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História Camouflage (EM PAUSA) - Chapter Ten


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Hallo!
Espero que gostem. Boa leitura. MWAH!

Capítulo 11 - Chapter Ten


Fanfic / Fanfiction Camouflage (EM PAUSA) - Chapter Ten

 Eu amo o seu gosto.

Ele rosnou depois de ter me provado pela quinta vez.

Devolvo a escova para o topo da minha cômoda. Suspiro ao encara o meu reflexo cansado no espelho. Maquiei-me como consegui, e até mesmo arrisquei um pouco de batom em meus lábios, mas retirei-o por ter se destacado demais sob minha palidez nessa manhã. Não poderia dizer que foi uma noite ruim, de pesadelo ou insônia, pois estaria mentindo, e de mentiras minha vida já estava completamente soterrada.

Após o banho com um Justin insaciável ao meu lado, lançando-me investidas que meu corpo estava à mercê resultaria apenas em um erro se prolongando por mais algumas horas. Alcancei o ápice três vezes. Nunca havia imaginado que faria sexo em várias posições, sentiria algo duradouro e ainda pediria por mais. Mas eu fiz. E isso me tornava um pouco mais suja. Assim que meus músculos não tiveram mais resistência, deitei-me na cama, virada para o lado, e o lapso que tive antes de fechar os olhos era de sentir um par de mãos arrastando-me para mais perto.

Era a primeira vez em meses que dormia tão bem.

Porra! Tudo em você é viciante.

Ele sussurrou em meu ouvido esquerdo ao empurrar seu tronco contra o meu traseiro, forçando-me a espalmar as paredes molhadas do banheiro.

Despertei com meu relógio biológico, abrindo os olhos quando os raios solares sequer eram firmes no céu azulado, senti-me vazia. A sensação me causou enjoo. Olhei para o lado e encontrei as marcas que entregavam que o corpo de alguém havia se firmado sobre os lençóis e travesseiros. O seu cheiro dava-me absoluta certeza. Estava impregnado por todo o quarto. Coloquei-me sentada na cama antes de me levantar, notando de imediato minha nudez. Esgueirei-me pelo caminho como se estivesse sendo controlada por linhas de marionetes, adentro no cômodo frio do banheiro, sentindo o ambiente ainda abafado pelo vapor do chuveiro, e alguém havia mexido em minha pasta de dentes também. Ele havia usado meu banheiro antes de sair.

Típico da casualidade.

Você me deixa louco, Kelsey.

Foram os últimos dizeres que ouvi na noite.

O tempo não estava frio. Na verdade, o céu brilhava do mesmo modo que o sol iluminava toda a manhã, mas eu não podia adentrar a empresa com partes expostas do meu corpo marcado. Quaisquer pessoas perceberiam a passos de distância. Por cima da minha blusa de mangas longas e gola alta, endireito a minha saia com riscas verticais, e dou dois passos para trás.

Um sorriso. Algumas palavras educadas e formais.

Isso devia bastar.

Alcanço meus objetos que carregava diariamente, e encaminho-me para fora do quarto. Confiro as horas em meu celular, percebendo que conseguiria explicar-me para Ruth por alguns minutos de atraso, então me apresso pelo corredor e outros cômodos. Do lado de fora, aceno para um casal de vizinhos que parecia estar levando o filho para o colégio, e tranco a porta, deixando as chaves no lugar de sempre. Apressada, desço as escadas e atravesso o hall, não encontrando o porteiro para desejar-lhe um bom dia.

Descendo as escadas, olho para os lados enquanto ajeito as alças da minha bolsa sobre o ombro esquerdo, sentindo o frescor do dia balançar os fios do meu cabelo, com a mão livre, afasto-os do meu rosto, e estreito os olhos para encarar um homem bem vestido em um terno escuro que parecia alarmado ao me olhar, parado em frente a um luxuoso veículo prateado.

— Senhorita Doyle? - franzo o cenho, e assinto fracamente. — O senhor Bieber deu-me ordens de levá-la para a empresa.

— Desculpe?

— Também mandou lhe entregar isso. - o mesmo homem tira algo de dentro de seu blazer e me estende. Era um papel pardo dobrado duas vezes.

Fito-o por um tempo, completamente alheia ao que dizia, mas recebo o papel de sua mão estendida. O homem que devia ser um dos seguranças de Justin, permanece de frente para o carro, mas antes, abre a porta traseira e afasta-se alguns passos, olhando-me como se, silenciosamente, pedisse para que eu entrasse. Era um olhar suplicante, e podia imaginar que ele estava apenas com medo de não cumprir as ordens de seu chefe.

