão enquanto suas sobrancelhas por baixo do cabelo loiro estavam franzidas.

— Tá falando sério? — Tive que perguntar, tive que ter certeza de que pelo menos uma vez na vida eu era melhor do que o Yoongi em alguma coisa.

Porém, eu não me senti do jeito que achei que me sentiria quando descobrisse algo que eu sabia fazer e Yoongi não. O sentimento foi totalmente diferente e, por um momento, eu quis apenas ouvir o que ele tinha para dizer.

Ele apenas assentiu com a cabeça de um jeitinho bem fofo. Ah, não! Lá se foi minha oportunidade de zoar ele.

Por que eu sou coração mole?

— Eu te ensino. — Decidi sem pensar mais que duas vezes. Ele estava me ensinando basquete, por que eu não podia ensinar uns joguinhos de videogame?

Sem muita enrolação, peguei a mão dele e comecei a puxá-lo até sairmos daquele parque. E ele relutou, obviamente.

Ficou resmungando uns "vamos voltar" e de vez em quando uns "não sei se vai dar certo" enquanto eu o puxava no meio da rua. Algumas pessoas nos olhavam engraçado pelo caminho, até porque era um tanto cômico o modo como nós estávamos caminhando: Yoongi atrás de mim, às vezes ficando estático no lugar e eu usando todas as minhas forças para tirá-lo do lugar.

Para a minha sorte, a casa do Jeon ficava perto e logo estávamos na frente dela. Chamei o nome dele e me perguntei se ele já tinha chegado do colégio, eu esqueci de perguntar se ele tinha treino depois das aulas. Mas, considerando que ele me chamou no horário de almoço, eu supus que ele já estava em casa.

— Você pelo menos avisou a ele que um desconhecido tá indo pra casa dele?! — Yoongi resmungou, talvez ele estivesse com vergonha de entrar na casa. Era engraçado, mas eu tinha que ficar atento caso ele resolvesse sair correndo.

Eu compreendia. Afinal, se fosse a mesma situação comigo, eu estaria morrendo internamente e pedindo aos céus para não cometer nenhum mico na residência alheia.

Porém, a situação estava toda contra a vontade de Yoongi e eu me permiti aproveitar isso, sim. Qual é, pela primeira vez eu estava no controle da situação!

— Não, mas ele vai entender. — Mentira, ele não ia entender.

Com toda a certeza do mundo, a partir do momento em que Yoongi fosse embora, Jeongguk iria me espancar. Ele era tímido e acima de tudo, odiava parecer tímido na frente dos outros.

Mas eu não estava me importando com isso, poderia deixar as pendências para depois. A ideia de ter Min Yoongi no chinelo enquanto jogávamos me parecia tão maravilhosa a ponto de eu não me importar com coisas como, digamos, a timidez irritantemente aguda do menino Jeon.

Aliás, eu tinha que dar um jeito nisso algum dia. Já fui muito tímido antigamente e eu ainda era às vezes, mas não tanto quanto Jeonggukie. Sei mais do que ninguém como isso é chato, então queria ajudar ele nisso em algum momento.

— Parece que ele não tá em casa — disse Yoongi depois de eu ter tocado a campainha umas três vezes. — Vamos embora. — Ele já ia fugir, mas fui rápido o suficiente para alcançar e segurar seu braço.

— Fica quietinho aí — Ele me encarou de cima a baixo como se eu tivesse feito um ultraje ao mandar nele. Parece que o jogo virou, não? — Ele deve tá com fones de ouvido no último volume, ele nunca me ouve chegar. Enfim, vamos entrando.

Ouvi Yoongi protestar mais uma vez, a tempo de eu pegar a chave que sempre ficava no vaso de plantas do lado da janela, perto da cozinha. Apenas a usávamos em situações de emergência — ou quando Jeongguk tinha preguiça de abrir a porta pra mim. Vi Yoongi me olhar como se eu fosse um assaltante ou algo do tipo. Foi cômico.

— Já disse que Jeongguk é tipo meu irmão, posso entrar na casa dele sem problemas. — Esclareci mais uma vez antes de ele perguntar qualquer coisa que envolvesse minha habilidade em invadir casas.

