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História Camouflage (EM PAUSA) - Chapter Fourteen


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Hello hello, babes! Perdoe-me pela demora, mas perdi muitos capítulos já escritos da Camouflage e estou tendo que reescrevê-los. Bom, quero agradecer pelos comentários do capítulo anterior, não sabem como amo lê-los e saber que estão gostando do rumo da história, isso me deixa muito feliz. Sem mais delongas, vamos ao capítulo da semana, espero que gostem <3

*Capítulo ainda não revisado, perdoem-me se houver erros*

Capítulo 15 - Chapter Fourteen


Fanfic / Fanfiction Camouflage (EM PAUSA) - Chapter Fourteen

Eu estava aturdida com tudo o que estava acontecendo nesses últimos dias e ter Justin dentro desse avião, sentando ao meu lado e insistindo em dizer que estava indo comigo para o Texas não estava me ajudando á ter pensamentos claros e coerentes.

Realmente lhe perguntei o que ele fazia aqui, mas ele continuava mantendo firme sua resposta de horas atrás. Seu ar natural e despreocupado estava me deixando á beira de arrancar meus cabelos. O que ele tinha na cabeça? Como ele me encontrou? Caramba. Desde o dia em que abandonei definitivamente a Empire Bieber eu me certifiquei de não manter contato com ninguém que trabalhasse lá, até mesmo Trenton eu tenho evitado, por mais que eu sinta falta de seu bom humor matinal.

— Aqui é bem bonito. - ele diz quando levávamos nossa bagagem sobre o carrinho para fora do aeroporto.

Eu o olhava incrédula, odiando-me por não conseguir olhá-lo sem admirar sua beleza que parecia mais crescente á cada dia que eu não o vira mais.

— Você está aqui á trabalho, certo? - pergunto e ele me olha por cima de um de seus ombros.

— Eu já lhe disse o que estou fazendo aqui umas vinte vezes nas últimas horas, Kelsey. - diz tranquilamente. — O senhor pode fazer uma corrida para nós? - ele pergunta á um taxista e o mesmo assente. — Qual o nosso destino?

— Qual o seu problema, Justin? - pergunto alterada, ele me olha com o cenho franzido. — Porque está aqui? Volte para casa, para sua esposa e seu filho.

— Estou aqui agora, Kelsey. Estamos indo juntos até a casa de seus pais e quando estiver com a cabeça fria, nós iremos ter a conversa que precisamos ter. - diz e sorri complacente.

— Não temos nada para conversar. - digo e digo o endereço da casa dos meus pais para o taxista que guardava nossas malas no porta-malas de seu táxi amarelo.

— Você sabe que precisamos e eu não irei embora até termos essa conversa. - replica e eu entro no carro, me ajeitando enraivecida no banco de trás e logo ele se senta ao meu lado.

— Espero que goste do Texas, pois não haverá conversa. - digo e cruzo os braços.

— Dallas é uma das minhas cidades favoritas. - ele diz e fecha a porta, olhando-me com divertimento nítido em sua expressão. — Não tenho pressa.

Murmuro palavrões e acompanho pela janela o taxista entrar e movimentar seu carro pelas ruas de Dallas. Estava do mesmo jeito de quando eu a vira pela última vez, contendo apenas alguns prédios novos em construção, mas tudo ainda estava igual. Era um bom lugar para se viver, o clima quente era agradável para quem gostava de calor e os lugares bonitos eram esplendorosos aos olhos dos turistas ou fotógrafos.

Seguimos em silêncio por todo o caminho. Justin mexia em seu celular, parecendo concentrado no que fazia. Eu não pude deixar de observar sua roupa, completamente casual, com uma camisa gola polo azul marinho, uma calça jeans e um par de tênis. O seu cabelo estava despenteado e fios rebeldes caiam em sua testa, causando-me um formigamento nas mãos para que eu os tirasse e os impedisse de cobrir seu rosto.

Não. Eu o odeio.

Ele não devia estar aqui. Inferno! Ele realmente não devia estar aqui.