Eu suspiro, dando-me por vencida.

Rumo em direção ao carro, e curvo-me para entrar. Uma vez dentro, ouço e observo a porta ser fechada ao meu lado, enquanto o segurança dava a volta, logo se acomodando atrás do volante. O veículo se coloca em movimento, e ainda um pouco confusa, encaro o papel entre meus dedos. Curiosa, desdobro-o e vistorio a caligrafia perfeita, marcando o pardo do papel sem linhas com tinta de uma caneta preta.

‘’Kelsey,

Eu precisei sair mais cedo, pois o meu filho sentiu-se mal ainda essa manhã. Perdoe-me por ter saído dessa forma. Adolfo irá levá-la para a empresa em segurança, não dispense-o, ele tem ordens para seguir e cumprir. E, por favor, alimente-se antes de trabalhar.

Obrigado pela noite. Bieber.’’

teve um problema e eu tive que levá-lo ao médico. Perdoa-me por sair dessa forma. Greg irá te levar para a empresa em segurança. E por favor, coma algo antes de ir trabalhar. Obrigado pela noite. Bieber.’’

Eu não respirei a cada palavra que li, e isso pesou meu peito.

Eu queria agarrar aquele homem pelo colarinho de sua camisa bem passada e sacudi-lo, no intuito de tentar entendê-lo, questionar a razão para confundir-me tanto. Ele não fazia ideia do que estava causando em minha cabeça, esmagando por completo a minha sanidade.

De repente, sentia-me doente.

Afundo-me no banco e vou por todo o caminho lendo e relendo o bilhete.

— Chegamos, senhorita. – Adolfo replica ao meu lado, me esperando sair pela porta aberta.

— Oh! - pego as minhas coisas, ajeito-as em meus braços. Esboço um sorriso amarelo. — Obrigada.

— A seu dispor. - afasta-se.

Subo os degraus da entrada do edifício da Empire, e faço o meu caminho diário. Aceno para alguns colegas, desejo-lhes um bom dia e, amassando o bilhete, empurro-o para dentro da minha bolsa aberta por uma mínima fresta. Endireito o meu casaco, e ergo minha cabeça no mesmo instante em que as portas do elevador são abertas, deixo-o e caminho pelos corredores. A recepção ainda estava vazia, então cumprimento apenas a copeira que limpava o filtro ao lado das cadeiras e sofás de espera.

Entro em minha sala, e acomodo-me na cadeira, atrás da mesa pouco organizada. Começo o meu trabalho, recebendo ligações logo pela manhã, e tendo que checar algumas entregas e números de confirmação de envio para outras. Esqueço-me completamente de e alimentar.

Assim que junto toda a papelada, suspiro, soltando meu corpo em minha cadeira. Meus dedos doíam, tinha certeza que se pudessem gritariam se tivesse que digitar ou anotar mais alguma coisa pelos próximos minutos, talvez horas.  Balanço a cabeça, e só então percebo que não estou sozinha. Entre os batentes da porta que costumava estar sempre aberta, estava Justin, com as mãos nos bolsos de sua calça de alfaiataria, com as pontas do terno erguidas.

— Oi. – saúda-me, sinto minhas mãos suarem.

— Oi. - minha voz sai por um fio.

Ele percebe minha fraqueza.

— Como você está?

— Estou... - levanto-me da minha cadeira depressa, mas com a minha velocidade acabo ficando um pouco zonza.

Seguro na ponta da minha mesa, e ouço os passos firmes e apressados se aproximando. Um par de mãos envolvem minha cintura, ajudando-me a me estabilizar com meu próprio peso.

— O que está sentindo? - sopra contra meu rosto.

Minhas mãos estavam formigando.

— Eu... Foi só... - nego com a cabeça e dou um passo para trás. Não consigo me livrar de seu aperto. — Eu estou bem. Foi apenas uma tontura.

— Você se alimentou hoje? - pergunta e eu dou mais um passo para trás, mas ele não me solta.

Inferno de proximidade!

— Não. Distrai-me enquanto adiantava algumas coisas e...

— Eu te pedi para comer algo pela manhã, Kelsey. Você não pode trabalhar estando com fome. - soa um pouco ríspido.

— Eu estou bem, Justin. – encaro o relógio pendurado na parede. — Está na hora do meu almoço. Eu vou comer e tudo ficará bem.