Abri a porta e gritei um "Jeongguk, estou entrando", como eu sempre fazia. Dentro, olhei para Yoongi, que estava estático na porta. Suspirei, fui atrás dele e o empurrei de novo.

Um pouco encolhido, ele foi me seguindo até a sala, onde encontrei o amor da minha vida: O Playstation 4 pro, essa belezinha que Jeongguk havia comprado há pouco tempo e que já era perfeito para mim. Fazia tanto tempo que eu não jogava — quase um mês e meio — que quando vi o console lá, paradinho e esperando para ser jogado, eu tive que conter minha ansiedade para não partir pra cima.

O problema era que Yoongi estava comigo e eu precisava, pelo menos, parecer normal.

— Já chegou? Foi rápido — Ouvi a voz de Jeongguk se aproximando. Ele estava saindo do corredor quando vi Yoongi ficar parado como uma estátua.

Fui ver Jeongguk e descobri porque Yoongi estava quase virando um projeto de vítimas da Medusa. E é claro, Jeongguk quase saiu correndo quando viu que tínhamos a ilustre presença de Min Yoongi em sua casa.

Acho que a reação dele seria mais ou menos a mesma, caso não estivesse só de bermuda. Ao que parecia, ele tinha acabado de sair do banho — isso explica o fato de ele não ter me atendido na porta, e também de seus cabelos estarem molhados junto com uma toalha no pescoço — e saiu sem camisa por achar que só eu estava ali.

Eis que esse se tornou o momento mais estranho em meses. Jeongguk mais vermelho que um tomatinho e Yoongi congelado sem mover um músculo sequer.

É, sobrou para mim.

— Eu trouxe Yoongi para jogar com a gente — Lancei meu melhor sorriso (como um pedido mudo de por-favor-não-me-mata) enquanto fazia carinhos no ombro de Yoongi, que ainda estava paralisado. — Tudo bem, né?

 

[��]

 

— ...Não parece tão ruim, vai ser legal! — Tentei tranquilizar Jeongguk pela vigésima quarta vez enquanto estávamos na cozinha, havíamos deixado Yoongi na sala por breves minutos.

— Sim, com certeza vai ser legal. Muito bom receber uma visita sem aviso prévio! — Ele sussurrava gritando enquanto mexia suas mãos em alguma coisa nos armários, como se estivesse se contendo para não voar na minha cara.

Já tinha avisado a ele que homicídio dá cadeia, creio que não precisaria lembrá-lo novamente. Ou deveria?

— Eu sei, e me desculpe por isso — falei, preparando algo para nós bebermos. Não dava pra jogar sem comer nada. — Mas, por que você tá tão bravo? Não foi nada demais. Você viu Yoongi na cantina, ele não é tão ruim.

Eu particularmente achava que não havia nada demais, porém, Jeongguk parecia que ia ter um ataque há qualquer momento. Não estava entendendo muito bem aquele comportamento dele...

— Como não foi nada demais?! — Okay, ele estava muito irritado. — Você sabe que eu odeio me expor!

Olhei para trás, apenas para me certificar de que Yoongi não estava prestando atenção na nossa conversa. Ele parecia bem, mexendo no celular enquanto, de vez em quando, olhava aos arredores. Estava bem até e ele não fugiu sorrateiramente, o que era um ótimo sinal.

— Sim, sim, eu sei — Voltei para Jeongguk. — Mas como que eu ia saber que você tava tomando banho? Aliás, Yoongi nem deve ter ligado. Ele é jogador de basquete, deve ver isso todo dia no vestiário, você sabe. — Tentei convencê-lo de que estava tudo bem (e realmente estava), apenas para não ter que lidar com a cara de porta que ele faria pela tarde toda em descontentamento.

Ele suspirou, pegando mais alguns salgadinhos e apenas assentiu com a cabeça, como se quisesse esquecer tudo aquilo logo. Naquela época eu não sabia muito bem, apenas tinha a impressão de que Jeongguk estava um pouquinho estranho. Mas ele sempre foi estranho, estava na essência do moleque. Sendo assim, eu apenas ignorei e arquivei a ideia de uma possível conversa com ele mais tarde. Apenas para saber se tinha algo acontecendo.

Então, finalmente, com ele me ajudando a levar as coisas até a sala, eu me foquei no que interessava.

