1. Spirit Fanfics >
  2. Camouflage (EM PAUSA) >
  3. Chapter Sixteen

História Camouflage (EM PAUSA) - Chapter Sixteen


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Hallo!
Peço imensas desculpas pela demora, mas precisei me dedicar aos meus estudos, pois vida de universitária não é fácil. Gostaria de agradecer pelos comentários e favoritos, a Camouflage está crescendo muito, de maneira que nunca imaginei. Isso é muito gratificante e motivador para mim. Com todo o meu coração, agradeço muito por isso. Vocês são demais!
Agora, vamos ao capítulo. Espero que gostem. Boa leitura. MWAH!

➞ Capítulo sem revisão, perdoem-me se tiver erros.

Capítulo 17 - Chapter Sixteen


Fanfic / Fanfiction Camouflage (EM PAUSA) - Chapter Sixteen

Minhas mãos suavam. Minhas pernas tremiam. Meu coração batia tão depressa que parecia estar prestes a deixar o meu peito.

Eu estava nervosa. Quando eu completei quinze anos, tive o meu primeiro encontro com um garoto do colégio. Ele era bonito e dois anos mais velho, mas fazia parte do coral como punição dada por seu pai devido notas ruins em algumas matérias. Senti-me tão receosa de que algo desse errado que tentei encontrar desculpas durante toda a semana, mas não adiantou, na sexta a noite ele estava em minha porta, lindo e bem vestido.

Aquele dia foi um completo fiasco. Nós dois éramos um dueto perfeito em desastre. No fim da noite, arruinei tudo quando derramei sobre o meu vestido claro um pouco de suco de laranja, o que deixou uma grande marca e parte de meu sutiã a mostra pela transparência causada pelo tecido fino. O beijo foi horrendo, a nossa falta de experiência fez com que tudo tornar-se pior, e Kyle conseguiu chegar no momento em que ele tentava penetrar a minha boca com a sua língua um pouco nervosa demais. Eu virei motivo de piada para o meu irmão e seus amigos cheios de hormônios. E desse dia em diante, comecei a temer todos os encontros seguintes.

Mas, esse, em especial, parece estar deixando-me ainda mais tensa. Depois do convite feito por Justin, eu não o vi mais, pois a minha mãe fez questão de levá-lo para conhecer a vizinhança e ele até se dispôs a lhe fazer companhia para ir ao mercado, dizendo que gostaria de conhecer o centro da cidade.

Dessa vez, tentei me vestir com elegância, mas deixando transparecer que eu não levei horas em busca de uma roupa, para agradá-lo, em partes. Escolhi um vestido preto que ia até a metade de minhas coxas, as mangas longas eram rendadas e não havia mais detalhes, completei tudo com um par de saltos medianos, com tiras finas amarradas em meu tornozelo. Meu cabelo estava solto, com algumas ondas. E por fim, fiz uma maquiagem simples, deixando apenas meus lábios com um tom forte de batom vermelho.

— Se você fizer um buraco nesse carpete, a mamãe irá surtar. - ouço a voz de Kyle soando da sala de jantar. 

Viro-me para olhá-lo e o encontro girando as rodas de sua cadeira. Ele estava bem vestido, e sua expressão estava serena.

— Está de saída? - pergunto, notando que ele estava usando um de seus melhores sapatos. Era o que ele sempre usava quando tinha um encontro com alguma garota.

Ele dá de ombros e sorri de canto.

— Irei sair com Sebastian e Olivia. - ele diz e eu não consigo conter o meu sorriso.

Sebastian e Olivia eram os melhores amigos de Kyle. Quando o acidente aconteceu, os dois não saíram do hospital até terem noticias concretas sobre o seu estado, e tentaram ajudá-lo em seu momento de negação quando o meu irmão soube que não teria mais o movimento de suas pernas. Ele e Olivia já foram namorados no colegial, mas seguiram como amigos quando ela decidiu que tentaria uma bolsa em Colômbia. Mas eu ainda tinha esperanças de que eles pudesse reatar, pois ela foi a única garota entre todas que ele já se envolveu que me ligou todos os dias para saber como ele estava e vez ou outra vinha até a nossa casa, sorrateiramente, apenas para se certificar de que eu falava a verdade quando lhe dizia que ele estava bem, mesmo que estivesse revoltado consigo mesmo e com o mundo.

 — Isso é ótimo, Kyle. Nossos pais sabem disso?