— Justin e a empresa? O seu filho? A sua vida? - despejo sobre ele minhas perguntas. Ele ergue as sobrancelhas e me olha, desligando a tela de seu celular.

— A empresa está nas mãos do vice-diretor. Luke está com minha mãe, pois Eleanor fez uma viagem, assim como eu. E a minha vida... Bom, eu não sei definitivamente como ela está. Talvez eu esteja vivendo-a. - ele faz graça e eu mantenho minha expressão séria.

— Isso não faz sentido. - retruco.

— Nada na minha vida faz. - diz baixo e vemos o taxista estacionar o carro em frente a minha pequena casa.

— É aqui senhorita? - ele pergunta e olha-me pelo retrovisor.

— Sim. É aqui. - um frio estranho se instala em meu estômago.

Abro a porta e saio, Justin faz o mesmo e o taxista também. Eles começam a tirar as malas do porta malas e eu observo o jardim que a minha mãe sempre tirava horas da tarde para mantê-lo bonito e sempre aparado. O meu pai cortava a grama e a ajudava com o trabalho pesado, tudo para fazer aquela mulher feliz com a sua vista favorita no mundo.

— Aqui está. - ouço Justin dizer e o vejo pagando pela corrida. Maneio a minha cabeça e coloco minhas mãos na cintura.

— Eu posso pagar pela corrida, Justin.

— Eu não disse que não podia, mas eu estou pagando. - diz e meus lábios tremem.

— O que está acontecendo com você? Quando se tornou tão irritante e impassível? - ele umedece os lábios.

— Acho que tudo começou quando você se recusou á me atender. - diz e antes que eu possa desferir tapas em seu rosto, tento pegar a minha mala, mas ele é mais rápido. — Não vamos dar inicio á uma guerra, Kelsey.

— Você está tornando isso em uma guerra. - digo e ele suspira.

— Nós estamos. - ele arrasta nossas malas e o taxista arranca com o seu carro, provavelmente deduzindo que somos loucos ou estamos em crise.

— Você realmente não devia estar aqui. - digo e começo a andar até a entrada da minha casa.

— Talvez.

Subimos a pequena escada e paramos na varanda enquanto aperto a campainha. Não demora para que eu ouça passos apressados no assoalho de madeira do lado de dentro da casa. A porta se abre e eu tenho a linda visão da minha mãe. Seus cabelos ruivos estão despenteados, mas em seu tradicional rabo de cavalo no alto de sua cabeça. Sua blusa floral se contrasta com sua calça caqui com mais de dois palmos faltando para tocar seus pés calçados por sandálias de dedo.

— Kelsey? Oh meu Deus. Kelsey! - ela diz exasperada e me puxa para um abraço sufocante, mas acolhedor.

— Olá, mamãe. - digo e lhe retribuo o abraço.

Ela me afasta e me segura pelos ombros.

— Como está linda. - ela olha-me de cima á baixo. — Mas está tão magrinha, filha. Não me diga que está vivendo á base de comida congelada?

— Mamãe! - lhe repreendo por saber que Justin nos observa com atenção.

Ela olha para trás de mim e seus olhos brilham quando ela se depara com ele. Seu sorriso doce se expande e eu me afasto para que eles se cumprimentem.

— Quem é esse rapaz tão bonito, querida? - ela pergunta e minhas orelhas se esquentam, assim como o meu rosto.

— Esse é Justin Bieber, mãe. - olho para ele que sorri e deixa as malas no chão. — E essa é minha mãe.

— É um prazer conhecê-la, senhora Doyle. - ele estende sua mão para ela que a segura e se derrete quando ele vira-a e beija as costas de sua mão com sua brilhante aliança.

— Não me chame de senhora, chame-me apenas de Dulce. - ela sorri largamente.

Eu só quero correr para o meu refugio e me esconder por um bom tempo.

— Entrem, por favor. - ela diz e dá passagem para que entremos. Justin leva nossas malas e as deixa no cato da sala.

— Onde está papai? - pergunto-lhe.