— Vamos mostrar pra ele que somos fodas — cutuquei Jeongguk, tentando arrancar pelo menos um sorriso dele. E deu certo. Bons tempos em que eu e Jeongguk nos denominamos de JJ, como se fossemos uma fusão poderosa daquele anime que assistíamos com bastante frequência.

Eu poderia me divertir com meu melhor amigo, um amigo de anos, enquanto também tentava me divertir com meu novo amigo — a.k.a meu treinador também. Não tinha como dar errado!

 

[��]

 

— Acho que não deveríamos ter começado com um jogo de tiro, Jimin — Jeongguk comentou enquanto eu tentava, miseravelmente, não zoar e nem humilhar Yoongi.

Não seria muito justo da minha parte. Era a primeira vez dele jogando em um PS4 pro, é claro que ele ia bancar o noob, principalmente em um jogo de tiro com câmera em primeira como Overwatch. E nós estávamos em um console, ele estava com um controle, era bem mais difícil acertar os inimigos usando o analógico.

Mas ao contrário do que eu achava que ia acontecer, Yoongi estava até à vontade. Ele até ria das imitações baratas que Jeongguk fazia da Widowmaker — que cá entre nós, era engraçado. Jeongguk se soltou mais rápido do que imaginei também, embora ele ainda ficasse um pouco tímido toda vez que Yoongi se dirigia a ele.

Yoongi ficou totalmente vidrado quando eu e Jeongguk jogamos um contra o outro, o tipo de duelo que ninguém nunca sabia quem iria ganhar, pois os dois eram muito bons. No fim, eu ganhei, mas não porque eu era melhor que Jeongguk, na realidade nós dois sempre intercalamos na vitória quando jogávamos 1x1. Mas, naquele momento, eu realmente quis ganhar e foi isso que aconteceu.

Os olhos de Yoongi assistiam como se estivesse vendo uma partida de basquete, mas ele também ria das próprias burradas que fazia na partida quando estava no controle e eu tirei a conclusão de que, realmente, não deveríamos ter começado com um jogo de tiro. Jogo que demanda muita experiência, algo que Yoongi não tinha.

Houve um momento que saí para cozinha em busca de água, então voltei discretamente para a sala; eles estavam tão compenetrados nos jogos que sequer me notaram. Yoongi estava vidrado, o rosto mais limpo do que nunca, os olhos focados e quase inexpressivos. O boné que ele usava puxava os cabelos para trás, deixando a testa visível junto com suas sobrancelhas sempre cobertas pelo cabelo. O tom pálido da pele dele fazia-o parecer um... bolinho? Talvez tenha sido a leveza do momento que me fez pegar meu celular e, discretamente, tirar uma foto dele distraído. Nós já estávamos íntimos para zoar um ao outro, certo? Eu sentia que sim. E, tudo bem, ele ficou engraçado e até fofo. Precisava me lembrar de mandar isso para Jeongguk para rimos mais tarde.

— Vamos de luta — Eu troquei os jogos até chegar a um que, particularmente, era o meu preferido. — Já jogou The King of Fighters?

Yoongi franziu a testa com minha pergunta e negou, me fazendo rir da sua expressão. Às vezes ele parecia outra pessoa quando, de repente, se tornava muito expressivo.

Min Yoongi por si só era um tanto engraçado — quando não estava em ambiente escolar e esportivo.

Com o jogo já iniciado, na tela de menu, pedi para que Yoongi escolhesse um personagem enquanto Jeongguk se levantava para pegar mais salgadinhos.

— Esse aqui é bom? — ele perguntou quando parou no ícone do personagem K'. Um clássico.

— É sim — confirmei. — Um pouco previsível, na verdade — Ele me olhou com uma careta e uma risada me escapou. — Calma! Não é ruim.

Eu não ia apelar com ele — por mais que eu quisesse —, mas eu não seria tão covarde a esse ponto. Escolhi um personagem que eu gostava bastante, porém não era o que eu sempre usava. Kula Diamond poderia ser fofinha, mas tinha potencial.