— Quem você acha que escolheu essa camisa? - ele aponta para a camisa escura, bem passada e alinhada em seu corpo. — O pai ainda tentou me instruir a usar camisinha.

Nos entre olhamos e rimos juntos. Isso era algo que não fazíamos a muito tempo.

— Nossos pais são loucos. - digo ainda rindo, mas assim que cesso a minha gargalhada alta, olho-o com ternura. — Não sabe o quão feliz eu me sinto por estar presenciando isso, meu irmão.

— Eu sinto muito, Kelsey. Durante todo esse tempo eu estive tão preocupado em arrumar pessoas e coisas para culpar por estar sobre essa cadeira que esqueci de olhar para o meu lado e ver que eu ainda tinha pessoas que me amavam comigo. Esqueci-me de ver que eu ainda estou vivo. - ele diz e suspira. — Perdoa-me por ter sido um grande idiota com você. Todas as vezes que tentou me ajudar, eu apenas a destratei. E você sempre foi a minha melhor amiga.

— Ei, não se desculpe. Está tudo bem. - tento continuar a lhe convencer disso, mas ele me interrompe, se aproximando com sua cadeira.

— Por favor, ouça-me. - ele umedece os lábios antes de continuar. — Eu posso ter perdido algo importante para mim, mas eu ainda tenho três pessoas importantes em minha vida. Acho que isso é o suficiente para que eu viva por mais alguns anos, e lide com isso. É sempre muito difícil acordar, tentar espreguiçar-me e colocar os pés no chão e sequer senti-los. Ás vezes me torturo ao olhar as fotos do passado, me lembrando do quão enérgico eu conseguia ser e como eu deixei de apreciar aqueles momentos, apenas por achar que muitos outros viriam. E olhe só para mim... - ele aponta para si mesmo. Eu faço uma careta, mas ele continua. — Estou em uma cadeira de rodas. Eu não posso mais andar, correr, dirigir ou fazer qualquer coisa que envolva as pernas, mas eu estou vivo. Eu estou ao lado das pessoas que me amam e que eu mais amo no mundo. Isso é tudo. - ele sorri, verdadeiramente. Antes que lágrimas transbordem dos meus olhos, ele segura minhas mãos e sorri ainda mais lindamente. — É fodidamente estranho dizer que precisei estar frente a frente com o seu chefe para enxergar isso, mas serei eternamente grato a ele.

— Oh, Kyle... - digo em um sussurro e me inclino para baixo, até abraçá-lo. — Eu o amo tanto.

Afastamo-nos após um tempo, e eu consegui aproveitar cada segundo dentro daquele abraço afetuoso. Quando nos afastamos, ele seu semblante tornou-se sério.

— O Justin parece ser um bom homem, e pelo o que já ouvi falar sobre ele, é um grande empresário. Mas, tome cuidado, Kelsey. - ele diz vagarosamente, como um sermão. — Ele é casado e tem um filho. Não quero que se machuque no final de tudo isso.

— Nós não...

— Não precisa me explicar nada, só me prometa que irá se cuidar. - ele aponta para mim e para ele. — Se você cai, eu caio. Se você se machuca, eu me machuco. Se você sorri, eu sorrio. Lembra-se?

Como eu poderia não lembrar? Quando eu ainda era pequena e nos mudamos para essa casa, um grupo de garotas do novo colégio começaram a implicar comigo, apenas por causa do meu cabelo, elas diziam que era bonito demais para uma garota sem graça como eu. Tentei não levar isso a sério e continuei seguindo com as aulas no colégio, todos os dias, e isso foi um incentivo para que elas continuassem pegando no meu pé. Um dia, elas me prenderam no banheiro e tentaram cortar o meu cabelo, eu chorava e me debatia, implorando para que parassem, mas ninguém parecia ouvir, mas ele ouviu. Kyle entrou como um furacão no banheiro e as intimidou, mesmo em seu porte de adolescente e corpo magro, ele as enfrentou como um verdadeiro leão. E quando o agradeci, ele me disse essas palavras, fazendo-me dever grandes favores a ele, pelo resto de minha vida.

— É claro que sim. - digo e ele sorri, ele faz um sinal para que eu me aproxime. Ele deposita um beijo demorado em minha testa.

Uma buzina soa do lado de fora de casa.

— Acho que chegaram. - ele diz e faz uma careta. — Pode abrir a porta?

— Claro. - digo sorrindo e ando até a porta. Abro-a e me deparo com Olivia, ainda mais bonita, vestida de azul, a cor favorita de Kyle.