— Está no trabalho, mas já está chegando. - ela sorri e olha para Justin que silenciosamente parecia avaliar a minha casa.

Tudo estava em seu devido lugar e bem organizado como minha mãe gostava de deixar. Os moveis envelhecidos bem alinhados, os quadros e porta-retratos nas paredes, e os vasos de flores espalhados pelos aparadores ao redor da sala.

— Estão com fome? Acabei de passar café e tirar um bolo quentinho do forno. - ela nos oferece.

Comemos no avião, mas não tomamos café da manhã. Eu não pude esconder a minha felicidade de poder saborear a comida da minha mãe novamente.

— Eu adoraria, Dulce. - Justin diz galanteador e começa a acompanhar minha mãe até a cozinha.

Fico estática por algum tempo na sala, sem acreditar que isso estava mesmo acontecendo. Esse homem só pode estar tentando testar a minha sanidade mental, pois não há outra explicação para todos os seus ataques e atitudes.

Desde que ele entrou em minha vida, ou eu entrei na sua, tudo estava se tornando uma grande bola de neve, e algo me dizia que um de nós sairia devastado dessa história toda. E eu sabia que esse alguém seria eu.

Sigo até a cozinha e me sento do lado oposto ao que Justin estava. Ele conversava animadamente com minha mãe que o ouvia falar como era ser dono de uma das maiores empresas do país.

Meu pai logo chegou e se animou ao ter o meu chefe em sua casa, os dois foram para a varanda conversar sobre negócios e futebol americano. Eles se deram incrivelmente bem e eu ajudei a minha mãe na cozinha após levar minhas malas para o andar de cima. Bati duas vezes na porta do quarto de Kyle, mas ele não respondeu, talvez estivesse dormindo já que ainda era cedo.

— Ele não vai sair, filha. - mamãe diz quando volto com uma bandeja com comida nas mãos.

— Ele tem que se alimentar, mãe. Ele não pode ficar trancado no quarto o dia inteiro. - digo e coloco a bandeja na pia, frustrada e irritada.

— Ele é assim. Se ele quiser comer, ele irá descer. - diz calmamente enquanto corta os legumes para o seu refogado.

— Porque não me disse que o seu chefe também viria? Fomos pegos de surpresa, filha.

— Eu também não sabia. - digo baixo e começo a lavar a louça que estava novamente suja.

— Ele irá se hospedar aqui?

— O que? - solto a esponja com sabão dentro da pia. Mamãe permanece de costas cortando os legumes.

— Ele estava com uma mala, pensei que ele ficaria aqui em casa.

Seria loucura ter Justin dentro dessa casa até o dia em que eu fosse embora. Quero dizer, ele não veio aqui para isso. Tenho certeza que ele quis me provocar e arrumar maneiras de me colocar contra a parede ao seguir viagem comigo, mas ele deve partir para algum hotel quando lhe for conveniente. Se Dallas é o seu lugar preferido, ele deve conhecer tudo por aqui.

— Eu realmente não sei. - digo e foco nas louças sujas.

— Ele é ainda mais bonito do que pelas fotos. - ela diz animada. — Uma vez vi a foto da sua esposa, ela é muito bonita.

Fecho os olhos. Droga, ela tem razão. Não apenas em dizer que ele é ainda mais bonito, mas também em dizer que sua esposa é linda. Ele é casado, traiu sua mulher e está na casa da minha família, em uma viagem que não lhe diz respeito, a troco de que? O que se passa pela cabeça daquele homem?

Jesus, eu estou pirando.

— Vou levar o lixo para fora. - digo e corro para fora de casa, pelos fundos.

Ando pelo nosso jardim e sinto uma enorme rajada de nostalgia se apossar do meu corpo. Tenho muitas lembranças boas dessa casa. Inclusive da enorme e mais bonita árvore que havia em nosso quintal. Olho para cima e sorrindo vejo a pequena casa de madeira construída no alto. Eu e Kyle amávamos correr lá para cima e esperar até que a noite chegasse para que voltássemos para casa. Ele me contava sobre suas brigas no colégio e eu lhe falava sobre minhas amizades. Nós tínhamos muito em comum e nossa promessa era sempre cuidar um do outro.