Vi Yoongi rir nasalado da minha escolha. Ele deve ter achado que minha personagem era fraca, por causa da aparência dela — ou ele era como todos os outros garotos com masculinidade frágil que não suportavam a ideia de ser uma personagem mulher. Eu não sabia como Yoongi era com essas questões, então tentei ignorar. Mesmo que aquela risadinha tivesse me tirado do sério internamente, resolvi apenas ficar quieto e esperar o loading.

Jeongguk chegou a tempo de ver a partida começar, sentando-se no sofá atrás da gente enquanto nós dois estávamos no chão, mais especificamente no tapete fofinho que a mãe do JK adorava. Ele olhava a tela entretido, mastigando as batatas chips em um som alto, me irritando um pouco.

Quando a partida começou, eu pausei antes de começar realmente a brincadeira.

— Escuta, isso é realmente muito fácil, até Jeongguk conseguiu zerar isso com sete anos — Me aproximei dele, segurando suas mãos que estavam devidamente colocadas no controle. — Apenas aperte as formas numa sequência que você achar melhor, quando a sua barra de poder encher totalmente você aperta o R1 e o R2 ao mesmo tempo — Eu ia falando enquanto mostrava para ele, por cima de seus dedos, segurando suas mãos que eram consideravelmente maiores que as minhas. — E depois o L1 e L2 tudo junto, pra se defender aperte para direita segurando. Okay? — Olhei para ele, já que estávamos perto um do outro e eu podia ver melhor seu rosto.

Acho que Yooni não entendeu nada do que eu expliquei, porque ele estava me olhando como um idiota. Como posso explicar isso? Ele parecia fora da casinha, no mundo da lua, em outra dimensão.

— Entendeu? — Soltei suas mãos e tentei tirá-lo de onde quer que ele estivesse dentro da sua mente. Ele piscou algumas vezes e se afastou de mim, murmurando um "ok" ao cravar os olhos na TV.

Quando começamos a jogar, talvez — só talvez, bem pouquinho mesmo — Yoongi fosse um pouco melhor em jogos de luta. Ele não morreu de primeira e conseguiu tirar uma quantidade muito alta da vida da minha personagem.

Se ele começasse a jogar mais vezes, tenho certeza que ficaria bom o suficiente para chegar ao meu nível — este que estava muito longe, vamos combinar, né? —, mas não quis dar esperanças de nada. Era um pouco peculiar como Yoongi tinha vocação para coisas que envolviam esforço físico, esportes especificamente. Algo que era o total completo oposto de mim, isso explicava porque meus jogos favoritos eram rpgs.

Quando Yoongi começou a ficar mais, como posso dizer, apelão — daqueles que só usam os mesmos golpes — eu fiz o que eu queria fazer desde que perdi no garra, lá na noite dos jogos de arcade.

Uma aposta.

Quem perdesse ia ficar devendo algo para o vencedor, como da última vez. Até o momento, Yoongi ainda não tinha me pedido nada referente ao que ele ganhou a última vez. Eu sinceramente não sei se acho isso bom ou ruim, vai saber o que ele tramava naquela cabecinha loira? E se, por algum fator de sorte, ele ganhasse de mim de novo, iria acumular duas coisas que eu estava devendo a ele. Minha proposta de aposta foi provavelmente burrice e muito pouco pensada, mas eu gostava de idealizar que estava vivendo perigosamente.

Olhei para Jeongguk, que parecia estar vendo o melhor filme de ação do mundo. O puro suco do entretenimento para alguém que adorava competições como ele. Jeongguk ainda mandou um "Fighting!" para Yoongi e riu da minha reação indignada. Era um verdadeiro ultraje como ele se voltou contra mim, mas pelo menos ele tinha se esquecido completamente do ocorrido anterior. Ainda bem.

Sendo assim, começou a partida da aposta. Confesso, fiquei com medo de perder. Sem falar que aquilo era uma partida épica: Eu de Kula Diamond e Yoongi de K'. Parecia até que ele conhecia a história do jogo, mas era coincidência demais. Os dois personagens faziam parte da mesma equipe dentro do contexto fictício: A Kula tinha poder de gelo, enquanto o K' dominava fogo. Grandes opostos, mas grandes amigos também. Eu gostaria de ficar fazendo várias análises sobre essa partida, mas eu tinha que me concentrar.