Um pouco sugestivo, talvez?

— Olá, Olivia. - digo complacente. Ela me olha surpresa e sorri, me abraçando em seguida.

— É bom vê-la, Kelsey. Você está tão bonita. - ela diz ao se afastar e olha-me de maneira avaliativa.

— Olhe só para você, garota. Não tem mais cabelo colorido. - digo ao ver seus cabelos castanhos.

— Eu acho bem melhor assim. - Kyle diz logo atrás de mim. Afasto-me para o lado e deixo que ele e Olivia se encontrem. — Oi.

— Oi. - ela responde, começando a corar.

— Podemos ir? Acho que Sebastian está tendo problemas com o estacionamento. - ele diz e aponta para o carro que tentava, a todo custo, estacionar em uma vaga entre dois carros do outro lado da rua. Olivia solta uma risada audível e meneia a sua cabeça.

— Claro, vamos logo. - ela diz e abre espaço para Kyle. — Posso te ajudar?

Kyle parece pensar. Ele olha para a garota gentil e em seguida para mim, que apenas o incentivo em silêncio.

— Tudo bem. - ele diz e sorri.

Olivia o ajuda a descer a parte da rampa que meus pais mandaram fazer para ele. Os dois atravessam a extensão do jardim e acenam quando Sebastian o ajuda a entrar no carro e se sentar. O seu amigo acena também para mim, e entra no carro, se sentando no banco do motorista. Observo o carro se afastar e fecho a porta, suspirando em alivio.

— Desculpe pelo atraso, Kelsey, mas eu fiquei um pouco enrolado no mercado com os seus pais, recebi algumas ligações e precisei passar alguns... - Justin dizia enquanto descia os degraus. Viro-me para encará-lo, e quando nossos olhos se encontram, ele para de dizer e deixa de lado os botões que terminava de fechar da sua camisa preta de mangas longas. — Você está... - ele olha-me de cima a baixo, causando-me um grande rubor em meu rosto. — Está incrível. Muito!

Abaixo a minha cabeça e deixo um pequeno sorriso aparecer. Quando ergo o meu rosto, analiso-o por completo. Eram raras as vezes que eu me lembrava de vê-lo tão casual, fora de seus ternos da mais cara alfaiataria, até mesmo o seu cabelo estava um pouco bagunçado, parecendo ter sido penteado apenas com seus próprios dedos. Ainda assim, ele estava lindo em seu par de sapatos sociais, sua calça de lavagem escura e camisa da mesma cor, deixando aparecer parte de suas tatuagens que são sempre escondidas em suas roupas que o deixam como ar de poderoso empresário.

— Você também está ótimo. - digo, desejando elogiá-lo um pouco mais, mas reprimo minha vontade.

— Arrumei-me em apenas cinco minutos. Espero estar apresentável, porque você está deslumbrante. - ele diz, parecendo gostar de me ver corar.

— Uh, onde meus pais estão? - pergunto, estranhando o desaparecimento dos dois.

— Eles pararam para conversar com os vizinhos. - ele diz e torce o seu nariz. — Eles me convidaram para jantar com eles, mas eu disse que tínhamos um compromisso que não podia ser adiado, mas prometi que em uma próxima vez que voltarmos a Dallas, faríamos uma parada por lá.

Sua confissão me faz engasgar-me com a minha própria respiração.

Eu não consegui entender o motivo dele estar fazendo planos para o futuro, sendo que nós não podemos ser mais que chefe e funcionária. Isso me soava cada vez mais como um grande erro, e eu sei que devia desistir da ideia desse jantar que tinha tudo para acabar mal para um de nós dois. E algo me diz que será para mim.

— Podemos ir? A nossa reserva é para as oito e meia. - Justin chama a minha atenção, erguendo uma de suas mãos para frente. Olho-o afoita, ponderando a ideia de dizer-lhe não. — Por favor, Kelsey. Não desista agora.

Isso me quebra. O seu olhar e expressão de suplica me faz dar um passo para frente e segurar a sua mão. Ele sorri e entrelaça nossos dedos.

— Obrigado. Isso é importante para mim. - ele diz em tom sério.

Apanho minha bolsa de mão que estava sobre a poltrona do meu pai e acompanho Justin para o lado de fora da minha casa. Saimos juntos e um táxi já nos esperava do lado de fora. Olho para Justin e ele meneia sua cabeça.

— Você planejou tudo?