Apanho a lágrima solitária que escorre pelo meu rosto antes que outras venham e ando até as latas de lixo e coloco tudo dentro delas. Ando de volta para casa e mais uma vez tento bater na porta do quarto do meu irmão que eu não via á meses e pareciam que faziam mais de dez anos. Eu sentia falta dele. Eu sentia falta de nós.

Bato na porta e espero alguns minutos. Ouço um barulho do outro lado e me afasto da porta, ouvindo-a se destrancar.

— Kyle, que saudades. - digo quando vejo-o sobre a sua cadeira de rodas, vestido apenas com uma calça jeans e um par de tênis.

— É bom te ver, Kelsey. - ele diz e eu sinto-me radiante apenas pelo esboço do sorriso que surgiu em seu rosto.

Ando até ele e me ajoelho em sua frente, ficando á sua altura antes de beijar sua testa e lhe abraçar. Seu cabelo despenteado era sempre o que lhe deixava ainda mais bonito. Ele possuía três tatuagens em seu braço direito. Lembro-me do dia em que ele chegou em casa com o primeiro desenho escuro em seu bíceps, o meu pai surtou e o ameaçou tirá-lo de casa caso ele continuasse, pois ele tinha penas dezesseis anos. Nossa diferença de idade é apenas de dois anos, e eu como a mais nova sempre o via levar broncas por ser rebelde e determinado ao extremo. Ao meu ver, uma qualidade que sempre admirei, mas agora eu não via mais sua determinação.

— Está tão bonito. - digo olhando para o seu rosto e acariciando o sue rosto.

— Mas continuo um invalido. - diz com amargura e manobra as rodas de sua cadeira para trás, afastando-se de mim.

— Não diga isso, Kyle. Você sabe que as coisas não são assim. - digo e ele ri sem humor.

— Como não, Kelsey? Estou nessa merda á tanto tempo e ninguém conseguiu me fazer andar novamente. - ele diz alterado. — Vocês tem muita fé no que não tem salvação. E eu não preciso ouvi-los me dizendo todos os dias que quando eu menos esperar irei andar, porque eu sei que não vou.

— Kyle...

— Porque está aqui, Kelsey? Porque deixou sua vida dos sonhos para estar aqui? - ele me olha e eu não vejo o brilho dos olhos do meu irmão. Estão escuros, sombrios e inexpressivos. — Eu não preciso da sua pena.

— Eu não sinto pena de você.

Ele ri da mesma maneira novamente.

— Todos que me veem em cima dessa coisa sentem pena. Não diga que você também não sente, pois está nos seus olhos que existe pena. - ficamos nos encarando. — Saia daqui.

— Eu não...

— Saia! - ele grita e em um sobressalto me coloco para fora do seu quarto, vendo-o se mover agilmente e bater a porta, passando a chave do lado de dentro.

Encosto-me sobre a madeira e fecho os olhos, sentindo as malditas lágrimas caírem e molharem todo o meu rosto.

Ele tem razão ao dizer que eu sinto pena dele, pois eu sinto. Eu sinto pena do que ele se tornou e de tudo o que ele está se privando. Ele é jovem, bonito e tem uma vida pela frente, ele sobreviveu á um acidente que poderia ter tirado sua vida, mas ele lutou contra tudo para viver, e desistiu quando algo lhe aconteceu. Não posso dizer á ele que entendo a sua dor, pois eu não entendo porque eu não á sinto, mas eu sei que ele pode dar a volta por cima e vencer até mesmo isso. Ele sempre me fez acreditar no impossível, e eu queria fazê-lo acreditar também.

Ele se engana ao dizer que a minha vida é perfeita, sendo que a de ninguém é. Eu fui embora apenas para buscar algo melhor para mim e para ele e meus pais. Eu quero que eles sejam felizes e tenham uma vida dos sonhos, mas quanto mais eu tento, parece que mais eu perco. Saindo da Empire eu não perdi apenas o dinheiro, mas corro risco também de perder o meu apartamento e a admiração dos meus pais, as poucas coisas que me restam.