Seus lábios rosados naturalmente, ficam em uma linha reta, e seus dedos pressionam um pouco mais forte em minha cintura, felizmente, coberta por roupas grossas e quentes.

Quentes demais para o momento.

— Eu vou me...

— Papai! - a voz de uma criança ecoa na sala.

Assustados, olhamos para a porta. Com as mãos, afasto-me de Justin, empurrando-o pelo peito, ambos cambaleiam em alguns passos grogues para trás. Ele franze o cenho, e olha para o garotinho loiro de olhos azulados, agarrado em um dinossauro muito grande e verde de pelúcia.

Oh meu Deus!

É o filho de Justin.

Eles são tão parecidos, a cópia fiel um do outro, mudando apenas um detalhe aqui, um traço ali.

— Não disse para ficar em minha sala até que eu voltasse, Luke? - questiona autoritário, e o garoto fica levemente entristecido.

— Desculpe, papai. Mas eu estou com fome. - olha para o chão, envergonhado.

— Nós já vamos almoçar, garotão. - murmura mais calmo e a adorável criança sorri, voltando a olhar para o pai. Seu olhar curioso vagueia pela sala, até que se vidram em mim. Engulo a bile que rasga minha garganta. — Esse é meu filho.

Justin coloca as mãos, mais uma vez, nos bolsos de sua calça e analisa minha reação.

Eu não sabia o que dizer.

Queria gritar.

Correr.

Esconder-me.

— Ele se parece muito com você. - é o melhor que consigo fazer, desviando o olhar do homem para o garoto.

Mas tenho certeza que Justin sorri.

— Eleanor fica furiosa quando as pessoas perguntam se ele é mesmo seu filho. Todos sempre dizem que é como se me vissem em miniatura. Dela ele possuí apenas o nariz, e talvez as orelhas. - arfo ruidosamente, contra minha própria vontade.

Meu olhar caí para meus pés. Não consigo disfarçar minha insatisfação em ouvir o nome de sua esposa como se estivéssemos em um momento amigável. Não dava.

Não depois de tudo o que aconteceu.

— Kelsey, eu...

Culpa.

Culpa.

E mais um pouco de culpa.

— Não, Just... Senhor Bieber. Está tudo bem. - obrigo-me a olhar para ele e sorrir. Um sorriso falso e sem empolgação. — Vou almoçar antes que o meu horário termine.

Vasculho depressa a sala, e guio-me para apanhar a minha bolsa no sofá ao lado de um vaso de plantas que estavam quase mortas. Agarro as alças, e antes de sustentá-las em meu ombro esquerdo, meu braço é contornado por uma mão forte, mas ao mesmo tempo gentil. Não havia força, ele queria apenas que eu não fosse sem ouvi-lo.

— Kelsey, por favor...

— Leve o seu filho para almoçar, senhor. Não se preocupe comigo. - minha garganta se fecha. — Nos vemos na reunião das três e meia.

Sorrindo de canto, desfaço-me de seu breve aperto. Antes de sair da sala, olho pela última vez para o pequeno garoto loiro de olhar brilhante e curioso. Ele sorri para mim, com as bochechas e ponta do nariz coradas. Meus olhos marejam, e mesmo que eu tente sorrir de volta, não consigo. Passo pela porta como um furacão.

No corredor, esbarro-me em um corpo pelo caminho, desculpo-me depressa, sem erguer a cabeça. Não queria que ninguém me visse nesse estado de fraqueza. Aproveito pelo elevador estar com as portas abertas, havia apenas uma senhora ao lado, ela pressiona os botões, e, finalmente, posso respirar. Arrasto para o lado a lágrima solitária que derrama do meu olho direito.

No restaurante da empresa, procuro por uma mesa vazia, mas não avisto nenhuma. Penso em me sentar em um dos bancos do balcão, mas um assobio atrás de mim chama minha atenção. Estreitando os olhos, viro-me para procurar pelo dono do som, e encontro o rapaz que me fez companhia alguns dias atrás.

— Ei! - abre um belo sorriso.

— Oi... - torço os lábios. — Trenton, certo?

O seu sorriso se amplia.

— Lembra-se de mim? - assinto.  — Sinto-me honrado, senhorita.

Mordisco o lábio inferior, sentindo o rubor assumir posse do meu rosto.

— Está sem mesa? - pergunta quase casualmente.

— Parece que cheguei atrasada. - dou de ombros e ele sorri.

— Estou sozinho. Quer se sentar comigo? - ergue as sobrancelhas. — Acho que hoje é um bom dia para eu lhe retribuir a sua gentileza.