— Eu tentei. - ele sorri.

Paramos em frente ao táxi e ele abre a porta, me ajudando a entrar por causa dos meus saltos e do meu vestido. Ele passa o endereço do restaurante para o taxista que segue o seu caminho assim que a porta é fechada e nós estamos acomodados.

Seguimos por todo o caminho em silêncio, ouvindo apenas o assobio baixo do taxista quando parávamos em algum sinal vermelho. Eu ainda estava com os mesmos sentimentos de mais cedo; inclusive o que deixava claro que seria melhor se eu tivesse recusado.

Mas a quem eu quero enganar? Eu estou onde eu queria estar.

— Chegamos. - Justin diz após alguns minutos. Olho pela janela e vejo o grande letreiro e a luxuosa fachada do restaurante de massas mais caro de Dallas.

— Justin, esse lugar é muito caro. - replico ao vê-lo pagar o taxista que nos agradece pela corrida.

Justin olha-me por algum tempo e afasta alguns fios de cabelo que caiam em meu rosto.

— Eu não me importo com isso, Kelsey, e não devia se preocupar também. Por favor, apenas esqueça tudo. Pode fazer isso, apenas por hoje?

Suspiro e assinto, mesmo que por dentro eu negasse.

— Mas podia ter me levado apenas para comer um cachorro quente em alguma praça ou para tomar um sorvete. - digo e ele solta uma risada que tornou-se música para os meus ouvidos.

— A sua simplicidade me encanta. - branda e abre a porta, deixando-se para trás, sem reação pelas suas palavras.

Ele se inclina na porta aberta e estende sua mão para mim, como fizera na sala da minha casa. Eu aceito, pousando minha mão sobre a sua, receosa por ele perceber o quão nervosa eu estava.

Andamos até a entrada do restaurante, de mãos dadas, passamos entre os seguranças e encontramos uma sorridente recepcionista que nos atende de imediato, assim que alguns clientes são guiados para dentro por uma senhora de meia idade.

— Boa noite. Em que posso ajudá-los?

— Boa noite. Tenho uma reserva no nome de Justin Bieber e Kelsey Doyle. - ele diz e a mulher verifica na tela de seu computador.

— Está aqui. Brian irá levá-los até a mesa de vocês. - ela acena para um rapaz bem vestido e ele anda até nós. — Tenham um ótimo jantar.

— Obrigada. - respondo-lhe e ando com Justin, logo atrás do rapaz que se esgueirava por entre as mesas ocupadas por casais, empresários e adolescentes, aparentemente apaixonados.

— Sintam-se a vontade. Logo virão atendê-los. - ele diz e se retira, nos deixando sozinhos.

Justin, gentilmente, puxa uma das cadeiras para que eu me sente, agradeço com um sorriso de canto e ao me sentar, coloco a minha bolsa sobre a mesa. Ele senta-se e olha para mim, como se esperasse por alguma reação ou quisesse apanhar os vestígios dos meus pensamentos. Desvio o olhar e observo os detalhes na mesa redonda, forrada completamente de branco. Havia pratos brancos, talheres de prata, taças, um balde com gelo e vinho, e um fino e pequeno arranjo com uma única rosa vermelha. Estranho o último detalhe, pois as outras mesas não possuíam aquela rosa.

— Eu pedi para que a colocassem para você, já que eu sabia que poderia achar exagero o buquê de flores que pensei em lhe dar. - ele confessa e eu o olho, um pouco assustada e radiante, por dentro. — Você gostou?

— Eu adorei. Isso é... Isso é a coisa mais bonita que já fizeram para mim. - digo a verdade. Ele sorri minimamente. — Obrigada, Justin.

— Não me agradeça, a noite está apenas no começo.

— Não lhe agradeço apenas por isso, mas também pelo que fez por Kyle, por mim e minha família. Acredita que ele saiu essa noite com amigos de longa data?

Ele ergue as sobrancelhas.

— Isso é sério? Eu fico feliz com isso. Kyle é jovem e merece continuar aproveitando sua juventude, sua vida não pode parar. - branda. — Mas eu não fiz nada, apenas lhe aconselhei. Quando eu era jovem precisei de conselhos, e não tive quem me aconselhasse e acabei tomando decisões que marcaram a minha vida.

— Isso parece intenso. - digo. — Eu não sei muito sobre você.

— Minha vida é um livro aberto. - ele sorri. — Mas me pergunte o que quiser, serei sincero em todas as respostas.