Merda! Eu não sei o que fazer.

Eu queria arrastar Kyle para fora daquele quarto e mostrar á ele que todas as pessoas sofrem. Cada uma de seu jeito, cada uma com sua dor, mas elas não desistem, elas levantam mais fortes e lutam, seja por algo fácil de se alcançar ou não. Não posso prometer á ele que suas pernas voltarão á ativa, mas posso lhe prometer que eu nunca desistirei de acreditar nisso e que sempre estarei com ele, mas ele precisa tentar. Ele precisa se esforçar para se agarrar naquele um por cento de chance que os médicos lhe dão.

— Kelsey? - ouço a voz de Justin no topo da escada. — Está tudo bem?

Abaixo a minha cabeça e seco minhas lágrimas depressa.

— Claro. Estou bem. - desencosto-me da porta do quarto de Kyle e dou-lhe as costas, enquanto continuo tentando me livrar das lágrimas.

— Eu só...

— Irei tomar um banho. Se precisar de algo, pode pedir aos meus pais. - corro até a porta do meu antigo quarto. — Volto logo.

Entro e fecho a porta atrás de mim, me sentindo mal por agir dessa maneira com Justin, mas quanto menos ele souber dos meus problemas, menos ele irá se envolver nisso tudo.

Olho ao redor e um soluço me escapa. Meu quarto estava arrumado da mesma maneira que o deixei, a decoração lilás era algo que sempre me agradava. Minha cama cheia de travesseiros e ursos de pelúcia era o meu lugar de paz quando a noite caia e eu ouvia meus pais brigando no quarto ao lado. Ando até a cama e toco o cobertor macio também lilás e com cheiro de lavanda.

Deito-me e me encolho da melhor maneira que consigo, abraço o meu coelho de pelúcia e sinto seu cheiro de amaciante denunciando que minha mãe o lavou recentemente. Fito a porta fechada com algumas figuras dos meus cadernos do colegial e o coração riscado na madeira com as letras ''K & K''.

Eu choro. Eu choro como eu me segurei para não chorar em todo esse tempo.

Estou fraca, quebrada e com cicatrizes que ainda doem.

Mas vai passar. Precisa passar.

(...)

Evitei qualquer contato visual com Justin durante o dia que pareceu se arrastar para passar. Quando meu pai o levou para passear pela cidade e disse que ele ficaria no quarto de hospedes no final do corredor, eu deixei cair o vaso de flores da minha mãe e precisei dizer que tinha sido apenas uma vertigem e não que eles estavam cometendo um grande erro ao convidá-lo para ficar em nossa casa.

Nós estávamos prontos para o jantar e por algum milagre Kyle desceu para jantar. Estava bonito e com o cabelo penteado. Ele apenas cumprimentou Justin, sem lhe dar a moral que meus pais lhe deram, esse era o seu jeito de dizer que não queria proximidade e o loiro entendeu de imediato.  

Meu irmão dispensou qualquer ajuda de um de nós para se servir. Mamãe fez sua sobremesa preferida, mas ele não sorriu nem mesmo para isso e nem lhe agradeceu.

— No domingo haverá uma partida de campo em uma quadra aqui perto, Justin. Gostaria de ir? - meu pai lhe oferece e eu paro o meu garfo no ar.

— Claro. Eu adoraria. - ele sorri. — Mas não sei se ainda estou em forma para jogar.

— É um jovem, tem energia de sobra. - meu pai diz sorrindo. — Eu e Kyle jogávamos sempre e ele nunca deixava seu velho vencer.

Kyle abaixa o seu garfo e sua faca. Eu faço o mesmo, vendo seu semblante duro tornar-se aterrorizante.

— Kyle, não! - eu peço-lhe baixinho, mas ele não me ouve.

 — Quer tentar uma partida agora? - meu pai perde seu sorriso. — Talvez agora o senhor vença de mim. Vamos lá.