Solto uma risada baixa.

— Parece justo. – dá-me passagem, apontando para a mesa.

Seguimos até a mesa que compartilharíamos. Gentilmente, Trenton arrasta uma das duas cadeiras para mim, e senta-se na outra. Deixo minha bolsa em minhas pernas, e esboço um sorriso assim que um garçom se aproxima, entregando para nós dois cardápios. Escolho massa fria, frango grelhado e salada. Meu novo colega escolhe o mesmo, mas ao invés do suco de laranja, pede uma soda.

Não saberia dizer quando começou, mas precisei cobrir meus lábios com as mãos para evitar as risadas ruidosas que me escapavam a cada comentário do homem divertido que fazia caras e bocas a cada história que me contava de alguns funcionários e seguranças. Até mesmo quando a nossa comida chegou, precisei pedir um tempo para comer e bebericar meu suco sem engasgar.

— Então, daqui você vai para a universidade? - pergunta enquanto termina o seu Milk Shake de baunilha com nozes, escolhido por mim. E eu tomo o meu de chocolate com frutas vermelhas, escolhido por ele.

Foi uma troca que fizemos como se fossemos amigos de longa data.

— Sim. Saio daqui às pressas para não me atrasar. – dou de ombros e sua expressão ganha seriedade.

— Você tem carro, certo?

— Não. - suspiro, pensando que eu precisaria logo de um. — Eu pego um ônibus.

— Você fica vagando para cima e para baixo de ônibus. - olha-me com repreensão. — Isso é perigoso, Kelsey.

— Não é perigoso. - me defendo. — Continuo inteira, Trenton.

Ele maneia a cabeça.

— Pois de hoje em diante, eu vou te levar. Todos os dias.

— Como é?

— Moro perto de sua universidade. Eu posso te levar, e será o meu caminho. - arregalo os olhos. — Posso te levar em casa também...

— Não. Sem chances, Trenton. - replico, exasperada. — Eu nunca lhe pediria para fazer isso.

— Sei disso, mas eu quero fazer. - diz calmamente. — Assim, eu posso te conhecer melhor, fora da empresa.

Sorri galanteador.

Sinto-me derreter com o seu sorriso.

— Não. Isso é demais e...

— Kelsey... - segura a minha mão sobre a mesa. — Quero mesmo te conhecer, e para isso, preciso estar próximo, de algum modo. Deixe-me fazer isso. Eu juro que não sou uma pessoa má e só quero te ajudar a permanecer inteira.

— Eu não sei. Isso é abuso da minha parte. - choramingo.

— Não é. - mais um sorriso. — Por favor? - faz biquinho e eu jogo o guardanapo em sua direção.

Ele me contou que conseguiu sair de casa e viver sozinho usando o seu beicinho que era o ponto fraco de sua mãe coruja. O homem esperto solta uma gargalhada, e pressiona os lábios nas costas da mão que ele ainda segurava. Arrepio-me com o toque de sua boca gélida em minha pele quente.

— Isso não funciona comigo. - afasto a minha mão.

— Droga! Irei precisar rever os meus conceitos sobre isso. - finge estar chateado, e eu rolo os olhos, rindo.

— Meu horário de almoço chegou ao fim. - verifico as horas na tela do meu celular. — Preciso ir.

— Eu também vou. - fica de pé no mesmo instante em que me levanto. — Obrigado pelo almoço incrível, Kelsey.

— Eu que agradeço. - seguro firme nas alças da minha bolsa.

Entreolhamos-nos por um instante, como se pensássemos como devíamos mesmo nos despedir. Talvez um aceno, um aperto de mãos. Surpreendo-me com braços firmes puxando-me pela cintura, acolhendo-me em um abraço caloroso e um tanto quanto confuso, primordialmente. No entanto, antes que meus braços envolvam-no de volta, sinto-me cambalear para trás ao mesmo tempo em que o algo tromba no corpo de Trenton. Assustados, nos soltamos e olhamos para trás, avistando apenas as costas de uma figura loira caminhando em passo ferozes, segurando a mão de seu filho.

— Parece que alguém provocou a fera. - Trenton balbucia e endireita o seu corpo, alisando seu terno.

— Você está bem? - pergunto e olho para trás, mas não vejo mais Justin.

— Estou. – sorri minimamente. — Parece que alguém jogou algumas merdas no paraíso.

— Ele parece mesmo irritado. - murmuro.

— Tome cuidado. O senhor Bieber tem umas oscilações repentinas de humor.

— Eu já percebi. - murmuro mais uma vez, e ainda mais baixo.