Penso em alguma pergunta que não envolva sua vida com Eleanor, mas antes que eu a formule, um dos garçons do restaurante se aproxima de nossa mesa e nos serve com um pouco de vinho. Ele nos entrega o cardápio e eu passo os olhos por ele, não sabendo o que poderia escolher, já que nunca havia frequentado um restaurante como esse.

— Posso escolher por nós dois? - Justin pergunta, parecendo notar minha frustração com minha própria insegurança de escolher algo errado ou caro demais.

— Eu adoraria. - digo e ele aponta para o garçom o número do pedido. Ele anota tudo e se afasta, nos deixando como antes.

— Bom, vamos a sua primeira pergunta da noite.

Justin coloca suas mãos juntas sobre a mesa, cruzando seus dedos de maneira elegante.

— Como iniciou nesse ramo? - pergunto algo clichê, mas que me interessava saber. Tudo o que eu já li sobre ele em sites não me parecia completamente verídico, ou não tinha essência.

— Eu era um pouco rebelde em minha adolescência. O meu pai cansou-se dos meus problemas e resolveu me punir de maneira estranha, podendo estar arriscando todo o sue império, mas ele sempre disse que aquela seria a melhor opção para que eu expandisse o meu caráter e fizesse algo bom. - ele diz e abaixa sua cabeça. — Quando eu comecei a tomar gosto pelos negócios, descobri que só poderia ter tudo aquilo se me cassasse e desse um herdeiro para o senhor Bieber. Eu não queria. Lutei contra essa ideia ridícula, mas acabei seguindo meus instintos e permiti que ele me tornasse o seu peão no seu jogo. Conheci Eleanor, uma mulher escolhida a dedo por ele, a conheci apenas para tratar das formalidades, noivamos em alguns meses e em pouco tempo nos casamos. Tivemos Luke após algum tempo de casamento.

Eu não sei o que dizer.

Meu coração doía com tudo o que ele me revelara. Eu imaginava que o casamento de Justin e de sua esposa fosse baseado pelo amor, ou pelo menos por eles parecem terem sido moldados um para o outro. Mas saber que tudo foi planejado para que o seu império, realmente, lhe pertencesse me deixou zonza. Eu queria lhe perguntar se esse era o motivo por sua traição, mas não tinha direito de lhe confrontá-lo dessa forma. Isso não era justo com ele e nem comigo.

— Eu...

— Kelsey? - uma voz conhecida ganha a minha atenção. Olho para o lado, ao mesmo tempo que Justin e encontro a figura impecável de Nathaniel. — Que surpresa vê-la aqui.

Oh. Meu. Deus!

— Uh... Olá, Nathaniel! Também estou surpresa. - digo com a voz trêmula.

— Veio visitar os seus pais? - ele pergunta, olhando-me e em seguida, parecendo perceber Justin. O seu semblante que antes parecia estar iluminado, agora estava nebuloso.

— Sim. Estou ficando alguns dias por aqui. - mexo-me desconfortável em meu lugar.

De canto de olho, vejo Justin encarar Nathaniel como se quisesse arrancar a sua cabeça para fora de seu pescoço. Os dois se entre olhavam como se travassem uma batalha interminável.

— Perdoe-me pela minha falta de educação. Como vai, Justin? - seu tom tornou-se imponente ao seu direcionado ao loiro que travou seu maxilar e ergue o seu queixo.

— Estou ótimo, Nathaniel. E você, como andam os negócios?

— Tudo está indo melhor do que eu poderia desejar. - ele o responde. — Está na cidade a trabalho?

Engulo em seco e arregalo os olhos.

— Em partes. - ele dá de ombros. — Perdoe-me também a minha falta de educação por não lhe convidar para se sentar, mas a mesa está reservada apenas para dois.

O quão longe eu conseguiria correr com esses saltos?

— Claro. - Nathaniel mexe em sua gravata, parecendo se sentir incomodado. — De todo modo, acabei de jantar. Tenho que pegar um voo para Irlanda logo cedo. - ele olha para mim, entristecido. — Eu posso te ligar, Kelsey?

Limpo minha garganta e tento não prestar atenção em Justin bebendo todo o liquido de sua taça com tanta pressa que poderia deixá-lo tonto facilmente.

— Claro, eu... Eu lhe atenderei. - digo e me estapeio por essa resposta.

— Foi bom vê-la, mesmo que nessa ocasião. - isso me soa como uma grande alfinetada para Justin, que enchia sua taça com mais vinho. — Até logo, Bieber.