O personagem de Yoongi morreu e, por pouco, a minha também. Mas consegui ir mais rápido. Com o segundo round continuando, eu jurava que Yoongi iria fraquejar, mas não.

Ele conseguiu vencer minha personagem com um poder especial. Claramente, Yoongi estava apenas apertando todos os botões, ignorando completamente o que eu disse para ele minutos atrás. Mas essa era a graça dos jogos de luta: você podia apertar todos os botões de uma vez, sempre aconteceria alguma coisa. No caso de Yoongi, ele ganhou um round.

Eu o olhei chocado enquanto Jeongguk estava boquiaberto. Já Yoongi nem percebeu que ganhou. Os olhos arregalados e os dedos apertando os botões mesmo quando a tela entrou em pausa, ele saiu de sua transe competitivo e olhou para mim com uma animação excitante, a realização de que ganhou caindo em seu rosto quase em câmera lenta.

O último round logo veio e foi decisivo. Comecei a jogar de verdade enquanto ouvia os botões do controle de Yoongi serem apertados com certo desespero. Era o seu instinto competitivo gritando, assim como o meu. Jeongguk torcia, eu só não sabia por quem.

Já estava começando a suar — coisa que estava acontecendo comigo com certa frequência — e, quando Yoongi deu um deslize e a barra de vida de seu personagem caiu drasticamente, eu avancei e comigo levei a vitória.

Fazia um bom tempo que eu não me sentia tão animado em vencer. Por isso, eu me levantei e cantei vitória, pouco me importando se isso seria idiota. Todos éramos idiotas ali!

— Ora ora, parece que alguém perdeu! — peguei o travesseiro mais próximo e joguei na sua cara. Foi um ato impensado, na verdade era automático porque eu fazia com Jeongguk, então acabei fazendo com ele também. Éramos amigos também.

Foi engraçado. Yoongi ficou indignado com minha ação e, como eu esperava, ele revidou. Pegou o travesseiro mais próximo dele e jogou na minha direção, acertando de uma maneira que sequer machucou, apenas fez cócegas. O que acabou me impulsionando a ir para cima dele com meu travesseiro.

E isso acarretou em uma guerra de travesseiros, como se tivéssemos oito anos de idade novamente. Havia algo extremamente divertido na maneira como Yoongi ria, eu senti que precisava proporcionar mais momentos como esse apenas para ouvir ele rindo.

— Minha casa não é chiqueiro! — Jeongguk gritou com uma risada, meio perdido na bagunça que fazíamos com os trapos de algodão que saía dos travesseiros. Não me importando com a bagunça, peguei o travesseiro e joguei nele também.

Diferente de Yoongi, Jeongguk não revidou — o que eu achei bem estranho, Jeongguk era muito vingativo. Bem, talvez ele ainda estivesse tímido perto de Yoongi. Ele apenas ficou nos assistindo destruir um ao outro.

Eu gostei de ouvir a risada do Min. Não aquela risada que ele usava para me atazanar quando algo dava errado para mim, era diferente. Ele realmente tinha se divertido, dava para notar em seu sorriso gengival e eu me senti bem por, no fim, ter insistido para ele vir comigo. Eu nem tinha percebido que encarei ele por longos segundos enquanto respirávamos da adrenalina das travesseiradas. Até ele notar e, sem muito o que fazer, abaixar o rosto e se esconder dos meus olhos.

 

[��]

 

— SUGA vem de Shooting Guard — Yoongi explicava enquanto caminhávamos um do lado do outro. — Que significa artilheiro e, bem, eu sou o artilheiro do time.

— Onde tem Suga em Shooting Guard?

— São as siglas SG — ele falava de maneira calma, como se estivesse explicando para uma criança. — Foi a única coisa que encaixou bem.

— Uau — murmurei, um pouco impressionado. Eu nunca teria pensado nisso. — Se eu entrar no time, vou ter minha camisa?

— Quando você entrar no time — Ele deu ênfase no quando, me deixando, de certo modo, um pouco feliz e assustado com tanta certeza. —, aí você poderá escolher com cuidado.

Apenas murmurei em concordância, meu pensamento estava longe. O assunto sobre seu nome no uniforme surgiu assim que saímos da casa de Jeongguk, pouco depois de inúmeras partidas. Já eram umas seis horas, quase sete, com o céu escurecendo e um pouco de frio no ar. Caminhar ao lado de Yoongi era bom, não sabia explicar exatamente o porquê. Ele ficava mais aberto à conversas e isso deixaria ainda mais fácil suas informações para que eu o entendesse mais.