— Bom, eu vou voltar ao trabalho. - diz. — Irei lhe aguardar lá em baixo para te levar até a universidade.

— Trenton...

— Não adianta bater o pé. Eu vou levar você. - beija o lado esquerdo do meu rosto rapidamente, deixando-me zonza. — Bom trabalho. Vejo-te mais tarde.

Ele me dá as costas e faz o seu caminho para o seu andar. Suspiro, e faço o meu caminho de volta para a minha sala. Ao passar em frente a sala do meu chefe, encaro a madeira bem polida, mas não atrevo-me em bater. Esse homem não tem controle!

Adentrando em minha sala, sento-me em minha cadeira. Estreito os olhos, avistando um amontoado de folhas espalhadas por minha mesa, havia alguns envelopes de documentações também. Correndo os olhos pelos papéis, tenho certeza que eram os mesmos que havia enviado ao diretor algumas horas atrás, e alguns de dias que levaram para serem revisados.

Confusa, apanho o aparelho de telefone e disco o número da sala do senhor Bieber, ele atende no primeiro toque.

— Sim? - sua voz soa em sua rouquidão rotineira.

— O que são esses papéis em minha mesa, senhor?

— Documentos? - diz em tom obvio. Respiro fundo.

— Eu sei. Mas, porque estão aqui? O senhor os leu e...

— Estão todos com erros de digitação. Jogue-os fora, e refaça.

— O que? - minha voz sai alterada. — Eu verifiquei tudo e...

— Está dizendo que estou mentindo ou que estou equivocado, senhorita?

— Não, mas...

 Corrija seus erros, e preste mais atenção da próxima vez.

Eu fico sem fala.

O que aconteceu com esse homem?

— Mais alguma coisa? - pergunta rudemente.

— Não... - minha voz sai arrastada pela decepção e surpresa.

— Ótimo. - ele encerra a ligação.

Coloco o telefone no gancho e encaro as pilhas de papéis.

Justin nunca havia me tratado com tamanha frieza, nem mesmo em meus primeiros dias de trabalho. Isso era tão assustador e frustrante. Queria gritar com ele, fazê-lo entender que não sou incompetente, que sei bem que meu trabalho foi realizado com minha total dedicação. Mas, tudo o que realmente faço é encolher-me na cadeira e começar a ler cada um dos documentos.

Reviso tudo com atenção dobrada. Não encontro nada fora do lugar, nenhum único erro. Nenhuma vírgula, ponto ou mancha gráfica. Estava tudo perfeito. De qualquer maneira, refaço cada um deles, linha por linha. Parágrafo por parágrafo. Concentro-me pelo resto da tarde em meus afazeres do dia, pois o senhor Bieber desmarcou a reunião que teríamos de seguir. Na verdade, eu desmarquei, obedecendo as últimas palavras que ouvi direcionar a mim em uma chamada tão breve que me causou apenas ira. Desmarque a reunião. E fim da chamada.

Estava no fim do meu expediente, completamente atrasada para a universidade. Juntei todas as minhas coisas em tempo recorde, apressei-me para o elevador, com as portas prestes a se fechar, e antes que um rugido me escape, uma mão masculina segura às portas para mim.

— Obrigada. - sussurro e entro no elevador, finalmente olhando para cima e avistando dois homens.

Um moreno desconhecido, e uma cabeleira brilhante e loira que eu conhecia bem.

O moreno sorri para mim, inclinando a cabeça para o lado.

— Não sabia que havia moças tão bonitas nesse andar. - assobia.

— Fique quieto. - Justin rosna.

— Relaxa, cara. - devolve e sorri para mim. Abraço minha bolsa e encaro o painel com os botões. — Como se chama?

— K-Kelsey. - replico, gaguejando.

Olho de soslaio para Justin, e assisto seu maxilar travar-se.

— É um prazer conhecê-la. - o moreno sorri com intenções. — Eu me chamo Nicholas.

Os punhos de Justin se apertam. Com o olhar escuro, encara as portas de metal como se pudesse fazer um buraco entre elas. No instante em que são abertas, o homem avança para fora como um raio. Já Nicholas, me olha antes de sair.

— Acho que irei visitar o meu primo mais do imaginei. - umedece os lábios  e olha diretamente em meus olhos. — Nos vemos em breve, Kelsey.

Um calafrio me faz recuar alguns passos para trás.

Não compreendia o clima pesado que havia se formado dentro do elevador, mas não gostei nem um pouco disso.


Notas Finais




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