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História Camp Hill - Capítulo um


Escrita por: sevdoux

Notas do Autor


Oi meninas e meninos! Se tinha alguém que acompanhava aqui, vai perceber que eu apaguei todos os outros capítulos e deixei apenas o primeiro. Quero pedir minhas mais sinceras desculpas por isso, a história não tava bem planejada, a ordem dos fatos estava completamente fora de sentido e eu me perdi total na história, então decidi refazer as coisas! Se tiver alguém aqui ainda, muito obrigada por ter se interessado o suficiente para dar uma olhada e boa leitura.

Capítulo 1 - Capítulo um


ATUAL

 Emma Havelock

– É aqui?

– Sim, chegamos.

Camp Hill, Alabama. População: 1208 habitantes. Turistas por ano: aproximadamente zero.

– Meu deus do céu. – resmungou Elli, ao descer do carro, em seguida.

Dei uma boa olhada ao redor da estrada em que encostamos o carro. A cor da cidade estava coberta por uma extensa camada de neve. Quase não se via pessoas nas calçadas, não se sorria ao encontra-las e, também, não se ouvia conversas na rua. Um ar macabro pairava sobre nós e, acredito eu, sobre todos desta cidade.

Fechei os olhos, sentindo um ar gélido bater contra meu rosto. As camadas de roupa que havia colocado por precaução não surtiam efeito algum, e eu estava começando a duvidar meus motivos de estar aqui. É estupidamente difícil se convencer a fazer algo que você tenha medo, mais difícil ainda manter essa decisão.

– Certo, vamos comer algo, pelo amor de deus. Eu ainda quero curtir essa noite. – colocando novamente seus óculos, Elli retornou ao carro.

– O que são esses papéis?

– Nada importante. – os papéis são arrancados com brutalidade, como se só o fato de existirem já fosse um incomodo. 

O sofá desconfortável parecia dez vezes pior. O cheiro de móveis velhos se espalhava pelo ambiente e aquele maldito relógio continuava no mesmo lugar. Tudo nessa casa causa arrepios, tudo nessa casa amedronta.

– Emma?

– Emma? – a voz de Elli despertou-me dos meus pensamentos – O que vai ser?

– Um café puro, por favor. – sorri para garçonete após fazer meu pedido, sentindo minha garganta e lábios secos.

– O que tanto passa nessa cabeça, em? Olhe ao seu redor, estamos no paraíso. – disse Elli, em um tom satírico.

– Você não cansa de encher, né? – retruquei, fazendo uma careta. Sua risada escandalosa bate em meus ouvidos e reparo que já estamos começando a chamar atenção das poucas pessoas aqui dentro. Quando nos conhecemos, Elli e eu, sua risada foi uma das primeiras coisas a me chamar atenção, era demasiada contagiosa e excessiva, mesmo quando era algum coisa boba.

Olhei ao redor com o intuito de me familiazar com o local, e então, no meio das pessoas ali, uma me chamou atenção. Uma senhora com os cabelos brancos presos em um adorável rabo de cavalo, apoiada sobre o balcão, lendo um jornal. Ela parecia lutar contra o peso de sua pequena bolsa sobre seus ombros, e, mesmo sentada, fazia questão de mantê-la ali.

 É estranho. Você está em algum lugar, e esse lugar te causa certas sensações e sentimentos. E, de repente, tudo que faz parte desse lugar parece refleti-los. Uma cidade macabra tem pessoas macabras e construções macabras. A cidade mais linda do mundo parece ter uma população escolhida a dedo e é capaz de despertar a vontade de conhecer até mesmo os detalhes de uma esquina qualquer. No momento, eu me encontrava onde não queria estar.

— O que vamos fazer hoje? — Elli perguntou extasiada, com o sorriso quase rasgando seu rosto delicado.

— Nada, Elli. — disse impaciente, devido a não estar no humor de fazer qualquer coisa que não fosse ficar em casa. — Acabamos de chegar aqui, podemos fazer o que você quiser amanhã. 

De primeira, minha resposta a incomandou, arrancando uma expressão insatisfesita de seu rosto, porém ao absorver as palavras sobre amanhã, pude ver alívio transitar em rosto. Se havia algo que Elli odiava, isso era ficar sem fazer nada, o que, ironicamente, era o completo oposto de mim.

Depois de terminarmos, saímos da pequena lanchonete indo em direção à meu carro, havia parado bem em frente por precaução; aquele céu ameaçava chuva a qualquer momento. Dirigimos mais alguns metros até chegarmos à casa de meus avós. Olho assustada para imensidão dela e das casas ao seu redor, havia um tom rústico que prendeu minha atenção deixando-me maravilhava, sempre gostei de coisas antigas.