— E o 93 é por causa do jogar Metta mesmo? — perguntei.

— Na verdade, não. — respondeu. — É meu aniversário, nove do três.

— Oh, faz pouco tempo que passou — Estávamos em abril, quase maio. O que me fez pensar que entrei para o treinamento quase uma semana depois do aniversário dele. — Parabéns atrasado! — Me permiti zoar, nem que fosse um pouquinho. Ele riu sonoramente e murmurou um obrigado.

— Você ainda não me pediu nada — Ele disse do nada e eu olhei para ele confuso. — Sobre a aposta.

Eu tinha esquecido completamente. Mas a verdade era que eu não fazia ideia do que pedir. Era algo muito amplo e vago, e eu estava de bem comigo mesmo, não havia nada que eu quisesse no momento. Então, pensando nisso, fiz o mesmo que ele.

— Quando chegar a hora, eu peço.

Estávamos quites.

Ficamos em um silêncio confortável, até chegarmos perto da minha casa. Era a primeira vez que eu não tinha vontade de ir imediatamente pro meu quarto e me jogar na cama como sempre fazia. O dia passou estranhamente rápido, rápido até demais. E eu queria conversar mais com Yoongi.

Foi pensando nisso que eu tive uma ideia.

— Me passa seu número? — perguntei normalmente quando o vi parar e me encarar hesitante. Muito hesitante, hesitante até demais. — Qual é! Eu não vou te passar nenhum trote ou algo do tipo.

Apesar de ele ter rido, no fim ele suspirou e me entregou o celular. Coloquei meu número e o nome de contato apenas como "Jimin". Entreguei de volta e peguei o meu assim que ele me ligou, confirmando. Cara, era a primeira vez que eu compartilhava o número com alguém da escola! Aquilo foi um grande avanço na minha vida social. Então era assim que as pessoas extrovertidas se sentiam?

— Então, até amanhã. — sorri, antes de me virar e caminhar até minha porta. Antes de abrir ouvi Yoongi dizer.

— Mas amanhã é sábado — Ele disse com uma risada arteira e eu pisquei confuso.

Fiquei tão vidrado na vitória de KOF que me esqueci do tempo? Meu deus!

— A-Ah, é verdade — eu ri, um tanto sem graça. As únicas vezes que eu perda a noção do tempo era quando fazia maratonas de jogos. — Então, até segunda!

 

[��]

 

Depois de um bom banho gelado e uma janta bem reforçada — minha mãe estava começando uma dieta também, então estávamos comendo legumes que, para mim, eram melhores do que eu imaginava —, eu me permiti descansar um pouco. Na sala com a televisão ligada, enquanto estava deitado no sofá e mamãe na poltrona lendo uma revista, mexi no celular como de costume, me lembrando de salvar o contato de Yoongi.

Quando fui colocar o nome dele, a primeira coisa que veio na minha cabeça foi Suga. Aquele nome era bastante original.

Abri o chat de conversa e não tardei em mandar uma mensagem.

Não com um "Oi", ou com "Tudo bem?". Não me importei com isso, fui direto ao que pendia em minha mente.

Jimin:
Já reparou que Suga parece Sugar? [20:04PM]

Não demorou para a resposta vir, ele estava online.


Suga (。⇀︿↼。):
Não me diga [20:05PM]

Azedo como um limão.


Jimin:
Pois é [20:05PM]
Ironicamente, você parece um cubo de açúcar [20:06PM]


Suga (。⇀︿↼。):
Quê? [20:07PM]


Jimin:
Sim, veja só (arquivo;foto) [20:08PM]

Eu enviei a foto que tirei mais cedo e que, de fato, havia ficado comicamente fofa. Não tinha enviado para Jeongguk como eu planejei, queria ver a reação do próprio garoto da foto.

Nem um minuto depois de enviar, eu acabei rindo muito alto da reação dele, o que assustou até minha mãe.


Suga (。⇀︿↼。):
Park Jimin, apaga isso agora!! [20:09PM]

 



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