— Kyle, por favor. O seu pai apenas fez um comentário. - minha mãe diz.

Olho para Justin e sua cabeça está baixa, mas ele não parece demonstrar surpresa ou incomodo.

— Kyle, eu não quis...

— Vocês são a família perfeita, agora podem adotar esse homem como o novo filho de vocês. Ele pode andar e correr para onde quiser! - ele arrasta sua cadeira para trás e a leva em direção à sala, empurrando a porta lateral e entrando na sala de jogos que ele tanto se dedicou.

Todo o meu apetite havia desaparecido, assim como a minha vontade de permanecer na mesa. Olho para a minha mãe e vejo sua tristeza brilhando em seus grandes olhos verdes. Meu pai retira seus óculos de grau e o coloca ao seu lado na mesa, massageando suas têmporas.

— Pedimos desculpas por isso, Justin. Kyle está impossível desde que... - minha mãe puxa um pouco de ar para seus pulmões. — Desde que aconteceu o acidente.

Justin maneia sua cabeça e olha-a com ternura.

— Não se desculpem. Eu entendo perfeitamente. - ele sorri amarelo.

Eu arrasto minha cadeira para trás e me coloco de pé.

— Preciso de um pouco de ar. Com licença. - viro as costas antes que digam algo.

— Kelsey! - meu pai me chama, mas não paro de andar.

— Estou bem, pai.

Ando rapidamente pelo jardim e paro em frente á árvore. Subo a escada com um pouco de dificuldade e me lembro das inúmeras vezes que eu precisava da ajuda de Kyle para subir. Piso no topo e me sento na entrada, olhando para trás e vendo que não havia mais nada além dos nossos desenhos feitos com tinta e giz de cera. Conforme crescíamos, vínhamos menos até aqui, mas havia dias que nós dois precisávamos do nosso lugar e quando nos encontrávamos ficávamos um ao lado do outro, sem dizer uma palavra.

Sinto um movimento ao meu lado e vejo Justin se acomodando ao se sentar. Era engraçado ver alguém do seu tamanho e com seu porte em um lugar tão pequeno.

— Casa legal. - ele diz e olha para trás de nós.

— O meu pai fez para nós quando insistimos que queríamos uma casa na árvore. - digo sorrindo. — É legal estar aqui.

— Você está bem? - ele pergunta, agora olhando para mim.

Dou de ombros.

— Vou ficar. - suspiro. — Era por isso que eu não queria que você estivesse aqui, Justin.

— Não queria que eu visse que você também tem problemas, Kelsey? - ele aproxima o seu rosto. — Todos nós temos problemas. Pode-se dizer que a vida de cada ser vivente é feita de problemas.

— Mas os meus parecem nunca acabar. - digo baixo e semicerro os olhos ao sentir a gostosa rajada de ar que bate em nós. — Eu sempre tento mostrar o lado bonito para as pessoas, mas não consigo ver esse lado quando se trata de mim.

— Então não tente ver, apenas feche os olhos e sinta. - olho-o confusa. — Sinta os pontos bons da vida, não corra atrás, pois quanto mais correr, mais correrão de você. Meu pai me disse uma vez, que só alcançamos o que queremos quando paramos de procurar por aquilo que desejamos e esperamos pelo que precisamos.

— O seu pai era sábio. - digo com um fraco sorriso.

Justin contrai o seu maxilar e leva uma de suas mãos até o meu rosto.

— E eu acho que ele tem razão. - ele pressiona seu polegar em meus lábios entre abertos. A minha respiração parecia ter parado. — Eu procurei por tantas coisas em minha vida que quando parei de procurar algo bom me aconteceu.

Ele se aproxima mais, ficando á um sopro de distância de esbarrar seus lábios nos meus.

— O que está fazendo?

— Descobrindo se eu consegui o que preciso.

Ele me beija. Um beijo diferente de todos os outros. Havia muitas emoções entre a batalha de nossas línguas por posse. Paixão, desejo e o sabor que eu descobri desde o que o beijei pela primeira vez... O sabor do pecado. 


Notas Finais




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