– Essa é a casa? — Elli perguntou tão maravilhada quanto eu, apesar de preferir o estilo moderno. De qualquer jeito, chamava atenção pelo seu tamanho, e, provavelmente, era isso que havia surpreendido-a.

– Essa é a casa. — respondi ainda em certo transe, admirando-a. A pergunta que veio em minha cabeça era porque meus avós teriam essa casa e se recusam a colocar os pés nela.

– Mas isso aqui é uma beleza. – exclamou Elli, animada a exagerada casa diante de nós – Por que sua vó iria querer vende-la?

– Sem meu avô, não vejo muito sentido de vir pra esse lugar. Alias, não vejo muito sentido de vir para esse lugar com o meu avô. – apesar da casa ser incrível, havia um ar de suspense, talvez até mesmo propiciado pela cidade em que se encontrava. – Eu não estou entendendo. Não pensei que seria tão luxuoso. – adicionei, ainda estranhando toda aquela situação.

Nós iriamos ficar hospedadas na casa dos meus avós aqui em Camp Hill até conseguirmos vende-la. Minha vó foi extremamente específica ao querer vende-la o quanto antes, quase como se sua vida dependesse disso. À princípio, me neguei ferozmente, mas quando Elli fez questão de me acompanhar, acabei cedendo; seus argumentos não fizeram muito sentido, porém me convenceram a vir. De todo modo, não queria dizer não a minha avó. A razão que eu nunca havia colocado os pés aqui é que desde que eu nasci, meus avós nunca vieram pra Camp Hill. Ninguém nunca vem a Camp Hill, suspeitava.

– Tem coisas que a gente só agradece. Poder ficar nessa belezinha até achar um comprador e depois dar o fora daqui. Eu não sabia que seus avós eram cheios da grana.

Ignorei seu comentário, adentrando a casa.

Uma sensação estranha tomou conta de mim, porém a amplitude do comôdo maravilhou-me ainda mais. Havia uma escada bem no centro da sala, que parecia dar um certo poder a ela. Os móveis eram, notavelmente, antigos e marrons. E era um silêncio de se arrepiar.

Enquanto Elli sobre para arrumar as coisas, sai lá fora e encosto-me no carro. Cruzei meus braços, revezando o olhar entre aquela casa e as casas da rua. As casas ao redor eram extremamente luxuosas, o que se opunha completamente ao resto da cidade, que era demasiada simples.

– Eu costumava a pensar que essa casa era abandonada. – levo minha mão a boca, devido ao pequeno susto que havia levado. Virei pro lado, a procura da pessoa que havia feito tal comentário e deparo-me com um homem parado ao meu lado – Eu não quis te assustar. Sou Kyle. Eu e meus amigos estamos ficando naquela casa ali. – continua, apontando em direção a casa ao lado da dos meus avós.

– Emma. – dei um meio sorriso, ainda assustada com sua aproximação. – Não pensei que alguém como você pudesse morar aqui. 

– Como eu? – perguntou, arqueando a sobrancelha.

– É, alguém tão... jovem. – ele soltou uma leve risada pelo nariz e leva sua mão ao bolso de sua calça. Realmente pensava que esse lugar tinha sua população majoritamente idosa, não parece fazer sentido jovens morar aqui, por mais estúpido que isso soasse.

– Já estou acostumado. – deu de ombros, mantendo seus olhos presos a casa diante de nós. – O que te traz aqui?

– Férias. — respondi breve, compensando com um sorriso. Não queria dar deralhes, de qualquer jeito.

— E depois eu que sou estranho. — cutucou, com um leve sorriso em sua boca.

— Algum conselho? – perguntei, passando a língua pelos lábios secos.

– Não acredite nos boatos. – Kyle respondeu seriamente, sem fazer contato visual. 

Ao ouvir aquela frase, congelei por um segundo e meu rosto afogueou-se.

– Nós não iremos para lá, Annabel. Você sabe muito bem o que acontece naquele lugar.

– Mãe, a senhora sabe que é tudo da sua cabeça. Deixe-me levar as crianças... – a súplica em seu olhar falava mais alto que qualquer palavra. Ninguém me dizia nada. Eu queria saber.

Olho para meu irmão e o vejo quase entrando pelo vão da porta. Reprimo a vontade de manda-lo ficar parado por um segundo, e apenas lhe puxo de leve pelo cotovelo.

– Há boatos. – murmurou em resposta, levando as mãos a testa. Fechou os olhos por um momento e ao abri-los, impaciência havia tomado conta de seu olhar. Ou... medo?

O vento sopra e a porta se abre, revelando-nos.