— Até logo, Colombari.

Com isso, Nathaniel se retira, e olha para trás por cima dos ombros antes de deixar, completamente, o restaurante.

Olho para Justin e noto certa vermelhidão em sua face, as veias em seu rosto pareciam aparentes, assim como as de suas mãos, mas apesar disso, ele parecia controlado enquanto virava, novamente, a bebida na taça.

— Está tudo bem? - me arrisco em perguntar.

— Claro. - ele me responde, e pousa a taça, já vazia, sobre a mesa.

Um silêncio se estende, e logo o nosso jantar é servido. Comemos, ainda sem pronunciar uma palavra. Ao fim da refeição, Justin pede uma sobremesa apenas para mim. Ele me olhava enquanto eu levava as colheradas com um pouco de sorvete e bolo de chocolate até a minha boca e me deliciava com o sabor.

— Quer um pouco? - pergunto e ele sorri, negando com a cabeça.

— Você está se sujando. - ele diz e leva o seu polegar até o meu queixo, o passando, lentamente por ele, fazendo-me corar. — Eu quero muito beijar você.

— Eu também. - digo em um sussurro. — Mas acho que está na hora de irmos embora. - digo ao olhar para o relógio de pendulo no canto de uma das paredes. — Amanhã é o dia que iremos voltar para nossas vidas.

— Sim. - ele deixa o meu queixo e endireita-se na cadeira. — Você irá retornar para a empresa, não é?

— Justin, eu...

— Por favor, Kelsey. Se você quiser que eu nunca mais a toque, eu farei, mas você precisa voltar.

Deixo a colher sobre o prato e fecho os meus olhos, tentando fazer a decisão certa.

— Tudo bem. Eu voltarei.

— Obrigado. - ele sorri de maneira sugestiva, e eu ergo um dedo indicador.

— Mas não vamos misturar as coisas. Quando a noite acabar, seremos apenas funcionária e chefe, nada além disso. Apenas, talvez, amigos.

Justin parece estar enfrentando uma luta interna consigo mesmo, mas concorda, esfregando o seu rosto com as duas mãos.

— Como quiser, senhorita Doyle. - ele diz e acena para o garçom atrás de nós.

Justin paga toda a conta, mesmo depois de eu ter o questionado sobre o valor alto que me fez pensar se duas garrafas de vinho, dois pratos com massa e uma sobremesa valiam tanto assim em todos os restaurantes do mundo.

A mulher da recepção chamou um táxi para nós, e tudo aconteceu como mais cedo. Seguimos em silêncio durante todo o percurso, lado a lado, tendo nossos braços roçando um no outro. Em uma virada feita pelo motorista, tombei-me um pouco para o lado e acabei segurando na perna de Justin, ele segurou a minha mão antes que eu a retirasse.

Ao chegarmos em minha casa, esperamos o táxi se afastar e andamos até a entrada. Subimos os curtos degraus e paramos em frente a porta. Nos olhamos e desviamos os olhares, ambos pareciam querer falar, mas não conseguíamos encontrar as palavras certas. As palavras para uma despedida.

— Eu... Obrigada pela noite, Justin.

— Não me agradeça por nada, Kelsey. - diz sério.

A noite havia sido diferente e um pouco confusa, pois eu não esperava ter de lidar com um encontro com Nathaniel, ainda mais sendo pega em flagrante ao jantar com o meu chefe. Ele devia estar pensando o pior de mim, e isso iria me causar noites de insônia.

— Eu vou... - aponto para a porta, fazendo menção de girar a maçaneta e entrar, mesmo sabendo que ele também entraria.

Mas antes de qualquer coisa, ele segura o meu braço e me puxa para trás, eu tropeço em meus saltos e apoio minhas mãos em seus ombros. Olho em seus olhos, conseguindo sentir toda a intensidade presente em seus olhos. Ele se aproxima, cada vez, deixando nossas respirações se misturarem. Ou eu sequer conseguia respirar.

— O que está fazendo? - pergunto em um sussurro.

— Aproveitando os últimos cinco minutos da nossa noite como Justin e Kelsey. - ele diz e me beija.

Ele me beija de maneira que não fui beijada em meu primeiro encontro.

Ele me beija de maneira que nunca fui beijada em toda a minha vida.

Ele me beija de maneira que não poderei esquecer, nem que eu tente.

Ele me beija de maneira que indicava ser um último beijo.


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...