– Emma? Luke?

– Emma! Você precisa entrar e ver... – Elli parou adruptamente ao notar a presença de Kyle ali e abre seu típico sorriso – E quem é esse?

Ela mira direta e pensativamente o rosto do garoto parado ao meu lado, que se contraía levemente devido ao frio daquela manhã; fitou seus lábios rosados e, em seguida, seus olhos claros. Seu sorriso intacto.

– Kyle, essa é a Elli. – adiantei-me em apresenta-lo.

– É um prazer, Elli. E foi um prazer, Emma. Nos vemos por ai, vizinhas. – despediu-se rapidamente, antes de dar as costas e ir em direção a casa ao lado. Assim que viro para Elli, já consigo ouvir exatamente o que ela está pensando.

– É todo seu. – ela soltou um gritinho e pulou em cima de mim, abraçando-me. 

Adentrei a casa novamente, sabendo o que estava à minha espera. Havia trazido coisas a mais do que precisava levando em conta o período da nossa estadia, porém sempre parti do princípio que é melhor se prevenir. Em questão de roupas, sei que não havia exagerado, mas utencílios de cozinha  e coisas banais como cotonete, algodão havia colocado aos montes. Fiz uma nota mental para deixar essa mala de lado, e apenas desfazer a de vestimenta.

Desarruma-las era uma tarefa especificamente cansativa. Eu não havia trazido muitas coisas, porém o suficiente para cansar-me enquanto as guardava. O espaço que havia no armário era mais do que suficiente, causando-me satisfação ao notar o quanto faltava comparado as roupas que ainda estavam para ser guardadas; sempre havia me faltado muito lugar disponível em meus armários.

Ao terminar, desci as escadas a procura de Elli.

Encontrei-a de costas para o grande balcão que ocupava o centro da cozinha, arrisco dizer que ela estava preparando um café, fazendo-me suspirar aliviada por tomar conhecimento do fato de já haver os utensílios necessários para ficar aqui por certo tempo, e mesmo tendo trazido eles, aliviava-me saber que já estavam disponíveis aqui, e a devida mala poderia ser deixada para segundo plano. Esse pensamento me faz lembrar que precisava passar no mercado o quanto antes possível, pois o pouco de alimento que havíamos trazido não duraria por muito tempo. 

— Sim, eu cheguei aqui hoje. — ao propeferir tais palavras, pude notar o telefone sendo segurado entre sua orelha e ombro, enquanto fazia barulho com algo em suas mãos. Ao me notar ali, rapidamente encerra a chamada alegando a pessoa do outro lado da linha que precisava desligar. 

— Era minha mãe. — ela diz sem graça. Dei-lhe um sorriso doce com os lábios, assentindo. — Adivinha o que eu acabei de descobrir. — prosseguiu cantarolando. Apoiei os cotovelos sobre o balcão, preparando-me para sua resposta após a pergunta que deveria ser feita por mim.

– O que você acabou de descobrir? – perguntei, satirizando sua cantoria anterior.

Ela se virou, revelando uma expressão carrancuda que perpassava seu rosto.

— Aqui tem uma faculdade! E pelas fotos na página, tem um meninos lindos! — ela exclamou, batendo as mãos animada. 

— Como você sabe disso, Elli? — indaguei entre risos devido sua informação.

— Eu pesquisei! E sabe o que isso significa? Festas, entendeu? — a lógica por trás de sua explicação fez-me revirar os olhos. Não conseguia entender como aqui poderia ter uma faculdade, ainda mais estudantes para atende-la.

— Entendi, Elli. — murmurei, revirando os olhos. 

— Anime-se, Emma! Podemos achar alguém lindo pra você e pra mim também.

— Não quero achar ninguém pra mim, El. Pode aproveitar toda a população dessa cidade e dessa suposta faculdade. — retruco, alcançando o copo de água em cima da bancada. 

— Como quiser, amiga. — deu de ombros, virando as costas. — Vou dormir, amanhã já sabe, né? — disse passando por mim e depositando um beijo em minha bochecha. 

Apaguei as luzes e encaminhei-me para fora da cozinha. Olhei de soslaio para a sala à procura de algo que pudéssemos ter deixado para trás, porém não encontrei nada. Subi as escadas insatisfeita com a estadia que estava prestes a enfrentar, mas com o coração aquecido por ter Elli comigo. Apesar de termos nos conhecido apenas um ano atrás, ela havia sido uma ótima amiga pra mim, principalmente na falta de Andrea. 

Ao chegar no quarto, cessei meus pensamentos e fechei os olhos pesados, já me sentindo cair no sono.

 

 

 

 



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